O governo da China vai relaxar sua política de filho único, iniciada em 1979, anunciou a mídia estatal nesta sexta-feira (15).
Também foram anunciados a redução da aplicação da pena de morte e o fim do sistema de "reeducação através do trabalho".
Após uma importante reunião plenária, que terminou na terça-feira, o
PCC também anunciou mais facilidades para o investimento privado, em uma
tentativa de manter o ritmo de crescimento da economia chinesa.
As novidades foram reveladas pela agência de notícias oficial Xinhua.
Os anúncios constam de um gigantesco documento de 22 mil palavras
divulgado pela agência, três dias depois da conclusão da terceira
plenária do Partido Comunista.
O mundo aguardava com expectativa o encontro. As duas primeiras sessões
plenárias após um congresso do partido servem tradicionalmente para
designar os dirigentes do PCC e do Estado, enquanto a terceira fixa as
grandes linhas políticas e econômicas. Em 1978, em uma ocasião como
esta, Deng Xiaoping estimulou a liberalização da economia chinesa.
A abolição do sistema de "reeducação através do trabalho", que permite
enviar pessoas a campos por simples decisão policial, é parte dos
esforços para melhorar os direitos humanos e as práticas judiciais no
país, destacou a agência, que também informou que Pequim reduzirá "por
etapas" o número de crimes que podem ser punidos com a pena de morte.
O sistema de campos de reeducação através do trabalho (laojiao em
chinês) é utilizado pela polícia contra os delinquentes e pelas
autoridades locais para afastar alguém incômodo.
Por simples decisão policial, este sistema permite enviar a campos de
reeducação pessoas por até quatro anos, sem um julgamento.
O fundador da China comunista, Mao Tsé-Tung, introduziu em 1957 os campos de reeducação para punir os delitos menores.
Segundo um relatório da ONU publicado em 2009, quase 190 mil pessoas estavam detidas neste tipo de campo na China.
Nos últimos anos, os pedidos por uma reforma ou fim do sistema ganharam
força, sobretudo depois da polêmica provocada por alguns casos
divulgados pela imprensa.
A China também flexibilizará um pouco mais a política de controle da
natalidade, conhecida como "filho único", iniciada em 1979, segundo o
documento.
Os casais nos quais um dos integrantes é filho único estarão
autorizados a ter dois filhos, afirmou a agência estatal, que menciona
uma "reforma muito importante".
Atualmente, a legislação chinesa proíbe os casais de ter mais de um
filho, mas existem exceções para os casais nos quais os dois membros são
filhos únicos.
"A política de natalidade será ajustada e vai melhorar progressivamente
para promover o crescimento equilibrado a longo prazo da população da
China", afirma a Xinhua, ao mencionar a decisão adotada nesta semana
pelos dirigentes do Partido.
Apesar dos muitos pedidos para flexibilizar as regras de planejamento
familiar, as autoridades chinesas repetiam até agora que a política do
filho único continuava sendo necessária e que um desenvolvimento
demográfico excessivo ameaçaria o crescimento econômico do país.
A China também detalhou nesta sexta-feira as reformas previstas nos
próximos anos para reduzir o controle do Estado sobre a segunda economia
mundial.
Entre os planos revelados no documento figura um aumento dos dividendos
que as empresas públicas pagam ao governo e também um aumento do papel
das companhias privadas na economia.
A partir de 2020, o governo vai cobrar 30% dos lucros obtidos pelas
empresas de capital público, para alimentar os fundos de previdência
social.
Atualmente, as 113 maiores empresas públicas, sob controle direto do
governo central, pagam entre 5% e 20% dos lucros em dividendos ao
Executivo.
A China também permitirá que empresas com capital privado adquiram
participações em projetos financiados pelo governo e a criação de
pequenos bancos privados.
Também promoverá a liberalização das taxas de juros e a conversibilidade da divisa nacional, o iuane.
Nenhum comentário:
Postar um comentário