O renomado cineasta iraniano Jafar Panahi, 50, uma das principais vozes da oposição, foi condenado por um tribunal do seu país a seis anos de prisão.
Além da detenção, Panahi está proibido de realizar seu trabalho pelos próximos 20 anos. Isso significa que não poderá se envolver com qualquer atividade cinematográfica durante esse período.
O diretor está sendo acusado de conspiração e propaganda contra o governo.
As informações foram concedidas por sua advogada. Em entrevista à agência de notícias Reuters, Farideh Gheyrat também disse que o impedimento não se limita à produção cultural.
Ele também atinge atividades como "viajar para fora do país, escrever roteiros e dar entrevistas a meios de comunicação, sejam eles estrangeiros ou locais".
Em março deste ano, o iraniano foi preso depois de demonstrar publicamente seu apoio a Mir Hossein Mousavi, principal nome da oposição, durante as eleições disputadas que resultaram na vitória do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad.
De acordo com fontes da oposição, a acusação direcionada a ele foi a de estar preparando um filme sobre o "movimento opositor verde", a cor do partido liderado por Mousavi.
Panahi ficou 88 dias encarcerado. A prisão ocorreu em sua casa no momento em que estava reunido com familiares e amigos.
Como forma de protesto, realizou uma greve de fome contra uma situação que definiu com o uso das palavras "obscena" e "vergonhosa".
"Juro pelo cinema em que acredito que não vou parar a greve de fome até que se cumpram meus pedidos", assegurou em uma carta cujo conteúdo a Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã tornou público.
Depois de pagar a quantia de 160 mil de fiança, o diretor reconquistou a liberdade no dia 25 de maio.
Sua prisão chamou a atenção de personalidades do cinema do mundo inteiro, com destaque para Steven Spielberg, Juliette Binoche e o também famoso compatriota Abbas Kiarostami.
Este aproveitou a apresentação de seu filme no Festival de Cannes para criticar o regime de Teerã.
Panahi e Kiarostami são ardorosos críticos do regime político de Ahmadinejad.
Em seus trabalhos, o diretor condenado aborda aspectos do cotidiano da sociedade iraniana, como a situação das mulheres.
Em 1995, sagrou-se vencedor da Câmera de Ouro no Festival de Cannes pelo filme "O Globo Azul".
Outro prêmio veio em 2000: o filme "O Círculo", que retrata as dificuldades das mulheres para viver no país, lhe rendeu o Leão de Ouro de Veneza.
O cineasta ainda tem possibilidade de recorrer. Para isso, não pode perder o limite de 20 dias. A advogada afirmou que "seguramente" apresentará um pedido de revisão da sentença.
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