terça-feira, 26 de abril de 2011

MICHIKO VAI FALAR SOBRE MA QUINTA-FEIRA (28/04) NESTE EVENTO

 Quando: 27/4 (quarta)
Onde: Parque Mario Covas (Av. Paulista, 1.853)
11h30 - Dolap, Cia. Taldans (Turquia)
12h - Siredia, Cia. Proyecto La Casa (Uruguai)
12h45 - Spare Tire, Maren Strack (Alemanha)
13h – Bem me Quer – Estudo I, coletivo Flores (Macaé, RJ)
13h30 - Croatã, Cia. Artesãos do Corpo e Levante (São Paulo)
Onde: Estúdio Artesãos do Corpo (Rua Martim Francisco, 661 - Santa Cecília)
19h – oficina Hip-hop Experiências do Corpo, com Taís Vieira
Quando: 28/04 (quinta)
Onde: Teatro Eva Hetz, Livraria Cultura (Av. Paulista, 2.073)
10h30 - Palestra Ma - O Espaço Intervalar, com Michiko Okano
Onde: parque Mario Covas (Av. Paulista, 1.853)
17h - Despacho, Cia. Ltda. (Maceió) e Instituto NUA (SP)
17h30 - Spare Tire, Maren Strack (Alemanha)
18h - Happy Hour, Cia. Adarte (Itália)
18h40 - Limites Cruzados (Thresholds Crossed), Cia. Maida Withers Dance Construction (EUA)
Quando: 29/04 (sexta-feira)
Onde: Teatro Eva Hetz, Livraria Cultura (Av. Paulista, 2.073)
10h30 - Debate Internet – Outro Espaço para a Dança, com Ana Francisca Ponzio (SP) e Gabriela Baptista (RJ)
Onde: Casa das Rosas, no jardim (Av. Paulista, 37)
16h - Tangos, Margareth Kardosh e Victor Costa (São Paulo)
16h15 - Casulo, Cia. ...Avoá! Núcleo Artístico (São Paulo)
17h - Estepe, Maren Strack (Berlim)
17h30 - Olhar Urbano, Cia. Artesãos do Corpo (São Paulo)
18h30 - Limites Cruzados (Thresholds Crossed), Cia. Maida Withers Dance Construction (EUA)
19h às 20h30 (na varanda) - II Mostra SP DE Videodança (Vários países)
Quando: 30/04 (sábado)
Onde: parque Tenente Siqueira Campos, Trianon (Av. Paulista, 1.700)
11h - Xtra Large, Cia. Irene K. (Bélgica)
11h30 – Cadência, Cia. Artesãos do Corpo (São Paulo)

sexta-feira, 15 de abril de 2011


Principal artista contemporâneo da China, Ai Weiwei, 53, está desaparecido desde o último fim de semana, quando foi detido ao tentar deixar o aeroporto internacional de Pequim. Crítico ao governo, Weiwei participou em 2010 da 29ª Bienal Internacional de São Paulo e tem obras em importantes museus como o Tate Modern, em Londres.
Desde a prisão do artista, os governos norte-americano, francês, britânico, alemão e australiano já pediram à China a libertação de Weiwei. No entanto, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hong Lei, disse esta quinta-feira (7) que "os outros países não têm o direito de interferir".
"Este assunto não tem nada a ver com direitos humanos ou liberdade de expressão", afirmou Hong Lei, que disse que o artista é "suspeito de crimes econômicos".
O motivo da prisão, porém, não é confirmado pela mulher do artista, Lu Qing, que revelou nesta quarta-feira (6) não ter "qualquer notícia das autoridades sobre o destino de Ai Weiwei", embora a Polícia seja obrigada por lei a informar a família em até 24 horas. O advogado do artista, Liu Xiaoyuan, afirmou também não ter notícias.
Nesta quinta-feira, mãe e irmã do artista colocaram um aviso de "pessoa desaparecida" na internet, de acordo com a agência de notícias alemã Deutsche Welle. Segundo disse a mãe do artista, Gao Ying, à Agência EFE, "a investigação por crime econômico é um truque de magia para deter meu filho, é uma campanha de propaganda".
Em entrevistas à EFE, tanto mãe quanto mulher de Weiwei disseram não ter medo, mas expressaram grande preocupação com a saúde do artista, que necessita medicação diária contra diabetes e hipertensão.
Weiwei é um dos artistas mais consagrados da atualidade. No último mês de fevereiro, um lote com 100 mil sementes de girassol feitas em porcelana e pintadas a mão -- parte de sua obra "Sunflower Seeds" --, foi vendido por cerca de US$ 560 mil pela casa de leilões Sotheby's, em Londres.
Weiwei é também arquiteto, fotógrafo e curador, tendo ajudado a conceber o famoso estádio Ninho do Pássaro, palco da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
A prisão aconteceu poucos dias depois do artista ter anunciado à Agência AFP a intenção de abrir um estúdio na Alemanha para expor sua obra, exasperado com a pressão na China.
Ativista político e dissidente do regime, Weiwei foi colocado em prisão domiciliar em novembro de 2010, ao organizar um jantar em protesto à demolição de seu ateliê, considerado uma construção ilegal. Em dezembro, ele foi impedido de viajar à Coreia do Sul, de onde seguiria para a Europa, e não foi à cerimônia de entrega do Nobel da Paz a seu compatriota Liu Xiaobo. No último mês de janeiro, seu ateliê começou a ser demolido por autoridades do governo em Xangai.
