domingo, 22 de novembro de 2009

ENCONTROS DO CEO


QUINTA-FEIRA (26\11), SALA 500C, 17:00





Duas vezes por semana, o novo ministro dos serviços financeiros do Japão é forçado a realizar duas coletivas de imprensa consecutivas: uma para os membros dos clubes de imprensa exclusivos do Japão, a segunda para os demais jornalistas.
Ele faz isso porque os membros do clube de imprensa rejeitaram sua proposta de abrir as coletivas para não membros. Apesar da agência fornecer os espaços para as coletivas, o clube de imprensa exigiu que o ministro, Shizuka Kamei, realizasse a segunda conferência em uma sala diferente.
O novo governo do Japão está desafiando um dos mais poderosos grupos de interesse do país, os clubes de imprensa, um arranjo centenário ao estilo cartel, no qual os repórteres de grandes veículos de mídia são posicionados dentro dos gabinetes do governo e desfrutam de acesso constante e próximo às autoridades.
O sistema há muito é criticado como antidemocrático tanto por analistas estrangeiros quanto japoneses, que o acusam de produzir uma imprensa relativamente sem personalidade, que sente dever mais satisfação às autoridades do que ao público. Em sua aparente relutância em criticar o governo, dizem os críticos, a imprensa fracassa em servir como uma fiscalização eficaz das autoridades.

O ataque contra o acesso exclusivo que há muito desfrutam os membros dos clubes de imprensa faz parte do esforço do novo governo de acabar com os laços estreitos entre a imprensa e as autoridades, particularmente com os poderosos ministros centrais de Tóquio. O primeiro-ministro Yukio Hatoyama, cujo Partido Democrático do Japão obteve uma vitória histórica no final de agosto sobre o Partido Democrático Liberal que estava há muito tempo no poder, promete uma "grande limpeza na governança pós-guerra".
Takaaki Hattori, um professor de estudos de mídia da Universidade Rikkyo, em Tóquio, disse: "O sistema do pós-guerra tratava-se de uma troca de favores entre pessoas de dentro do sistema, incluindo a grande imprensa. A mudança de governo poderá finalmente levar a um jornalismo real, a uma democracia real". Mas as mudanças não ocorrerão sem briga, como mostra o impasse na Agência de Serviços Financeiros.
"A imprensa do Japão é fechada", Kamei se queixou recentemente para jornalistas estrangeiros. "Eles acham que são os únicos jornalistas de fato, mas estão errados."
Em uma manhã recente, o contraste entre as duas coletivas de imprensa era notável. Na primeira, para os membros do clube de imprensa, cerca de 45 jornalistas, na maioria homens trajando ternos, sentavam-se em fileiras de mesas como alunos em uma sala de aula, levantado suas mãos para fazer perguntas detalhadas sobre a política financeira. Kamei, que estava sentado em um palanque diante de uma cortina azul-cinzenta, dava respostas curtas e até censurava os repórteres por sua cobertura.


A segunda foi realizada imediatamente após no gabinete revestido com painéis de madeira de Kamei, onde ele conversou demoradamente e brincava enquanto descansava em uma grande cadeira de couro. Uma assistente forneceu café para cerca de 25 jornalistas japoneses e estrangeiros, incluindo várias mulheres e homens sem gravata, alguns carregando capacetes de ciclismo. Eles pressionaram o ministro a responder uma série de perguntas sobre questões que iam do envelhecimento da sociedade japonesa e reforma dos correios até seu choque com a grande imprensa.
Enquanto a primeira coletiva de imprensa foi realizada atrás de portas fechadas, a segunda foi postada ao vivo em um site na internet. Para demonstrar seu descontentamento por ter que realizar duas coletivas, Kamei às vezes antecipa o fim da primeira coletiva para passar mais tempo na segunda.
Yasumi Iwakami, um redator online e free-lance de uma revista, disse que Kamei tem que agir com cautela por temor de provocar uma cobertura negativa por parte da grande imprensa, que Iwakami chamou meio brincando de quarto lado do "triângulo de ferro" do Japão pós-guerra, formado pelos democratas liberais, pelos burocratas e pelas grandes corporações.
Até o momento, ele disse, os grandes órgãos de imprensa têm dedicado pouca ou nenhuma cobertura à luta contra os clubes de imprensa.
"Esta é a glasnost do Japão", disse Iwakami, referindo-se ao fim da censura sob as reformas políticas de Mikhail Gorbachov nos anos finais da União Soviética.
Durante sua carreira, Iwakami, 50 anos, disse que já foi repetidas vezes impedido de entrar em coletivas de imprensa pelos jornalistas dos clubes.
Ele disse que os dois grupos de jornalistas raramente se encontram na Agência de Serviços Financeiros, que realiza as duas coletivas de imprensa consecutivas em andares diferentes. Mas durante uma coletiva de imprensa de emergência há poucas semanas, da qual participaram os dois grupos, ele disse que os jornalistas do clube ignoraram os forasteiros, recusando-se até mesmo a responder suas saudações ou mesmo olhar para eles.
O clube de imprensa da agência fica sediado no vizinho Ministério das Finanças, apesar de também contar com sua própria sala de cubículos na agência. Em uma tarde recente, os repórteres cochilavam em sofás surrados ou digitavam artigos em fileiras estreitas de mesas de madeira, enquanto uma jovem funcionária do ministério copiava documentos para eles.
Shinji Furuta, um repórter para o jornal "Mainichi Shimbun", que recentemente ocupou o cargo rotativo de secretário-chefe do clube, disse que ele não é tão fechado quanto parece. Mesmo antes da mudança no governo, ele disse, ele permitia a não-membros participarem das coletivas de imprensa como observadores, sob um critério caso a caso, permitindo a eles até mesmo fazerem perguntas, algo que outros clubes de imprensa ainda impedem esses observadores de fazerem.



