sábado, 23 de julho de 2011
ANIMA MUNDI 2011-DIA 27 DE JULHO-19:00-FUNDAÇÃO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA-SALA 2-SÃO PAULO
O Japão, ilha onde a Animação tem uma declinação toda especial (Anime!) invade mais uma vez o Anima Mundi com a presença de um de seus mais renomados e celebrados diretores e autores: Shinichiro Watanabe. Nascido em 1965 em Kyoto, é muito admirado por trabalhos como a emblemática série que deu origem ao longa Cowboy Bebop: the Movie, e o seriado Samurai Champloo. Watanabe começou aos 20 anos na animação. Entrou para o estúdio Sunrise como assistente de produção, e chegou em 1994 a codiretor de Macross Plus, continuação da bem sucedida série Macross. Tornou-se diretor com Cowboy Bebop, série que estourou no mundo inteiro e deu origem a um longa, Knockin' on Heaven's Door , 2001 (que depois virou simplesmente Cowboy Bebop - O Filme). Em 2003, Watanabe fez parte do seleto grupo de diretores japoneses convidados a interpretar histórias baseadas no universo do filme de ação ao vivo The Matrix na produção cult americana Animatrix. Ganhou duas sequências (Kid's Story e A Detective Story) que ajudaram a reforçar seu status de celebridade internacional da animação. Sua próxima realização foi um seriado que inovava ao fazer um remix da tradição dos samurais com a modernidade do hip-hop - Samurai Champloo, que estreou na televisão em 2004. Em Michiko & Hatchin, seriado recém-lançado cujo cenário e personagens são inspirados no Brasil, o diretor musical Shinichiro Watanabe lança mão da música brasileira, da qual parece ser profundo conhecedor e admirador. A presença de Shinichiro Watanabe em Anima Mundi 2011 acontece em parceria com o Instituto Japão POP Br e com a Dô Cultural.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
terça-feira, 19 de julho de 2011
Prezados associados,
A ABEJ realizará, nos dias 27, 28 e 29 de setembro p.f., o simpósio Estudos Japoneses na América Latina - Diálogos, Perspectivas e Projetos Conjuntos visando: 1) debater novas pesquisas, nesta primeira iniciativa, na área de religião, tradução, educação, relações internacionais, tecnologia e imigração; e 2) estreitar as relações acadêmicas no âmbito latino-americano, incentivando maior diálogo e possibilidades de projetos conjuntos nos níveis de pesquisadores e de instituições. Pesquisadores brasileiros da ABEJ das áreas acima e de outros países latino-americanos foram convidados para apresentar suas pesquisas em mesas redondas e discutir a integração acadêmica. Infelizmente, devido às restrições orçamentárias, e também de tema, não pudemos custear a participação de todos os associados ABEJ. Esperamos que este evento atinja os objetivos traçados, para que em versões futuras, possamos repetir e tratar de outros temas, como também realizar encontros monotemáticos que possibilitem aprofundamento das discussões de tema específico.
De qualquer maneira, os detalhes deste simpósio serão enviados até meados deste mês.
O propósito principal desta mensagem é solicitar aos associados a gentileza de divulgar o seguinte.
1) PONTO DE ENCONTRO – Novas Pesquisas em Estudos Japoneses - CONVOCAÇÃO
A Associação Brasileira de Estudos Japoneses (ABEJ) convida os novos pesquisadores em Estudos Japoneses, filiados à ABEJ, que defenderam dissertação de Mestrado e tese de Doutorado, no período entre julho de 2008 e junho de 2011, para apresentar suas pesquisas no PONTO DE ENCONTRO – NOVAS PESQUISAS EM ESTUDOS JAPONESES.
Este ano o PONTO está incluído na programação do simpósio Estudos Japoneses na América Latina – Diálogos, Perspectivas e Projetos Conjuntos, a ser realizado nos dias 27, 28 e 29 de setembro p.f., no Memorial da América Latina, São Paulo-SP. Para esta etapa, selecionaremos seis novos mestres e doutores para exporem as pesquisas que resultaram em suas dissertações e teses.
