O Irã exigiu das potências ocidentais o fim do embargo de armas imposto
pela ONU ao país para assinar um acordo final sobre o programa nuclear. A
informação foi divulgada nesta segunda-feira (6) por membros das
delegações.
A proposta trouxe um novo empecilho à negociação na véspera do prazo
final determinado para que o Irã e os países do grupo P5+1 ""EUA, Reino
Unido, França, Rússia, China e Alemanha"" obtenham o acordo.
Diplomatas ocidentais disseram às agências de notícias Reuters e
Associated Press que, além do fim do embargo, os iranianos querem a
suspensão das sanções da ONU devido ao programa de construção de mísseis
balísticos.
Teerã alega que não há motivo para relacionar a compra de armas e os
mísseis ao programa nuclear e considera essas atividades um direito.
"Essa é uma visão difícil de aceitar", afirmou um participante das
negociações à Reuters, sob condição de anonimato. "Não há disposição de
nossa parte para isso."
Os iranianos sempre disseram que sua atividade atômica tem fins
pacíficos e consideram ilegais e injustas as punições do Ocidente ao
país.
O grupo das seis potências, por sua vez, não quer ceder --segundo
diplomatas, o fim dessas sanções está fora de cogitação. A maioria do
grupo teme que, com armas e mísseis, o Irã se torne uma ameaça aos
vizinhos e a Israel, interferindo em conflitos na Síria e no Iêmen.
Só Rússia e China, países que seriam os principais beneficiados pelas
compras de armamento feitas pelos iranianos caso o embargo fosse
retirado, defendem que as restrições sejam levantadas.
Com o impasse, a própria Casa Branca já admite que o prazo para a
negociação pode se estender. "Eu diria que isso certamente é possível",
declarou nesta segunda o secretário de imprensa do governo dos EUA, Josh
Earnest.
Ainda assim, os negociadores americanos tentarão cumprir o prazo desta
terça (7). Isso porque o presidente Barack Obama precisaria enviar o
texto do acordo ao Congresso até esta quinta-feira (9) para forçar o
Legislativo, controlado pelos republicanos, a examinar o documento em
até 30 dias. Se Obama enviar depois do dia 9, os congressistas terão 60
dias de prazo para avaliar o texto, o que provavelmente atrasaria a
entrada em vigor.
As potências pressionam para que sejam mantidas as condições do plano de
ação divulgado em abril. Nele, os países se comprometiam a retirar
apenas sanções relacionadas ao programa nuclear.
O número de sanções a serem retiradas e o tempo para que isso ocorra são
os principais pontos pendentes nas negociações em curso.
O Irã e as potências tinham fixado 30 de junho como primeiro prazo para a
conclusão do acordo, mas divergências fizeram com que os países
prorrogassem as negociações por mais uma semana.
Pelo plano de ação divulgado, Teerã se comprometia a reduzir o
enriquecimento de urânio até o padrão suficiente apenas para a produção
de energia elétrica. Também fecharia cinco das seis instalações
nucleares do país.
Em troca, a República Islâmica obteria o alívio das sanções econômicas e políticas impostas pelo Ocidente.
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