quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


http://sonjabe.com/golshifteh-farahani-continues-the-controversial-naked-revolution-of-the-middle-east/

Golshifteh Farahani, atriz iraniana que atuou no filme "Rede de Mentiras" ao lado de estrelas de Hollywood, como Leonardo DiCaprio e Russel Crowe, posou nua para a revista francesa Madame Le Figaro. Mas, ao postar a foto no seu perfil do Facebook, recebeu fortes críticas e já não é mais bem-vinda em seu país, o Irã. Segundo o jornal inglês The Telegraph, a atriz colocou a foto em sua Fan Page, onde ela possui mais de 500 mil fãs, mas recebeu alguns comentários desagradáveis. "Como posso digerir suas atividades estúpidas... Isso é para sua carreira artística ou para os direitos das mulheres, eu não sei... mas meu coração está partido ao ver suas fotos nuas", diz um deles. Golshifteh também apareceu em um vídeo feito pela academia responsável pela distribuição do César, a versão francesa do Oscar americano. Para ela, este foi apenas um "gesto simbólico para acabar com tabus comuns que existem em várias sociedades". Agora, ela foi banida de seu país por oficiais, que consideram a atitude "chocante".



Golshfiteh. O nome, incomum no Irã, já começou sendo um problema. Foi uma ideia paterna, inspirada na tradução do título "A Alma Encantada", obra em sete volumes do escritor francês Romain Rolland (1866-1944). Mas como o pai era opositor do regime, as autoridades proibiram o batismo. O pai não cedeu, insistiu, e o nome ficou. "Sempre tive problemas com esse nome, é de difícil pronúncia. Engraçado, porque a República Islâmica não queria que o nome existisse, mas agora é conhecido em todo o país", diz. Atriz, Golshifteh Farahani, 26 anos, se tornou uma estrela do cinema em seu país, o Irã. Mas o sucesso e a sua inconformidade com a rigidez islâmica dos molás e a ditadura de Mahmoud Ahmadinejad lhe causaram transtornos e a obrigaram ao exílio. Bela - o rosto de traços ao mesmo tempo fortes e delicados -, o olhar profundo e vivaz, o sorriso aberto e os cabelos soltos, ela brincou com o pequeno gravador colocado a sua frente na mesa e se desculpou pelo atraso para o encontro marcado no café Telex, na rua de Grenelle, em Paris, próximo ao apartamento onde hoje mora. Nossa conversa foi motivada para um perfil para a revista Serafina (Folha de São Paulo) - publicado na edição de dezembro último. Cinco dos 20 filmes em que já atuou foram censurados em seu país, mas foi a sua participação na recente produção hollywoodiana "Rede de Mentiras" (2008), de Ridley Scott, ao lado de Leonardo DiCaprio, que lhe acarretou os maiores problemas. O trailer do filme, difundido pela rede do youtube, e a imagem da atriz com os cabelos a descoberto, sem o véu, e os braços desnudos no tapete vermelho da première em Nova York, encolerizaram as autoridades de Teerã. Seu status de celebridade nacional não impediu que ao seu retorno lhe fosse confiscado o passaporte e, durante sete meses, amargasse repetidos interrogatórios. "Você é jogada como uma bola da Corte Revolucionária Islâmica aos serviços de inteligência, cada uma das organizações querendo provar ter mais poder", conta. "Eles fazem você pacientar por longas horas, perguntam as mesmas coisas mil vezes: 'quem você conhece?, por que você fez isso ou aquilo?, comece tudo de novo, desde o início'. Por vezes estão alegres, logo depois ficam bravos; umas vezes riem, depois gritam, é todo um jogo. Tudo é horrível. Não fizeram nada comigo, porque eu já era uma celebridade, todo o mundo acabaria sabendo. Mas isso até hoje me afeta de uma maneira muito ruim", confessa. Golshifteh foi obrigada a fugir do Irã e a exilar-se na França. Ela recorda o dia em que conseguiu burlar o controle da polícia e deixar o país: "Foi em 23 de agosto de 2008. Comecei a chorar, porque queria ficar, olhava para a minha mãe, foi muito triste. Agora que estou fora, me dou conta de o quanto você pode ser livre, para pensar, trabalhar. Os jovens aqui na França não apreciam a liberdade, não valorizam o fato de viver num país democrático. É um verdadeiro presente", diz. No Irã, conta ela, há formas de burlar regras no dia-a-dia. Para beber álcool, há o mercado negro. Para escutar rock, há os concertos clandestinos. Na praia, as mulheres dão um jeitinho de se banhar em maiô: tiram suas roupas dentro d'água, dão a alguém para guardá-las à margem e devolvê-las antes de sair do mar. Ela mesmo fez isso muitas vezes, confessa. "Para se divertir, viver as coisas do cotidiano, dá-se um jeito. Mas para as coisas intelectuais e políticas, você não é livre, não há liberdade. Se você tem problemas com isso, eles são realmente duros, aí é bye, bye, no way. Foi aí que me dei conta: oh meu Deus, em que país eu vivo, não posso suportar isso".