Os interessados devem se inscrever no simpósio pelo site http://fflch.usp.br/cursos e enviar o resumo (de 800 a 1.200 caracteres sem espaços) e um currículo acadêmico resumido, de no máximo 3 páginas, para o e-mail abejap@gmail.com, até 30 de julho de 2011. Os não filiados à ABEJ podem se inscrever mediante depósito de R$ 37,50 na conta 9.973-2, agência Trianon 1812-0, do Banco do Brasil.
2) Apresentação de pôsteres no simpósio Estudos Japoneses na América Latina – Diálogos, Perspectivas e Projetos Conjuntos - CONVOCAÇÃO
Alunos de Graduação que tenham desenvolvido pesquisas de Iniciação Científica cujo tema é o Japão estão convidados a apresentar pôsteres no Simpósio Estudos Japoneses na América Latina – Diálogos, Perspectivas e Projetos Conjuntos, a se realizar nos dias 27, 28 e 29 de setembro de 2011.
Os interessados devem se inscrever no referido evento pelo site http://fflch.usp.br/cursos, e posteriormente depositar taxa de R$ 37,50 (Banco do Brasil 001, agência Trianon 1812-0, conta corrente 9.973-2). O resumo, um breve currículo acadêmico e também o comprovante de depósito devem ser enviados para o endereço abejap@gmail.com, até 30 de julho de 2011. A comissão do simpósio selecionará 12 melhores pesquisas e enviará resposta de aceite até 15 de agosto.
O resumo, de 500 a 1.000 caracteres sem espaço, deve conter título, nome, instituição, nome do orientador, período de pesquisa, e apresentar o objetivo, método / procedimentos de pesquisa e conclusão / resultado alcançado.
O pôster, por sua vez, deve ter as seguintes especificações.
1. Tamanho do pôster: altura, entre 1, 20 a 1,50m; largura, de 1m.
2. Tipo da fonte: Arial ou Times New Roman
3. Tamanho da fonte: 20 a 28, para o texto; 32 a 48, para título
4. Titulo centralizado; nome e instituição, à direita
5. Descrição da pesquisa deverá conter uma Introdução com a justificativa, o Objetivo, o Método ou Procedimentos de Pesquisa, o Material ou Corpus de Pesquisa, Resultado ou Conclusão, e as Referências Bibliográficas.
Contamos com a colaboração de todos.
Eliza A.T. Perez, Presidente
segunda-feira, 18 de julho de 2011
MOSTRA CINEMA COREANO CCSP
A segunda "Mostra Coreia, Cinema Explosivo: O Thriller de Vingança" começou sexta, 15 de julho, no Centro Cultural São Paulo, e exibe, até o dia 30, doze longas de gêneros como terror, comédia, drama, comédia romântica e faroeste. A mostra tem três eixos: filmes com a temática vingança, longas do diretor Kim Ji-Woon - conhecido como o Quentin Tarantino coreano - e películas que arrebataram as maiores bilheterias da Coreia do Sul nos últimos seis anos. O eixo 'vingança' não foi escolhido por acaso. Segundo Célio Franceschet, curador de audiovisual do Centro, os filmes sul-coreanos que mais tiveram destaque internacional falam do assunto. "Vingança Sem Nome" (2010), "O Gosto da Vingança" (2005), "Lady Vingança" (2005) e "Old Boy" (2003) são exemplos que fazem parte da programação. Esses longas também foram campeões de bilheteria.
O diretor Park Chan-Wook é um dos destaques do evento. Apesar de não ter uma sessão dedicada exclusivamente a ele, a exibição de sua trilogia Vingança ("Simpatia pelo Sr. Vingança" (2002), "Old Boy" e "Lady Vingança") comprova a influência da linguagem pop no cinema coreano. Para quem pensa que o cinema sul-coreano não tem nada a ver com o norte-americano, vale conferir suas obras. Dentro desse mesmo eixo, "Vingança Sem Nome" traz um homem com um passado misterioso, que faz tudo para salvar uma menina sequestrada. "Críticos disseram que esse filme tem a melhor sequência de luta de facas já criada", diz Franceschet.
