domingo, 10 de maio de 2015


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No Japão, os atores pornôs são como os pandas: uma espécie em extinção. Quem diz isso é Shimiken, uma estrela da profissão preocupada com o futuro dos homens nos filmes eróticos.
Aos 35 anos, Shimiken, cujo nome verdadeiro é Ken Shimizu, teve relações sexuais com 8 mil mulheres em 7,5 mil "vídeos adultos". Mas, apesar de suas qualidades hercúleas, já não aguenta mais o tranco do trabalho pornográfico.
Seu ultimo comentário no Twitter, em que lamentava que os atores eróticos nipônicos hoje são menos numerosos que os tigres-de-bengala na selva, foi retuitado por milhares de seguidores. Eles estão preocupados com o futuro da indústria pornográfica no Japão, que representa cerca de 20 milhões de dólares.
"Somos uma espécie em perigo. Só há 70 atores pornô para 10 mil atrizes", diz Shimiken.
Esse Don Juan adepto do fisiculturismo, cujos cabelos laranjas em estilo punk se parecem um pouco com uma versão japonesa do vocalista dos Sex Pistols Johnny Rotten, trabalha sem parar, ao ritmo de dois ou três vídeos por dia.
"Em geral, transo com duas ou três mulheres diariamente, ou seja, faço amor umas duas horas por dia", calculou.
"É um trabalho duro, mas alguém tem que fazer", declara o atleta, distribuindo "meishis" —cartões de negócio, em japonês— em formato de falos.
Shimiken, que veste uma camiseta com os dizeres "Sex Instructor" (instrutor de sexo), gosta de mostrar os bíceps.
O ator segue uma dieta estrita, como revela sua bolsa de academia, cheia de barrinhas de chocolate, filés de frango e ovos cozidos. A dieta se completa com chifre de veado e uma bebida a base de extratos de serpente, com supostas virtudes afrodisíacas, para manter sua virilidade.
"Não tomo Viagra. Não preciso. Ainda não", assegura o proletário do sexo, que protege seus órgãos genitais com um hidratante facial de luxo.
O único acidente de trabalho que teve foi quando uma companheira o acertou com um salto agulha. "Esse trabalho é melhor que trabalhar em oficina. Faço isso desde os 17 anos e não me canso. Continuaria sem problemas até os 100", assegura (situação que, aliás, não seria de todo absurda no Japão.
A atriz Anri Okita, estrela do pornô, não poupa elogios a Shimiken. "Garanhões como ele, maravilhas da natureza como ele, são uma espécie em extinção. É uma questão de psicologia. Só o super-homem pode fazer o que eles fazem, com essa técnica e essa resistência. O Japão pode ter orgulho deles".
Os especialistas da indústria atribuem a falta de pênis às tendências sociais e à aparição, nos meados dos anos 2000 no Japão, dos "homens herbívoros" ("soshoku danshi"), que teriam rejeitado as virtudes masculinas tradicionais.
O conceito de "homem herbívoro" foi cunhado em 2006 por uma jornalista especializada em cultura popular, Maki Fukasawa, para definir os jovens que estão pouco ou nada interessados pelo sexo, são contrários aos valores machistas e indiferentes ao êxito profissional, ao contrário de seus pais.
"Mentalmente, os homens estão mais mansos, são menos machos, gostam menos de sexo", confirma Yuko Shiraki, uma ex-caminhoneira de 39 anos, dedicada agora a "vídeos para adultos".
"Muitos perderam a confiança e não sabem como expressar sua libido. Por isso faltam homens na profissão", assegura. "Isso faz com que o trabalho de nossos pobres protagonistas masculinos seja esgotante".
Tohjiro, um dos grandes mestres do cinema erótico, está de acordo. "Faz 27 anos que trabalho nesse ramo e vi o surgimento dos 'herbívoros'. Esses homens já não têm fome. Já não têm desejo", lamenta o diretor de 58 anos.
Shimiken, no entanto, não perde a esperança. "Faço musculação para ser como o Homem de Ferro e o Batman. Mas sou o Homem do Sexo", brinca, fazendo pose de super herói.
Para o diretor Tohjiro, "tudo está na mente". "Os atores devem atuar sob grande pressão. Mas se começamos a pensar na pressão, estamos fudidos", assegura.
E termina homenageando os atletas do sexo. "Sexo é difícil. Como o futebol. Nem sempre vemos um Messi ou um Ronaldo. É a mesma coisa".

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