A carne grelhada é macia, e o arroz, suave como seda. Mas, enquanto a recuperação econômica do Japão vacila, as populares tigelas de arroz ou macarrão com fatias de carne por cima, "gyudon", passaram a simbolizar um de seus problemas mais prementes: a deflação. As três grandes cadeias de restaurantes de tigela de carne do Japão -restaurantes mais baratos que são a resposta local para fast foods como McDonald's- estão em guerra de preços, o que muitos veem como um sinal da dura situação econômica do Japão. A batalha também simboliza um padrão destrutivo que se repete em toda a economia japonesa. Ao baixar os preços para atrair consumidores, os restaurantes dizimam seus lucros, esmagam os salários dos trabalhadores e tiram os fracos da competição, dizem os críticos. "Essas guerras de preços podem provocar mais um inferno recessionista", escreveu em uma revista o influente economista Noriko Hama.
A deflação está de volta ao Japão enquanto o país se esforça para eliminar os efeitos de sua pior recessão desde a Segunda Guerra. Os preços caíram em outros lugares durante a crise econômica global, mas a deflação foi mais persistente ali: os preços ao consumidor entre as economias industrializadas aumentaram robustos 1,3% ao ano até novembro passado, mas no Japão caíram 1,9%. No declínio, as empresas que venderam mais barato que as rivais com excessiva agressividade estão sendo punidas como impiedosas, no melhor dos casos, ou, no pior, como traidoras que minam a recuperação do país.
A deflação está de volta ao Japão enquanto o país se esforça para eliminar os efeitos de sua pior recessão desde a Segunda Guerra. Os preços caíram em outros lugares durante a crise econômica global, mas a deflação foi mais persistente ali: os preços ao consumidor entre as economias industrializadas aumentaram robustos 1,3% ao ano até novembro passado, mas no Japão caíram 1,9%. No declínio, as empresas que venderam mais barato que as rivais com excessiva agressividade estão sendo punidas como impiedosas, no melhor dos casos, ou, no pior, como traidoras que minam a recuperação do país.
Cada remarcação dos preços de "gyudon" das três grandes redes -Sukiya, Yoshinoya e Matsuya- foi transmitida pelos noticiários locais. O Japão tem motivos para se preocupar. A deflação prejudicou o país desde meados dos anos 1990, depois do colapso de sua economia-bolha, até pelo menos 2005. As famílias reduziram os gastos em produtos caros, sabendo que eles ficariam mais baratos. As empresas não tinham segurança sobre quanto investir. Na época, as três redes de comida popular estavam em uma guerra de preços semelhante. Agora, a deflação voltou, o desemprego continua alto, e os salários estão caindo. A crescente dívida pública também preocupa, levando a Standard & Poor's a reduzir recentemente sua previsão para a classificação soberana do Japão pela primeira vez desde 2002. Além disso, a população está encolhendo, tornando a demanda inerentemente fraca. A Matsuya, a menor das três redes, deflagrou a guerra ao cortar o preço de sua tigela de carne padrão de 380 ienes, no início de dezembro, para 320 ienes, ou R$ 6,44. A líder de mercado, Sukiya, a acompanhou, reduzindo seu preço de 330 para 280 ienes. Neste mês, a rede de tigelas de carne número dois, Yoshinoya, reduziu temporariamente o preço de seu produto principal de 380 para 300 ienes. Em certo sentido, a tigela de carne sempre teve a ver com preços baixos.
A Yoshinoya, pioneira do setor, ajudou a levar a carne à classe trabalhadora japonesa com seu primeiro restaurante em Tóquio em 1899. Seu fundador, Eikichi Matsuda, manteve os preços baixos comprando em grande quantidade e servindo o maior número possível de clientes. Os princípios ainda valem. Em uma filial no centro de Tóquio, os atendentes raramente levam mais de um minuto para entregar um pedido. Um pequeno restaurante pode servir mais de 3.000 clientes por dia. Mas ter lucro é cada vez mais difícil. Enquanto isso, disputas trabalhistas na Sukiya mostram como a queda de preços pode prejudicar os trabalhadores. Uma série de ex-funcionários processou a rede por reter os pagamentos de horas extras. A Sukiya nega as acusações.
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