domingo, 31 de outubro de 2010


FORBIDDEN JUNCTIONS

THE EXOTIC WEST
Integrando a programação oficial da 29ª Bienal de São Paulo, que este ano está sustentada na ideia de que é impossível separar a arte da política, o Centro da Cultura Judaica apresenta uma mostra contemporânea, de regiões onde a arte inerentemente conversa com a política.
Produzida e realizada pelo Centro, a exposição The Exotic West, possui a curadoria do artista Dor Guez, e ocupará o primeiro andar do prédio com trabalhos de oito artistas provenientes de diferentes países do Oriente Médio.
Entre os participantes em destaque está o palestino Scandar Copti, codiretor de Ajami, filme indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e exibido pelo Centro da Cultura Judaica. Também integram a mostra, o israelense Yosef Joseph Dadoune, cujo trabalho já foi exposto na Galeria Vermelho, em São Paulo, e a artista iraniana Solmaz Shahabazi, que participou da 9ª Bienal de Istambul, e apresenta um trabalho sobre os condomínios desta capital, onde diversas culturas convivem juntamente. Ainda na programação, os artistas Jamal Penjweny (curdo), Neta Shoshani (israelense), Nurit Sharett (israelense), Reem Da’as (palestino) e Wafaa Bilal (iraquiano).
A mostra busca colocar Israel dentro de seu contexto e realça de que maneira, para além das fronteiras, os artistas do chamado Oriente Médio apontam culturas híbridas entre “oriente” e “ocidente”. Esta exposição é uma reformulação da exposição Forbidden Junction, apresentada em 2009 em Israel. O termo ”forbidden junctions”, que pode ser traduzido como “conexões proibidas”, tem origem na Mishna, conjunto de textos que se referem à proibição da mistura das espécies no Pentateuco, o livro sagrado dos judeus.
No contexto da exposição, o termo foi utilizado para indicar as sínteses culturais dinâmicas, entre Ocidente e Oriente, que acontecem no Oriente Médio, questionando divisões e classificações simplórias como: judeus e árabes, leste e oeste, israelenses e palestinos, religião e secularismo.
Para a mostra em cartaz no Centro da Cultura Judaica, o artista Neta Shoshani, criou uma obra exclusiva chamada Dir-Yassin/ Kfar Shaul. Ainda está previsto um catálogo em português e inglês com artigo de Dor Guez e introdução de Benjamin Seroussi, diretor de programação do Centro.
O próprio curador, o artista e fotógrafo Dor Guez, é uma prova desta mistura de culturas. De ascendência cristã-palestina e judaica-tunisiana, Dor se considera judeu-árabe, e atua como artista, curador e pesquisador em fotografia. Seu trabalho é focado nas questões ligadas ao multiculturalismo e às identidades étnicas. Este ano recebeu o prêmio de melhor jovem artista israelense pelo Ministério Israelense da Cultura e dos Esportes. No último dia 11 de setembro, abriu sua primeira exposição individual de grande porte, Al-Lydd, no KW Institute for Contemporary Art, em Berlim.
Data: de 22 setembro a 17 de dezembro – 1º Andar
Horário: 3ª a sábado, das 12h às 19h e domingo, das 11h às 19h
Ingresso: gratuito
Classificação: Livre
Endereço: Rua Oscar Freire, 2.500 (estação Sumaré do Metrô)
Tel.: (11) 3065-4333
E-mail: culturajudaica@culturajudaica.org.br


sábado, 23 de outubro de 2010

O grafiteiro britânico Banksy idealizou uma nova abertura para a série americana de animação "Os Simpsons". O artista fez uma sequência final polêmica, mostrando dezenas de pessoas de aparência oriental, algumas parecendo crianças, em um ambiente insalubre trabalhando em animações e produtos Simpsons. A ideia surgiu porque os produtores da série terceirizariam a maior parte do trabalho para uma empresa na Coreia do Sul.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Entrevista de Jo Takahashi `a revista Made in Japan

