Escondidos em um discreto estúdio de design na cidade de Xangai,
conhecida pelo rápido crescimento, jovens animadores, ilustradores e
programadores de computador estão dando vida digital a uma antiga aldeia
chinesa.
Usando software que permite pintura texturizada tridimensional, os
integrantes da equipe --em sua maioria formados pelas principais escolas
de arte chinesas-- acrescentam detalhes intrincados aos templos,
palácios e pagodes. Também ajudam a animar os movimentos dos personagens
digitais, entre os quais dois pandas, chamados Po e Mei Mei.
O projeto, parte da nova continuação da série de animação americana
"Kung Fu Panda", representa mudança nas ambições de produção
cinematográfica chinesas.
Os estúdios chineses já não se contentam em construir cenários e
fornecer extras para filmes de Hollywood e estão galgando a cadeia de
valor, ajudando a desenvolver e produzir filmes e animações de classe
mundial. Eles desejam um papel maior no processo criativo, que os
permita colher mais recompensas, financeiras e artísticas.
"Kung Fu Panda 3" é a primeira colaboração entre a DreamWorks Animation,
de Hollywood, e sua parceira chinesa Oriental DreamWorks, controlada
parcialmente por um fundo de investimento do governo da China e por uma
companhia chinesa de capital privado, a China Media Capital.
A DreamWorks Animation assumiu a liderança no trabalho de criação e
design do longa de animação, que deve ser lançado no começo de 2016. A
Oriental DreamWorks contribui ao adicionar elementos chineses, criar
storyboards e construir partes dos cenários digitais tridimensionais.
Isso é parte de um novo esforço da China Media International para ganhar
espaço no negócio do entretenimento. Nos últimos anos, o grupo de
investimento fechou acordos com a Warner e a Imax, do Canadá.
Para as empresas dos EUA, colaborações como essas oferecem acesso a
novos talentos e a chance de compreender melhor uma cultura que será
retratada com cada vez mais frequência em seus filmes.
E acordos de coprodução oferecem mais acesso ao mercado de cinema
chinês, estreitamente regulamentado e que em poucos anos deve
ultrapassar o dos EUA e se tornar o maior do planeta.
O governo chinês vem apoiando esses acordos e os vê como parte de uma
campanha mais ampla de "soft power" cujo objetivo é melhorar a imagem do
país e a maneira pela qual sua cultura e povo são retratados na telona,
no país e no exterior.
Já começam a surgir grandes estúdios chineses. O Alibaba tem um chamado
Alibaba Pictures. E há o China Film Group, o gigante estatal do cinema
que conta com um sistema de produção próprio e longa experiência de
colaboração com Hollywood.
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