A mentira é uma questão de sobrevivência no Irã, diz. É preciso mesmo saber mentir bem para sobreviver, e também mostrar de forma clara que se quer a destruição dos EUA. "É uma coisa cultural. Nós temos algo chamado tarof. Se eu pergunto: 'Você quer água?'. Você quer, mas diz 'não'. Isso está na cultura do povo. Você está mentindo todo o tempo, mas não sabe por quê". O uso do véu, segundo ela, é um outro tipo de mentira: "No Irã, ninguém usa véu em casa, só quando sai à rua. Isso é hipocrisia. Aos seis anos, você tem de usar quando começa a ir à escola. Isso faz as crianças começarem a odiar o véu, porque o final da primavera é muito quente em Teerã, incomoda. A república islâmica tem esse plano de educar a mentalidade das crianças, mas eles falharam. Olhe para nós, todos que nascemos depois da revolução. O mundo muçulmano olha para o Irã como um exemplo, um sonho, mas eles não sabem o que acontece lá". Apesar da pressão e da repressão, ela acusou o choque do exílio e sente saudades de casa. "Para mim, de uma certa forma, o Irã ainda é o melhor país para se viver. Lá, as pessoas têm tempo para os outros. Aqui, nesta sociedade, não há tempo. Não há tempo para humanidade. Você esquece a principal razão de viver, que é ter felicidade e alegria, e um dia, quando tiver 70 anos, vê que sό viveu para pagar as suas contas e não teve diversão na sua vida. Aqui há essa pressão do dinheiro, as coisas são caras, isso mata o dia-a-dia. É por isso que eu gosto do Terceiro Mundo. Acabei de chegar de uma filmagem na Argentina, as pessoas são pobres, mas felizes. O Brasil, provavelmente, deve ser assim também". Filha de pai ator e diretor de teatro e de mãe pintora, Golshfiteh foi encaminhada na infância para o aprendizado da música. Aos 12 anos, estudava na Escola de Cantos Revolucionários (antigo Conservatório, rebatizado após a revolução islâmica). Para andar na rua com os instrumentos musicais em seus estojos era mesmo necessária uma autorização oficial. Mas dois anos depois, aos 14, ao fazer uma pequena participação em uma filmagem, seu destino tomou outros rumos. "Era para ter ido para Viena estudar música, mas na época vi que era o cinema que queria, que seria essa a melhor linguagem para atingir as pessoas e tentar mudar algo". Seu último filme em farsi, "Procurando Elly" (com estréia nas salas de São Paulo em 1° de janeiro 2010), rendeu ao diretor, Asghar Farhadi, o Urso de Prata de Melhor Direção no Festival de Berlim 2009. "As autoridades iranianas não queriam que eu fizesse o filme. Intimidaram e passaram recados aos responsáveis para que não me usassem. Não havia nada escrito, oficial, só falado. Mas o diretor assumiu o risco e fiz o filme. Logo depois tive de deixar o Irã", conta. Por sua performance em "Half Moon", de Bahman Ghobadi, Golshfiteh recebeu o prêmio Concha de Ouro de melhor atriz no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián 2006 (aliás, não perca, se tiver a chance de assistir, "No One Knows About Persian Cats", de 2009, do mesmo Bahman Ghobadi, sobre a cena musical undreground de Teerã). No próximo 20 de janeiro, será lançando aqui na França o aguardado "Shirin", conto cinematográfico de Abbas Kiarostami inspirado em uma lenda do século 12, e que tem Golshifteh Farahani como uma das principais intérpretes. "Todas as grandes atrizes iranianas, através de quatro gerações, estão presentes na tela neste filme", disse o diretor. Trabalho, por enquanto, não tem faltado para a atriz expatriada. Pelo contrário. "Tive convites dos EUA e aqui na Europa, já recusei uns vinte, não quero fazer qualquer coisa". Há pouco, ela retornou da Argentina, onde participou das filmagens de "There Be Dragons", de Roland Joffé. Seu próximo projeto será uma peça de teatro e dança com atores da Comédie Française, sobre o tema da religião e liberdade. A música, ela também não abandonou. Acaba de lançar um cd com o músico iraniano de renome Mohsen Namjoo, de canções engajadas (à parte o fato de o canto feminino solo ser proibido no Irã, o que é mais uma forma sua de protesto no disco). Ela espera que as subversivas canções da dupla sejam pirateadas e também escutadas no Irã. Golshifteh Farahani se diz apenas mais uma dos milhares de iranianos exilados: "Há 30 anos eram outras pessoas deixando o país. Hoje, somos a nova geração de iranianos rumo ao exílio. A liberdade tem um preço. Somos parte do sacrifício. Há todas essas pessoas que foram mortas ou que estão presas. Mas a mentira oficial, segundo ela, não poderá perdurar eternamente em seu país. "A verdade é algo pesado. Mas, hoje, ela está vindo para fora, não haverá como detê-la por muito tempo", diz, esperançosa.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012