Novos projetos culturais de Jo Takahashi

Ex-administrador cultural da Fundação Japão fala sobre seu blog e sua produtora independente


por Redação Made in Japan
18.10.2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O JAPÃO ESTÁ AQUI-ÚLTIMA E ÚNICA APRESENTAÇÃO


Vai ser realizada a útlima apresentação do "O Japão está aqui?", finalizando o projeto "Circulação e Difusão das atividades da Companhia Flutuante nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste", realizado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2009. A apresentação vai ser dia 23 de outubro, sábado, `as 17h, no teatro da Cia Pessoal do Faroeste.O valor que o teatro pratica é sempre "pague quanto puder", contribuição voluntária.
Endereço: Alameda Cleveland, 677 - Campos Elíseos
01018-000 | São Paulo – SP
Telefone do teatro (11) 3362 8883
http://www.pessoaldofaroeste.com.br/sede.html
http://companhiaflutuante.blogspot.com/
A performance de dança da Companhia Flutuante/Letícia Sekito “ O Japão está aqui?” (2008) faz parte da trilogia de solos na qual Letícia Sekito pesquisa a construção da imagem do Japão aqui no Brasil, ao mesmo tempo que aborda a sua relação autobiográfica com o universo cultural japonês. O solo dá a sequência aos espetáculos “Disseram que eu era japonesa” (2004 – CCBB) e “E eu disse:” (2007), Prêmio Rumos Dança Itaú Cultural.
A performance de dança foi criada especialmente para a exposição “Tokyogaqui”, a convite da curadora Christine Greiner, no contexto da comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, com apoio da Fundação Japão/São Paulo.
Solo estreado em março de 2008, Exposição Tokyogaqui, SESC Avenida Paulista, São Paulo. Apresentações realizadas: Junho/2008 - Oficina Cultural Grande Otelo, Sorocaba; SESC Ribeirão Preto; Exposição Nipon - Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro. Setembro- Exposição Tokyogaqui - SESC Campinas e Teatro Usicultura/Usiminas, Ipatinga/MG, SESC Pompéia, no evento “Corpo Instalação 2008”.
Ficha técnica:
Concepção, criação e performance: Letícia Sekito
Trilha Sonora Original: Dudu Tsuda
Iluminação: Ligia Chaim
Vídeo arte: Kika Nicolela
Figurino: Nossa Senhora da Pouca Roupa/Cláudia Schapira
Preparação vocal: Sandra Ximenez
Apoio Cultural: Lado B Digital Filmes, Cantina e Piazzaria da Conchetta
Agradecimentos: Cristina Salmistraro, Christine Greiner, Jo Takahashi, Lado B Digital Filmes, Pizzicato Five (pela inspiração), Wilson Aguiar
Duração: 40 minutos
Censura livre

domingo, 10 de outubro de 2010

ENCONTROS DO CEO

15/10, SALA 500C, 13:00

 A condenação à morte por apedrejamento imposta à iraniana Sakineh Ashtiani mobilizou meio mundo contra esse castigo. O olhar doce que ela lança da velha fotografia publicada nos jornais implora por ajuda. Também deu margem para que os agourentos do choque de civilizações acrescentem lenha à fogueira contra o islamismo.

Mas, além da crueldade da pena e do (necessário) debate para acabar com ela, o caso de Sakineh revela importantes diferenças de valores. Partidários e críticos também discordam sobre a causa - o adultério -, sobre as relações sexuais e, em especial, sobre o direito da mulher a seu corpo.

Para o Irã, submetido a um intenso escrutínio internacional devido a seu polêmico programa nuclear e à repressão aos opositores, foi a gota que transbordou o copo. Não é o único país que mantém em sua legislação punição tão bárbara. Mas, com exceção da Somália, onde a ausência de um Estado digno desse nome deixa os cidadãos à mercê dos bandos armados, é o que promulga mais sentenças de apedrejamento.

