Na nova série Batman Inc., Bruce Wayne inicia seu plano de internacionalizar a marca Batman para enfrentar o crime em nível mundial.
O Cavaleiro das Trevas já passou por Tóquio, onde contratou Jiro Osamu (ex-Mr. Unknown) para ser o Batman Japão. Depois, veio à América do Sul recrutar El Gaucho para ser o Batman Argentina. Até aí, tudo bem. A controvérsia começou quando o super-herói foi à França, buscando o Batman parisiense. A ideia era colocar no cargo o Mosqueteiro, super-herói francês da Era de Ouro trazido de volta por Grant Morrison em seu arco de histórias sobre Batman e o "Clube dos Heróis".
O escritor David Hine, porém, considerou a seleção muito óbvia - e resolveu mexer no vespeiro das relações sociais francesas. O roteirista descartou o Mosqueteiro em favor de Bilal Asselah, o novo personagem Nightrunner, muçulmano sunita filho de argelinos que vive em Clichy-Sous-Bois, comna de periferia conhecida por seus violentos protestos.
A ideia causou revolta entre alguns fãs da DC Comics. Blogs diversos publicaram mensagens de desaprovação, exigindo um "verdadeiro francês" no cargo. Outros foram além, criando sua própria capa de revista em que Batman aparece lamentando sua escolha depois que seu operativo francês explode a Torre Eiffel em um ataque suicida. Abaixo, o Coringa gargalha dizendo "Islã significa paz". Veja.
“Eu quis criar o tipo de herói que eu gostaria de ver em uma história em quadrinhos se eu fosse francês", declarou, com certa soberba, Hines ao site de política e entretenimento Death And Taxes. “O processo de criação de uma história é complexo e observei vários fatores neste. A inquietude urbana e os problemas das minorias étnicas sob o governo de Sarkozy dominam as notícias da França e tornou-se inevitável que o herói viesse de um lar franco-argelino", completou o escritor.
Na história, Bilal, filho de mãe solteira, cresceu neutro em relação aos conflitos entre seus vizinhos muçulmanos e a polícia francesa, até o dia em que ele e seu melhor amigo são vítimas de um fogo cruzado. Bilal jura não buscar vingança, mas Aarif torna-se obcecado em fazer justiça com as próprias mãos e ateia fogo a uma delegacia, morrendo no processo. Bilal então decide que é hora de agir. Ele inicia treinamento em Parkour e assume o manto do herói Nightrunner, com o intuito de salvar sua nação da guerra civil e impedir que mais franceses - de qualquer etnia - morram. Seu primeiro alvo são os membros de um culto que incita a desordem civil. Durante essa missão ele entra em contato com o grupo de Batman que está investigando o caso.
A polêmica é apenas mais uma em meio aos diversos ataques, alguns deles beirando discursos supremacistas, sofridos pelos quadrinhos em 2010, em busca de uma correção política que muitos acham dispensável. Entre eles estão a inclusão de Idris Elba como o deus nórdico Heimdall no filme Thor, a clássica HQ Archie ganhando um personagem gay e até uma crítica a um movimento político em uma história do Capitão América.
Os dias dos quadrinhos de super-heróis como mero escapismo definitivamente terminaram. Mais protestos inflamados como estes são esperados. Fica o alerta para que as editoras e profissionais saibam como defender seus pontos-de-vista com um pouco mais de tato, porém. O tema pede cuidado.
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