sábado, 28 de fevereiro de 2015



Kazuhiko Kanai utiliza o método tradicional para tingir os elegantes quimonos pelos quais é famosa esta pequena ilha semitropical: ele leva um fardo de seda branca a um arrozal e o joga na lama.
Kanai é um dos últimos praticantes do "dorozome", ou "tingimento na lama", que aproveita o solo da ilha, rico em ferro, para conferir à seda um tom chocolate escuro. Trata-se de um dos passos de um processo que pode levar um ano e que resulta em um quimono da seda mais lustrosa e com os desenhos tecidos mais complexos do Japão. No passado, os quimonos de Amami Oshima eram vendidos por mais de US$ 10 mil cada um.
Mas a longa estagnação econômica do país levou a demanda a cair muito. Nesta ilha de 73 mil habitantes, apenas 500 pessoas ainda trabalham em tempo integral na produção de quimonos. Muitas delas estão na casa dos 70 ou 80 anos. De acordo com a associação de produtores de quimonos da ilha, há uma geração, 20 mil pessoas trabalhavam no setor.
Dos 284.278 quimonos produzidos na ilha em 1972, no auge do boom do pós-guerra, a produção da ilha caiu para 5.340 em 2014.
Amami Oshima também foi prejudicada por uma rede complexa de atacadistas, revendedores e varejistas que distribuem e vendem os quimonos produzidos na ilha. Esse sistema antiquado mantém os quimonos caríssimos e, ao mesmo tempo, reduz os salários pagos aos profissionais.
Pior ainda, as poucas reduções feitas nos preços dos quimonos inevitavelmente recaem sobre os profissionais que trabalham no tingimento e na tecelagem. Assim, enquanto um quimono novo de Oshima ainda custa entre US$ 3 mil e US$ 6 mil, os tecelões dizem que têm sorte se conseguem ganhar mais de US$ 400 por um mês de trabalho cansativo e minucioso.
Muitos temem que em breve não restarão profissionais suficientes na ilha para levar adiante cada uma das 30 etapas necessárias para a produção de um quimono.
"Se perdermos um único elo na cadeia, perderemos nossa capacidade de fabricar quimonos", explicou Kanai, 56, dono de uma oficina de madeira, com chão de terra, onde a seda é tingida em caldeirões borbulhantes e depois pendurada do teto para secar. "Se não pudermos mais produzir quimonos, o que vai restar aqui?"
Kanai disse que apenas o processo de tingimento na lama leva mais de um mês. Primeiro a seda é tingida de um tom roxo, com tintura natural feita da polpa de uma ameixeira local. Para conseguir a tonalidade correta, é necessário repetir 30 vezes o ciclo de tingimento e secagem da seda. Apenas então a seda estará pronta para ser imersa na lama preta, cujo ferro reage com os taninos presentes na tintura da árvore.
Antes de chegar à oficina de Kanai, a seda é tecida para formar um tecido temporário. Depois de esse tecido ter sido tingido na lama, ele é desfeito novamente, para reverter aos fios de seda originais. Nesse momento, cada fio colorido apresenta milhares de listras brancas minúsculas, dos lugares onde ficou sobreposto a outro fio.
Quando os fios são novamente tecidos pelas mulheres da ilha, formando novo tecido de seda, eles revelam desenhos perfeitos que variam desde formas minimalistas até cenas complexas de bambuzais e cegonhas voando.
"A responsabilidade do tecelão é enorme", disse Mifuko Iwasaki, 70, que há 35 anos ensina jovens da ilha a tecer. "Se cometemos um erro, jogamos fora o trabalho longo e árduo de todas as pessoas que prepararam este fio."
O filho de Kanai, Yukihito, 35, emprega as técnicas seculares de tingimento para colorir artigos como camisetas e jeans. "Mesmo as tradições precisam evoluir", diz.