Ele também notou que o clube apresentou uma pequena abertura na última década, ao permitir o ingresso das grandes agências de notícias financeiras americanas e britânicas. Mas ele disse que o clube de imprensa deseja assegurar o não ingresso de pessoas se passando por jornalistas e a não perturbação dos procedimentos.
"E se alguém tentasse cometer suicídio ou incendiar a si mesmo em uma coletiva de imprensa? Quem assumiria a responsabilidade por isso?", perguntou Furuta.
Tetsuo Jimbo, o fundador de um órgão de imprensa online, a "Video News Network", elogiou os esforços do novo governo. Mas ele disse que a maioria das coletivas de imprensa permanece fechada para jornalistas de fora como ele. Ele notou que os democratas abriram os procedimentos em apenas quatro ministérios e grandes agências, mas não cumpriram a promessa de campanha de abrir as coletivas de imprensa do primeiro-ministro.
"Os democratas estão lutando contra direitos adquiridos que existem desde a época de seus avós", disse Jimbo.
Ainda assim, há um amplo sentimento aqui de que os clubes de imprensa no final mudarão. Muitos jornalistas japoneses mais jovens que trabalham em grandes jornais se mostram descontentes com o sistema. As autoridades japonesas também disseram que os antigos arranjos seriam difíceis de serem mantidos, já que o Japão parece finalmente estar entrando em uma era em que o poder mudará regularmente de mão entre os partidos políticos.
"Abrir as coletivas de imprensa foi mais fácil do que imaginávamos", disse Motoyuki Yufu, diretor de relações públicas da Agência de Serviços Financeiros. "Em algum momento isso tinha que acontecer."














