terça-feira, 4 de março de 2014


O Ministério da Saúde da Índia enviou a todos os hospitais do país um guia sobre como tratar uma vítima de estupro. Entre outras medidas, o guia abole o "teste dos dois dedos".
Segundo o médico Indrajit Khandekar, que participou da elaboração do guia, o teste consiste em o médico introduzir dois dedos na vagina da vítima, para verificar se ela pratica sexo com frequência. Khandekar observa que o resultado do teste é irrelevante e agride a privacidade da mulher. 
 "Em caso de violação, não importa se a mulher pratica sexo habitualmente ou não", disse Khandekar, observando que o tamanho dos dedos do médico influi no resultado do teste. Ele é chefe da unidade de medicina forense do Instituto Mahatma Gandhi de Ciências Médicas de Maharashtra, no oeste da Índia.
O guia, de 68 páginas, foi publicado em dezembro, mas ainda vai demorar a ter aplicação obrigatória em todos os hospitais indianos, segundo Khandekar. "A chave é que os jovens médicos assimilem as orientações desde cedo e que elas sejam ensinadas em todas as universidades", afirma.
Além da recomendação de abolir o teste, o guia também determina que as vítimas de estupro sejam deixadas num quarto privado, recebam auxílio psicológico e sejam examinadas. Hoje, elas são atendidas em meio a outros pacientes. O diagnóstico deve ser escrito à máquina, pois os tribunais muitas vezes descartam informes escritos em letra incompreensível.
Embora o guia estivesse em elaboração desde 2007, com uma primeira versão pronta já há cinco anos, apenas no ano passado as autoridades indianas começaram a levar em conta as recomendações.
A adoção do manual foi uma das reações ao estupro e assassinato de uma mulher em Nova Déli, cometido por um grupo em dezembro de 2012. O caso provocou protestos e um debate inédito sobre a situação das mulheres na Índia, que levou o governo a endurecer as leis contra agressão sexual.

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