Yoshitaka Fujii, um anestesista japonês, pode se tornar o recordista
mundial em publicar estudos científicos que nunca ocorreram.
O doutor da falsificação teve 172 artigos científicos fabricados nos
últimos 19 anos. Isso é quase o dobro do atual recordista, o alemão
Joachim Boldt, outro anestesista, com 90 fraudes. De mais de dois mil
artigos retratados nas últimas quatro décadas, 13% foram de
anestesistas.
A Sociedade Japonesa de Anestesiologia constatou inicialmente que Fujii
não tinha aval do comitê de ética da sua universidade, o que o impediria
de fazer pesquisas com humanos. No entanto, parte dos trabalhos dele
traziam dados de pacientes.
Após pesquisar os arquivos de laboratório, das universidades em que ele
trabalhou e entrevistar coautores dos trabalhos, foi constatado que
somente três de 212 artigos dele são verdadeiros. Outros 37 são ambíguos
(não dá para saber se são falsos).
Nenhum coautor de Fujii participou das pesquisas. O cientista forjava
também pacientes, resultados, administração de medicamentos e parcerias
com hospitais.
Como nenhum dos estudos inventados trazia descobertas relevantes, ele
conseguiu que suas fraudes passassem despercebidas desde 1993.
Koji Sumikawa, vice-presidente da Sociedade Japonesa de Anestesiologia
declarou em um relatório de 29 de junho que as fraudes de Fujii o
ajudaram a conseguir empregos na Universidades de Tsukuba e de Toho.
Além disso, o anestesista recebia verbas públicas para seus estudos. Ele
também concorreu, sem sucesso, cinco vezes ao prêmio acadêmico da
Sociedade Japonesa de Anestesiologia e recebeu auxílio por participar de
eventos da sua área.
O orientador de Fujii, Hidenori Toyooka, também está sob suspeita. Mesmo
depois de declarar que suspeitava da veracidade de alguns dos artigos
de Fujii a uma revista científica, ele não tomou nenhuma providência.
Caso todas as revistas científicas enganadas peçam a retratação dos trabalhos, Fujii será o maior cientista falsário do mundo.
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