Anoiteceu há duas horas em Mandalay, antiga capital real de Mianmar. As ruas se esvaziam. Legumes abandonados pelos mercados ambulantes espalham-se pelas calçadas, condutores de riquixá fazem suas últimas corridas. A cidade se tornou invisível. Para encontrar a Rua 39, é preciso avançar de cruzamento em cruzamento, onde lâmpadas cintilam tremulamente. É ali que vivem os Moustache Brothers. Todo mundo os conhece em Mianmar. Esses três irmãos artistas performáticos desafiam a junta militar com esquetes satíricos, abalando todos os tabus e zombando dos militares. Em plena ditadura, eles exibem uma franqueza impressionante. Isso pode lhes custar, se não a cabeça, pelo menos a liberdade. Na verdade, há vinte anos eles são perseguidos pelo governo. Ameaças, trabalho forçado, prisão. Eles nunca desistiram.
Seu esconderijo é uma pequena casa remendada cujo andar térreo serve de sala de espetáculos. Um cômodo comprido e estreito, forrado de marionetes e de fotos de Aung San Suu Kyi posando com os artistas. É proibido tirar fotos da opositora em Mianmar. "Ela veio nos visitar, e também quis testemunhar em nosso favor em um julgamento, mas ela não teve direito de ir até lá", declara Lu Maw, 59, que se tornou porta-voz do grupo graças a seu conhecimento de inglês.
Uma vez instalado o público, Lu liga seu leitor de DVD: na tela, bonzos marcham em Yangun, um monge morto jaz com a cabeça na lama, um soldado-criança mutilado lança um olhar aflito para a lente, atores americanos manifestam seu apoio à rebelião dos monges... Na sala, nem uma mosca voa, de tanto que os limites do proibido estão sendo ultrapassados.
Em setembro de 2007, os bonzos birmaneses desceram às ruas para protestar pacificamente contra o aumento dos preços da gasolina e dos transportes. De repente, a mudança parecia possível. A repressão foi ainda mais brutal, aniquilando qualquer esperança de liberdade para um povo que há cinquenta anos se submete à ditadura dos militares. "Vimos que a junta não hesita mais em atirar, mesmo nos religiosos. Houve muitos mortos, foi terrível. Hoje, ninguém mais ousa se mexer", lamenta Lu em uma entrevista. Ainda que seus espetáculos só sejam abertos aos turistas - os espiões que os observam diante da porta se certificam disso -, a popularidade dos irmãos transporta sua mensagem para bem além das paredes do pequeno teatro.
Antes, a trupe percorria o país com dançarinos, músicos e acrobatas saídos do clã familiar para animar as festas com espetáculos que misturam tradição, burlesco e sátira política. As autoridades não se preocupavam realmente com isso. "A situação se endureceu com o levante de 8.8.88", explica Lu Maw. Nesse dia de agosto, o exército abriu fogo contra manifestantes que denunciavam a situação econômica e política. De repente, o humor dos artistas não agradava mais aos militares. Em 1989, Par Par Lay, figura de proa do grupo, foi preso por quase um ano. "Nós nos tornamos mais prudentes, mas não queríamos nos deixar intimidar", declara Lu Maw.

Em 1996, Par Par Lay fez uma piada inconveniente durante uma reunião autorizada do partido de oposição de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (NLO). "Piadas sobre as panes de eletricidade, o trabalho forçado, e a falta de recursos nas escolas", ele lembra. Na sala, militares disfarçados de simpatizantes. Toda a trupe foi presa. "Eles nos espancaram, nos interrogaram, temi por minha família", ele diz. A família foi solta, mas para Par Par Lay e Lu Zaw - o terceiro irmão, hoje aposentado por questões de saúde - , o veredicto foi implacável: sete anos de trabalho forçado. "Tínhamos de quebrar pedras com barras de ferro o dia inteiro. Quando minha mulher veio me ver, ela não me reconheceu de tanto que eu tinha mudado. Um guarda teve de lhe indicar qual dos prisioneiros era seu marido", conta Par Par Lay.
Graças à Anistia Internacional, a condenação dos artistas foi reduzida para cinco anos e meio de prisão. "Ficávamos em uma cela isolada, proibidos de nos comunicar com os outros prisioneiros", continua Par Par Lay.
Quando saiu da prisão, em 2001, os militares o forçaram a assinar um documento que o comprometia a não se apresentar mais. Mas quando ele voltou para casa, uma grande festa o aguardava. "Nós atuamos durante uma semana na rua sem maquiagem nem figurino, e dizíamos: não estamos atuando, estamos mostrando como seria se atuássemos".
Desde então, os Moustache Brothers se apresentam todas as noites para os turistas. Eles exibem as correntes que Par Par Lay usava no campo de trabalhos forçados, convidam os piratas da Somália a sequestrar os militares da junta que eles oferecem como suvenir, brandem cartazes onde estão escritos os nomes dos serviços secretos do mundo inteiro, colocando um dedo sobre os lábios e sussurrando: "Há espiões por toda parte, talvez até mesmo entre vocês, caro público!" Eles satirizam o casamento da filha do número um - "um monstro que tentam disfarçar com diamantes" - com um homem "apavorado de estar lá". Contam que antes ela havia se apaixonado por um ator de televisão que preferiu deixar o país para fugir do casamento forçado. Os Moustache Brothers zombam dos dirigentes, acusando-os de viver em palácios ostentatórios financiados pelo tráfico de drogas e de armas, enquanto o povo empobrece.


"Além da repressão, os birmaneses hoje sofrem com a pobreza, e a diferença entre os ricos e os pobres se aprofundou desde que Mianmar deixou de ser socialista", lamenta Lu Maw, enquanto se troca nos bastidores. Mianmar abandonou o socialismo em 1989.
O espetáculo chega ao fim. Os turistas são convidados a se mobilizarem em seus países para defender o povo birmanês.
Lu termina com sua piada favorita: "Outro dia tive dor de dente. Fui até um dentista em Bancoc. O dentista me disse: 'Mas por que veio de tão longe para cuidar de seus dentes?' Eu respondi: 'Porque em Mianmar não temos o direito de abrir a boca'".