http://www.paulgravett.com/index.php/articles/article/comics_in_the_middle_east/

Índice geral São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 2012Ilustrada
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Mônica se mistura a personagens japoneses
Mauricio de Sousa concretiza projeto com mestre do mangá em defesa da Amazônia
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

Mauricio de Sousa lembra-se bem da última vez que viu Osamu Tezuka.
Era 1989, ele estava no Japão e o mestre do mangá, seu amigo há alguns anos, saíra do hospital para encontrá-lo.
"Ele estava com uma aparência bem maltratada. Eu não sabia da gravidade do estado dele, começamos a conversar sobre projetos futuros e ele foi ficando animado. Combinamos de fazer uma animação juntando nossos personagens."
Semanas depois, Tezuka morreria de câncer, aos 60 anos, e o projeto da dupla ficaria esquecido -até há pouco.
Nesta semana, chega às bancas uma revista da "Turma da Mônica Jovem" que concretiza a conversa de 23 anos atrás: Mônica, Magali, Cascão e Cebola unem-se a Astro Boy, princesa Safire e Kimba, o leão branco.
"Nossos heróis se misturam para enfrentar madeireiros, gente que quer acabar com a floresta amazônica. Deu uma bela família de personagens, até um pouco conflituosa", diz Mauricio.
O brasileiro celebra a HQ não só por ser um velho projeto fraterno (ainda que não mais em formato de desenho animado), mas pela raridade.
"É a primeira vez que um estrangeiro recebe autorização para desenhar os personagens de Tezuka", diz.
O roteiro e as ilustrações da história (que sai dividida em duas edições, a próxima em março) foram feitos por sua equipe no Brasil e aprovados pelo filho do japonês.
MESMA FILOSOFIA
Mauricio e Tezuka conheceram-se em 1984, quando o japonês recepcionou o brasileiro em seu país (mais tarde, a cortesia se inverteria).
"Nós tínhamos uma filosofia muito parecida sobre o que devíamos passar para a criançada. Ele gostava da pureza, da humanidade dos meus personagens."
Na ocasião, Tezuka já era idolatrado no Japão e renomado no exterior.
"A história em quadrinhos dele é um 'storyboard', é um desenho animado. O traço dele é muito gostoso", define.
No embalo do primeiro encontro entre os personagens, o brasileiro já vislumbra as possibilidades comerciais que se abrem no exterior e cogita até mesmo criar histórias apenas com os heróis japoneses -algo que ainda precisaria ser negociado.
"Os personagens dele merecem o tratamento clássico, e nós sabemos fazer isso, o traço Tezuka como ele fazia."
TURMA DA MÔNICA JOVEM
EDITORA Panini
QUANTO R$ 6,90 (128 págs.)