Segundo a Anistia Internacional, além de Sakineh, "pelo menos nove mulheres e quatro homens receberam essa pena, embora vários casos estejam sendo revisados e possam ser comutados por penas alternativas".

O Comitê Internacional contra o Apedrejamento (stopstonningnow.com), que apesar de seu nome concentra seu trabalho no Irã, eleva esse número para 22. Tanto esse dado como as 136 sentenças executadas desde a revolução de 1979 que esta organização conseguiu documentar deixam a república islâmica em posição muito ruim. Outros países cujas leis incluem essa pena, como alguns estados do Iêmen, Sudão ou Nigéria, estão muito longe do nível de desenvolvimento social e econômico do Irã; ou, no caso da Arábia Saudita ou dos Emirados Árabes Unidos, há anos não executam esse tipo de castigo.

As autoridades iranianas se queixam de uma campanha contra seu país. Embora sempre haja interessados que sobem no carro por motivos espúrios, a mobilização que gerou há oito anos o caso da nigeriana Amina Lawal enfraquece seu argumento.

É mais difícil refutar as acusações de islamofobia. Qualquer um que procure um pouco encontrará que as origens do apedrejamento remontam ao Antigo Testamento, e ao longo da história foi utilizado por diversas religiões e culturas. A antiga lei judia castigava assim o assassinato, a blasfêmia e a apostasia. Nos tempos dos gregos, era ditado contra prostitutas, adúlteros e assassinos. No entanto, chegados ao século 21, a pena aparece exclusivamente associada a países islâmicos e, em grande medida, ao adultério (embora alguns estados da Nigéria também punam com ela a homossexualidade).

"O apedrejamento é um assunto muito debatido entre os ulemás, e não há consenso entre a comunidade muçulmana sobre a validade dessa prática como lei islâmica", afirma a Campanha Global contra o Assassinato e o Apedrejamento de Mulheres (stopkilling.org), associação que reúne organizações de defesa dos direitos da mulher de meia dúzia de países da África e da Ásia.

O apedrejamento não é mencionado no Corão, o livro sagrado dos muçulmanos. Seus defensores se remetem aos ditos do profeta, os "hadiths", embora em alguns casos sejam contraditórios. Outros acadêmicos islâmicos o questionam porque sua menção foi recolhida pelo menos dois séculos depois da morte de Maomé e se choca com o estabelecido no Corão. Inclusive há quem, como o aiatolá Hosein Musavi Tabrizi, argumente que se deve pôr fim a essa prática "em resposta às exigências da vida moderna".

De fato, a maioria dos 57 países membros da Organização da Conferência Islâmica não contempla em suas legislações o apedrejamento, nem outros castigos físicos como amputações ou chicotadas. Outra questão é a avaliação moral que nessas sociedades merecem o adultério e outras práticas sexuais aceitas no Ocidente. As relações pré-matrimoniais, entre pessoas do mesmo sexo ou simultâneas ao casamento ainda são tabu na maior parte delas, ou pelo menos não foram normalizadas. Tampouco em outros países não muçulmanos.

 O Corão considera pecado qualquer relação sexual entre pessoas não casadas entre si e, em consequência, as legislações que se baseiam nos valores do islamismo tornam ilegal o sexo fora do matrimônio heterossexual. É significativo que em árabe, língua em que está codificada a xariá, ou lei islâmica, só haja uma palavra, "zina", para designar o coito e o adultério. Isto dá lugar a que algumas traduções falem erroneamente em "adultério entre pessoas casadas", como se existisse um "adultério entre solteiros".

Mas enquanto o Corão remete às chibatadas para castigar as duas condutas, a versão da xariá aplicada por alguns países islâmicos, como Arábia Saudita, Irã, Sudão, Iêmen, Emirados Árabes Unidos, Catar, Somália ou alguns estados da Nigéria, estipula o apedrejamento para o adultério. Em geral são os mesmos que mantêm em suas legislações castigos físicos como a amputação e as chicotadas. Como estamos falando de ditaduras, é impossível estimar o grau de apoio da população a essas penas, e os governantes costumam afirmar que existe consenso social.