O artista também já chegou a sofrer um derrame cerebral após ser espancado pela Polícia por se mostrar a favor das crianças mortas no desabamento de escolas no terremoto de Sichuan, em 2008.
 Quando em 11 de março passado, às 14h46, a terra estalou e desencadeou o pior terremoto que o Japão já viveu desde que começou a registrar dados, há 140 anos, Tsutomu Okada fez exatamente o contrário do que mandavam a rádio e os alto-falantes ao longo da costa nordeste: dirigiu-se para o oceano, em busca do tsunami que se aproximava a toda velocidade.
"Estava em casa e, ao ouvir o alerta, meu irmão mais velho e eu fomos a toda pressa ao porto para levar os dois barcos que temos para o mar e passar pela onda gigante. Ele chegou a tempo ao porto de Nakaminato, onde estava o barco maior, que tem 60 pés de comprimento, e conseguiu salvá-lo. Eu fui em busca do segundo, em outro porto. Mas quando cheguei o maremoto já tinha arrasado tudo e o havia destruído", conta esse pescador de 48 anos e rosto curtido pelo sol.
"Sabíamos que era perigoso, mas nosso meio de vida estava em jogo", diz Okada em Hitachinaka, o povoado junto ao porto de Nakaminato, na provincia de Ibaraki, a cerca de 120 quilômetros ao norte de Tóquio.
Nos arredores de Hitachinaka, o tsunami teve 4 ou 5 metros de altura, muito menos que os 20 metros que chegou a alcançar mais ao norte, perto do epicentro. Mais de 18 mil barcos foram destruídos ou danificados ao longo de toda a costa devastada.
Mas o pior estava por vir. O terremoto e o tsunami prejudicaram gravemente a central nuclear de Fukushima 1 - a cerca de 120 quilômetros ao norte de Nakaminato -, onde os trabalhos das equipes de emergência para resfriar os reatores e evitar sua fusão provocou vazamentos de água radioativa para o mar, que contaminou os peixes.
Exemplares capturados na quinta-feira passada em Fukushima deram níveis de césio radioativo de 570 becquerels por quilo, quando o limite é de 500. Anteriormente, havia sido detectado iodo radioativo acima do máximo legal em Ibaraki.
A pesca já estava proibida em um raio de 20 km ao redor da usina nuclear, e a indústria decidira paralisar de forma voluntária as capturas também em Ibaraki, porque os intermediários tinham deixado de comprar peixe dessas áreas.
Em Nakaminato, Genichi Nemoto, 87 anos, revisa o barco branco e azul que um guindaste voltou a colocar na água. Junto do casco surgem dois mergulhadores que inspecionam embaixo d'água as rupturas provocadas no cais pelo maremoto. "O tsunami atirou o barco sobre o cais e o motor se incendiou", diz esse homem, cuja família tem dois pesqueiros. "Agora a radiação nos impede de trabalhar", afirma, e demonstra sua irritação com a Tokio Electric Power (Tepco), companhia proprietária da central de Fukushima. Assim como Okada, ele diz que não confia em conseguir indenizações da Tepco nem do governo pela contaminação do mar.
A crise atômica feriu profundamente o setor pesqueiro no país que deu ao mundo o "sushi" e o "sashimi" e mudou o hábito alimentar de muitos japoneses, para os quais o pescado é um dos componentes básicos da dieta alimentar. O Japão importa muito mais peixes e mariscos do que vende no estrangeiro, mas mesmo assim no ano passado exportou US$ 2,3 bilhões e muitos países impuseram restrições.
A gravidade da crise é evidente em Tsukiji, o maior mercado de peixes do mundo, em Tóquio. Às 2 da manhã os caminhões descarregam atuns congelados nas plataformas. Os operários os arrastam com garfos e depositam perfeitamente alinhados sobre estrados metálicos. Depois que descongelam, um empregado serra sua cauda para inspecionar a qualidade da carne. Cerca de três horas depois começa o leilão.
"Quase não há clientes. Deixamos de vender peixes de Fukushima e Ibaraki. Os negócios já caíram 40%. A situação é muito grave e não sabemos quanto vai durar", afirma Keio Yamamoto, que administra uma peixaria. Nos locais, linguados, atuns, dourados, moluscos, camarões, lulas ou polvos perfeitamente apresentados esperam os compradores que não chegam. Enquanto alguns preços baixaram por falta de clientes, outros subiram por falta de abastecimento.
"As perdas são muito sérias. Vendemos 40% a menos. E o negócio vai demorar para se recuperar", diz Tamura Yoshitaka, garçom em um restaurante de sushi próximo. Com os nomes de Fukushima e Ibaraki associados à radioatividade, a situação é ainda mais grave para Okada. "Mesmo que nos digam que podemos voltar a trabalhar porque o peixe não tem radiação, ninguém vai querer comprá-lo", afirma esse homem que costumava pescar linguado e lulas. "Toda a minha vida fui pescador, mas não sei se poderei voltar a trabalhar algum dia", afirma


Antes da Revolução Islâmica no Irã, em 1979, era possível presenciar no país cenas como as retratadas na mostra Iran Before the Chador (Irã antes do chador), exposta na galeria R&R, de Los Angeles. As imagens foram reunidas por um rapper que se diz "meio iraniano, meio britânico" e se identifica como Malkovich Music. Elas expõem cenas do cotidiano de uma família judia iraniana, que se mudou para Los Angeles após a revolução. Os autores da foto e seus personagens não foram identificados por temor de represálias do governo iraniano. "Claro que todos os velhos membros da minha família sentem muita falta de casa. Mas o Irã não é o que eles lembram", diz à BBC Brasil o rapper e curador da mostra.