domingo, 22 de janeiro de 2012













  Índice geral São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 2012Cotidiano
Cotidiano
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Folha verão
Quitutes japoneses viram 'hit' à beira-mar
Praias descoladas do litoral norte apostam em cardápio sem fritura
Sushibar é montado em Ilhabela perto da faixa de areia; champanhe, gelo e limão compõem drinque da temporada
TALITA BEDINELLI
ENVIADA ESPECIAL AO LITORAL DE SP
Na tarde de uma quarta-feira, a família da estilista Luciana Eiroa, 40, refugiava-se na praia, embaixo de uma tenda do hotel DPNY, em Ilhabela, litoral norte paulista.
O filho Igor, 17, aguardava seu combinado japonês, para comer ali mesmo, na areia.
Os quitutes japoneses viraram moda pelas praias luxuosas do litoral de São Paulo, em substituição a opções menos "lights", como peixe frito, espetinhos de camarão e porções de pastéis.
No luxuoso DPNY, localizado de frente para o mar na praia do Curral, um sushibar foi colocado estrategicamente próximo à saída do hotel para a faixa de areia.
Um garçom leva os pedidos até os hóspedes, abrigados em tendas ou "chaises longues" (espécie de cadeira em que é possível reclinar o corpo todo e estender as pernas).
"A gente pede por ser mais saudável, fresco. É melhor do que fritura", afirma Luciana.
Maria Dulce Machado Koim, 23, outra entusiasta da comida japonesa, concorda.
"É mais leve e refrescante. Combina muito mais com a praia", diz a administradora, enquanto segura uma taça de Moët & Chandon Imperial.
A champanhe, lançamento exclusivo da marca para o hotel, em São Paulo, tem acompanhado os combinados japoneses como o drinque do momento neste verão no DPNY. Consumida com gelo e limão na taça, custa R$ 350 a garrafa.
TEMAKIS & CIA.
A moda do sushi chegou forte no último verão no litoral, conta Ádrian Fuhrhausser, dono do hotel Canoa, em Barra do Una, praia de São Sebastião, perto de Ilhabela.
O hotel tem um dos primeiros sushibares da região, instalado há quatro anos. "Quando a gente lançou não havia muita gente explorando o mercado. No ano passado e neste ano, surgiram muitas opções", diz ele.
Perto dali, na Riviera de São Lourenço, há carrinho igual aos de cachorro-quente vendendo temakis.
Para ele, a febre pela comida japonesa, à base de peixes crus, é natural para o litoral. "Estamos nas praias mais limpas. Nosso peixe é pescado aqui perto, diariamente."
No sushibar do hotel, que conta com 20 opções de cervejas importadas, funcionários levam os pedidos dos hóspedes na areia.
Veranistas em lanchas, que atracam no local, também podem receber suas encomendas a bordo.
O mesmo acontece no Siquini Beach Parador, inaugurado em Ilhabela em dezembro, já com um sushibar. A comida japonesa é levada até as lanchas que param no atracadouro do hotel.