Nenhuma das cerca de 12 condenações pronunciadas na Nigéria chegou a ser executada. Nos Emirados Árabes Unidos, onde existe na prática uma moratória para todas as execuções, o único apedrejamento ditado nos últimos anos foi comutado. Há pelo menos duas décadas não se tem constância de um apedrejamento judicial na Arábia Saudita, embora no ano passado tenha sido condenado um casal de Sri Lanka, de cuja situação não se soube desde então.

Inclusive o Irã aceitou suspender esse castigo em 2002. Que voltasse a aplicá-lo quatro anos depois ressalta a divisão que o assunto gera no Poder Judiciário. O projeto do novo Código Penal iraniano - que ainda precisa ser ratificado no legislativo - não o inclui.

Embora seja importante, é insuficiente eliminar a pena da legislação se não forem adotadas medidas complementares. Como provaram casos recentes no Iraque e no Paquistão, não é raro que as comunidades façam justiça pelas próprias mãos. Nessas sociedades, a honra da família é depositada no sexo da mulher, e por isso qualquer relação que esta tenha com um homem com o qual não esteja casada é vivida como uma afronta. Se o Estado não a pune, o fazem seus parentes homens.

É o que aconteceu há dois anos com a jovem curda Kurdistan Aziz, 16, que morreu apedrejada por sua própria família. Seu crime: ter-se oposto aos planos de casamento que seu pai preparava e ter fugido com seu namorado. Embora nem as leis estatais do Iraque nem as regionais do Curdistão apoiem esse castigo, estas foram cúmplices porque rejeitaram o pedido de amparo da garota e a devolveram a seu pai sob o argumento de que se tratava de um "assunto tribal".

Outro caso ocorrido na mesma região um ano antes sugere que o problema transborda o âmbito do islã. O apedrejamento de Dua Khalil Aswad, de 17 anos e de confissão yazidi, ficou tristemente famoso porque alguém o gravou com um celular e o publicou na Internet. Os yazidis não admitem o casamento de suas filhas fora da comunidade, e a família da garota suspeitou que havia fugido para se casar com um muçulmano sunita.

Os chamados "crimes de honra" são na realidade assassinatos sancionadas pela comunidade e muitas vezes ficam impunes diante da permissividade das autoridades. Tal é o caso das empobrecidas e esquecidas áreas rurais do Paquistão, onde a cada ano centenas de pessoas, na maioria mulheres, são assassinadas sob o pretexto de ter desonrado suas famílias. Não existe um padrão, e podem ser executadas de formas muito diversas. De fato, os casos de apedrejamento não são os mais comuns. "Nossos investigadores não têm informática de que qualquer tribunal estatal tenha pronunciado uma sentença de apedrejamento no Paquistão. Esses castigos costumam ocorrer no contexto do sistema de justiça tribal, de crimes de honra", explica por correio eletrônico Thor Windham-Wright, da Anistia Internacional.

O site da web Campanha Global contra o Assassinato e o Apedrejamento de Mulheres cita dois desses casos ocorridos em 2007, um casal em Multan (Punjab) e uma mulher em Shahbaz Garhi (Khyber Pakhtunkhwa).

Além disso, também há apedrejamentos em regiões que fogem ao controle do Estado central, como aconteceu em meados de agosto passado na província de Kunduz, no norte do Afeganistão. Um casal foi apedrejado por decreto de uma assembleia taleban. Desde a intervenção americana e a derrubada do regime taleban, a legislação afegã aboliu o apedrejamento e outros castigos físicos. Mas o país não dispõe de um sistema judiciário digno desse nome. Além disso, muitos de seus políticos estão dispostos a sacrificar os direitos humanos das mulheres e de certas minorias nos altares da reconciliação com os taleban. Nesse país de estruturas sociais medievais, falar em liberdade sexual é como falar de extraterrestres.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

The winds project 2010



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        The winds  project

                         O encontro internacional da performance
                Japão Singapura e Brasil
    

     São dois artistas (um do Japão e outro da Singapura) que estão viajando e participando de festivais de performance em muitas partes do mundo. Um perfomer japonês que mora no Brasil há 16 anos e está criando aqui a raiz de sua atividade .
Será um encontro misterioso de diálogo e workshops com artstas brasileiros também.
Um impacto de art performance!
           
