Pelo menos uma pessoa morreu nesta segunda-feira (15) no oeste de Teerã num confronto entre eleitores do candidato opositor iraniano Mir Hussein Mousavi e integrantes da milícia islâmica Basij (milícia paramilitar que desempenha papel de "guardiães" dos ideais do regime islâmico), durante manifestação em protesto às supostas fraudes nas eleições presidenciais do Irã. Segundo testemunhas ouvidas pela agência de notícias Efe, vários milicianos abriram fogo contra um grupo de manifestantes pró-Mousavi. Um fotógrafo da agência de notícias AP também relatou que uma pessoa havia sido morta e que várias outras estariam gravemente feridas na Praça da Liberdade, em Teerã. "Houve alguns tiros esporádicos lá... Eu vi pessoas correndo", disse um repórter de televisão. Por causa das supostas irregularidades nas eleições, Teerã vive uma onde de protestos há três dias. Nesta segunda-feira (15), milhares de oposicionistas voltaram a tomar as ruas da capital Teerã para protestar contra a reeleição do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, na eleição de sexta-feira passada. Muitos dos manifestantes vestiam alguma peça de cor verde, símbolo da campanha de Mousavi. Eles tomaram a Praça da Liberdade, na maior manifestação desde o final das eleições de sexta-feira. Mousavi participava da manifestação a bordo de um carro junto com o candidato reformador Mehdi Karubi. Ele disse estar disposto a "participar novamente de uma eleição presidencial".
Estudantes relataram que a Universidade de Teerã se transformou num dos maiores focos de tensão da capital do Irã nesta segunda-feira. O iraniano Parham D. relatou que as imediações da universidade - um tradicional ponto de encontro de intelectuais e reformistas iranianos - estão cercadas por forças de segurança, e que muitas lojas e bancos estão fechados por medo de mais violência. "Eu estou do lado de fora e outros estudantes vieram me falar que há vários manifestantes presos em um dos campus. A polícia não deixa eles saírem para evitar que se juntem a outros manifestantes", disse Parham.Parham acrescentou que o maior medo por parte das pessoas é a polícia secreta. O porta-voz do Conselho dos Guardiães, Ali Kadjodai, confirmou nesta segunda-feira (15) que, "a partir de amanhã", o órgão examinará as cartas em que dois dos candidatos à Presidência do Irã denunciam fraudes e falhas nas eleições de sexta-feira.Segundo o Conselho, as cartas foram entregues ontem (14), e o processo de análise deve durar de "sete a dez dias". "A lei permite aos candidatos um prazo de três dias para protestar. Portanto, os candidatos têm tempo até o fim do horário comercial de hoje para apresentar suas reclamações", disse Kadjodai, ouvido pela televisão local. O porta-voz, no entanto, afirmou que o Conselho dos Guardiães só aceitará as queixas que estiverem bem documentadas e que possam ser processadas. "Por exemplo, um dos candidatos reclamou dos debates (na televisão), pelos quais não somos responsáveis. Porém, trataremos da questão das cédulas e da presença de representantes dos candidatos nos colégios eleitorais", acrescentou.
O líder supremo, aiatolá Ali Khamenei ordenou que o Conselho Guardião examine as alegações do candidato da oposição Mir Hossein Mousavi, que afirma que houve fraude nas eleições que deram vitória ao atual presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad. A decisão representa uma reviravolta, já que Khamenei, a figura mais poderosa do país, havia anteriormente parabenizado Ahmadinejad pelo resultado obtido nas eleições.Mousavi escreveu no domingo um apelo para o Conselho dos Guardiães, denunciando irregularidades na votação e também se reuniu com Khamenei. Os ministros das Relações Exteriores da UE pediram nesta segunda-feira ao Irã que investigue o processo eleitoral e lamentaram o uso da força contra manifestantes pacíficos, que questionavam o resultados. Ahmadinejad, reeleito com aproximadamente 62% dos votos, já negou a fraude e comparou a insatisfação dos eleitores com a que os torcedores sentem quando seu time de futebol perde um jogo.
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