Rumi Yoshida acaba de manobrar para estacionar seu caminhão de dez
toneladas e relaxa na cabine após nove horas entregando alimentos e
bebidas em Tóquio.
"Eu gosto da liberdade desse trabalho", diz Yoshida, uma das 180
motoristas da companhia Shimizu Unyu. "Não acho que seja inapropriado
para mulher. Meus colegas homens não me tratam de forma diferente."
A decrescente força de trabalho, consequência de uma força de trabalho
que está entre que as envelhecem mais rápido no mundo, está ajudando a
mudar a cultura em indústrias antes dominadas por homens, como
construção e transporte de produtos.
"Sempre havia candidatas, mas nós não as contratávamos", disse Eiji
Shimizu, presidente-executivo da Shimizu Unyu. "Havia muitos
interessados nas vagas e tínhamos o temor de que mulheres não
conseguiriam trabalhar por períodos longos, devido à natureza da função,
que envolve carregar pacotes."
Porém, à medida que o número de interessados foi caindo, a Shimizu Unyu
abriu as portas para as mulheres, que agora representam 1 de cada 10
motoristas da empresa.
Isso reflete uma tendência nacional. Entre janeiro de 2007 e outubro de
2014, a população japonesa em idade para trabalhar caiu 7%, e o número
de vagas superou o de interessados em 10%.
Nesse ambiente de disputa cada vez maior por empregados, a fatia das
mulheres na força de trabalhou bateu recorde em outubro: 67%.
"Os empregadores não têm mais escolha", afirmou Atsushi Seike, professor
especializado em mercado de trabalho da Universidade Keio. "É realmente
uma ótima notícia. Já perdemos mulheres talentosas no passado."
A mudança é especialmente bem-vinda para mulheres que desejam entrar em áreas que antes eram consideradas inadequadas para elas.
Michiko Iwaza, 25, trabalha como supervisora de construção, apesar dos
conselhos de seus professores de arquitetura na Universidade de Tóquio,
que diziam que era uma tarefa "suja, perigosa e difícil".
Essa imagem, no entanto, está defasada, diz Iwaza, que trabalha na
Kajima, um dos principais grupos de construção do país. "Os locais são
mais limpos e menos perigosos do que antes, os funcionários não gritam
mais o tempo todo como costumavam."
Iwaza não é a única. Está cada vez mais comum encontrar mulheres nos
locais de construção no Japão, resultado dos preparativos para a
Olimpíada de Tóquio, em 2020, edo aumento dos gastos com infraestrutura
como parte do pacote de estímulo lançado pelo governo.
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