O Irã apertou o cerco à internet ao
bloquear ontem o site de busca Google e seu serviço de e-mail gratuito Gmail
sob pretexto de retaliar a divulgação do trailer anti-islã filmado nos EUA que
gerou revoltas em países islâmicos.
O corte havia sido anunciado na véspera
pelo governo, que também confirma planos de criar uma internet nacional
possivelmente isolada da rede mundial.
"Atendendo a pedidos do povo,
Google e Gmail serão bloqueados em todo o país até nova ordem", disse à
mídia estatal no domingo Abdolsamad Khoramabadi, assessor do órgão que regula e
censura a internet.
Agências de notícias iranianas afirmaram
que a medida é uma represália pela recusa do Google em retirar do seu site de
vídeos, o YouTube, o filme "Inocência dos Muçulmanos", que satiriza o
profeta Maomé.
Apesar da alegação de que a censura
atende uma demanda popular, houve poucos protestos no país. Boa parte dos
iranianos não estava interessada na polêmica.
Não está claro por quanto tempo os sites
ficarão bloqueados, mas especula-se que a medida seja temporária.
Enquanto o bloqueio vigorar, internautas
iranianos continuarão navegando livremente graças a programas antifiltros que
permitem acessar todos os sites vetados. Em fevereiro, o governo conseguiu
anular os programas antifiltros. O bloqueio geral, que durou três dias, foi
amplamente visto como alerta de que os engenheiros do governo são mais
poderosos que os da sociedade.
Teerã alega que o Ocidente usa a
internet para fomentar a dissidência e minar as fundações da República
Islâmica, além de frear o programa nuclear com vírus informáticos devastadores.
Nesse contexto, o regime disse no
domingo ter implementado a primeira fase de uma internet nacional, segura e
moralmente lícita.
"Nos últimos dias, todas as
agências e escritórios governamentais foram conectados à rede nacional",
disse Ali Hakim-Javadi, vice-ministro das Comunicações.
A segunda fase, segundo ele, conectará
os cidadãos à rede, que deve operar plenamente em meados de 2013.
Alguns setores, inclusive dentro do
governo, pressionam para que a rede nacional seja complementar, mas não corte a
internet global.
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