No Ocidente, um julgamento um tanto quanto condescendente sobre as mulheres japonesas há tempos é o de que elas são muito submissas e parecidas com bonecas. Durante quase uma década, a mídia japonesa incentivou as mulheres a lutarem contra essa imagem, endurecendo e se emancipando.
No ano passado, entretanto, esse tipo de conversa recebeu cada vez menos atenção entre algumas jovens que na verdade querem se parecer com bonecas.
Elas estão divididas em dois gêneros diferentes: as cada vez mais populares “Mori”, ou garotas da floresta, e as “Ageha”, ou garotas-borboleta. As garotas da floresta usam camadas de vestidos finos de algodão, meias grossas e botas, maquiagem despretensiosa e bolsas de tecido, com a intenção de parecer com uma boneca feita a mão de algum cenário romântico da Floresta Negra.
As garotas da floresta surgiram a princípio sem chamar muita atenção na cena cultural pop de Tóquio na última primavera, embora de primeira fosse difícil distingui-las das garotas eco, vestidas de forma parecida. Mas à medida que os meses passaram as diferenças se tornaram claras. As garotas da floresta querem ser discretas e suprimir toda a sexualidade, enquanto as garotas eco são naturais, esportistas, apoiam políticas ambientais consistentes e têm uma dose saudável de sensualidade.
Midori Yokokawa, editora da revista de moda “Forest Girl”, que foi lançada em outubro para acompanhar esse novo fenômeno, diz: “As garotas da floresta são cautelosas em relação a todos os tipos de agressividade ou autoconfiança. Elas são apenas muito frágeis, ou gostariam de ser dessa forma.
“Elas querem viver o suficiente para existir, preferencialmente num nível metafísico.”
As Ageha, ou garotas-borboleta, começaram a aparecer em 2008 e mostram uma desconfiança similar do mundo real. Seu objetivo é parecer o máximo possível com as bonecas infláveis que os homens compram online, mas com uma maquiagem extravagante.
Naolo Kamiyuo, 19, que vive para comprar cosméticos, roupas e acessórios de cabelo, diz: “Não sou muito bonita, mas adoro me montar. Quero mudar a mim mesma, ser irreconhecível. Quem quer passar pela vida sendo apenas ela mesma?”
Os pais dela primeiro imploraram para que ela “voltasse ao normal”, mas agora eles a deixam em paz para seguir seus sonhos de boneca Barbie.
“Fico entediada quando não estou montada”, diz Naoko. Ela acorda às 5 da manhã e passa pelo menos duas horas colocando cílios postiços, extensões de cabelo, camadas de base e outros complicados procedimentos de maquiagem.
Como a maioria das mulheres japonesas, as imitadoras de boneca não recorrem à cirurgia plástica.
De acordo com a jornalista de cosméticos e beleza Yuko Ito: “A mulher japonesa tem um certo medo de entrar na faca. Elas acham que é um pecado contra seus pais. É por isso que elas preferem optar por cosméticos e roupas dramáticas. Esta também é a razão por trás da impressionante variedade de cosméticos disponível neste país”.
Ito tem razão. A gigante dos cosméticos Kanebo lançou um rímel de alta tecnologia que na verdade faz com que os cílios fiquem mais longos (mesmo que apenas por algumas horas), e a Shiseido há muito vende produtos para clarear a pele das japonesas o máximo possível, como marfim.
“A mulher japonesa não está interessada em qualquer produto de maquiagem”, diz Ito. “Elas querem melhorar a sua aparência e ao mesmo tempo tratar e clarear sua pele, alongar os cílios, encher os lábios, etc.”
Mas não são só os cosméticos que produzem a aparência. As roupas também importam.
“Gosto quando tudo em mim parece artificial”, diz Kiyomi, 23, que gosta de comprar suas roupas na Jesus Diamante, uma boutique especializada no visual Ageha.
Kiyomi diz que ela nunca sai de casa a menos que esteja usando tamancos decorados com botões de rosas, seu cabelo tingido de loiro penteado em cachos rococó ao redor do rosto, e os seios aumentados por espessos enchimentos de gel dentro do sutiã.
Apesar de tudo isso, entretanto, Kiyomi não tem um namorado e passa suas noites livres trocando informações de moda com um círculo de amigas Ageha.
“Adoro sair com rapazes, mas raramente tenho uma oportunidade”, suspira. “O triste em ser uma Ageha é que a maioria dos homens preferem mulheres com aparência mais natural e nós não gostamos nada disso.”
Este parece ser o lado ruim das garotas que querem ser bonecas: poucos homens de fato estão dispostos a bater em suas portas. Tanto as Moris quanto as Agehas continuam sendo minoria, “cults” demais para os homens leigos entenderem, e tecnicamente difíceis de acompanhar. Consequentemente, elas têm em torno de si um ar de sociedade secreta.
Na Jesus Diamante, onde a lingerie rendada é exposta sobre uma cama cor-de-rosa, tirar foto de qualquer coisa, incluindo da equipe de vendedoras vestidas de forma extravagante, é um tabu.
