As guerras, como os empresários reconhecem há séculos, podem ser muito
rentáveis. A prova disso está em exibição aqui, onde meia dúzia de lojas
de suprimentos militares no centro da cidade, perto da fronteira com a
Síria, estão movimentadas, atendendo uma clientela vinda de todo o
Oriente Médio.
Segundo os lojistas, de onde exatamente vêm os clientes, não é da conta deles.
"Olha, nós não perguntamos aos nossos clientes as suas nacionalidades", disse Tayfur Bereketoglu, proprietário de uma loja que leva seu nome. "Mas eles têm longas barbas negras, eles não falam turco, e a realidade é que há uma guerra ao lado. Por que devemos perguntar de onde eles vêm?"
A maioria das pessoas aqui reconhece em privado, porém, que a nova base de clientes consiste de jihadistas estrangeiros, em sua maioria islamitas sunitas radicais que vêm lutar contra o governo alinhado com os xiitas na guerra civil cada vez mais sectária da Síria. Os combatentes estrangeiros, facilmente identificados por suas barbas espessas, entram na Turquia por Istambul, aterrissam no aeroporto de Antakya e deslizam para a Síria, não sem antes fazer algumas compras por aqui.
As lojas atendem as necessidades dos combatentes que vêm à região pela primeira vez ou que estão saindo da Síria para respirar: coletes militares, calças de camuflagem, facas, máscaras contra gases, rosários, bandeiras, geradores solares, telescópios, binóculos, lanternas, sem mencionar lâminas de barbear e shampoo -praticamente tudo, menos armas, que estão esperando por eles na Síria.
Os itens tornaram-se visivelmente mais ricos em qualidade e quantidade nos últimos meses, uma resposta, segundo os lojistas, à entrada de dinheiro em Antakya da Arábia Saudita e do Qatar, que se acredita estarem financiando muitos dos combatentes estrangeiros contra as forças do presidente Bashar al-Assad. Bereketoglu -sensível, como qualquer varejista, às flutuações de seu mercado- está apenas tentando obter a sua parte.
"Vou conseguir vender esses ou não?", perguntou Bereketoglu, 55 , pegando alguns chapéus e outras peças de vestuário com o logotipo do Exército Sírio Livre. O Exército Sírio Livre, que envolve facções e é apoiado pelo Ocidente, vêm perdendo terreno para os islamitas radicais. Talvez por isso os itens não estivessem mais vendendo bem, ele supôs.
Enquanto Bereketoglu avaliava seu inventário, quatro jovens, de barba e sem bigode, entraram na loja e olharam a seleção de coletes militares, mas saíram sem comprar nada. Lá fora, um dos homens, falando em árabe, disse que tinha achado a seleção da loja "excelente".
Questionado sobre a frequência com que comprava nas lojas de Antakya, ele respondeu: "Isso depende se vamos lutar na Síria".
De onde eles vêm? "Basta", disse ele, com cara de irritação.
Segundo os lojistas, de onde exatamente vêm os clientes, não é da conta deles.
"Olha, nós não perguntamos aos nossos clientes as suas nacionalidades", disse Tayfur Bereketoglu, proprietário de uma loja que leva seu nome. "Mas eles têm longas barbas negras, eles não falam turco, e a realidade é que há uma guerra ao lado. Por que devemos perguntar de onde eles vêm?"
A maioria das pessoas aqui reconhece em privado, porém, que a nova base de clientes consiste de jihadistas estrangeiros, em sua maioria islamitas sunitas radicais que vêm lutar contra o governo alinhado com os xiitas na guerra civil cada vez mais sectária da Síria. Os combatentes estrangeiros, facilmente identificados por suas barbas espessas, entram na Turquia por Istambul, aterrissam no aeroporto de Antakya e deslizam para a Síria, não sem antes fazer algumas compras por aqui.
As lojas atendem as necessidades dos combatentes que vêm à região pela primeira vez ou que estão saindo da Síria para respirar: coletes militares, calças de camuflagem, facas, máscaras contra gases, rosários, bandeiras, geradores solares, telescópios, binóculos, lanternas, sem mencionar lâminas de barbear e shampoo -praticamente tudo, menos armas, que estão esperando por eles na Síria.
Os itens tornaram-se visivelmente mais ricos em qualidade e quantidade nos últimos meses, uma resposta, segundo os lojistas, à entrada de dinheiro em Antakya da Arábia Saudita e do Qatar, que se acredita estarem financiando muitos dos combatentes estrangeiros contra as forças do presidente Bashar al-Assad. Bereketoglu -sensível, como qualquer varejista, às flutuações de seu mercado- está apenas tentando obter a sua parte.
"Vou conseguir vender esses ou não?", perguntou Bereketoglu, 55 , pegando alguns chapéus e outras peças de vestuário com o logotipo do Exército Sírio Livre. O Exército Sírio Livre, que envolve facções e é apoiado pelo Ocidente, vêm perdendo terreno para os islamitas radicais. Talvez por isso os itens não estivessem mais vendendo bem, ele supôs.