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sábado, 21 de janeiro de 2012





http://lounge.obviousmag.org/lunatico/2012/01/choi-xooang.html
Vestindo minissaias, roupas justas e biquínis -e sem o véu sobre os cabelos-, ela despertou a ira do regime iraniano. Mas não só por conta dos trajes impróprios.
A Barbie passou a ser perseguida pela polícia em Teerã por ser considerada uma poderosa influência da cultura ocidental no país islâmico.
Segundo a agência de notícias semioficial Mehr, dezenas de lojas de brinquedos que vendiam a cobiçada boneca foram fechadas ontem. A operação faz parte de uma tentativa do regime de frear a enxurrada de cultura ocidental no país, que já bloqueia sites e canais de TV considerados impróprios.
A condenação à loira também não vem de agora. Em 1996, uma agência de crianças apoiada pelo governo chamou as Barbies de "cavalo de Troia" infiltrado influências ocidentais.
Em 2002, autoridades lançaram uma campanha para confiscá-las -medida abandonada mais tarde, depois de o Irã lançar uma linha concorrente de bonecas, para promover os valores tradicionais.
A missão de bloqueio cultural, no entanto, é quase impossível. Nas ruas de Teerã, é fácil encontrar jovens com roupas Adidas, Nike ou Puma, usando iPhones e iPads.






Quando Azita Rafhat, uma ex-parlamentar afegã, prepara as suas filhas para a escola de manhã, ela veste uma delas de forma diferente.
Três meninas usam roupas brancas e cobrem seus rostos com véus. Mas Mehrnoush, a quarta menina, veste terno e gravata. Na rua, Mehrnoush não é mais uma menina, e, sim, um rapaz chamado Mehran.
Azita Rafhat não teve filhos homens, e para evitar as provocações que famílias assim sofrem no Afeganistão, ela tomou a decisão radical de mudar a criação de Mehrnoush.
Esse tipo de atitude não é incomum no país. Existe até mesmo um termo - Bacha Posh - para meninas que são vestidas como garotos.
"Mesmo que você tenha uma boa posição no Afeganistão e está bem de vida, as pessoas veem você de forma diferente (se não tiver um filho homem). Elas dizem que a sua vida só é completa se você tem um filho", diz Azita.
Sempre houve preferência por meninos no Afeganistão, por motivos tanto econômicos quanto sociais.
O seu marido, Ezatullah, acredita que ter um filho é um sinal de prestígio e honra.
"As pessoas que nos visitavam sempre diziam: 'Oh, lamentamos que vocês não têm um filho.' Então imaginamos que seria uma boa ideia vestir nossa filha assim, já que ela também queria."
Economia
Muitas meninas vestidas de rapazes andam pelas ruas no Afeganistão. Algumas famílias optam por esse caminho para permitir que elas consigam empregos em lugares públicos, como em mercados, já que mulheres não podem trabalhar na rua.
Elaha passou anos vivendo como menino, mas na universidade voltou a se vestir como mulher
Em alguns mercados de Cabul, um grupo de meninas, com idade entre cinco e 12 anos, se apresenta como meninos e vende água e chiclete. No entanto, nenhuma quis dar entrevista sobre o assunto.
A tradição não dura por toda a vida. Aos 17 ou 18 anos, as jovens voltam a assumir uma identidade feminina. Mas essa mudança não é nada simples.
Elaha mora em Mazar-e-Sharif, no norte do Afeganistão. Ela viveu como menino por 20 anos, porque sua família não tinha filhos homens. Apenas há dois anos, quando entrou na universidade, é que ela passou a se vestir como mulher.
No entanto, ela ainda não se sente totalmente feminina. Alguns de seus hábitos não são típicos de garotas, e ela diz que não pretende se casar.
"Quando eu era criança, meus pais me vestiam de menino porque eu não tinha um irmão. Até recentemente, vivendo como menino, eu saia para brincar com outros garotos e tinha mais liberdade."
Contra sua própria vontade, ela voltou a viver como mulher, e diz que só aceitou voltar porque se trata de uma tradição social. No entanto, ela se diz revoltada com a forma como as mulheres são tratadas pelos seus maridos no Afeganistão.
"Às vezes, eu tenho vontade de me casar e bater no meu marido, só para compensar a forma como as outras mulheres são tratadas em casa."
Um saudita colocou o próprio filho à venda na rede social Facebook. O valor pedido por Saud bin Nasser Al Shahry -- 20 milhões de dólares -- seria para oferecer "uma vida digna para a mulher e a filha em vez de viver na pobreza", conforme noticiou o diário saudita Al Sharq, citado pelo portal emirates247.com. O anúncio do empresário saudita traz uma foto sua e do filho na rede social Facebook. De acordo com o jornal, Saud bin Nasser Al Shahry decidiu tomar a medida extrema após o negócio que mantinha ser fechado depois de uma decisão judicial, que declarou sua empresa ilegal. Ele chegou a pedir ajuda para as autoridades locais, mas não teve sucesso. Como o tráfico de crianças na Arábia Saudita é considerado um delito, e não um crime, o jornal especula se o anúncio da venda do garoto poderia ser uma tentativa de Saud bin Nasser Al Shahry chamar a atenção e conseguir de outra forma o dinheiro. O governo saudita é frequentemente criticado por fazer pouco para prevenir o tráfico de pessoas. Em 2009, a Arábia Saudita adotou um pacote de medidas rigorosas para combater o tráfico de crianças e também colabora com o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e outras entidades em campanhas de conscientização.







