O último mistério de Xangai, que inclui prateleiras deslizantes, passagens secretas e produtos de contrabando, é este: por que todos os DVDs e CDs populares desapareceram recentemente das lojas da cidade?
Mas é um mistério facilmente solucionado. Na China, os embaraços geralmente são escondidos quando se recebem visitas, e foi o que aconteceu com o grande estoque de DVDs e CDs falsificados enquanto Xangai se preparava para a Feira Universal, cuja expectativa é atrair cerca de 70 milhões de visitantes. Algumas semanas atrás, inspetores do governo vasculharam a cidade e ordenaram que as lojas que vendem música e filmes piratas escondessem seus produtos ilegais durante a feira, uma extravagância de seis meses que foi inaugurada em 1° de maio.
Mas os donos das lojas encontraram uma nova maneira de obedecer -simplesmente cortaram suas lojas ao meio.
Em uma notável exibição de uniformidade, quase todas as lojas de DVDs no centro de Xangai construíram uma divisória que organiza o espaço em duas seções: uma que vende DVDs legais (muitas vezes filmes que ninguém está interessado em comprar) e outra oculta, que oferece os títulos ilegais que todos desejam -sucessos de Hollywood como "Avatar" (por US$ 1) e "Alice no País das Maravilhas", de Tim Burton, e até o último CD de Lady Gaga, "The Fame".
As lojas, frequentadas até por clientes americanos e europeus, são muito bem iluminadas, com prateleiras bem arranjadas.
Especialistas em direitos de propriedade intelectual se dizem revoltados com o que parece ser uma repressão fingida. E a Associação de Cinema dos EUA, que representa alguns dos maiores estúdios de Hollywood, considera a situação perturbadora.
"Embora várias autoridades chinesas tenham feito declarações de apoio à proteção da propriedade intelectual e ao combate à pirataria, seu discurso não foi seguido por ações suficientes", disse Mike Ellis, presidente da divisão Ásia-Pacífico, em resposta à pergunta de um repórter. Mas as autoridades locais insistem em que a recente repressão foi eficaz. Desde março, mais de 3.000 lojas teriam sido fechadas por vender música e filmes piratas, segundo informam. Elas também negam ter encorajado os lojistas a construir salas secretas.
"Isso é impossível", diz Zhou Weimin, diretor da equipe de fiscalização do mercado cultural da cidade. "Nenhum inspetor pode dizer isso ao operador da loja. Essa sugestão é ilegal."
Zhou admitiu que "algumas lojas adotaram uma maneira mais encoberta de conduzir seus negócios", mas disse que isso não é um fenômeno novo e que não conseguiriam se livrar dele.
Já os funcionários das lojas de DVDs parecem tão divididos quanto as lojas. Quando perguntados sobre o que está acontecendo, os vendedores da Even Better Than Movie World (do outro lado da rua de sua rival, Movie World) prontamente admitiram para um visitante que foram instruídos a esconder os produtos ilegais e que os fiscais fingiriam não perceber a operação das salas clandestinas.
Depois de alguns meses, disseram eles, a parede cairá, e a loja continuará vendendo abertamente DVDs piratas.
Porém, mais tarde, quando o visitante voltou, identificou-se como jornalista e fez a mesma pergunta, os vendedores fingiram que não havia sala secreta.
"Não sei sobre a existência dessa salinha", disse uma vendedora da Movie World. Pressionada, ela disse: "Eu não sou a chefe".
Douglas Clark, advogado especializado em direitos de propriedade intelectual com escritório em Xangai, disse que a falsificação ali é generalizada. Segundo ele, a sofisticação do sistema e sua natureza pública são perturbadores. "Não são operações escondidas", disse Clark por telefone. O único motivo pelo qual "esses sujeitos conseguem se safar é porque têm proteção", agregou.
Existe um fato novo que poderá pelo menos reduzir a venda de DVDs falsificados. Muitos jovens dizem que a busca por música e filmes piratas se transferiu na internet para muitos sites que oferecem downloads grátis.