Enquanto Bereketoglu avaliava seu inventário, quatro jovens, de barba e sem bigode, entraram na loja e olharam a seleção de coletes militares, mas saíram sem comprar nada. Lá fora, um dos homens, falando em árabe, disse que tinha achado a seleção da loja "excelente".
Questionado sobre a frequência com que comprava nas lojas de Antakya, ele respondeu: "Isso depende se vamos lutar na Síria".
De onde eles vêm? "Basta", disse ele, com cara de irritação.
Assistindo os quatro se afastando, Mehmet, um dos assistentes de Bereketoglu, disse que era inútil perguntar suas origens.
"Quando você pergunta, todos eles respondem que são sírios", disse Mehmet. "Mesmo que o sujeito seja preto e insista que é sírio, não podemos questionar o que ele está dizendo: é um cliente em nossa loja".
Tomando um chá, lojistas e funcionários, que em geral são bilíngues, como muitos turcos nesta parte do país, disseram que os sotaques árabes dos estrangeiros muitas vezes sugeriam que eram iraquianos, egípcios, jordanianos, libaneses ou sudaneses. Às vezes também aparecem tchetchenos, que têm a sua própria brigada dentro da Síria.
Em outra loja, o proprietário, Nizamettin Askar, 65, disse que os estrangeiros são metade de seus clientes. Alguns de seus produtos, incluindo os coletes militares e camisetas proclamando "Tawhid", ou a unicidade de Deus, em árabe, eram vendidos estritamente para estrangeiros. Outros itens, como calças de camuflagem e facas também atraíam os turcos.
"Mas eu sei que, se um turco compra essas coisas, ele vai usá-los para a caça", interveio Ali, 25, um assistente na loja. "Se ele tiver uma barba longa, sei que ele vai usá-los para combater dentro da Síria".
Assim como outros lojistas, Askar disse que, pela primeira vez, ele também estava recebendo encomendas grandes nos últimos meses, principalmente de indivíduos sírios.
"Alguém aparece e diz: 'Por favor, me dê 100 coletes até amanhã de manhã'", disse Askar, acrescentando que, nos 10 anos de sua loja, os negócios nunca foram tão bons.
Peixes pequenos em comparação com os comerciantes de armas em qualquer guerra, os lojistas, no entanto, ficaram na defensiva sobre lucrar com a guerra.
"Muitas empresas em Antakya estão se dando bem agora por causa da guerra, como hotéis, restaurantes, shoppings, bancos", disse Bereketoglu. "Muitas pessoas querem que a guerra dure. Eu não. Eu preferiria que a guerra acabasse agora, mesmo que isso significasse um declínio nos meus negócios".
"Esta não é uma loja que vende coisas para que as pessoas se matem umas as outras", acrescentou.
"Quando você pergunta, todos eles respondem que são sírios", disse Mehmet. "Mesmo que o sujeito seja preto e insista que é sírio, não podemos questionar o que ele está dizendo: é um cliente em nossa loja".
Tomando um chá, lojistas e funcionários, que em geral são bilíngues, como muitos turcos nesta parte do país, disseram que os sotaques árabes dos estrangeiros muitas vezes sugeriam que eram iraquianos, egípcios, jordanianos, libaneses ou sudaneses. Às vezes também aparecem tchetchenos, que têm a sua própria brigada dentro da Síria.
Em outra loja, o proprietário, Nizamettin Askar, 65, disse que os estrangeiros são metade de seus clientes. Alguns de seus produtos, incluindo os coletes militares e camisetas proclamando "Tawhid", ou a unicidade de Deus, em árabe, eram vendidos estritamente para estrangeiros. Outros itens, como calças de camuflagem e facas também atraíam os turcos.
"Mas eu sei que, se um turco compra essas coisas, ele vai usá-los para a caça", interveio Ali, 25, um assistente na loja. "Se ele tiver uma barba longa, sei que ele vai usá-los para combater dentro da Síria".
Assim como outros lojistas, Askar disse que, pela primeira vez, ele também estava recebendo encomendas grandes nos últimos meses, principalmente de indivíduos sírios.
"Alguém aparece e diz: 'Por favor, me dê 100 coletes até amanhã de manhã'", disse Askar, acrescentando que, nos 10 anos de sua loja, os negócios nunca foram tão bons.
Peixes pequenos em comparação com os comerciantes de armas em qualquer guerra, os lojistas, no entanto, ficaram na defensiva sobre lucrar com a guerra.
"Muitas empresas em Antakya estão se dando bem agora por causa da guerra, como hotéis, restaurantes, shoppings, bancos", disse Bereketoglu. "Muitas pessoas querem que a guerra dure. Eu não. Eu preferiria que a guerra acabasse agora, mesmo que isso significasse um declínio nos meus negócios".
"Esta não é uma loja que vende coisas para que as pessoas se matem umas as outras", acrescentou.
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