
Mas em Manzha e em quatro aldeias vizinhas o festival da primavera no hemisfério Norte adquiriu mais um significado -ou insignificância, dependendo de como se vê. Em um local chamado Parque da Minoria Dai, as brincadeiras de espirrar água ocorrem todos os dias.

Chineses ricos chegam em ônibus para participar de um frenesi de molhar-se, chapinhar e se ensopar com cem mulheres dai vestidas nas cores vivas -rosa, amarelo e azul- dos trajes tradicionais. "Nossas mais cálidas e gentis princesas dai", anuncia um apresentador.
"Muitos turistas querem ver isto, mas [o festival] só acontece durante alguns dias por ano", disse Zhao Li, um dos funcionários da administração, que são virtualmente todos da etnia han, o grupo dominante na China. "Por isso, decidimos fazê-lo todos os dias."
O Parque Dai, com suas casas de madeira sobre palafitas, palmeiras bem cuidadas e estátuas de elefantes, faz parte de uma forma de diversão cada vez mais popular na China -o parque temático étnico, onde pessoas de classe média da etnia han vão experimentar os elementos mais exóticos de seu vasto país. O Parque Dai, cujo terreno abriga 333 famílias dai verdadeiras, atrai 500 mil turistas por ano, que pagam US$ 15 cada um.

"Eles são uma peça do quebra-cabeça do projeto maior da China, de se representar como um Estado multiétnico", disse Thomas S. Mullaney, historiador da Universidade Stanford, na Califórnia, que estuda a taxonomia étnica chinesa. "Há um objetivo final político, que é a unidade territorial."
O parque mais famoso, o Parque das Nacionalidades, em Pequim, é uma combinação de museu e feira. Trabalhadores e técnicos de toda a China se vestem com seus trajes nativos para turistas principalmente han. Em alguns parques, os trabalhadores han se vestem como nativos -prática que foi legitimada pelo governo quando crianças marcharam nos trajes típicos de 55 minorias durante a cerimônia inaugural da Olimpíada de 2008.


Nenhum comentário:
Postar um comentário