Os números contam uma história velha e cruel: a eliminação sistemática das meninas na Índia. No censo de 2001, a proporção entre os sexos –o número de meninas para cada 1.000 meninos– era de 927 na faixa etária de 0 a 6 anos. Dados preliminares do censo de 2011 mostram que o desequilíbrio agravou, para 914 meninas para cada 1.000 meninos.
Os grupos de mulheres estão documentando este tipo particular de violência contra o gênero há anos. O demógrafo Ashish Bose e o economista Amartya Sen chamaram a atenção para as mulheres desaparecidas da Índia há mais de uma década. O aborto de fetos femininos aumentou à medida que a tecnologia médica tornou mais fácil a detecção do sexo do bebê ainda não nascido. Se for uma menina, as famílias frequentemente pressionam as mulheres grávidas a abortar. Testes que determinam o sexo são ilegais na Índia, mas o ultrassom e os centros para fertilização in vitro frequentemente driblam a lei, e o aborto por médico é facilmente obtido.
Algumas mulheres, como Lakshmi Rani, 30 anos, do distrito de Bhiwani, em Uttar Pradesh, foi pressionada a cometer múltiplos abortos. As três primeiras gestações de Rani foram interrompidas.
“Minha sogra me levou pessoalmente à clínica”, ela disse, de modo direto, mas mal audível. “Não foi minha decisão, mas não tive escolha. Eles não queriam meninas.”
Agora a família de seu marido a está pressionando para engravidar de novo e ela está torcendo por um menino. Apesar das campanhas do governo contra o aborto de fetos femininos, ela não acredita que terá escolha.
A história de Rani é comum por todo Uttar Pradesh, um Estado que possui uma das maiores desproporções entre os sexos na Índia. Os números do censo mostram que a razão entre mulheres e homens na faixa de 0 a 6 anos caiu de 916 em 2001 para 899 em 2011.
Em um relatório do Unicef de 2007, Alka Gupta explicou parte do problema: a discriminação contra as mulheres, já entranhada na sociedade indiana, cresceu devido aos desenvolvimentos tecnológicos que agora permitem que clínicas móveis de escolha de sexo ingressem sem controle em quase todas as aldeias ou bairros.
A Lei de Técnicas de Diagnóstico Pré-Natal e Preconceito de 1994 sofreu uma emenda em 2003, para lidar com a profissão médica –o “lado da oferta” da prática de seleção de sexo. Mas a lei tem sido mal fiscalizada.
Os motivos por trás do aborto de fetos do sexo feminino são complexos, segundo o Centro para Pesquisa Social, uma organização de pesquisa em Nova Déli. Ranjana Kumari aponta que a prática ocorre em alguns dos Estados mais prósperos –Punjab, Haryana, Déli, Uttar Pradesh– indicando que o crescimento econômico não garante uma mudança nas posturas sociais.
Ela aponta vários fatores que levam à preferência por meninos em muitas partes da Índia, especialmente no norte conservador: os filhos são uma fonte de renda para a família, as filhas se casam e ingressam em outra família e não estão mais disponíveis para cuidar de seus pais, os dotes tornam as filhas uma despesa e, nas áreas rurais, há o temor de que as mulheres que herdem terras possam transferir a propriedade para a família do marido.
Outra forma de violência contra a mulher –as mortes por dote– é igualmente bem documentada, e igualmente terrível, apesar dos indianos estarem tão acostumadas com elas que elas se tornam quase invisíveis.
Os nomes de Sunita Devi, Seetal Gupta, Shabreen Tajm e Salma Sadiq não chamam muito a atenção da maioria dos indianos, apesar de estarem todas nas notícias na semana passada por motivos semelhantes. Sunita Devi foi estrangulada em Gopiganj, Uttar Pradesh, a grávida Seetal Gupta foi encontrada inconsciente e morreu em um hospital de Déli, foi ateado fogo em Shabreen Tajm que queimou até morrer em Tarikere, Karnataka, e Salma Sadiq sofreu um aborto após ser espancada por seu marido em Bangalore.
As exigências por dotes maiores por parte da família do marido estiveram por trás de todos esses atos de violência, e são tão comuns que recebem apenas uma breve menção nos jornais. Os números do Birô Nacional para o Crime indicam que as mortes por dote aumentaram, com 8.172 em 2008, em comparação a cerca de 5.800 uma década antes.
Monobina Gupta, que pesquisa a violência doméstica para Jagori, uma organização não governamental, faz uma ligação direta entre essas mortes e o aborto de fetos femininos: “O dote faz parte do contínuo de discriminação e violência baseada em gênero, começando pelos feticídios femininos. Após a chegada da liberalização ‘econômica’ em 1992, a lista de exigências de dote se tornou ainda maior. A abertura dos mercados e a expansão da classe média alimentam o consumismo e a demanda por bens modernos. Por exemplo, estudos mostram que televisores a cores e aparelhos de home vídeo substituíram os televisores preto-e-branco, carros de luxo os Maruti 800 anteriores, aparelhos sofisticados substituíram os processadores de alimentos básicos”.