         São  viajantes que virão fazer uma rara visita .
        Eles mexem muito nossa vida cotidiana.
        Nos dão medo, mas também trazem uma força vital vigorosa que nos levanta dentro    
        de despenhadeiro.

Performance

Dia 13(quarta) de Outubro , 2010                 às 20horas 
Teatro TUCA (Sagão de Tucarena)              Entrada Franca
             Happy Japan!                             ARAI  Shin-ichi (Japão)
             The Rite of Spring                                    Lee Wen   (Singapura)
           A Vida Integral – Zen Sei             Toshi Tanaka (Brasil)
                      Um rito de nascimento e morte.
             Bate-Papo               Orientação   Lucio Agra  (Grupo de Estudos da Performance)

Workshop

1 -Dia 14/10 (quinta)
                Lee Wen, ARAI com Samira Borovik, Tosshi
                Teatro TUCA  sala de Ensaio  das14h às 20h

2- Dia 15/10  (sexta)   
                Lee Wen, ARAI com Toshi Tanaka
                Casa do Vento              das 9h30h às 18h
                        Estrada Joao Penteado Rocha 240  Jardim das Colinas Embu-SP
                       telefone 4704-3334
              
                                      
Valores: um dia R$150 reais e dois dias R$ 270 reais 
Contato   casadovento@hotmail.com        4704-3334     Toshi



   The winds  Project  -  arte do corpo

No oriente, o vento tem vários sentidos: Natureza, Sensação, Nascimento, morte, Vida, Cultura...
Quando espera a imaginação ou a intuição artística, fluí o vento no corpo.
Cria uma arte do corpo que venta no mundo inteiro.


Informação

Performance

   ARAI Shin-ichi
z@araiart.jp 
http://www.araiart.jp/
http://www.myspace.com/arashin

                              
  Toshi Tanaka
                                                        
Home

 Fotos

 Textos

 Texto de Doho english – Mestre Hiroyuki Noguchi

Seitai-ho english


Orientação de Bate-Papo
   Lucio Agra



Workshop 1
  Samira Borovik
http://www.youtube.com/watch?v=ggRecjuWfwU&feature=fvsr http://www.youtube.com/watch?v=11uOPjj7W4k&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=AcOkNw6ON80&feature=related


Realização    Encontros de Dança
                       TUCA-Teatro da PUC-SP
Produção       The Winds Project
Colaboração   Grupo de Estudos da Performance
                       Jardim dos Ventos
Apoio             NATIONAL ARTS COUNCIL SINGAPORE