Os verbos chineses não possuem tempo. Eu também não.
Hilda Hist

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Trocando seus Blackberries por esfregões de limpeza e suas mansões por barracos, um grupo de jovens está deixando os indianos vidrados na TV, refletindo a luta do país contra a enorme desigualdade social.
Sunnny Sara, 28, dono de uma casa noturna em Mumbai, foi um dos destaques de um novo e popular reality show de TV chamado "The Big Switch" ("a grande troca"), em que participantes ricos passaram um mês morando numa favela para ajudar a comunidade local.
"Não havia água corrente, ar condicionado, nenhuma das amenidades aos quais eu estava acostumado. Eu senti falta do meu Blackeberry e das minhas motos", disse Sara. "Foi uma experiência que mudou minha vida."
Mais de um terço dos 1 bilhão de indianos sobrevivem com menos de um dólar por dia, segundo um relatório de 2007 da ONU, enquanto o número de milionários (em dólar) subiu quase 23 por cento no mesmo ano, o ritmo mais acelerado do mundo.
O programa estreou no final do mês passado, quase um ano depois de o premiado filme "Quem Quer Ser um Milionário", de Danny Boyle, mostrar ao mundo como é ser miserável em Mumbai, onde mais de metade dos 18 milhões de habitantes mora em favelas ou nas ruas.
"A maior parte da audiência televisiva na Índia é de classe média", disse Zarina Mehta, da UTV Bindass, que transmite "The Big Switch."
"Quando você traz as pessoas dos estratos mais ricos e as coloca com os mais pobres entre os pobres, isso dá um ótimo programa de TV. Nosso programa trata também de esperança e do fato de que você pode trabalhar para sair da pobreza", afirmou Mehta.
No programa, dez participantes ricos formam dupla com dez favelados, para desempenharem tarefas como engraxar sapatos em estações ferroviárias ou vender coisas nos semáforos.
Cada tarefa completa vale pontos. Cabe ao participante rico cumprir as tarefas e afinal conquistar o prêmio de 1 milhão de rúpias (21,6 mil dólares), que deverá servir para que seu parceiro favelado realize um sonho.
O programa, que vai até a última semana de janeiro, foi gravado em uma favela da periferia de Mumbai, habitada por pescadores. Os participantes, que também incluem um ator e uma ex-miss Índia, tiveram de viver com seus parceiros em um barraco de um só cômodo.





David Luyet, viticultor de profissão, faz parte dos cidadãos suíços que se pronunciarão pela proibição da construção de minaretes na Suíça, durante um plebiscito no dia 29 de novembro. Segundo pesquisas, 35% dos eleitores poderão dizer "sim" a essa iniciativa lançada pela União Democrática do Centro (UDC, direita populista) e pela direita evangélica, em nome de uma "recusa inequívoca" de uma "islamização da Suíça".
Luyet, ex-piloto de corridas e católico praticante, próximo dos integristas de Êcone, entrou pessoalmente na batalha. À frente do minúsculo Comitê Questão Islã, esse morador de Valais de 42 anos luta para superar a propaganda da UDC.
Em um país onde se vota várias vezes por ano, e onde a arte dos cartazes políticos provocadores é uma tradição, ele não hesitou em distorcer a foto oficial do Conselho Federal (governo). Nessa fotomontagem, os quatro conselheiros federais (ministros) homens posam de terno e gravata, enquanto as três colegas mulheres usam uma burca azul. "Paremos de esconder o rosto", diz o slogan. O cartaz que provocou protesto geral deveria ser afixado nas dez principais cidades do país. Mas em 6 de novembro a chancelaria federal em Berna o vetou, julgando que a imagem dos "sete sábios" não podia ser explorada com fins políticos. Uma nova versão foi elaborada: as três mulheres de burca azul continuam a aparecer, com uma citação apresentada como um hadith (fala) do profeta Maomé: "Uma nação que confia seus problemas a uma mulher nunca poderá ter sucesso".
A quem observar ao viticultor de Valais que a Suíça abriga hoje somente 4 minaretes em 200 locais de culto e de prece para muçulmanos, ele responde que quer agir "de maneira mais preventiva do que curativa". "Primeiro são exigências para construir minaretes, depois para fazer chamadas às orações, e finalmente para impor os princípios do islamismo em nosso país", ele se angustia, enquanto "as igrejas estão vazias".
No início de outubro, foi um dos cartazes do Comitê de Iniciativa administrado pela UDC, ainda afixado nos quatro cantos da Suíça, que criou a polêmica. Ali se vê a bandeira suíça sob minaretes e uma mulher coberta por um véu, com olhar ameaçador. Algumas cidades, entre as quais Basileia, Lausanne, Friburgo e Neuchâtel, o proibiram, julgando a mensagem discriminatória e hostil, e temendo pela paz social. Zurique e Genebra, pelo contrário, consideraram crucial preservar a liberdade de opinião pública.
A menos de três semanas da votação, o nervosismo é palpável entre os adversários da iniciativa que reúne o Conselho Federal, bem como quase todos os círculos políticos e econômicos. Na terça-feira (10), Eveline Widmer-Schlumpf, ministra da Justiça, declarou que a iniciativa anti-minaretes violava os princípios de liberdade religiosa e de não-discriminação inscritos na Constituição suíça. E que não existia problema de integração para os cerca de 400 mil muçulmanos, entre os quais 50 mil praticantes, que vivem no país. Mas há alguns dias, ela acabou por dar mais argumentos para aqueles que querem proibir os minaretes, ao se declarar pessoalmente contra o uso da burca