“É semelhante ao que está acontecendo com os feticídios”, ela disse. “À medida que a classe média ganha mais dinheiro, ela tem acesso à tecnologia médica mais sofisticada, tanto para assegurar o nascimento de um menino quanto para se livrar de uma menina não nascida.”
Qual é o custo de ter uma filha para uma família indiana, ou para a família do menino de abrir mão do dote? O economista T.C.A. Srinivasaraghavan estima o dote médio em torno de 10 mil rúpias, ou US$ 225. Esse número médio mascara as exigências exorbitantes de dote que costumam ser feitas pela família do noivo.
Em resposta aos resultados preliminares do censo de 2011, o governo central criou um escritório para monitorar o uso indevido de técnicas de seleção de sexo e o aborto de fetos do sexo feminino. Mas o verdadeiro progresso só virá quando mudarem as atitudes culturais em relação às mulheres. Enquanto isso, as mulheres terão que encontrar suas próprias soluções.
Em uma área nobre de escritórios de Nova Déli, Kiran Verma, 28 anos, cuidava de sua minúscula loja, um centro de fotocópias. O pai de Verma deixou a família anos atrás, e sua mãe, uma empregada doméstica, se preocupa em como cobrir o custo do casamento da filha. Mas como muitas outras mulheres urbanas atuais, Verma tem seus próprios planos. “Mais um ano e eu terei ganho meu dote”, ela disse com confiança. “Dessa forma eu terei alguma escolha em relação à família para a qual entrarei.”
Mulheres jovens que economizam seus próprios dotes não é a solução radical –a erradicação total do dote e da discriminação contra as mulheres– com a qual sonhava uma geração de feministas. Mas em seus esforços para se redefinirem como geradoras de riqueza, em vez de ônus para suas famílias, Verma e sua geração de mulheres indianas podem estar desferindo alguns golpes por conta própria contra os preconceitos que contribuem para o aborto baseado em gênero

terça-feira, 12 de abril de 2011

O RESTAURANTE KINOSHITA se engaja na Campanha de Solidariedade às vítimas do Terremoto do Japão e realiza um almoço degustação exclusivo. Toda a renda originária deste almoço será revertida em doação para uma conta oficial especialmente aberta para destinar recursos para as entidades japonesas.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O número de mortos por causa do terremoto e do tsunami ocorrido há um mês no nordeste do Japão aumentou para 13.116 enquanto outras 14.377 continuam desaparecidas, segundo a última apuração da Polícia japonesa.
Além disso, em 2.350 refúgios 147 mil pessoas continuam evacuadas, provenientes em sua maioria das províncias de Miyagi, Iwate e Fukushima, as mais afetadas pelo desastre do dia 11 de março.
Nas zonas litorâneas destas províncias soldados das Forças japonesas de Autodefesa e militares dos Estados Unidos realizaram neste domingo uma nova busca intensiva e recuperaram 99 corpos, enquanto a Guarda Litorânea achou outros quatro, informou a agência local "Kyodo".
Os trabalhos de busca de vítimas se estenderam na quinta-feira passada à zona de exclusão de 20 quilômetros ao redor da usina nuclear de Fukushima Daiichi, evacuada a pedido do Governo pouco depois da catástrofe perante o aumento do nível de radiação.
Um mês após o tremor seguido de tsunami que devastou a região nordeste do Japão e deu início à crise nuclear na usina de Fukushima, o governo elevou a gravidade do desastre de 5 para 7 na escala INES, colocando o acidente no mesmo nível de Tchernobil, na Ucrânia, considerado até então o maior desastre do gênero no mundo.
De acordo com as agências de notícias Kyodo e France Presse, a Agência de Segurança Nuclear japonesa confirmou o aumento de gravidade do desastre em entrevista coletiva na manhã de terça-feira no horário local
Fontes da agência governamental haviam adiantado à emissora japonesa NHK que a decisão foi tomada após a constatação de que quantidades consideráveis de substâncias radioativas têm vazado da usina nuclear de Fukushima, e que tais materiais colocam em risco a saúde humana e o meio ambiente num raio em torno do complexo maior do que se estimava.
A decisão do governo chega um dia após o país ter sido atingido por dois novos tremores, um de magnitude 6,6 e outro de magnitude 6,4. O segundo foi sentido em Tóquio, onde prédios balançaram.
Um incêndio também atingiu o reator 4 da usina de Fukushiman nesta segunda-feira, mas foi extinguido antes de causar maiores danos.
O governo já tinha dado sinais de que estava mudando sua posição quanto à gravidade da crise durante a segunda-feira, quando decidiu aumentar a zona de exclusão em torno da usina para além dos 20 km estabalecidos até então.
Crianças, grávidas e pacientes hospitalizados devem passar a ficar fora em algumas áreas a 20 ou 30 quilômetros do complexo nuclear, disse o secretário-chefe do gabinete, Yukio Edano.
