Um programador de software dos EUA teve uma ideia: se milhares de
empresas pelo mundo lucram buscando na Ásia serviços feitos por
funcionários com piores salários, por que ele não poderia fazer o mesmo
com o próprio emprego?
Trabalhando em casa, "Programador Bob", o codinome do funcionário,
contatou um colega em uma consultoria da cidade chinesa de Shenyang,
certificou-se de que ele poderia fazer seu trabalho e combinou pagá-lo
mensalmente menos de um quinto de seu salário.
O resto do tempo Bob dedicava ao que quisesse, incluindo horas
assistindo a vídeos no YouTube e surfando na internet em sites como
Reddit e eBay.
O programador só foi descoberto -e demitido- porque a empresa para que
trabalhava contratou a gigante de telecomunicações Verizon para apurar
suspeitas de que seus sistemas estavam invadidos por hackers da China.
"O código para que ele entrasse no sistema mostrava Bob conectado na
China, quando o empregado estava bem aqui, sentado na sua mesa", disse
Andrew Valentine, investigador-sênior da Verizon que trabalhou no caso.
"O próprio empregado foi à central para as investigações, porque suas
credenciais haviam sido usadas para iniciar e manter uma conexão privada
à distância a partir da China", disse Valentine, citado pela BBC
Brasil.
Segundo Valentine, o empregado era "inofensivo e calado", mas também um
programador talentoso capaz em várias linguagens de programação.
Segundo as investigações, há evidências de que Bob fazia isso com várias empresas -e pagava US$ 50 mil aos chineses anualmente.
"Se é OK para a Apple [produtora de Iphones e Ipads] e outras firmas,
você se pergunta, por que não é para o Programador Bob? Fina questão
retórica", ironizou o jornal britânico "The Telegraph".
Para o jornal, em tempos de crise na Europa e nos EUA, Bob está sendo visto como mais um produto melancólico do vazio da crescente estagnação contemporânea.
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