http://www.punctum.asia/






http://www.wowlavie.com/
A Coreia do Norte lançou um site de seu jornal em inglês na internet, em aparente tentativa de ampliar sua voz na comunidade internacional. A notícia foi divulgada ontem pelo sul-coreano "Korea Times", segundo a revista americana "Slate". A iniciativa foi associada ao momento de transição política na Coreia do Norte. Kim Jong-un assumiu o poder após a morte do pai, Kim Jong-il, em 17 de dezembro. Trechos deixam entrever um pouco da visão de mundo que o governo incute em seus cidadãos. Na nota "Fenômeno Natural Peculiar", de 25 de dezembro, lê-se: "Neve misteriosa caiu no monte Paektu nos dias 18 e 19. Mas o céu estava limpo, sem nuvens. Moradores disseram que Kim Jon-il era um homem santo e que o céu derramava lágrimas por sua partida".
Ignorando os protestos de cineastas iranianos e ativistas de direitos civis, o Ministério da Cultura do Irã dissolveu formalmente na quarta-feira (11) a Casa de Cinema, a única organização doméstica que apoia o cinema independente, a substituindo por um comitê que não se desviará das diretrizes islâmicas rígidas e dos assuntos políticos permitidos.
A medida do Ministério da Cultura, informou a agência de notícias semioficial “Fars”, parece refletir a tomada quase completa pelos agentes políticos linha-dura de todos os segmentos do governo iraniano, que parece isolado e sitiado em muitas frentes.
Fundada há 20 anos, a Casa de Cinema tem mais de 5.000 membros e cuida de uma série de sindicatos ligados ao cinema no Irã. Ela atua na proteção dos interesses financeiros e direitos criativos deles, de modo que o fim do órgão, se não for revertido, poderá quebrar e silenciar o último canal autônomo remanescente no Irã para expressão artística visual.
A ordem de dissolução coincidiu com um elogio sem precedente para um filme iraniano produzido independentemente, “A Separação”, que tem recebido muitos prêmios e é um favorito na entrega do Globo de Ouro neste fim de semana em Los Angeles. Há comentários de que o filme, que descreve o fim de um casamento, também será um favorito no Oscar.
A ordem formal do Ministério da Cultura ocorre uma semana após o primeiro anúncio do fechamento da Casa de Cinema, que despontou como um farol discreto de apoio ao movimento Verde de oposição e a outras vozes políticas desde a contestada eleição presidencial de 2009 e da repressão aos opositores do governo. A decisão, baseada na visão do ministério de que a Casa de Cinema tinha uma licença inválida para funcionar, foi adiada devido a uma audiência do Ministério da Justiça, marcada para quarta-feira.
Mas, em um desdobramento inusitado, consultores legais do ministro da Cultura, Mohammad Hosseini, decidiram na terça-feira (10) que não havia necessidade para uma audiência. Como eles concluíram que a licença da Casa de Cinema era inválida, argumentaram os consultores, não havia base legal para discussão em uma audiência.
Portanto, disse a “Fars” ao anunciar a decisão final, “o Ministério da Cultura emitiu uma ordem para dissolução da Casa de Cinema, que agora será executada”.
