Há 15 anos, uma sensação de isolamento cada vez maior causada pelo
envelhecimento levou Kayoko Okawa, então com 66 anos, a procurar um
centro local de voluntários e perguntar timidamente se alguém da idade
dela poderia criar uma comunidade online para idosos.
A enérgica Okawa, agora com 81, hoje é presidente do “Grupo das Avós
do Computador”, e diz que usar a internet pode aliviar a solidão do
crescente número de idosos que vivem sozinhos no Japão e, mais
importante, evitar uma morte solitária – o que muitas vezes passa
despercebido por longos dias.
“Gosto de lembrar da época em que escrevia cartas e enviava desenhos e fotos”, diz Okawa. “Era o toque pessoal que importava.”
Rejeitada 15 anos atrás por muitos grupos, com comentários do tipo
“não há como uma vovó como você fazer uma coisa assim”, as perguntas
hesitantes de Okawa terminaram por ser respondidas com entusiasmo
amistoso e conselhos por dois jovens, que imediatamente se ofereceram
para ajudar a montar a rede e imprimir cartões de visita para a
fundadora.
Defendendo um maior uso da tecnologia da informação pelos idosos, as
“Vovós da Computação”, grupo que hoje congrega mais de 250 mulheres e –
homens – de todo o Japão, promovem duas aulas mensais para ensinar os
idosos a usar a internet. Também operam uma lista de discussões que se
tornou uma movimentada comunidade online.
“Suponho que a expansão aconteceu porque todo mundo se sentia
solitário. É um momento da vida em que todos, homens e mulheres, se
sentem um pouco sozinhos”, disse Okawa. “Falamos sobre a ‘sociedade em
envelhecimento’ e sobre a ‘necessidade de apoio psicológico’ e coisas
assim… mas a verdade é que todo mundo se sente um pouco sozinho”,
acrescenta.
Quando Okawa começou sua jornada, os computadores pessoais ainda eram
bem caros, com preços de mais de 600 mil ienes (US$ 7,8 mil em dinheiro
atual), bem além do alcance dos aposentados.
Ela e um grupo de voluntários solicitaram doações de computadores
usados a empresas, e conseguiram o que precisavam em uma visita à
subsidiária japonesa da Microsoft. “Entrar no depósito deles foi como
entrar em uma caverna do tesouro”, disse Okawa.
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