Outro destaque, dessa vez com cenas singelas, é "Um Sonho com os Pés Descalços" (2010), escolhido para representar o país no Oscar deste ano. O longa conta a história de um jogador de futebol que dá aulas para crianças pobres no Timor Leste. Vale ver também a retrospectiva dedicada ao diretor Kim Ji-Woon. "O Bom, O Mau, O Bizarro" (2008) é a versão dele para o clássico do faroeste "Três Homens em Conflito" (1966).
Para quem prefere terror, a retrospectiva traz "O Mistério das Duas Irmãs" (2003), que conta a história de duas irmãs que saem de um hospício. Os longas escolhidos mostram a versatilidade de Ji-Woon, que transita com competência por diferentes gêneros. Algo que o cinema coreano tem conquistado nos últimos anos.
Talvez poucas coisas sejam tão estigmatizadas e carregada de conceitos — e preconceitos — como um corpo nu. Mas o nu não precisa necessariamente estar carregado de significados para ser belo – ou contemplativo.
Nada mais natural ou simples que o corpo sem roupas, que são muito mais um disfarce do corpo que uma identidade — ou individualidade. No entanto, e talvez justamente por isso, nada mais difícil de ser aceito — ou compreendido — como o corpo assim, desnudo e sem vergonha. Mas estar nu é, também, um destino inevitável do ser humano.
“Eu acho mágico morar em Brasília”. Kazuo Okubo, fotógrafo e publicitário, parece ser daquelas almas cosmopolitas que não perdem a capacidade de criar apego. É um apaixonado por Brasília e o seu céu. Há os que dizem que Brasília é assim, um lugar de predestinados. Talvez seja verdade e Kazuo Okubo seja mesmo um predestinado da vida.
Nascido em Brasília, quando pequeno seu pai abriu um cine foto. E um dia, por esses acasos — ou quem sabe coisas do destino —, Kazuo Okubo resolveu se aventurar a atender um cliente quando seu pai estava fora em uma pescaria. Daí começou sua experiência com fotografia.
E sabe-se lá por que motivos ou razões do destino — ou seriam do coração? —, seu trabalho voltado à publicidade começou a rumar para a fotografia artística. Logo estaria a fotografar pessoas desavergonhadamente sem roupa. Sim, porque mesmo em nosso momento mais sozinho, em frente ao espelho do quarto, o nosso primeiro olhar ao corpo desnudo é sempre o mais crítico. Desejamos uma perfeição que — quase sempre — não corresponde ao reflexo do espelho. É quando maldizemos o nosso destino e sentimos vergonha de nossa nudez.
Mas sem ocultar as imperfeições — serão mesmo imperfeições? — do corpo assim tão despido, Kazuo Okubo fotografa a delicadeza ingênua da nudez, em uma das infinitas possibilidades de beleza do corpo humano. Desavergonhadamente, fotógrafo e fotografados — artista e seu trabalho — parecem se divertir com a nudez. Afinal, é preciso também se despir de culpas, críticas e pecados.
Essa é a sensação ao observar o trabalho de Kazuo Okubo: uma sensualidade suave e quase que inocente, dessas que ousam desvelar o corpo como algo muito natural — e naturalmente belo, descaradamente belo.
Coisas desses predestinados que insistem em enxergar mágica no meio da arquitetura de concreto. Mas estar nu é um destino inevitável do ser humano. Fatalidades — ou brincadeiras — desse destino arteiro, ou artista.
As ruas de Tóquio exibem neste verão menos gravatas e paletós que de costume, para combater o calor. As autoridades ordenaram que as grandes companhias, centros comerciais, edifícios de escritórios, universidades e departamentos governamentais reduzam o uso de eletricidade em 15% em relação ao ano passado. As restrições vão durar até 22 de setembro. Além disso, pediram que os cidadãos vistam roupas mais leves e escolham um estilo mais informal. Com essas medidas, pretendem enfrentar a escassez de eletricidade que sofre o Japão desde o terremoto e o tsunami de 11 de março passado, e assim evitar possíveis apagões.