De acordo com informações divulgadas pelo governo japonês, a mudança de decisão foi baseada na constatação da quantidade de radiação que vazou dos reatores da usina nuclear de Fukushima no momento do acidente.
Dados apontam que cerca de 10 mil terabecquerels de radiação vazaram ao meio ambiente por hora durante diversas horas em meio ao auge do desastre, no dia 11 de março.
Dias depois, o nível do vazamento caiu para 1 terabecquerel por hora.
Um terabecquerel equivale a um trilhão de becquerels, a medida usada no setor.
Na definição da escala INES, criada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, ligada às Nações Unidas), um desastre de nível 7 corresponde a um acidente "com grande contaminação e muitas mortes, e uma contaminação prolongada durante muitos anos na região da catástrofe".
Inicialmente o Japão tinha classificado o acidente nos reatores operados pela Tokyo Electric Power Company (Tepco), cujos engenheiros ainda tentam estabilizar a usina, como nível 5, o mesmo estabelecido no acidente de 1979 em Three Mile Island, nos EUA.

Duas mulheres usando o niqab foram detidas em Paris nesta segunda, quando entrou em vigor a lei que proíbe o uso de véus islâmicos que cubram parcialmente ou totalmente o rosto de mulheres em locais públicos do país.
As duas participavam de um protesto contra a nova lei em frente à catedral Notre-Dame. Segundo a polícia, elas foram detidas porque participavam de uma manifestação que não havia sido informada previamente às autoridades, e que, portanto, não havia sido autorizada. Segundo a polícia, a detenção não estava ligada ao uso do niqab - véu islâmico que deixa apenas os olhos à mostra.
"A detenção ocorreu devido ao desrespeito da obrigatoriedade de informar sobre a realização de manifestações", afirmou o delegado Alexis Marsans, da seção responsável pela ordem pública.
A organização de protestos deve ser informada às autoridades francesas, sobretudo quando há necessidade de bloquear o trânsito - o que não era o caso da manifestação desta segunda-feira. No entanto, é algo totalmente atípico na França prender pessoas que participam de protestos pacíficos, ainda mais em pequenos grupos.
Com a medida que entrou em vigor nesta segunda-feira, a França se tornou a primeira nação da Europa a adotar um veto dessa natureza.
Segundo a lei, as pessoas que esconderem seu rosto em "locais abertos ao público", como repartições, meios de transporte, estabelecimentos comerciais, parques e cinemas, estão sujeitas a multas de 150 euros (cerca de R$ 345).
Já pessoas que obrigarem uma mulher a usar o niqab ou a burca (que cobre integralmente o rosto, com uma tela para os olhos) podem ser multados em até 30 mil euros ( cerca de R$ 68 mil) e condenados a um ano de prisão.
A medida corre o risco de acirrar as tensões com a comunidade muçulmana do país, a maior da Europa, estimada em 6 milhões de pessoas.
O número de mulheres que cobririam o rosto no país, segundo diferentes estatísticas, é, no entanto, baixíssimo, estimado entre 800 e duas mil no máximo.
"A lei vai isolar ainda mais as mulheres que usam esse tipo de vestimenta", disse à BBC Brasil Noura Jaballah, presidente do Fórum Europeu das Mulheres Muçulmanas, em Paris.
"São os muçulmanos que devem discutir entre eles para adotar suas próprias práticas. Essa lei é uma intrusão em um assunto que não diz respeito ao Estado", afirma Jaballah, questionando ainda a necessidade de se fazer uma lei para um número tão restrito de pessoas.
Em sua associação, nenhuma mulher usa o niqab. Ela diz que as mulheres devem respeitar a obrigação de mostrar seus rostos para se identificar, quando solicitadas, em aeroportos, bancos ou repartições públicas, por exemplo.
"Mas esta lei já está provocando desvios na interpretação da medida. Há casos de mães que utilizam apenas o véu que cobre os cabelos e que estão sendo impedidas de participar de reuniões ou atividades escolares", diz ela.
Segundo uma pesquisa do Instituto Ipsos divulgada no ano passado, 57% dos franceses aprovam a lei que proíbe o véu integral.
O médico aposentado Jean-Noël Haudecoeur vive em um bairro popular no norte de Paris, onde é mais comum ver mulheres com niqab nas ruas.
"Se essas pessoas quiseram vir morar na França, elas precisam se adaptar às leis do país", afirma.
Vários representantes muçulmanos se opuseram à lei, afirmando que ela estigmatiza a comunidade. Mas homens muçulmanos ouvidos pela BBC afirmam que o Alcorão não obriga o uso do niqab e que esse comportamento é defendido por grupos radicais.
A lei entra em vigor pouco após declarações polêmicas do ministro do Interior, Claude Guéant, que afirmou que "o aumento do número de muçulmanos na França e que certas práticas ligadas a essa religião representam um problema".
O veto passa a ser adotado também no momento em que o partido de extrema-direita Frente Nacional vem ganhando destaque nas sondagens das eleições presidenciais de 2012.
No sábado, 58 pessoas foram detidas em uma manifestação organizada por associações islâmicas, não autorizada pelas autoridades.
Havia apenas cerca de 200 participantes, a grande maioria homens, que vieram inclusive de outros países europeus.
