Prabhu Kumar encontrou na Amazon.com um livro que procurava, por US$ 10. Mas teria de pagar mais de US$ 9 em frete.
Por isso Kumar agora compra na FlipKart.com -a resposta indiana à Amazon-, que às vezes leva só 24 horas para entregar, sem custo extra. E ele só precisa pagar, em dinheiro ou cartão, quando o entregador chega rapidamente à sua porta.
"Acho que isso se adéqua perfeitamente à mentalidade indiana", diz Kumar, programador de softwares digitais.
Dezenas de empresas de comércio eletrônico surgiram nos últimos tempos para aproveitar o crescente uso da internet na Índia, mas muita gente no país continua avessa ao uso do cartão de crédito em compras on-line.
Por isso, os sites de varejo se empenham em conquistar os clientes. O pagamento pode ser feito em dinheiro, no ato da entrega, e esquadrões de entregadores garantem a rapidez da distribuição das mercadorias.
A internet ainda responde por uma parcela pequena do varejo indiano -uma estimativa é de US$ 10 bilhões, em um universo de US$ 500 bilhões-, mas está crescendo rapidamente.
A FlipKart diz que faturou 500 milhões de rúpias (US$ 11 milhões) no último ano fiscal, e que hoje vende cerca de 10 milhões de rúpias por dia.
O site de descontos SnapDeal.com, que era inexpressivo em 2010, espera faturar 1,5 bilhão de rúpias neste ano. No Future Group, maior empresa indiana de varejo, executivos dizem que o faturamento on-line deve triplicar até março.
O rápido crescimento atrai investidores de risco, que despejaram US$ 183 milhões em 20 empresas de comércio eletrônico nos últimos 12 meses - o triplo do valor investido em 13 empresas nos 12 meses anteriores, segundo a empresa de pesquisas Venture Intelligence.
Os varejistas dos EUA também se interessaram. A Amazon, que tem uma unidade de desenvolvimento de software em Bangalore, está construindo um depósito e contratando funcionários para um site indiano, segundo duas fontes do setor. E, meses atrás, o Groupon adquiriu o site indiano SoSasta.com.
A empresa de pesquisas JuxtConsult, de Nova Déli, estima que o número de pessoas que compraram alguma coisa pela internet na Índia saltou de 10 milhões de pessoas no ano passado para 17 milhões em 2011. O governo local calcula que o consumo das famílias cresceu mais de dois terços em cinco anos.
"Isso parece mais ser algo real do que um mero fogo de palha", disse Kanwaljit Singh, diretor da Helion Advisors, que já investiu em uma meia dúzia de sites indianos de comércio eletrônico.
Mas os criadores da FlipKart, Sachin Bansal e Binny Bansal (que não são parentes), precisaram fazer coisas que os empreendedores americanos e europeus jamais necessitaram. Eles montaram operações de entrega em 13 grandes cidades do país, já que as transportadoras locais não estão adequadamente preparadas para despachar e monitorar as entregas. Eles planejam ampliar o sistema de entregas para 25 cidades dentro de um ano.
O executivo-chefe Sachin Bansal disse que, tendo uma equipe própria, a FlipKart evita o pagamento de uma comissão superior a 2%, cobrada das transportadoras para cobranças no ato da entrega, modalidade solicitada em cerca de 60% das encomendas. A FlipKart também consegue monitorar com mais precisão os seus pacotes, e, devido aos baixos custos trabalhistas na Índia, cada entrega custa apenas US$ 1 por volume.
"Mais de 90% das transações varejistas na Índia são em dinheiro", disse ele. "Precisamos aceitar dinheiro [para aumentar o número de clientes]."
A FlipKart não está sozinha. O site Myntra, que vende roupas pela internet, tem uma equipe de entregas em Bangalore e pretende contratar entregadores em outras cidades. A SnapDeal permite que seus clientes paguem uma parte no site, e quitem o resto diretamente junto às empresas fornecedoras.
"Hoje eles são os melhores", disse Ananth Padmanabhan, vice-presidente de vendas da Penguin India, referindo-se à FlipKart. Mas, segundo ele, funcionários da Amazon têm conversado com as editoras.
Sachin Bansal, que foi colega de Binny Bansal como desenvolvedor de software na Amazon, rejeitou a hipótese de que seria conveniente para a Amazon adquirir a FlipKart. "Estamos muito interessados em seguirmos por conta própria."
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