domingo, 8 de novembro de 2009


Esqueçamos as negras tatuagens no braço, no ombro ou no peito. O artista coreano Kim Joon usa-se do corpo todo e das mais variadas cores. E vai mais além: agrupa corpos masculinos ou femininos entrelaçados em posições sensuais sobre os quais desenha padrões contínuos que os fundem numa massa corporal única, subjugados pelo desenho e pela cor
Apesar do seu estilo denunciar um cunho vincadamente oriental, Joon não se limita aos costumeiros dragões e serpentes. Ao invés, qualquer material lhe serve como padrão pictórico, sejam motivos florais, logótipos de marcas comerciais ou comics do Superman, cujo potencial gráfico é enorme e é inteligentemente explorado pelo artista.
Obra original e, ousamos dizê-lo, profundamente humana...








ENCONTROS DO CEO

12\11 (QUINTA-FEIRA), 17:00, SALA 500C

KEIKO KIMOTO-IMAGINARY NUMBERS


É difícil tirar os olhos desse pôster leve, atrevido. Ele se sobressai em uma das ruas mais animadas de Cabul, no Afeganistão, em volta do parque Shahr-e-now, passagem repleta de para-choques e fileiras de restaurantes com crepes e frangos assados fumegantes. Nesse dia, o Cinema-Park exibe um filme de Bollywood. A propaganda é convidativa. A bela moça tem os cabelos soltos, os braços nus para trás, pernas estendidas, barriga de fora. No centro de Cabul!
Olhando mais de perto, percebe-se que uma caneta censora passou por ali, prolongando artificialmente o universo do tecido sobre o da carne, para apagar as partes mais picantes. No entanto, o que sobrou é ousado o suficiente para se surpreender.

Se surpreender com o quê, exatamente? Que os afegãos, como todos os povos do mundo, tenham vontade de se divertir, de sonhar? Que Cabul seja rica em uma herança laica e cosmopolita que a fúria do passado recente não suprimiu? Hamid, estudante de 18 anos, cabelos rebeldes, tênis nos pés, saquinho de uvas passa e refrigerante na mão, pretende se jogar em uma poltrona enrugada do camarote: ele é louco, maluco, ou alienígena? "Gosto dos filmes de ação e da poesia de Bollywood", ele diz. Só isso.
O que ele verá é uma explosão de cores, de sons e de movimentos. Há casamentos em palácios, danças sob borlas, brigas ruidosas, melodias lânguidas, belas envoltas em cetim e heróis sangrando em uniformes de aviador, balés de helicópteros no céu. Bollywood da mais pura, certamente. Mas um festival de "ação" e de "poesia" que diverte Hamid e o pequeno público que, em três sessões por dia, continua a frequentar o Cinema-Park, apesar do ambiente deprimente.