"Eu nem compro mais DVDs", disse Qi Wen, um agente de viagens de 24 anos. "Geralmente assisto aos filmes on-line ou os baixo para o meu computador; é rápido e simples."
Mas é um mistério facilmente solucionado. Na China, os embaraços geralmente são escondidos quando se recebem visitas, e foi o que aconteceu com o grande estoque de DVDs e CDs falsificados enquanto Xangai se preparava para a Feira Universal, cuja expectativa é atrair cerca de 70 milhões de visitantes. Algumas semanas atrás, inspetores do governo vasculharam a cidade e ordenaram que as lojas que vendem música e filmes piratas escondessem seus produtos ilegais durante a feira, uma extravagância de seis meses que foi inaugurada em 1° de maio.
Mas os donos das lojas encontraram uma nova maneira de obedecer -simplesmente cortaram suas lojas ao meio.
Em uma notável exibição de uniformidade, quase todas as lojas de DVDs no centro de Xangai construíram uma divisória que organiza o espaço em duas seções: uma que vende DVDs legais (muitas vezes filmes que ninguém está interessado em comprar) e outra oculta, que oferece os títulos ilegais que todos desejam -sucessos de Hollywood como "Avatar" (por US$ 1) e "Alice no País das Maravilhas", de Tim Burton, e até o último CD de Lady Gaga, "The Fame".
As lojas, frequentadas até por clientes americanos e europeus, são muito bem iluminadas, com prateleiras bem arranjadas.
Especialistas em direitos de propriedade intelectual se dizem revoltados com o que parece ser uma repressão fingida. E a Associação de Cinema dos EUA, que representa alguns dos maiores estúdios de Hollywood, considera a situação perturbadora.
"Embora várias autoridades chinesas tenham feito declarações de apoio à proteção da propriedade intelectual e ao combate à pirataria, seu discurso não foi seguido por ações suficientes", disse Mike Ellis, presidente da divisão Ásia-Pacífico, em resposta à pergunta de um repórter. Mas as autoridades locais insistem em que a recente repressão foi eficaz. Desde março, mais de 3.000 lojas teriam sido fechadas por vender música e filmes piratas, segundo informam. Elas também negam ter encorajado os lojistas a construir salas secretas.
"Isso é impossível", diz Zhou Weimin, diretor da equipe de fiscalização do mercado cultural da cidade. "Nenhum inspetor pode dizer isso ao operador da loja. Essa sugestão é ilegal."
Zhou admitiu que "algumas lojas adotaram uma maneira mais encoberta de conduzir seus negócios", mas disse que isso não é um fenômeno novo e que não conseguiriam se livrar dele.
Já os funcionários das lojas de DVDs parecem tão divididos quanto as lojas. Quando perguntados sobre o que está acontecendo, os vendedores da Even Better Than Movie World (do outro lado da rua de sua rival, Movie World) prontamente admitiram para um visitante que foram instruídos a esconder os produtos ilegais e que os fiscais fingiriam não perceber a operação das salas clandestinas.
Depois de alguns meses, disseram eles, a parede cairá, e a loja continuará vendendo abertamente DVDs piratas.
Porém, mais tarde, quando o visitante voltou, identificou-se como jornalista e fez a mesma pergunta, os vendedores fingiram que não havia sala secreta.
"Não sei sobre a existência dessa salinha", disse uma vendedora da Movie World. Pressionada, ela disse: "Eu não sou a chefe".
Douglas Clark, advogado especializado em direitos de propriedade intelectual com escritório em Xangai, disse que a falsificação ali é generalizada. Segundo ele, a sofisticação do sistema e sua natureza pública são perturbadores. "Não são operações escondidas", disse Clark por telefone. O único motivo pelo qual "esses sujeitos conseguem se safar é porque têm proteção", agregou.
Existe um fato novo que poderá pelo menos reduzir a venda de DVDs falsificados. Muitos jovens dizem que a busca por música e filmes piratas se transferiu na internet para muitos sites que oferecem downloads grátis.
"Eu nem compro mais DVDs", disse Qi Wen, um agente de viagens de 24 anos. "Geralmente assisto aos filmes on-line ou os baixo para o meu computador; é rápido e simples."
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