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Em parceria com a Fundação Japão, a Cinemateca Brasileira e o Centro Cultural São Paulo recebem este mês a mostra O SANGUE QUENTE DO JAPÃO: CINEMA JAPONÊS FORA-DE-LEI, com 17 longas-metragens produzidos entre 1937 e 1996, quase todos eles inéditos no Brasil. Os filmes apresentam um amplo panorama do gênero conhecido no Japão como yakuza eiga, que envolve todos aquelas obras cujas tramas abordam foras-da-lei e organizações criminosas, desde filmes de época (jidaigeki) até produções contemporâneas sobre gângsteres e marginais.
A princípio, pode parecer estranho que filmes de samurais e espadachins (os chamados chambara) sejam incluídos entre os yakuza eiga. Vale lembrar, no entanto, que as associações criminosas conhecidas como Yakuza surgiram nos grandes centros urbanos japoneses de Osaka e Edo (atual Tóquio) justamente no início do século XVII, durante o período Edo (1603-1868), época em que são ambientados muitos dos jidaigeki. Se inicialmente os Yakuza reuniam andarilhos e jogadores profissionais, a partir de 1603, com o fim das guerras feudais, essas organizações passaram a incluir também ex-samurais que, com o advento dos tempos de paz, viram-se sem mestre e ameaçados de banimento.
Todas essas categorias de foras-da-lei – e também os gângsteres do século XX – são contempladas pelos filmes reunidos nessa mostra, que podem tanto apresentar tramas sobre a atuação dos criminosos ainda no período Edo (como O Grande duelo, de Eiichi Kudo), quanto obras que abordam a Yakuza já num contexto urbano (caso, por exemplo, de Japanese Yakuza, de Makino Masahiro, e de A Cidade da violência, de Satsuo Yamamoto).
Os yakuza eiga se constituem num gênero riquíssimo em diversão e originalidade, para o qual a mostra O SANGUE QUENTE DO JAPÃO: CINEMA JAPONÊS FORA-DA-LEI representa uma excelente introdução. Todos os filmes da retrospectiva, que tem entrada franca, serão exibidos em cópias novas em película de 35mm, trazidas diretamente de Tóquio pela Fundação Japão. Simplesmente imperdível.
06.10 | QUARTA
(sinopses dos filmes em http://www.cinemateca.gov.br/programacao.php?id=71)
a partir de 19h30 | Grátis
Cinemateca
Largo Senador Raul Cardoso, 207
Vila Mariana - São Paulo
11 3512-6111