Novos protestos contra a lei estão previstos nesta segunda-feira em frente à catedral Notre-Dame.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

ENCONTROS DO CEO

15/04, SALA 500A, 13:00
Quem observa de longe, pelos noticiários de TV e das agências internacionais, poderia facilmente imaginar que o Irã de hoje é o lar de uma juventude resignada, obediente e sobretudo acuada pelas rígidas leis islâmicas, que proíbem qualquer contato com a cultura ocidental.
Mas logo nas primeiras imagens do documentário "A onda verde", que tem sua estreia em São Paulo como parte da 16ª edição do festival É Tudo Verdade , somos apresentados a um outro Irã: em um estádio de futebol lotado, dezenas de milhares de jovens iranianos vestem lenços, bandeiras e camisetas verdes enquanto ouvem, entre sorrisos e lágrimas nos olhos, o discurso de Mir-Houssein Mossauvi.
Com jeitão de professor universitário e sem o semblante pesado que por anos adornou cartazes de líderes políticos e religiosos no país, Mossauvi era o então candidato às eleições presidenciais de junho de 2009, que propunha profundas reformas e abertura ao país. "A onda verde", como o próprio nome sugere, registra o clima de euforia, esperança e supreendente liberdade política - para um país que já era comandado pela linha-dura de Mahmoud Ahmadinejad - que se espalhou pelas ruas, em especial da capital, Teerã, nas semanas que antecederam a eleição.
Moussavi, como quis a história (ou os líderes religiosos), foi derrotado nas urnas, e a tal onda verde foi engolida por um tsnuami vermelho-sangue que tomou as ruas da capital iraniana para calar a voz dos milhares de descontentes, que voltaram a promover gigantescas manifestações públicas gritando, desta vez, um outro slogan: "Onde está o meu voto?".
Em um Irã onde é impossível portar uma câmera de filmagem profissional sem autorização expressa do governo, o documentário foi produzido a partir de vídeos postados no YouTube, mensagens de Twitter e depoimentos de iranianos exilados colhidos pelo diretor Ali Samadi Ahadi. Os diversos e naturais "buracos" na história são preenchidos com animações em linguagem de quadrinhos que lembram o documentário "Valsa com Bashir".
Mas a juventude iraniana não quer apenas tomar o poder. Em alguns casos, serve o ecstasy. Desafiando as severas punições contra qualquer tipo de droga no país, jovens de Teerã dão a cara no média-metragem "Menos dois", participando de festas clandestinas regadas a pastilhas e bebida alcóolica - tudo, claro, proibido no país. O minidocumentário de Mohammad Ehsani entrega que, por mais resistência que tente oferecer à "contaminação" da cultura ocidental, o Irã tem também seus rappers que imitam os ídolos norte-americanos, garotas que parecem saídas de um "club" de música eletrônica europeu e patricinhas que trocam o véu obrigatório na rua por ousadas minissaias em festinhas caseiras.
"Menos dois" ainda tenta mostrar o outro lado da moeda: o junkie perdido no vício que vira morador de rua e passa a injetar suas doses de heroína em meio à sujeira no céu aberto, e mulheres devastadas pela miséria e demência mental.
O contraponto, no entanto, nem sempre funciona, possivelmente graças ao tempo para lá de limitado (27 minutos) do filme. Mas um de seus maiores méritos é que, diferentemente de "A onda verde", editado e realizado dentro de um protegido estúdio na Alemanha, o média-metragem de Ehsani foi gravado no coração de Teerã, "contravenção" tão arriscada quanto ser pego pela polícia com comprimidos de ecstasy ou uma garrafa de uísque num país islâmico.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O fotógrafo iraniano Kamran Jebreili fez imagens do Iêmen durante inúmeras viagens ao país entre 1999 e 2009.
A República do Iêmen foi fundada em 1990 com a unificação com o Iêmen do Sul, mas a região abriga civilizações há milênios.
O país voltou a ganhar destaque no noticiário recentemente devido à onda de protestos contra o governo do presidente Ali Abudllah Saleh, há 32 anos no poder.
Muitos analistas temem que o Iêmen se transforme em um Estado falido. Com uma taxa de desemprego ao redor de 40% da população economicamente ativa,altos níveis de desnutrição e pobreza e inflação no setor de alimentos, o Iêmen é um dos mais pobres do Oriente Médio.
Há temores de que, imerso na falta de perspectivas, sobretudo para os mais jovens, o país vire um refúgio para a rede extremista Al Qaeda.
O governo iemenita tem enfrentado uma série de problemas na sua área de defesa e segurança, incluindo um movimento separatista no sul e um levante de rebeldes Houthi, xiitas, no norte.
A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta a exposição "Trilogia Vermelha: China", a partir do dia 9 de abril, às 11h.
A mostra contará com 65 fotografias de Mauricio Nahas, Paulo Mancini e Ricardo Barcellos, realizadas na China em 2010.
As imagens foram captadas durante 40 dias nas cidades de Pequim (Beijing) e Xangai, e em outras 18 pequenas cidades e províncias espalhadas pela China.
A exposição se completa com um conjunto de 20 imagens clicadas em Cuba (2005) e na Rússia (2007).
Todas integram o projeto "Trilogia Vermelha", iniciado em 2005 na Pinacoteca do Estado, que já apresentou os outros dois países segundo o olhar dos fotógrafos viajantes.