http://imagens.canaltech.com.br/26795.41636-instagram.jpg

Recém-saída da faculdade, Angela Li estava orgulhosa de seu emprego de caixa no banco estatal Everbright da China -não era excitante, mas tinha perspectivas. Depois de um ano e meio, ela se candidatou a uma promoção, juntamente a um colega homem que havia entrado na empresa na mesma época.Ele conseguiu a promoção. Ela não.
"Nosso chefe veio falar comigo depois", disse Li, 25. "Ele disse: 'É bom que vocês, garotas, levem a sério seu trabalho. Mas vocês devem se dedicar mais a arrumar um namorado, casar e ter um filho'."
Li se demitiu. "Eu poderia competir em termos de capacidade, mas não de gênero", disse ela.
As mulheres fizeram grandes avanços nas primeiras décadas do regime comunista. O governo se esforçou para retratá-las como iguais aos homens, a começar pela declaração do presidente Mao de que as mulheres "sustentam a metade do céu".
Mas a mudança para uma economia de mercado e o resultante progresso que gerou oportunidades para as mulheres também promoveram o ressurgimento de valores tradicionais. Cada vez mais, homens e mulheres dizem que o lugar da mulher é em casa. "A situação das mulheres não melhorou. Em algumas áreas, regrediu", disse Feng Yuan, importante feminista chinesa.
As mulheres formam 44,7% da força de trabalho do país, mas ocupam apenas 25,1% dos cargos de "responsabilidade", segundo o censo de 2010 da China. Menos de um em cada dez membros da diretoria das 300 principais companhias chinesas são mulheres.
Essa medida se baseia em uma revisão das diretorias de todas as companhias que formam o índice CSI 300, o equivalente chinês ao Standard & Poor's 500 dos Estados Unidos. Entre as companhias do CSI 300, 126 não têm mulheres em sua diretoria.
Em comparação, as mulheres detêm 19,2% das diretorias nas empresas do S&P 500, e são cerca de 18% dos membros de diretorias nas 610 maiores empresas da Europa.
Enquanto as vantagens de ter mulheres na direção são aceitas nos círculos empresariais globais, na China a ideia esbarra em incompreensão, e até tédio, entre os líderes empresariais.
A Dongfang Electric, uma das maiores fabricantes de turbinas de energia elétrica do mundo, não tem mulheres em sua diretoria de nove membros. "Nunca pensamos nisso", disse Zhang Linchao, diretor dos escritórios gerais da empresa. Perguntado se a companhia responderia a perguntas sobre o assunto, ele declinou, dizendo: "É irrelevante".
Esse padrão é acentuado nas companhias estatais, onde o governo poderia simplesmente ordenar uma maior participação feminina. Das 31 empresas no índice CSI 300 que não têm mulheres como altas executivas, 30 são de propriedade majoritária do Estado.
A organização das mulheres no Partido Comunista, a Federação das Mulheres de Toda a China, tem a missão de representar as mulheres e proteger seus direitos. Na realidade, ela se concentra em manter o controle do partido e os valores tradicionais. Até recentemente, publicava editoriais em seu site na web criticando as mulheres que adiam o casamento. Também é um dos principais órgãos do partido que elaboram a política de planejamento familiar do país, cuja aplicação levou a abortos forçados.
As poucas mulheres nos altos escalões empresariais pouco fazem para promover seu gênero, segundo várias empresárias.
Dong Mingzhu, presidente da Gree Electric, uma fábrica de aparelhos de ar-condicionado que teve vendas de US$ 22,5 bilhões no ano passado, culpa as mulheres por seu fraco desempenho. "As mulheres não se esforçam o suficiente", disse. "Ficam felizes em encontrar um homem do qual possam depender."
Em alguns casos, a lei apoia a discriminação. Legalmente, as mulheres devem se aposentar antes dos homens -geralmente aos 60 anos para homens e 50 ou 55 para as mulheres-, pois espera-se que elas cuidem dos jovens, doentes e velhos.
Algumas empresas não listadas no CSI 300, incluindo as gigantes da internet Baidu e Alibaba, têm mais mulheres em altos cargos.
Estas muitas vezes se encontram em uma fronteira solitária.
Fu Xin, 32, arquiteta que projeta revendas de automóveis para uma companhia alemã, diz que raramente encontra mulheres em seu nível profissional.
Mas as atitudes das mulheres bem-sucedidas que ela encontrou não diferem muito das de seus colegas homens.
Em uma recente viagem a Guangzhou, capital da província de Guangdong, uma rara cliente mulher, diretora de uma nova revenda, chamou-a para conversar.
"Ela disse: 'Você deveria fazer a coisa mais importante em sua vida agora'", contou Fu. "Arrumar um marido."

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwoUrYdFQo3eYurJfK1ddCrBbyRt5oTBNgpREoqJiaLQCnfWdfjAYrW9ENRZ4hidDADhgFgUnExUHId8d_qzU3WxfykRzqCEo8kgNOTscHTXQ0kJJES1DGobOvxXKOkYGQkDc9gaB-c6dC/s1600/DSC00785.JPG

http://www.theguardian.com/artanddesign/gallery/2015/feb/13/red-army-primary-school-gallery

http://www.theguardian.com/books/2015/feb/13/guantanamo-diary-mohamedou-ould-slahi-review-global-war-terror-witness

http://www.theguardian.com/books/2015/feb/13/blue-is-the-warmest-colour-iranian-translator-lesbian-romance

http://cacilda.folha.blog.uol.com.br/images/fe1.jpg

"Transformemos o país em uma terra encantada socialista por meio da união entre o Exército e o povo!"
Essa frase se junta a outros 300 slogans divulgados pela Coreia do Norte nesta quinta-feira (12) para marcar o 70º aniversário da independência do país e da fundação do Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC), o único permitido pelo regime.
Os slogans versam sobre variados temas, desde as virtudes da dinastia Kim, que há décadas governa o país, até a ousadia no esporte, passando pelas vitórias do Exército norte-coreano.
"Façamos com que as verduras cresçam de forma intensa em nossas estufas!" e "Façamos de nosso país um país de champignons!" são algumas das frases sobre a agricultura no país.
Em outras mensagens, são dirigidas ameaças aos EUA e à vizinha Coreia do Sul, países vistos como inimigos pelo regime. "Aniquilaremos até o último homem", promete uma frase no caso de invadirem o país socialista.
O regime norte-coreano é altamente centralizado e a política do governo, ditada pelo PTC, costuma chegar à população na forma de propaganda estatal. Os slogans são, assim, bastante comuns.
"Estávamos continuamente enterrados sob uma avalanche de slogans", explica Lee Min-bok, um norte-coreano de 57 anos exilado há 14 na Coreia do Sul.
"Precisávamos memorizar muitos para demonstrar lealdade ao regime, mas aos poucos eles foram perdendo sentido", acrescenta.
Exilados relatam que alguns slogans viravam piada. Por exemplo, o slogan de 1998 "O caminho pode ser perigoso, mas vamos percorrê-lo rindo!" foi transformado em "Deixem que riam se quiserem, mas por que nos obrigam a ir junto?".
Os lemas oferecem, no entanto, uma ideia de preocupações do regime norte-coreano e dos problemas que enfrenta, como a oferta de eletricidade e de alimentos.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Vivemos numa cultura de concentração de recurso pelo Estado e o Estado com uma vocação gigante de ser a mãe produtora de tudo. Sou contra qualquer tipo de controle do Estado para a produção. Brasileiro vive de edital: não há um colega que não diga que está esperando sair algum edital. Se essas leis de incentivo não existissem, o cinema brasileiro andaria melhor. 
Hector Babenco