Sob protestos da oposição, a Câmara Baixa do Parlamento do Japão aprovou um pacote de leis que modifica a política de
defesa do país, em vigor desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com o
intuito de permitir o envio de tropas ao exterior.
Impulsionados pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, os textos reinterpretam
a Constituição pacifista pós-guerra, que vigora desde 1947. O projeto
prevê o envio de tropas ao exterior a fim de apoiar países aliados,
principalmente os Estados Unidos.
"A situação da segurança ao redor do Japão é cada vez mais grave", disse
Abe após a votação, em uma referência à vizinha e rival China.
"Estas leis são necessárias para proteger a vida dos japoneses e prevenir uma guerra antes que ela comece", acrescentou.
A medida segue, agora, para votação na Câmara Alta do Parlamento. Caso
seja recusado ou não seja votado em até 60 dias, o projeto retorna à
Câmara Baixa, onde o partido de Abe tem a maioria necessária para
aprová-lo.
Após terminarem seus discursos contra a aprovação da medida, os
parlamentares da oposição deixaram o plenário, boicotando a votação.
Durante a noite, milhares de pessoas se reuniram perto do Parlamento japonês, protestando contra as leis de segurança.
Pesquisas de opinião demonstram que cerca de 80% dos japoneses não veem a
medida com bons olhos, e a maioria considera que ela fere a Carta do
país.
Embora a Constituição do Japão autorize o uso da força militar somente
em situações em que haja risco à segurança nacional, tropas do país com
fins humanitários foram mantidas no sul do Iraque entre 2004 e 2006.
Para legalizar essa operação, o governo do então premiê Junichiro
Koizumi aprovou, em dezembro de 2003, uma lei sobre o envio de tropas ao
Iraque.
Na época, a medida também sofreu resistência da oposição e da opinião pública japonesa.
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