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domingo, 31 de março de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
Um pinheiro que sobreviveu ao terremoto seguido de tsunami que
atingiu o norte do Japão em 11 de março de 2011 se tornou agora um memorial em
homenagem às vítimas da tragédia. A árvore chamada de "pinheiro
milagroso" foi artificialmente restaurada e virou um monumento de 27
metros de altura, em um projeto que custou cerca de 150 milhões de ienes (R$
3,1 milhões). A ação durou seis meses e foi finalizada no início de março
deste ano, quando a tragédia, que deixou aproximadamente 19 mil mortos,
completou dois anos. O pinheiro foi a única de 70 mil plantas da costa de
Rikuzentakata, na Província de Iwate, a sobreviver à catástrofe, mas suas
raízes ficaram seriamente deterioradas. A a árvore tornou-se símbolo da
reconstrução da cidade. Partes do pinheiro têm sido reaproveitadas e reutilizadas de formas
diferentes e sustentáveis pelo projeto.
O governo
islamita conservador lançou uma campanha de "liberalização" destinada
a retirar as restrições impostas ao uso do véu islâmico em nome da laicidade
A divulgação não
autorizada no Twitter de uma foto de comissárias de bordo, no início de
fevereiro, provocou algumas turbulências na Turkish Airlines. Na imagem era
possível ver uma tripulação usando uniformes de design conservador, com camisas
de gola alta, saias largas e, em alguns casos, chapéu.
Piadas e
manifestações de preocupação inundaram a internet e a mídia nacional. A
companhia turca se apressou em explicar que versões "mais modernas"
estavam sendo estudadas e que o novo uniforme ainda não havia sido definido.
Mas os laicos
que acusam o partido islamita conservador que está no poder --o AKP (Partido da
Justiça e do Desenvolvimento)-- de "transformar o modo de vida dos
turcos" veem essa iniciativa como mais uma prova de que suas preocupações
são justificadas.
As bebidas
alcoólicas já foram eliminadas de alguns voos e há alguns meses as funcionárias
de solo passaram a ser autorizadas a usar o véu islâmico. O hijab austero à
moda turca é o símbolo da difusão dos costumes conservadores na esfera pública.
Após alguns anos
de prudência sobre a questão, algo que foi criticado duramente pelos meios mais
conservadores no final de seu primeiro mandato, o governo de Recep Tayyip
Erdogan vem retirando um a um todos os obstáculos que restringiam a
visibilidade desse símbolo religioso.
O Conselho de
Estado aboliu em janeiro uma regra que previa que o uso do véu fosse proibido
nos palácios de Justiça. Alguns dias mais tarde, o pequeno tribunal de Kadiköy,
em Istambul, teve seu primeiro episódio envolvendo o tema.
A advogada Sule
Dagli Gökkliç compareceu à corte usando seu lenço. "Eu estava nervosa. O
juiz me perguntou: "Você vai entrar na audiência assim?" Eu o lembrei
da decisão do Conselho de Estado", ela conta. O magistrado entrou com um
recurso. O ministro do Trabalho, Faruk Çelik, também pediu pelo fim de todas as
restrições aplicadas ao funcionalismo público em nome da laicidade. "A
proibição do uso do véu não é compatível nem com os direitos humanos, nem com
os princípios democráticos", ele afirmou.
Uma ampla
campanha de "liberalização" foi lançada pelo sindicato de
funcionários públicos Memur-Sen, próximo do AKP. A petição, que reuniu 12,3
milhões de assinaturas, entre elas a de Erdogan, foi submetida no dia 9 de
março ao gabinete do ministro Faruk Çelik.
"Uma
proibição que não está na Constituição não pode ser protegida pela
Constituição", disse o primeiro-ministro turco, que considera essa regra
"uma herança do golpe de Estado militar do dia 28 de fevereiro de
1997" e "um atentado aos direitos humanos". Tendo um grande
apoio eleitoral sobre o tema, o governo se prepara para autorizar o uso do véu
no funcionalismo público.
Uma certa
tolerância já se instalou nos hospitais e uma diretiva foi enviada às
universidades, que passaram a admitir as estudantes com véus a partir de 2010.