“Faz sentido”, diz Kiyomi. “As bonecas não deveriam precisar falar, muito menos explicar qualquer coisa.”
No ano passado, entretanto, esse tipo de conversa recebeu cada vez menos atenção entre algumas jovens que na verdade querem se parecer com bonecas.
Elas estão divididas em dois gêneros diferentes: as cada vez mais populares “Mori”, ou garotas da floresta, e as “Ageha”, ou garotas-borboleta. As garotas da floresta usam camadas de vestidos finos de algodão, meias grossas e botas, maquiagem despretensiosa e bolsas de tecido, com a intenção de parecer com uma boneca feita a mão de algum cenário romântico da Floresta Negra.
As garotas da floresta surgiram a princípio sem chamar muita atenção na cena cultural pop de Tóquio na última primavera, embora de primeira fosse difícil distingui-las das garotas eco, vestidas de forma parecida. Mas à medida que os meses passaram as diferenças se tornaram claras. As garotas da floresta querem ser discretas e suprimir toda a sexualidade, enquanto as garotas eco são naturais, esportistas, apoiam políticas ambientais consistentes e têm uma dose saudável de sensualidade.
Midori Yokokawa, editora da revista de moda “Forest Girl”, que foi lançada em outubro para acompanhar esse novo fenômeno, diz: “As garotas da floresta são cautelosas em relação a todos os tipos de agressividade ou autoconfiança. Elas são apenas muito frágeis, ou gostariam de ser dessa forma.
“Elas querem viver o suficiente para existir, preferencialmente num nível metafísico.”
As Ageha, ou garotas-borboleta, começaram a aparecer em 2008 e mostram uma desconfiança similar do mundo real. Seu objetivo é parecer o máximo possível com as bonecas infláveis que os homens compram online, mas com uma maquiagem extravagante.
Naolo Kamiyuo, 19, que vive para comprar cosméticos, roupas e acessórios de cabelo, diz: “Não sou muito bonita, mas adoro me montar. Quero mudar a mim mesma, ser irreconhecível. Quem quer passar pela vida sendo apenas ela mesma?”
Os pais dela primeiro imploraram para que ela “voltasse ao normal”, mas agora eles a deixam em paz para seguir seus sonhos de boneca Barbie.
“Fico entediada quando não estou montada”, diz Naoko. Ela acorda às 5 da manhã e passa pelo menos duas horas colocando cílios postiços, extensões de cabelo, camadas de base e outros complicados procedimentos de maquiagem.
Como a maioria das mulheres japonesas, as imitadoras de boneca não recorrem à cirurgia plástica.
De acordo com a jornalista de cosméticos e beleza Yuko Ito: “A mulher japonesa tem um certo medo de entrar na faca. Elas acham que é um pecado contra seus pais. É por isso que elas preferem optar por cosméticos e roupas dramáticas. Esta também é a razão por trás da impressionante variedade de cosméticos disponível neste país”.
Ito tem razão. A gigante dos cosméticos Kanebo lançou um rímel de alta tecnologia que na verdade faz com que os cílios fiquem mais longos (mesmo que apenas por algumas horas), e a Shiseido há muito vende produtos para clarear a pele das japonesas o máximo possível, como marfim.
“A mulher japonesa não está interessada em qualquer produto de maquiagem”, diz Ito. “Elas querem melhorar a sua aparência e ao mesmo tempo tratar e clarear sua pele, alongar os cílios, encher os lábios, etc.”
Mas não são só os cosméticos que produzem a aparência. As roupas também importam.
“Gosto quando tudo em mim parece artificial”, diz Kiyomi, 23, que gosta de comprar suas roupas na Jesus Diamante, uma boutique especializada no visual Ageha.
Kiyomi diz que ela nunca sai de casa a menos que esteja usando tamancos decorados com botões de rosas, seu cabelo tingido de loiro penteado em cachos rococó ao redor do rosto, e os seios aumentados por espessos enchimentos de gel dentro do sutiã.
Apesar de tudo isso, entretanto, Kiyomi não tem um namorado e passa suas noites livres trocando informações de moda com um círculo de amigas Ageha.
“Adoro sair com rapazes, mas raramente tenho uma oportunidade”, suspira. “O triste em ser uma Ageha é que a maioria dos homens preferem mulheres com aparência mais natural e nós não gostamos nada disso.”
Este parece ser o lado ruim das garotas que querem ser bonecas: poucos homens de fato estão dispostos a bater em suas portas. Tanto as Moris quanto as Agehas continuam sendo minoria, “cults” demais para os homens leigos entenderem, e tecnicamente difíceis de acompanhar. Consequentemente, elas têm em torno de si um ar de sociedade secreta.
Na Jesus Diamante, onde a lingerie rendada é exposta sobre uma cama cor-de-rosa, tirar foto de qualquer coisa, incluindo da equipe de vendedoras vestidas de forma extravagante, é um tabu.
“Faz sentido”, diz Kiyomi. “As bonecas não deveriam precisar falar, muito menos explicar qualquer coisa.”
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