Houve uma confusão inicial na terça-feira, quando alguns defensores da Casa de Cinema acharam que a audiência tinha sido cancelada porque o Ministério da Cultura tinha retirado sua queixa. Mas, quando a dura realidade ficou clara, eles reagiram furiosamente.
Shirin Ebadi, uma ativista dos direitos da mulher e premiada com o Nobel que atualmente vive no exílio, escreveu em uma carta aberta à Organização das Nações Unidas que o fechamento deveria ser adicionado à lista das violações de direitos humanos do Irã, atualmente sob investigação.
“Instituições civis e profissionais são as ferramentas da democracia”, ela escreveu na carta, divulgada pela “Radio Zamaneh”, uma emissora e site de oposição. Particularmente desde a eleição de 2009, ela escreveu, “várias organizações profissionais e cívicas de jornalistas, escritores, estudantes, trabalhadores e motoristas de ônibus foram fechadas, e o exemplo mais recente é a Casa de Cinema”.
Todos os membros da Casa de Cinema, ela escreveu, “condenam a decisão de fechamento pelo governo”.
Hadi Ghaemi, o diretor executivo da Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã, um grupo de defesa em Nova York, disse que a decisão do Ministério da Cultura mostra que “o governo iraniano persegue sistematicamente as associações independentes cujo trabalho não necessariamente segue a narrativa do Estado”.
O diretor administrativo da Casa de Cinema, Mohammed-Mehdi Asgarpur, argumentou que o único modo dela ser fechada seria por ordem judicial, e não ficou claro na quarta-feira como, ou se, o comitê administrativo da Casa de Cinema buscaria uma ação legal.
Os membros do comitê ameaçaram boicotar o anual Festival Internacional de Cinema de Fajr, o evento cinematográfico mais importante do Irã, programado para ocorrer daqui poucas semanas. A Casa de Cinema realizava seu próprio festival, a Celebração do Cinema do Irã, todo mês de setembro.
No festival Fajr do ano passado, onde “A Separação”, do roteirista e diretor Asghar Farhadi, foi exibido pela primeira vez, ele conquistou os principais prêmios, e posteriormente conquistou quase três dúzias de outros. Apesar de oferecer um retrato duro da vida arruinada de uma família iraniana, ele não é um filme político. Em uma entrevista para o “New York Times” em dezembro, enquanto viajava pela América do Norte com seu filme, Farhadi o chamou de uma história não sobre o Irã, mas sim sobre “as dificuldades de relacionamento entre as pessoas”.
Farhadi já lidou com a censura. As autoridades iranianas suspenderam a produção do filme em 2010, depois que ele expressou apoio público aos cineastas iranianos presos e exilados. Ele foi autorizado a retomar o trabalho apenas depois de pedir desculpas, dizendo que seus comentários foram mal interpretados.
Ao ser perguntado sobre suas esperanças em relação a esses colegas em uma entrevista publicada no mês passado pela “Filmmaker Magazine”, ele disse: “Eu ainda desejo que todo cineasta possa fazer o filme que deseja, livremente”.