O desastre danificou gravemente a central de Fukushima 1 - que quatro meses depois continua emitindo radiatividade - e conduziu à paralisação de boa parte dos 54 reatores atômicos do país. Ao todo, 35 continuam parados, o que provoca a falta de energia que tornará os verões japoneses habitualmente tórridos ainda mais duros este ano. Antes do acidente, as centrais atômicas forneciam 30% da eletricidade do Japão. Em maio passado a porcentagem caiu para 20%.
As ordens de economia energética afetam Tóquio e Tohoku, a região onde ficam as prefeituras devastadas pelo tsunami. Na capital, a Sony se comprometeu a desligar o ar-condicionado a partir das 18hs e adiantou o horário de trabalho das 9h30 para 8h30. O centro comercial Mitsukoshi desligou algumas luzes e elevadores, o metrô apagou o ar-condicionado nas estações operadas pelo município entre 12h e 15h e a Bolsa não receberá visitantes até que termine o verão, para evitar o uso de eletricidade em algumas áreas.
Fabricantes de automóveis trabalham nos fins de semana e descansam na quinta e sexta-feiras para nivelar a demanda energética.
O governo quer que empresas e escritórios limitem o ar-condicionado e fixem sua temperatura em 28 graus. Daí a campanha de vestir-se levemente, denominada Super Cool Biz, que começou no início de junho e que recomenda aos funcionários que substituam os ternos por alternativas que, sendo apropriadas para o trabalho, sejam ao mesmo tempo suficientemente frescas para os calores estivais.
A iniciativa vai além da campanha “Cool Biz”, implementada em 2005 no âmbito da luta contra o aquecimento global, já que agora define como aceitável o uso de camisas polo ou Kariyushi (de estilo havaiano), tênis e em alguns casos inclusive jeans e sandálias.
O ministério também sugere que se consumam alimentos que fazem baixar a temperatura do corpo, se evitem as horas extras, se trabalhe em casa quando possível e se tirem duas semanas de férias de verão. O governo afirma que esse programa não é temporário, mas que será "um grande acontecimento para mudar o modo e o estilo de vida dos japoneses".
Pouco depois de conhecer Charlene Lee, a sua namorada, Wu Zheng a chocou ao beijá-la em uma rua de Pequim. "Eu disse: 'O quê, vocês fazem isso aqui?'", lembra-se Lee, 30. "Eu sou de Cingapura, e nós somos conservadores. Há esse medo constante."
"Senti que não tinha problema", disse Wu, 30, natural de Pequim, sorrindo para Lee.
As lésbicas vivem sob notável liberdade hoje em dia na China como resultado de profundas mudanças sociais ao longo das últimas três décadas de acelerado crescimento econômico e de ser mulher numa sociedade que valoriza muito mais os homens do que as mulheres. A invisibilidade garante às lésbicas espaço para que vivam e amem em meio ao anonimato das megacidades chinesas, com seus milhões de habitantes.
"Acho que as pessoas são mais tolerantes com homossexuais mulheres do que com homossexuais homens", disse a socióloga Li Yinhe. "A China é uma sociedade muito patriarcal. As pessoas consideram realmente vergonhoso se um homem for gay." "A sociedade tradicional basicamente ignora as mulheres sob alguns aspectos, e há uma certa liberdade nisso", afirmou ela. "Mas esse espaço livre não é necessariamente de poder."
Como homossexuais masculinos, os casais de lésbicas não podem se casar ou constituir legalmente uma família. Os parentes muitas vezes também se opõem.
"Os chineses conseguem aceitar que as pessoas sejam gays e lésbicas, mas não dentro da sua família", afirmou Wu, que planeja criar uma loja virtual de brinquedos sexuais.
"Na China, é muito esquisito", disse Ming Ming, uma documentarista lésbica. "Se você não falar a respeito, não existe. Mas, na verdade, não é nada fácil. A pressão para se casar é enorme." Tradicionalmente, espera-se que os homens prossigam a linhagem familiar. Mas, na prática, "é uma enorme vergonha para uma família quando uma filha não se casa", disse Ming.