Shahr-e-now é um refúgio recreativo de Cabul. Sob os pinheiros do parque, os jovens jogam futebol e bilhar. E o Cinema-park, à sua volta, é uma espécie de Paradiso da capital, memória ainda vibrante de meio século de espetáculos no coração da cidade. A história de Cabul poderia ser narrada no espelho do Cinema-Park.
Houve os anos dourados, a era otimista em que a elite influenciada pelo Ocidente, sob um rei modernizador (Zaher Chah), se reunia sob os pôsteres de Sophia Loren, Marcello Mastroianni ou Alain Delon. Sinal dos tempos, o shalwar-kameez (vestimenta folgada tradicional) era então proibido, e as calças - atributo de boa educação - obrigatórias. "A sala ficava cheia de perfumes delicados", lembra um nostálgico.
Depois veio o fim da inocência. Com a revolução comunista (abril de 1978) e a chegada do exército russo (dezembro de 1979), a alta sociedade se exilou. O Cinema-Park permaneceu aberto, mas com "um público menos educado", ressalta o nostálgico.
Os "vermelhos" não baniram Bollywood - Nova Déli tinha excelentes relações com a Cabul pró-soviética. Esse período não foi, afinal, o pesadelo temido pelos polidos cinéfilos. O pior estava por vir. Em 1992, o regime comunista desmoronou. Os mujahidins de obediência islâmica entraram na cidade. As mulheres e as garotas deixaram de frequentar as salas de cinema, por exigência da nova ordem moral. O Cinema-Park continuou, mas as tesouras da censura islamita talharam mais brutalmente as afetações de Bollywood. Pouco importa, uma vez que as ruas da capital se esvaziavam sob os foguetes da guerra civil entre facções mujahidins. Quando eles tomaram a cidade, em 1996, os talebans destruíram um cinema que já agonizava. O Cinema-Park foi depredado. E fechado, certamente.
Depois de 2002, renasceu a esperança. O regime taleban foi derrubado, e chegou a hora da "reconstrução" de um país em ruínas. Hashim Haideri, diretor da sala, homem de mente aberta, ar discreto, pôde voltar do exílio. Oito anos depois, o lugar certamente não recuperou seu brilho de outrora. Nas paredes, a pintura descascada. As mulheres e as garotas não voltaram. Na sala, falta postura ao público de rapazes, que desafiam a proibição de fumar - ah, essa fumaça que atravessa o feixe do projetor! - e deixam o celular tocar em plena projeção. Mas o encontro diário com o sonho e a fuga ainda está lá, imutável.
Ali, Bollywood reina sozinha. A censura continua sendo bem clemente, vestígio do liberalismo da capital. "Cortam uma cena com muita nudez, mas deixam um simples beijo", diz Hashim Haideri. A tolerância ali é maior do que na televisão - onde a audiência familiar impõe um conservadorismo mais rígido. O que explica a permanência do público de rapazes que se excitam sem complexo diante das estrelas.
E, feliz surpresa, os fundamentalistas deixam o Cinema-Park em paz. Os ministros ou deputados islamitas do círculo do presidente Karzai tomam cuidado. "Eles sabem que há a mídia, intelectuais, uma sociedade civil que se insurgiria se quisessem desencadear uma campanha conservadora", diz Latif Ahmadi, cineasta.
Os insurgentes talebans preferem atacar no centro de Cabul alvos políticos - ministérios, Otan, ONU... - em vez de culturais. Por enquanto, pelo menos. O Paradiso de Cabul, precioso barômetro a vigiar.


sábado, 7 de novembro de 2009




JET

Vivencie o Japão trabalhando: JET Programme
JET Programme abre as inscrições a partir de 2 de dezembro de 2009.
Participe da palestra explicativa.

O Jet Programme é um programa do governo japonês que visa promover o enriquecimento do intercâmbio cultural, o ensino de línguas estrangeira e a mútua compreensão entre as nações.
Como funcionário público especial, jovens estrangeiros são contratados para atuar no Japão como coordenadores internacionais.
A função consiste principalmente em realizar palestras, organizar eventos, atuar como tradutor e intérprete.
Os requisitos básicos para pleitear o cargo são: nacionalidade brasileira, formação universitária e fluência na língua japonesa.

Palestra explicativa:1 de dezembro - terça-feira
Consulado Geral do Japão em SP
19 horas
cgjcultural4@arcstar.com.br

Arte nas Plantações de Arroz do Japão

Olhando para as fotos, ninguem consegue imaginar que se trata de uma imensa obra de arte ao ar livre.Com a chegada do verão algumas plantações de arroz no Japão ganham um colorido todo especial. A comunidade de agricultores de Inakadate, na província de Aomori é uma das mais conhecidas por produzir os trabalhos mais impressionantes desta combinação de arte e agricultura.Esse resultado é conseguido plantando mudas de folhas de cores diferentes que vistas a partir de uma certa altura, transformam-se em lindos quadros nas plantações de arroz.













































Beijok´s
Roberta