quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011





No seu ensaio fotográfico “Totens”, o fotógrafo francês Alain Delorme capta retratos de trabalhadores correndo de um lado para o outro na complexa Xangai. São empregos “insignificantes” perto da fascinação chinesa pela grandeza. São imigrantes oriundos de toda China para o coração da indústria do mundo. As pilhas instáveis são verdadeiras esculturas. São obras de arte. A altura dos totens é só mais uma expressão da expansão incessante da cidade Alain Delorme retrata a essência do “Chinese dream”, com a complexidade de um país que tenta se reinventar, confuso na escala de valores, tangíveis e intangíveis, visíveis e invisíveis. O exagero feito com manipulação em photoshop dá um certo humor e faz objetos a princípios mundanos, tornarem-se arte.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

ENCONTROS DO CEO

18/02/, SALA 500A, 13:00
Um pequeno objeto do século 12 semelhante a uma coroa mas que poderia ser um bracelete, todo decorado com motivos florais, se destaca numa vitrine com peças de cobre na exposição "Islã: Arte e Civilização" no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB/SP). Essa coroa, contudo, não é nem uma coroa nem um bracelete: é um fragmento de tubulação de água, o que traduz não só o refinamento ornamental da arte islâmica como a meta que tinham os artesãos muçulmanos de atingir a perfeição, mesmo em lugares inacessíveis ao olho. E essa perfeição está por toda a parte na exposição do CCBB, que reúne mais de 300 peças produzidas do século 8 em diante, vindas dos principais museus da Síria e do Irã, além do Líbano e países africanos.
Há de tudo nessa exposição com curadoria do professor Paulo Daniel Farah e Rodolfo de Athayde, de fragmentos originais do palácio Al-Hair Al- Gharbi, na Síria Central, construído no século 8, a peças de mobiliário, passando por objetos de cerâmica, tapetes, roupas, armas, mosaicos, iluminuras, instrumentos musicais e uma sala exclusivamente dedicada à caligrafia, a preferida do curador Daniel Farah, grande tradutor do árabe que prepara para breve um livro sobre arte islâmica dedicado às crianças. Nela se encontra a peça mais antiga da exposição, uma pedra de basalto em que estão inscritos os vários nomes de Deus com um requinte caligráfico que explica por que a arte islâmica incorporou a caligrafia - atividade nobre e sagrada no Islã - aos motivos decorativos de seus objetos cotidianos.
Há na mostra curiosos exemplos de peças que fazem usos da caligrafia associada a motivos geométricos, como uma tigela azul do século 13, reveladora da influência que os chineses tiveram sobre a arte islâmica, especialmente o lustro metálico, a segunda maior inovação, depois da faiança, no período abássida (dinastia de califas árabes que dominou, entre os século 8.º e 13, o território que hoje pertence ao Iraque). O curador Daniel Farah observa que a cor azul foi introduzida no século 12 na fabricação de objetos de cerâmica, antes dominada pela cor verde, a preferida do profeta Maomé, talvez por representar simbolicamente a abundância da natureza, justamente o que os povos do deserto idealizam em terreno tão árido.
A linha curatorial da exposição privilegiou os objetos não pertencentes ao espaço religioso da cultura muçulmana justamente para desfazer um equívoco comum entre os ocidentais, o de que a arte islâmica se resume a motivos geométricos e arabescos, abolindo a figura humana e animais, por serem criações divinas. Há, claro, tapetes de oração, mas também peças de tapeçaria em que abundam pequenos quadrúpedes e espécies vegetais, embora conservando a simetria, forte evidência da inclinação mimética do artesão para imitar a natureza e o Criador. Apesar da censura à representação figurada, expressa particularmente após o 9.º século, não há, segundo o curador Farah, qualquer interdição explícita à representação de seres vivos no Corão.
As iluminuras da mostra provam que a arte islâmica explorou bem a figura humana em livros cuidadosamente manufaturados. Há vários exemplos da função didática dessas iluminuras que ilustram desde a epopeia do Irã (a antiga Pérsia, cuja história remonta a 3200 a.C.) até rituais islâmicos, passando por contos de amores impossíveis como o de Laila e Majnun, o mais popular do mundo islâmico, uma espécie de Romeu e Julieta em que Majnun, poeta com dificuldades de visão, se apaixona e enlouquece quando o pai de Laila impede a união do casal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Islã: Arte e Civilização - CCBB (Rua Álvares Penteado, 112, centro). Telefone (011) 3113-3651. 10h/20h (fecha 2ª). Até 27/3. Grátis. .

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ANO DO COELHO


Autor: Fabio Cypriano (com a colaboração de informações tiradas do release enviado pelo MAC-USP), Fonte: jornal A Folha de São Paulo, 02/02/11.
Exposições que se constituem a partir de territórios nacionais correm sempre o risco de forjar identidades de maneira artificial.
"Comunidade de Gostos: Arte Contemporânea Chinesa desde 2000", em cartaz no Museu de Arte Contemporânea da USP, na Cidade Universitária, já no título assume tal problemática: trata-se de um conjunto que reúne distintas aproximações.
Se nos centros, como na Europa e nos EUA, a arte contemporânea abarca tendências muitas vezes antagônicas, a produção chinesa, como se vê nas 48 obras, não escapa desses dilemas.
O primeiro deles pode ser a aborrecida discussão sobre o suporte, com a pintura marcando presença expressiva na exposição. Ora, se a pintura segue a grande estrela do mercado, não poderia não estar presente numa economia forte como a chinesa. Essa pintura é majoritariamente figurativa -como em Li Qing, com a série de aviões da Fedex em "Imagens de Desconstrução Mútua e Unidade" (2008)- e indica reverência a padrões ocidentais, se não no conteúdo da imagem, em seu procedimento. Mas é mesmo aí que se encontra o grande mérito da mostra, ao revelar que não está na originalidade o cerne da jovem produção chinesa, mas na busca de um pertencimento à própria história da arte, tal como construída enquanto os muros chineses estavam fechados no século 21. Organizada por uma instituição de promoção da arte chinesa sediada em Pequim, a Iberia Center for Contemporary Art, "Comunidade de Gostos" traz um bom recorte da produção atual de um país que busca ocupar um lugar proeminente na economia mundial e que usa a arte como ferramenta para o fortalecimento dessa presença.
________________________________________
COMUNIDADE DE GOSTOS: ARTE CONTEMPORÂNEA CHINESA DESDE 2000
QUANDO ter. a sex, das 10h às 18h; sáb., dom. e fer., das 10h às 16h
ONDE MAC-USP (r. da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, tel. 3091-3039)
QUANTO grátis

PESADELO ORIENTAL

Inspirada na cultura oriental, a revista CARAS traz para você uma coleção com mais de 40 peças de mesa exclusivas, assinadas pelo famoso estilista designer japonês Kenzo Takada. Toda semana, um item grátis na compra de CARAS. COLECIONE!