Na ocasião, será lançado o livro "China", pela editora DBA, com textos Diógenes Moura, curador de fotografia da Pinacoteca e da exposição.
Pinacoteca do Estado de São Paulo - Praça da Luz, 2 São Paulo, SP - Tel. 55 11 3324-1000
Estação Pinacoteca - Largo General Osório, 66 São Paulo, SP - Tel. 55 11 3335-4990
Memorial da Resistência de São Paulo - Largo General Osório, 66 São Paulo, SP -Tel. 55 11 3335-4990
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Milhares de cinéfilos de Hong Kong compraram ingressos em pré-venda para o grandioso filme pornô chinês 3D Sex and Zen: Extreme Ecstasy, o primeiro filmado em IMAX 3D. Segundo o jornal britânico The Independent, a produção que custou mais de R$ 5 milhões tem chamado atenção em toda a Ásia e Europa.
O filme é baseado no conto erótico chinês O Tapete Carnal de Orações e foi escrito e produzido por Stephen Shiu, como uma reformulação do clássico cult Sex and Zen (1991), que arrecadou mais de 2,6 milhões de dólares e foi por mais uma década o filme erótico mais visto de Hong Kong. Ele conta a história de um homem que, ao encontrar com um duque, é apresentado a um mundo de orgias de luxo.
Shiu prometeu "algumas cenas de sexo em animação" no longa-metragem, que tem direção de Christopher Sun. O elenco conta com uma estrela de vídeos adultos de Hong Kong e duas do Japão, Yukiko Suô e Saori Hara. "O filme vai fazer o público sentir como se estivesse sentado ali, na beira da cama", afirmou. "Eu acredito que ninguém viu um filme como o nosso", completou.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Ao som de música ambiente vinda dos alto-falantes, Kelvin Kwong ajoelhou-se e declarou seu amor por sua noiva, Ashley Tse, diante de um grupo de barulhentos representantes da mídia. A festa de noivado dos dois, promovida no Dia de São Valentim, ou Dia dos Namorados, inaugurou o novo e fortemente promovido serviço nupcial dos restaurantes McDonald's em Hong Kong, os primeiros do mundo que oferecem McCasamentos.
Em 2006, a Prefeitura de Hong Kong modificou uma lei, autorizando a celebração de casamentos em lugares que não sejam templos ou a sede da prefeitura. Presente em Hong Kong desde 1975, o McDonald's é a primeira rede de fast food a aproveitar a oportunidade de ingressar nesse ramo lucrativo que, segundo o site de mídia on-line ESD Life, movimenta cerca de US$ 1,37 bilhão por ano ou 10,7 bilhões de dólares de Hong Kong. Uma pesquisa da ESD constatou que o gasto médio que um casal tem com seu casamento é de US$ 29.200; como a renda familiar média é de apenas US$ 2.250, não é incomum que casais jovens -ou, com frequência, a família do noivo- economizem durante anos ou contraiam dívidas para pagar pelo casamento.
Já um McCasamento custa a partir de US$ 1.280, valor que inclui comida e bebidas para 50 pessoas. O pacote inclui uma versão a preço reduzido de todos os elementos das festas de casamento: um "bolo" feito de tortas de maçã empilhadas, lembranças para os convidados e os convites para o casamento, cada um com uma foto do casal.
Funcionários do McDonald's trajando ternos pretos imitam as ações das hostesses de hotéis elegantes. Eles recebem os convidados, os conduzem até o livro de assinaturas e servem a comida, mesmo que esta seja apenas um Big Mac com fritas.
Shirley Chang, diretora gerente dos 226 restaurantes McDonald's em Hong Kong, disse que os McCasamentos foram idealizados de modo a se adequar aos costumes locais, particularmente à crença chinesa na numerologia, que determina as melhores datas para casamentos e outros eventos importantes. O anúncio dos McCasamentos foi feito em 10 de outubro de 2010, porque "10-10-10" é considerada uma combinação que dá sorte.
A ausência de álcool não parece incomodar, e Chang disse que até agora não houve pedidos para incluir bebidas alcoólicas nos casamentos. Em vez disso, os casais brindam com uma bebida açucarada, devido às implicações da "doçura" nas crenças chinesas. "É por isso que brindamos com um sundae", disse ela.
De acordo com Chang, entre 50 e 60 casamentos estão sendo negociados com os gerentes de planejamento de festas do McDonald's Hong Kong.
Gordon Mathews, antropólogo da Universidade Chinesa de Hong Kong, explicou a atração de um McCasamento.
"A geração que está se casando hoje cresceu estudando no McDonald's", disse ele. "Nos EUA e em outros lugares, pessoas da classe média ou alta classe média desdenham o McDonald's. Mas aqui, em Hong Kong, é diferente. Um casamento celebrado no McDonald's não seria visto como algo cafona."
De volta à festa para os noivos Kwong e Tse, a hostess comandava os convidados em uma brincadeira barulhenta com balões. As pessoas pareciam estar realmente felizes e nem um pouco constrangidas, erguendo seus milk shakes para brindar o casal, os representantes do McDonald's e até mesmo jornalistas que cobriam o evento.
Mas, indagado se fará seu casamento no mesmo lugar, Kwong hesitou. "Ouvi dizer que há gente que se casa na praia", disse.