domingo, 3 de outubro de 2010

Mehran Rafaat é como muitas meninas da cidade. Ela gosta de ser o centro das atenções. Muitas vezes se frustra quando as coisas não saem do jeito dela. Como suas três irmãs mais velhas, fica ansiosa em descobrir o mundo do lado de fora do apartamento da família em seu bairro de classe média em Cabul.
Contudo, quando sua mãe, a parlamentar Azita Rafaat, veste as crianças para a escola de manhã, há uma diferença importante. As irmãs de Mehran colocam vestidos pretos e lenços no cabelo apertados sobre seus rabos-de-cavalo. Já Mehran coloca calças verdes, camiseta branca e uma gravata, e sua mãe afaga com a mão seu cabelo curto e preto. Depois disso, a filha sai pela porta -como um menino.
Não há estatísticas sobre quantas meninas se passam por meninos. Mas quando perguntadas, várias gerações de afegãos contam histórias de uma parenta, amiga, vizinha ou colega de trabalho que cresceu vestida de menino. Para aqueles que sabem, essas crianças muitas vezes não são chamadas nem de filha nem de filho nas conversas, mas de “bacha posh”, que literalmente significa “vestida como menino”, em dari.
Por meio de dezenas de entrevistas conduzidas em vários meses, nas quais as pessoas preferiram permanecer anônimas ou usar somente seus primeiros nomes com medo de serem identificadas, foi possível acompanhar a prática que permaneceu quase ignorada pelos estrangeiros. Ainda assim, é comum em todos os estratos afegãos, comum às diferentes classes, níveis de educação, etnia ou geografia e perdura apesar de muitas guerras e diferentes governos.
As famílias têm muitas razões para fingir que suas meninas são meninos, inclusive necessidade econômica, pressão social para terem filhos e, em alguns casos, uma superstição que, ao fazerem isso, promoverão o nascimento de um verdadeiro menino. Na falta de um garoto, os pais decidem criar um, cortando o cabelo de uma filha e vestindo-a com roupas típicas de homens. Não há restrições religiosas ou legais específicas para a prática. Na maior parte dos casos, a volta ao feminino acontece quando a criança entra na puberdade. Os pais quase sempre tomam essa decisão.
Em uma terra onde os meninos são mais valorizados, já que somente eles podem herdar os bens dos pais e transmitir seu nome, as famílias sem filhos homens são objetos de pena e desdém. Até mesmo um filho inventado aumenta o status da família, ao menos por alguns anos. Um “bacha posh” também pode receber educação com mais facilidade, trabalhar fora de casa e até escoltar suas irmãs em público, liberdades que não são possíveis para as meninas em uma sociedade que segrega estritamente os homens e as mulheres.
Para alguns, a mudança pode ser desorientadora ou liberadora, deixando as mulheres em um limbo entre os dois sexos.
Ela o persuadiu a mudar-se para longe da sogra e ofereceu-se para contribuir para a renda da família, estabelecendo a base para sua vida política. Três anos depois de casada, após a queda do Taleban em 2002, ela começou a se voluntariar para trabalhar com saúde para várias organizações não-governamentais. Hoje ela faz US$ 2.000 (em torno de R$ 3.500) por mês como membro do Parlamento.
Como política, ela trabalha para melhorar os direitos da mulher e o Estado do direito. Ela concorreu à reeleição no sábado e, com base nas contagens preliminares, está otimista que vai conquistar o segundo mandato. Mas ela só pode concorrer com a permissão explícita do marido, e da segunda vez, ele não foi facilmente persuadido.
Ele queria tentar ter um filho novamente. Seria difícil combinar a gravidez e outro filho com o trabalho, disse ela -e ela sabia que poderia ter outra menina de qualquer forma.
Mas a pressão para ter um filho se estendia para além do marido. Era o único assunto que envolvia seus eleitores quando ela visitava suas casas, disse ela.
“Quando você não tem um filho no Afeganistão, é como se tivesse um buraco enorme em sua vida. Como se você tivesse perdido a coisa mais importante da vida. Todo mundo sente pena de você”, explica.
Como política, também se espera dela que ela seja uma boa esposa e mãe; em vez disso, ela parecia uma mulher fracassada para seus eleitores. As fofocas se espalharam para sua província, e seu marido também foi questionado e passou vergonha, disse ela.
Em uma tentativa de preservar seu emprego e aplacar seu marido, assim como evitar a ameaça de ele tomar uma terceira mulher, ela propôs que eles fizessem a filha caçula parecer um menino.
“As pessoas entravam na nossa casa sentindo pena de nós porque não tínhamos um filho”, lembra-se. “E as meninas? Não podíamos deixar que saíssem de casa. E se nós transformássemos Mehran em menino, teríamos muito mais liberdade na sociedade para ela. E poderíamos enviá-la para fora para fazer compras e ajudar o pai.”
Juntos, os pais conversaram com a filha mais jovem. Eles fizeram uma proposta sedutora: “Você quer ficar parecendo um menino, se vestir como um menino e fazer coisas mais divertidas como os meninos, como andar de bicicleta, jogar futebol e críquete? E você gostaria de ser como seu pai?”
Mehran não hesitou em dizer sim.
Naquela tarde, o pai levou a filha para o barbeiro, onde seu cabelo foi cortado curto. Depois, foram ao bazar, onde ela ganhou roupas novas. Seu primeiro conjunto parecia uma roupa de caubói, disse Rafaat, referindo-se a um par de jeans e uma camisa vermelha com “superstar” escrito nas costas.
Ela até recebeu um nome novo –chamada originalmente de Manoush, seu nome mudou para Mehran, mais masculino.
A volta de Mehran à escola -com calças e sem as marias-chiquinhas- aconteceu sem grande reação de seus colegas. Ela ainda tirava uma soneca de tarde com as meninas e mudava roupa em uma sala separada dos meninos. Alguns de seus colegas ainda a chamavam de Manoush, enquanto outras a chamavam de Mehran. Mas ela sempre se apresentava como um menino.
Khatera Momand, diretora da escola, com menos de um ano no cargo, disse que sempre presumira que Mehran era um menino, até ajudá-la a colocar os pijamas certa tarde.
“Foi uma surpresa para mim”, disse ela.
Porém, depois que Rafaat ligou para a escola explicou que a família tinha apenas duas meninas , Momand compreendeu perfeitamente. Ela tinha tido uma amiga na academia de professores que se vestia como menino.
Hoje, os parentes da família e colegas sabem o verdadeiro sexo de Mehran, mas a aparência de um filho diante dos convidados e desconhecidos é suficiente para manter a família funcionando, disse Rafaat. Ao menos por enquanto.
O pai de Mehran disse que se sentia mais próximo dela do que de suas outras filhas e pensava nela como um filho.
“Estou muito feliz”, disse ele. “Quando as pessoas agora me perguntam, digo que sim, e elas vêem que eu tenho um filho. Então elas ficam quietas, e eu fico quieto.”


