A Lei dos Direitos dos Idosos entrou em vigor esta segunda-feira na
China e obriga os filhos adultos, tenham que idade tiverem, a visitarem
os seus pais. Quem não cumprir é multado e pode ir para a prisão.
Na base desta lei está a
ideia de que os idosos não devem ser negligenciados e que os filhos
devem preocupar-se com as suas necessidades.
De acordo com as
estatísticas oficiais, em 2010 mais de 178 milhões de chineses tinham 60
ou mais anos. No final de 2030, de acordo com as previsões, esse número
terá duplicado. E à medida que a população envelhece as histórias de
negligência para com os mais velhos aumentam.
A BBC conta que
houve uma onda de indignação quando os media noticiaram que uma idosa de
91 anos foi espancada pela nora por pedir uma taça de arroz. Dois dias
depois, os internautas da rede social chinesa Weibo, relataram várias
histórias semelhantes, uma delas sobre uma mulher de cem anos que era
obrigada a dividir o quarto com o porco que a família estava a criar.
A
lei foi considerada por alguns sectores como uma forma de alertar a
população para o abandono dos idosos, um fenómeno que está a crescer na
China. Mas muitos consideram o seu carácter obrigatório é errado.
Primeiro, porque uma boa parte da população migrou para muito longe das
suas zonas de origem, não podendo viajar com frequência para visitar a
família que deixou para trás. Segundo, porque não há forma de averiguar
se a lei está a ser cumprida - não é estipulado um regulamento, por
exemplo quantas vezes por ano (ou de quanto em quanto tempo) os filhos
devem visitar os pais. O texto diz apenas que "os que vivem longe devem
ir a casa com frequência". Finalmente, há quem considere que as relações
familiares devem ser regidas por laços emocionais e não por leis.
Trata-se
de uma "mensagem educacional", explicou à BBC Zhang Yan Feng, advogado
de Pequim. "É difícil pôr esta lei em prática, mas não é impossível. E é
uma base para futuras acções judiciais. Mas se um caso for levado a
tribunal acredito que o resultado seja um acordo [sobre o número de
visitas]. Se não houver acordo, então o tribunal pode forçar um
indivíduo a ir a casa um determinado número de vezes por mês".
"Quem
não quer ir a casa com frequência? E o que é que quer dizer
'frequência'?", perguntava um chinês no Weibo. "Claro que gostamos dos
nossos idosos, mas andamos muito ocupados a ganhar a vida e a pressão é
muito grande", notava outro. Outro exemplo: "Aceito que não nos paguem
para irmos visitar os nossos familiares, mas alguém tem que nos dar
folgas para o fazermos".
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