Em meio à crise com o Japão, a China colocou seu primeiro porta-aviões em atividade ontem. A cerimônia realizada no porto de Dalian contou com a participação da cúpula do governo, incluindo seu líder máximo.
A embarcação, de fabricação russa, foi comprada em 1998 e totalmente reformada na China. Ainda sem capacidade bélica, será usada inicialmente apenas para treinamento.
O Ministério da Defesa afirmou que o porta-aviões "aumentará a força operacional da Marinha".
Analistas militares vêm minimizando a importância do porta-aviões em comparação ao poderio naval americano na Ásia.
"Para o futuro previsível, as capacidades do porta-aviões serão simplesmente modestas demais para desafiar a projeção do poder americano no Leste da Ásia", escreveram, em artigo recente, os analistas Andrew Erickson e Gabe Collins, na publicação "The Diplomat".
"Mas a embarcação pode lançar uma sombra imediata no mar do Sul da China, onde rivais com menos capacidade militar já se sentem ameaçados pelas crescentes capacidades do seu vizinho gigante."
Além do Japão, a China entrou em confronto diplomático com Filipinas e Vietnã por causa de territórios marítimos em disputa.
A Guarda Costeira japonesa usou jatos d'água para repelir cerca de 50 barcos de Taiwan que entraram por algumas horas em área em disputa do Pacífico, controlada por Tóquio.
O incidente abre mais um flanco na crise entre Japão, China e Taiwan em torno da soberania de um arquipélago na região.
A maioria das embarcações taiwanesas eram pesqueiras, resguardadas por ao menos oito barcos de patrulha. Um deles revidou a ação japonesa também com jatos d'água.
A Guarda Costeira japonesa afirmou que só disparou água porque eram embarcações pesqueiras. "Atirar com um canhão de água contra um barco oficial é como declarar guerra contra o país de origem", afirmou Hideaki Takase, porta-voz da vigilância japonesa.
Nos últimos dias, barcos de patrulha chineses entraram brevemente pelo menos três vezes nas áreas disputadas, recebendo advertências por alto-falante dos japoneses.
Tóquio, que mantém melhores relações com Taiwan do que com a China, enviou reclamação aos taiwaneses por causa do incidente.
Taiwan é considerada uma província rebelde por Pequim e não é reconhecida formalmente pela grande maioria dos países, mas funciona como Estado independente.
No mesmo dia, o vice-ministro japonês Chikao Kawai se reuniu por quatro horas em Pequim com o colega chinês, Zhang Zhijun, mas sem avanços. A Chancelaria chinesa disse que a conversa foi "franca e profunda" e que "a China jamais tolerará violações à sua soberania".
A região do arquipélago desabitado, chamado de Senkaku pelos japoneses, Diaoyu pelos chineses e Tiaoyutai pelos taiwaneses, é rica em pesca e tem grande potencial para gás.
A atual crise começou há duas semanas, quando o governo japonês anunciou a compra do arquipélago de um grupo privado. A intenção declarada era evitar que o prefeito ultranacionalista de Tóquio, Shintaro Ishihara, cumprisse a promessa de adquirir as ilhas.
A compra foi duramente rechaçada por Pequim, que viu na nacionalização uma mudança no status das ilhas em disputa. Nas ruas, milhares protestaram diante da embaixada e atacaram símbolos do país vizinho, inclusive carros de marcas japonesas, mas de donos chineses.
Enquanto os ânimos não se acalmam, a disputa dá prejuízo a empresas que atuam nos dois países. A companhia aérea japonesa JAL informou que 15,5 mil reservas já foram canceladas e vai suspender seis voos diários.
A Toyota, que chegou a paralisar temporariamente a produção na China, anunciou corte da produção para o mercado chinês, prevendo queda nas vendas. A expectativa inicial era vender 1 milhão de unidades neste ano.
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