O ministro do Esporte, Ömer Çelik, quer uma maior flexibilidade para as
atletas.
Nos colégios
religiosos, que aumentaram em número nos últimos anos, as professoras podem
usá-lo, mas as alunas também. Ainda não é o caso nas escolas regulares ou no
setor privado, onde a decisão cabe a cada empresa.
Essa
visibilidade não se tornou automática quando o AKP chegou ao poder, em 2002.
Erdogan preferiu enviar suas filhas para estudar nos Estados Unidos para
escapar da proibição. As instituições turcas ainda eram um baluarte contra o
questionamento dos princípios laicos instaurados por Atatürk em 1924 e
endurecidos pelos sucessivos regimes militares.
Em 2007, o véu
de Hayrunnisa Gül quase impediu seu marido, Abullah Gül, de chegar à
presidência da República. Para os generais que por muito tempo boicotaram as
recepções oficiais no palácio de Cankaya para evitar cruzar ali com esposas de
autoridades políticas usando véus, um limite foi rompido.
O exército era
visto como um bastião laico diante "dos ataques dos islamitas". Desde
então, ele foi "dizimado" pelos processos judiciais abertos por
"complô". Dezenas de oficiais foram presos, e os autores do golpe de
Estado de 1997 foram convocados perante os juízes. O tecido acetinado que
recobre os cabelos da senhora Gül não a obriga mais a ficar fora do protocolo,
como no passado. Ela participa das visitas de seu marido ao exterior, que foi
recebido pelo rei da Suécia há alguns dias, e participa de cerimônias oficiais.
E, desde a
última recepção dada no palácio presidencial para o feriado nacional de 29 de
outubro de 2012, os militares passaram a aceitar os trajes da primeira-dama
turca.
Durante as décadas em que foi um movimento islâmico subterrâneo, a Irmandade Muçulmana sempre pregou que o Islã exigia que as mulheres obedecessem a seus maridos em tudo.
"Uma mulher precisa estar confinada dentro de uma estrutura controlada pelo homem da casa", disse Osama Yehia Abu Salama, um especialista em família da Irmandade, sobre a abordagem geral do grupo, durante um seminário recente de treinamento de mulheres para se tornarem conselheiras matrimoniais.
Mesmo que uma mulher seja agredida por seu marido, "mostre que ela teve um papel no que aconteceu", aconselhou. "Se ele for culpado", acrescentou, "ela compartilha 30% ou 40% da culpa."
Agora, com um líder do braço político da Irmandade no palácio presidencial do Egito e seus membros dominando o Parlamento, alguns pontos de vista profundamente patriarcais que a organização há muito tempo ensina a seus membros estão vindo à tona diante do público.
As declarações estridentes da Irmandade estão reforçando os temores de muitos liberais egípcios sobre as consequências potenciais da ascensão do grupo ao poder e criando mais constrangimento para o presidente Mohammed Mursi, que se apresenta como um novo tipo de muçulmano, moderado e amigo do Ocidente.
Em um comunicado sobre uma proposta de declaração da ONU para condenar a violência contra as mulheres, a Irmandade publicou uma lista de objeções, que explicitou formalmente os seus pontos de vista sobre as mulheres pela primeira vez desde que chegou ao poder.
Nesse documento, a Irmandade afirma que as mulheres não devem ter o direito de apresentar queixas legais contra os seus maridos por estupro e que os maridos não devem ser submetidos às punições previstas pelo estupro de uma desconhecida.
Um marido deve ter "tutela" sobre sua esposa, e não uma "parceria" de igualdade com ela, declarou o grupo. As filhas não devem ter os mesmos direitos de herança que os filhos. Tampouco a lei deve cancelar "a necessidade de consentimento do marido em assuntos como trabalho, viagens ou uso de contraceptivos" --uma reforma sobre a família que foi promulgada durante o governo do ex-presidente Hosni Mubarak e creditada à sua mulher, Suzanne.
A declaração parece refletir sob muitos aspectos a doutrina de
longa data da Irmandade, ainda discutida em aulas como a de Abu Salama e em
fóruns de grupos de mulheres. Feministas disseram que a declaração também pode
refletir a opinião da maioria das mulheres na cultura conservadora e
tradicionalista do Egito.
