terça-feira, 11 de novembro de 2014


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Os maiores jogadores de videogame da Coreia do Sul são nomes conhecidos. Milhões de pessoas ligam a televisão para assistir às competições de jogos eletrônicos. O maior portal sul-coreano da internet, o Naver, tem uma seção dedicada exclusivamente aos resultados das competições.
Os torneios de videogame estão crescendo em várias partes do mundo, atraindo milhares de pessoas para grandes eventos. Mas na Coreia do Sul, mais do que em qualquer outro lugar, eles já se consolidaram como um fato cultural. É tão comum casais irem a clubes de games como ao cinema.
Mais uma vez, o país antecipa transformações relacionadas à tecnologia antes de elas se espalharem pelo mundo, como aconteceu com a ampla disponibilidade da banda larga e a adoção do smartphone. O país também lidera as competições de videogames, chamadas em geral de "e-sports", criando ligas organizadas, treinando equipes profissionais bem financiadas e lotando estádios gigantes com torcedores ardorosos.
Esse tipo de entusiasmo pôde ser visto em Seul num domingo de outubro, quando mais de 40 mil torcedores lotaram o estádio de futebol usado na semifinal da Copa do Mundo de 2002 para acompanhar a competição mundial da League of Legends, um dos mais populares games no mundo. Num palco, duas equipes de cinco jogadores se sentaram diante de computadores, munidos de mouse e teclado para controlar personagens fantásticos em uma ofensiva contra a base da equipe adversária. Três telões mostravam a ação.
A clara favorita da multidão era a Samsung White, equipe formada exclusivamente por coreanos, que acabou conquistando o título e um prêmio de US$ 1 milhão em dinheiro. A torcida começou a se exaltar logo no começo, quando um jogador da Samsung White empunhou uma lança para matar um jogador do Star Horn Royal Club, equipe formada por três jogadores chineses e dois coreanos.
Embora jogadores e pessoas familiarizadas com o setor tenham diferentes teorias sobre como os jogos eletrônicos se tornaram populares na Coreia do Sul, quase todas as versões apontam para o final dos anos 1990. Naquela época, em resposta à crise financeira asiática, o governo sul-coreano se concentrou em infraestrutura de internet e telecomunicações. Por volta de 2000, surgiu uma vibrante comunidade de fãs de games, em grande parte graças às lan houses, conhecidos aqui como "PC bangs", que usavam as novas conexões.
O governo também se envolveu, criando a Associação Coreana de E-Sports para organizar essa atividade. Canais de TV de baixo custo despontaram nessa época, e foi simplesmente natural que um deles, e depois outros, se voltasse para os esportes eletrônicos.
Os "PC bangs" continuam sendo, no entanto, um importante espaço para os jogadores. Numa recente noite, numa área residencial da zona sudeste de Seul, um clube estava lotado de alunos do ensino médio. Eles se sentavam em cadeiras diante de PCs, berrando estratégias ou gritando de alegria ou frustração. Depois de abater um amigo com um fuzil de assalto no jogo Sudden Attack, Kang Mi-kyung, 15, disse que ia à lan house umas cinco vezes por semana. "Adoro este jogo, embora eu o ache violento demais", disse ela.
Há mais ou menos uma década, as empresas começaram a ver que era promissor patrocinar estrelas de jogos eletrônicos. Em pouco tempo empresas como Samsung, de tecnologia, e CJ Games, um dos mais bem-sucedidos desenvolvedores coreanos de games, já patrocinavam equipes que moravam em repúblicas e treinavam 12 horas por dia.
A monomania dos jogadores causa preocupações sobre a dependência psicológica e possíveis danos decorrentes de passar tanto tempo jogando games. De vez em quando, a imprensa noticia a morte de um jogador por exaustão em um "PC bang", após passar dias jogando. Uma lei determina que clubes obriguem menores de 18 anos a deixar o local após as 22 horas.
Dias antes do torneio de League of Legends, no hotel onde a Samsung White treinava, o capitão do time, Cho Se-hyoung, dizia sentir uma enorme pressão da torcida nacional. Ele deu a entender que, aos 20 anos, estava pensando em se aposentar. Ao ser perguntado sobre como se enxergava, ele disse: "Eu sou um atleta".

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