Muhammad al Maskati é atualmente um prisioneiro em seu próprio apartamento, seu BlackBerry foi desligado pelo governo, enquanto as ruas foram tomadas por tanques, e os hospitais estão realmente lotados de feridos.
Al Maskati, 24, ativista de direitos humanos, ainda há pouco se sentia prestes a participar de uma revolução pacífica como a do Egito, por meio de um obstinado compromisso com a não violência. Mas os tanques sauditas entraram no Bahrein, e o Estado impôs todo o seu poderio sobre civis desarmados.
"Achávamos que funcionaria", disse Al Maskati. "Mas a agressão agora está demais. Agora não é mais uma questão de protesto, é uma questão de autodefesa."
A Primavera Árabe não necessariamente terminou, mas tem esbarrado em ditadores dispostos a usar a força letal para preservar o seu valioso poder.
O ímpeto juvenil por mudança estancou primeiro na Líbia, onde o coronel Muammar Gaddafi lançou as tropas contra o seu povo e, em seguida, no Bahrein, onde o rei Hamad bin Isa al Khalifa pediu a ajuda da Arábia Saudita para esmagar as manifestações.
No início, os jovens manifestantes do Oriente Médio, livres do medo que havia dominado seus pais, pareciam uma força imparável, impossível de ser dominada, impulsionada pelo poder da demografia -cerca de 60% dos árabes têm menos de 30 anos.
Eles começaram a alterar sociedades onde os jovens se submetem aos mais velhos, derrubando não só governos mas também hierarquias até então consolidadas.
O movimento ainda provoca mudanças em lugares como Marrocos e Jordânia, guia as transições no Egito e na Tunísia, e vai se desenrolando em países como Argélia e Iêmen. Os jovens continuam na linha de frente, empunhando as ferramentas digitais com as quais cresceram, a fim de mobilizar protestos, burlar a vigilância e ultrapassar os limites das classes sociais.
O acesso dessa geração a uma vida sem fronteiras, por meio da internet e de redes pan-árabes de TV como a Al Jazeera, os expôs a outras sociedades, alimentando o ódio contra a repressão política e a estagnação econômica.
O que surpreendeu a muitos foi a ausência do discurso religioso -e a adoção do pluralismo- por parte de uma geração mais praticante que a dos seus pais. Os antigos, muitas vezes, buscavam no islã um consolo diante dos governantes despóticos e das suas vidas obliteradas.
Essa nova geração rejeitou os líderes tradicionais da oposição, como os inofensivos partidos políticos, que serviam aos ditadores por lhes darem um verniz de legitimidade democrática ou a Irmandade Muçulmana, que muitos passaram a ver como parte do chamado status quo.
Jovens entrevistados em toda a região ecoaram as mesmas ideias, táticas e motivações que desencadearam as revoluções no Egito e na Tunísia.
É uma força guiada por jovens como Tarek al Naimat, 26, da Jordânia, que ao aderiu ao Facebook há algumas semanas, dizendo ser essa rede social uma ferramenta mais poderosa que a Irmandade Muçulmana.
Ou Oussama el Khlifi, 23, que deixou a União Socialista de Forças Populares de Marrocos para fundar um movimento não ideológico -inicialmente organizado pelo Facebook- que já reuniu números inéditos nas ruas do país, pressionando o rei a anunciar planos para modificar a Constituição.
"Vimos que a mudança não aconteceria por meio dos partidos, aconteceria por meio das pessoas", afirmou El Khlifi.
"Criamos o grupo "Marroquinos Discutem o Rei" no Facebook e, em quatro ou cinco dias, já tínhamos 3.000 membros." As vitórias iniciais na Tunísia e no Egito os encorajaram.
"Cresci em um mundo onde acreditávamos que não podíamos fazer nada. Mas agora, em questão de semanas, sabemos que podemos", disse Mariam Abu Adas, 32, uma ativista digital da Jordânia que participou da criação de uma empresa, chamada Hiber, que ensina os jovens como usar as mídias sociais.
Esse é um novo modelo para o Oriente Médio, não só porque os jovens estão assumindo a liderança mas também porque os mais velhos começaram a ouvir e seguir.
"Dos jovens, nós tínhamos medo, mas acabamos por ver que a juventude está movimentando a região", disse Mustafa Rawashdeh, ex-diretor de uma escola em Karak, na Jordânia, que foi demitido após tentar formar um sindicato de professores. "Os jovens viram os ventos da mudança e nos guiaram."
Mas, então, as forças de Gaddafi abriram fogo, e, em seguida, o rei Hamad reprimiu os manifestantes no Bahrein. No Iêmen, as forças de apoio ao regime também mataram dezenas de manifestantes.
O idealismo dos jovens ativistas foi desafiado pela amarga realidade da repressão, deixando-os desanimados, mas resolutos.
É uma pausa com ar grave, para que os bareinitas tratem dos seus feridos, e a oposição líbia, com ajuda dos bombardeios internacionais, reaja às forças pró-Gaddafi.
No Iêmen, a oposição mantém por enquanto as suas táticas pacíficas, enquanto pressiona pela renúncia imediata do presidente Ali Abdullah Saleh, rejeitando sua oferta de sair no começo do próximo ano.
Mas o futuro da Primavera Árabe está em jogo.
"Eu não acredito que os protestos pacíficos vão continuar", disse Al Maskati. "Agora, trata-se de resistir à agressão."