Em uma entrevista na quinta-feira, Pakinam El-Sharkawy,
conselheira política e representante do Egito na comissão da ONU na semana
passada, buscou distanciar o governo Mursi da declaração da Irmandade.
A Irmandade, enfatizou ela, não fala pelo presidente --ele se
retirou, mas continua sendo um membro do partido político da instituição.
"Será que qualquer declaração feita por qualquer partido político ou grupo representa a presidência?", perguntou. "Não é instituição da Presidência, e não é uma entidade oficial."
"Será que qualquer declaração feita por qualquer partido político ou grupo representa a presidência?", perguntou. "Não é instituição da Presidência, e não é uma entidade oficial."
O governo egípcio, disse ela, "está trabalhando com todos
os seus poderes e políticas para impedir todas as formas de violência contra as
mulheres".
O governo contestou a declaração da ONU condenando a violência
contra as mulheres, segundo ela, somente nas questões que dizem respeito a
descrever as restrições ao aborto como um ato de violência contra as mulheres.
Isso ofende as normas culturais em muitos países árabes e africanos, disse ela.
Questionada sobre a aparente tentativa da declaração de evitar
que o estupro conjugal possa se tornar judicialmente ilegal, Sharkawy descartou
a questão como uma preocupação estrangeira irrelevante.
"Estupro conjugal? Por acaso é um grande problema para
nós?", disse, sugerindo que isso poderia ser um fenômeno ocidental,
enquanto o assédio sexual nas ruas é uma preocupação muito maior no Egito.
"Devemos importar as suas preocupações e problemas e
adotá-los como nossos?", perguntou. "Estamos falando de coisas que
não têm um consenso amplo, como o aborto. Nós não podemos dar às mulheres a
liberdade de abortar quando quiserem."
Não escolha temas que não são prementes no Egito "e depois
venha me dizer que estou em conflito com a comunidade internacional",
continuou.
Algumas feministas egípcias, porém, disseram que a declaração
prova suas advertências de que a Irmandade pode levar o Egito numa direção mais
conservadora e patriarcal.
"Eles não acreditam que, quando a violência doméstica
está presente, as mulheres devem recorrer à Justiça ou ao processo legal",
disse Ghada Shahbandar, da Organização Egípcia para os Direitos Humanos.
"Isso deve ficar dentro de casa, sob a proteção da família --é o que eles
reivindicam. E não existe tal coisa como estupro conjugal porque o marido tem o
direito de ter relações sexuais com sua mulher sempre que quiser."
"Essa é a primeira vez que ouvimos eles dizerem isso
publicamente no cenário mundial", disse ela, "mas essa tem sido sua
retórica há séculos".
"Essa é a primeira vez que ouvimos eles dizerem isso
publicamente no cenário mundial", disse ela, "mas essa tem sido sua
retórica há séculos".
Em seu seminário para futuras conselheiras matrimoniais
islâmicas, Abu Salama justificou a abordagem do grupo em relação ao casamento
explicando que o Islã também exige que os maridos sejam compassivos, da mesma
forma que exige que as mulheres sejam obedientes.
Citando a lei de Mohamed de que um homem "não deve cair
sobre a sua mulher como um animal", um livro didático do curso de Abu
Salama diz que o Islã instrui os homens a realizarem preliminares antes do sexo
e buscar a satisfação da parceira.
Quanto à herança, acadêmicos islâmicos têm argumentado que um
filho deve ter uma parcela maior, mas também a obrigação de cuidar do bem-estar
financeiro de uma irmã.
Mas Abu Salam também argumentou que os maridos devem manter
suas esposas sob rígido controle.
"É da natureza do fraco ir além da estrutura necessária
se recebe o espaço e a liberdade, como as crianças", disse ele no
seminário.
A maioria das mulheres concordou, assentindo com a cabeça.
A maioria das mulheres concordou, assentindo com a cabeça.
Fechando sua declaração, a Irmandade pareceu ir ainda mais
longe. As cláusulas discutidas são "ferramentas destrutivas destinadas a
minar a família como uma instituição importante", conclui a declaração, e
"arrastará a sociedade de volta à ignorância pré-islâmica".
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