Além disso, a política chinesa do filho único aumentou a pressão sobre filhas lésbicas para que gerem descendência. O lesbianismo foi oficialmente tabu até 1997. Hoje, a maioria das grandes cidades na China tem bares para lésbicas. Em Pequim e Xangai, há eventos do orgulho gay que são realizados reservadamente para evitar proibições.
A mídia estatal discute o lesbianismo, e o estatal "Diário Jurídico" chegou a noticiar uma pesquisa mostrando que cerca de metade das lésbicas já sofreu violência por parte de parentes e parceiras.
"A mudança está chegando cada vez mais rápido", disse An Ke, organizadora do Salão Lala, um evento semanal de palestras e discussões em um bar de Pequim. "Há mulheres de 70 anos que já vieram", afirmou.
Ming e sua companheira, Shi Tou, estão fazendo um documentário sobre lésbicas chinesas, "Doce Deserto", a ser lançado em 2012. Funcionárias lésbicas do governo e do Partido Comunista recusaram-se a ser filmadas. Ser abertamente gay no governo é um suicídio para a carreira, segundo Shi. "Há pouquíssima coisa a respeito das 'lalas' na China", disse ela, usando a gíria que designa as lésbicas chinesas.
No entanto, o interesse por seus direitos vem crescendo. Uma pesquisa feita em março pela internet sugeriu que um em cada quatro chineses pode apoiar o casamento homossexual. Embora a pesquisa não tenha validade científica, Li disse que ela reflete as suas próprias conclusões.
A lei é um empecilho, mas o mesmo se aplica às atitudes das famílias, que são mais conservadoras nas zonas rurais. Wu Zi, 34, pertence à etnia muçulmana hui, da região de Xinjiang (oeste), e trabalha como cozinheira em Pequim. Ela saiu de casa aos 17 anos. "Percebi que teria de casar se continuasse por lá", disse.
Em Urumqi, capital regional, ela viveu com uma mulher por oito anos até que sua parceira sucumbisse à pressão familiar e se casasse com um homem. Wu disse que seus pais também a pressionavam a se casar. "Então, teve um ano em que eu fui para casa e disse à minha mãe: 'OK, vou me casar -com uma mulher'."
Sua mãe aceitou bem. "Talvez porque ela tenha outros sete filhos", disse Wu.
Muitas lésbicas se casam, segundo ela. "Cerca de 80%. E então todas elas têm casos entre si. A cena lésbica é muito caótica." Xue Lian, 35, da província rural de Hubei, no sudoeste, vive com seu pai de 65 anos em uma pequena aldeia. "Eu realmente não conheço uma só outra lésbica em Lichuan", disse ela. "Aposto que todas elas suprimem isso e se casam. Eu não conseguiria. Para mim, seria como um estupro."
Ela, certa vez, cogitou uma operação para mudar de sexo, pois assim "teria liberdade para ter uma namorada aqui em casa", mas mudou de ideia depois de navegar na internet em 2006. "Eu li sobre lésbicas em Nanjing, que costumavam se reunir perto de uma ponte", disse ela. "Senti que havia encontrado um nome para mim."
Naquele verão, ela criou um blog, chamado "Pessoa Periférica". Ela não quer deixar seu pai, viúvo, mas disse: "Ou meu pai vai ser infeliz, ou eu vou ser infeliz".
Em recente almoço na casa dela, o pai disse: "Ela é uma boa filha, mas desobediente; ela não se casa". Depois, em lágrimas, Xue afirmou: "Eu não me acho uma pessoa egoísta, mas o amor é egoísta". Ela contou que gostaria de se mudar para Pequim.
Wu, de Pequim, quer voltar para Cingapura. Lá é ainda mais aberto, disse ela. "Quando eu morava lá, era totalmente assumida. Aqui, eu não sou."
