Há quem conte histórias através da literatura. Há quem conte histórias através do cinema. Htet San usa a fotografia. Natural de Burma, país vizinho da Tailândia, procura, através dos personagens dos seus retratos, narrar vivências e sentimentos comuns a todos nós.O que mais me inspira na fotografia é que para mim é a melhor maneira de contar histórias” , diz Htet San. A fotógrafa, de 24 anos, não tem dúvidas de que é isto que quer fazer: através de simples projectos, partilhar com o público as suas narrações. Centradas no ser humano e nas suas emoções, as imagens de Htet transmitem também os seus próprios sentimentos e opiniões pessoais. O gosto pela antiguidade e a curiosidade pelo misticismo são elementos que a acompanham na hora de fotografar. Os seus trabalhos estão divididos em duas colecções: os filmes narrativos fotográficos e as narrativas fotográficas digitais. E foi nas histórias por detrás de alguns desses projectos que “assistimos” aos acontecimentos. “ “Escape” foi o meu primeiro filme narrativo, realizado ainda na Universidade e totalmente inspirado na Duane Michaels”. Esta série, constituída por dez imagens em sequência, teve como base um trabalho inspirador da sua ex-colega. Numa das disciplinas em comum, ao analisar diferentes estilos de vários artistas, foi-lhes proposto copiar os trabalhos em estudo, de forma a entender a “ideologia” e a arte de cada um. Htet gostou tanto do método usado por Duane que o aplicou ao criar “Escape”. Recorrendo ao uso de imagens sobrepostas, criando dois lugares distintos numa só fotografia, o objectivo foi falar “sobre o existencialismo e retratar a história de uma alma atormentada que procura encontrar o seu escape na vida”.“Portraits of the dreamland”, igualmente um filme narrativo, é uma tentativa de homenagear a amizade. Os personagens dos seus retratos, naturais de várias partes do mundo, são amigos que fez durante um programa de intercâmbio que frequentou. E, pela distância que os separa, não sabe ao certo quando voltarão a estar juntos. Htet refere que é como se se tivessem conhecido num lugar mágico, a terra dos sonhos, e depois cada um desaparecesse para voltar às suas origens. Os conhecimentos que foi ganhando ao longo destas séries motivaram-na a experimentar e introduzir novas técnicas nas fotografias seguintes. A partir daí, surgiram as narrativas digitais. Htet contou-nos o quis fazer com os projectos “Torn” e “Emotion and untold stories”. Em “Torn”, a ideia era focar e abordar novamente as emoções humanas. Desta vez, os conflitos, dilemas e diferentes personalidades que podem ser encontrados na mesma pessoa. Para conseguir o efeito pretendido, foram misturadas duas ou mais imagens, que se transformaram numa só, através do programa Photoshop. Há cerca de dois anos, quando se iniciou na aventura de fotografar anúncios publicitários, pensou estar a pôr de parte o seu lado mais artístico. Então, para contrabalançar criou “Emotion and untold stories”. Neste seu último trabalho, preferiu “ouvir as histórias que algumas pessoas contam sobre cada retrato, em vez de ser eu a contá-las”. Recolher outras visões destes retratos serve-lhe como uma espécie “de ponto de referência”. Para a artista, esta é uma forma de saber se as suas mensagens são recebidas correctamente ou… não.
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