“Sei que é muito difícil para vocês entenderem porque uma mãe faz uma coisa dessas coisas com sua filha mais jovem, mas eu preciso dizer que algumas coisas acontecem no Afeganistão que realmente não são imagináveis para vocês do Ocidente”, disse Rafaat em inglês imperfeito, em uma de muitas entrevistas durante semanas.
No dia fatídico em que ela se tornou mãe pela primeira vez -7 de fevereiro de 1999 - Rafaat sabia que tinha fracassado, mas estava exausta demais para falar, tremendo de frio no chão da pequena casa da família na província de Baghis.
Ela tinha acabado de dar à luz -2 vezes- às irmãs mais velhas de Mehran, Benafsha e Beheshta. A primeira gêmea nasceu depois de quase 72 horas de trabalho de parto, prematura de um mês. A menina pesava apenas 1,2 kg e não respirou a princípio. A irmã nasceu dez minutos depois e também estava inconsciente.
Quando a sogra começou a chorar, Rafaat sabia que não era de medo das netas não sobreviverem. A idosa estava desapontada.
“Por que estamos recebendo mais meninas na família?”, gritava, de acordo com Rafaat.
Rafaat foi criada em Cabul, onde era ótima aluna, falava seis línguas e nutria sonhos de se tornar médica. Contudo, o pai forçou-a a se tornar a segunda esposa de seu primeiro primo, ela teve que se submeter e se tornar a esposa de um agricultor analfabeto em uma casa rural sem água corrente ou eletricidade, onde a sogra governava e onde ela deveria cuidar das vacas, ovelhas e galinhas. Ela não se saiu bem.
Os conflitos com a sogra começaram imediatamente, enquanto a nova senhora Rafaat insistia em maior higiene e mais contato com os homens na casa. Ela também pedia que a sogra parasse de bater na primeira mulher do marido com sua bengala. Quando Rafaat finalmente quebrou a bengala em protesto, a senhora exigiu que o filho, Ezatullah, controlasse sua nova mulher.
Ele o fazia com um bastão de madeira ou um arame.
“No corpo, no rosto”, lembra-se. “Eu tentava detê-lo. Eu pedia que ele parasse. Algumas vezes nem pedia”.
Logo, ela ficou grávida. A família tratou-a ligeiramente melhor quando ela ficou barriguda.
“Eles esperavam um menino desta vez”, explicou.
A primeira mulher de Ezatullah Rafaat tinha dado à luz a duas filhas, uma das quais morrera ainda criança, e ela não podia mais conceber. Azita Rafaat pariu duas meninas, o dobro do desapontamento.
Azita Rafaat enfrentou pressão constante para tentar novamente, o que ela fez, em duas outras gestações, quando ela teve mais duas filhas -Mehrangis, hoje com 9, e finalmente Mehran, de 6.
Quando perguntamos se tinha pensado em deixar o marido, ela reagiu com completa surpresa.
“Eu pensava em morrer”, disse ela. “Mas nunca pensei em divórcio. Se eu tivesse me separado do meu marido, teria pedido meus filhos, e eles não teriam direitos. Não sou de desistir.”
Hoje, ela está em uma posição de poder, ao menos no papel. É uma das 68 mulheres no parlamento de 249 membros da Afeganistão, representando a província de Badghis. O marido dela está desempregado e passa a maior parte de seu tempo em casa.
“Ele é meu marido do lar”, brincou.