A forte
repercussão do estupro coletivo de uma estudante indiana de medicina em um
ônibus, no final do ano passado, levou um grupo de universitários do país a
desenvolver um protótipo que pretende servir de arma para mulheres se
defenderem contra ataques sexuais - um sutiã que dá choques.
A vestimenta é
capaz de dar choques de 3.800 quilovolts em qualquer um que tente apertar,
apalpar ou beliscar os seios da mulher.
Manisha Mohan,
Niladhri Basu Bal e Rimpi Tripathi, estudantes de engenharia aeronáutica da
Universidade SRM, na cidade de Chennai, decidiram desenvolver o sutiã especial
após ouvirem relatos de mulheres que viviam em abrigos sobre suas experiências
com assédio sexual.
"O estupro
coletivo em Nova Déli foi o gatilho (para o projeto), mas também a dormência
das mulheres e dos legisladores sobre essa ameaça social", explica Mohan.
"Já era tempo de as mulheres conseguirem uma mudança", diz ela.
O sutiã recebeu
recentemente um prêmio para projetos de jovens inovadores da Sociedade para
Pesquisas e Iniciativas para Tecnologias e Instituições Sustentáveis, baseada
na cidade indiana de Ahmedabad.
O protótipo foi
batizado de SHE (Society Harnessing Equipment, ou Equipamento de Controle da
Sociedade, na tradução livre), que na sigla em inglês significa
"ela".
Além do choque
para espantar possíveis molestadores, o equipamento também é capaz de enviar
uma mensagem de texto para algum parente ou amigo e para a polícia, com a
localização exata da vítima determinada por GPS, segundo Mohan.
O sutiã tem um
sensor de pressão conectado a um circuito elétrico.
Para garantir
que o choque não seja dado na própria vítima, o sistema conta ainda com um
tecido de dupla camada para garantir o isolamento elétrico.
"Também é
possível calibrar o sensor para pressão por aperto, beliscão ou agarrada. A
força aplicada por um abraço não satisfaz as condições para a atuação do
equipamento", conta Mohan.
Segundo ela, há
também um dispositivo para que a própria mulher dispare o choque ao se sentir
insegura.
Os estudantes
estão agora trabalhando para tornar o sutiã mais prático e comercialmente
viável. Os componentes elétricos usados no protótipo ainda são grandes e
precisam ser miniaturizados para torná-lo prático.
Eles também
querem usar tecnologia bluetooth para ligar o sutiã a um aplicativo de
smartphone.
O sutiã ainda é
um projeto em andamento, mas os três anteveem grandes possibilidades no futuro
próximo.
"Minha
visão é ver todas as mulheres andando com confiança pelas ruas em todas as
partes do mundo, mesmo em horários não convencionais", diz Mohan.
"Eu
pretendo dar uma sensação de segurança para as mulheres que vivem em áreas
rurais também", afirma.
Ela diz sentir
uma grande responsabilidade sobre seus ombros, já que "muitas mulheres
confiaram no equipamento".
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