Dois hotéis de luxo estão abrindo em Gaza. Milhares de carros novos estão nas estradas. Um shopping center -com escadas rolantes importadas de Israel- será inaugurado ainda neste mês.
Com ativistas tentando manter a atenção internacional em Gaza, esse enclave isolado palestino localizado em área costeira está experimentando seu primeiro crescimento econômico desde 2007, quando o Hamas tomou o poder, e o cerco israelense começou.
"As coisas melhoraram", disse Jamal Khoudary, presidente do conselho da Universidade Islâmica, que organizou o Comitê Popular de Gaza para trabalhar contra o cerco. "O isolamento sobre os produtos está agora 70% acabado."
Ala al Rafati, o ministro da Economia para o Hamas, disse, em entrevista, que cerca de mil fábricas estão operando aqui, e ele estima que o desemprego não esteja maior do que 25%. "Somente ontem, o governo de Gaza lançou 12 projetos para pavimentação de estradas, abertura de poços e criação de jardins", disse.
Por outro lado, milhares de casas destruídas durante a invasão israelense dois anos e meio atrás não foram reconstruídas. Os hospitais estão cancelando cirurgias por falta de suprimentos. A eletricidade permanece irregular. Os residentes que vivem com menos de US$ 1,60 por dia triplicaram em quatro anos. Três quartos da população depende de ajuda alimentar para sobreviver.
Gaza nunca esteve entre os lugares mais pobres do mundo. Há quase alfabetização universal entre os seus 1,6 milhão de habitantes, a mortalidade infantil é relativamente baixa, e as condições de saúde são superiores às de grande parte do mundo em desenvolvimento.
O governo de Israel e seus defensores usam esses dados para dizer o quanto a política israelense é humana e adequada.
Críticos dizem que Israel com suas políticas de segurança tem conscientemente estrangulado as oportunidades de desenvolvimento de uma população educada. A pressão precisa ser mantida, segundo eles, para que o cerco termine completamente, eles dizem.
As recentes mudanças resultam de uma combinação de mudanças na política israelense e do recente caos vivido no Egito. No ano passado, Israel passou a permitir quase tudo em Gaza, mas ainda proíbe cimento, aço e outros materiais de construção com a justificativa de que tais materiais podem ser usados pelo Hamas para fabricação de bombas. Assim, nos últimos meses, os túneis na fronteira sul com o Egito que foram usados para trazer bens de consumo tornaram-se quase totalmente voltados para o contrabando de materiais de construção, totalizando cerca de 2.700 toneladas por dia. Desde a derrubada do ditador Hosni Mubarak, as autoridades de segurança egípcias deixaram de perseguir os contrabandistas. Como resultado, ruas estão sendo pavimentadas, e prédios, construídos.
"Mubarak nos esmagava", disse Mahmoud Mohammad, chefe de dez homens que descarregavam barras de aço destinadas a um novo restaurante. "No ano passado, estávamos sentados em casa. O empresário para quem trabalho possui três grandes projetos em construção."
Karim Gharbawi é arquiteto e designer de construção com 10 obras em andamento. Ele disse que há cerca de 130 empresas de engenharia e design em Gaza. Há dois anos, nenhuma delas estava trabalhando. Hoje, ele disse, todas estão.
Outro resultado das mudanças regionais é o número de carros novos. Israel permite 20 novos por semana, mas tal número está muito abaixo da necessidade. Centenas de BMW, de picapes e de outros veículos, por meio do Egito, chegaram nos últimos meses da Líbia e foram vendidos nos túneis que não contam com fiscalização.
Mas a falta de monitoramento nos túneis egípcios também significa maior acesso do Hamas a armas, cujo controle de Gaza parece mais firme do que nunca, embora as pesquisas comprovem que o rival Fatah seja efetivamente mais popular.
Samah Saleh é uma estudante de 21 anos. Seu pai decidiu aumentar a casa agora que o material está disponível. Saleh vai ter seu próprio quarto, mas ela vê sua sorte no contexto. "Para a grande maioria em Gaza, as coisas não estão melhorando", disse. "A maioria das pessoas na Faixa de Gaza continua esquecida."
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