A República Islâmica do Irã quer dar mais liberdade às mulheres para se vestirem.
As regras que obrigam a cobrir cabelo, braços e pernas continuam em vigor, mas agora cores berrantes e cortes modernos são não somente permitidos como incentivados pelo regime.
Para divulgar as novas tendências, as autoridades inauguraram na semana passada o primeiro Festival de Moda Islâmica do Irã, uma feira gratuita montada num centro de exposições de Teerã.
Marcas expõem hijabs (lenço que cobre o cabelo), chadores (véu que cobre o corpo todo), sapatos e acessórios. A cor preta, que os aiatolás tradicionalmente recomendam para as mulheres, ainda predomina. Mas há véus vermelhos, amarelos, laranjas e até pinks fluorescentes. Num dos estandes, uma TV exibe um vídeo no qual uma mulher ensina a amarrar o hijab com mais estilo.
Em um país onde é proibido mostrar as formas femininas, o casaco (mantô) é a principal peça do guarda-roupa de qualquer mulher. A feira tem modelos de todos os tipos, preços e tecidos.
Uns beiram a ilegalidade ao descer até pouco acima do joelho (o parâmetro é o das repartições públicas, onde mulher só entra se o casaco descer até a canela). Outros, presumivelmente destinados ao uso doméstico, ostentam decotes generosos.
"Estou muito satisfeita. Posso achar o que quiser, e os preços são ótimos", diz a estudante Manizheh Kalantari.
A Folha viu uma senhora cega escolhendo roupas pelo toque. "Sinto a qualidade e consigo saber a forma, modelo e tamanho. Gostei da variedade de véus", disse.
Mas o pai de família Ali Alimardani, 40, está decepcionado. "Minha mulher queria algo formal para festas, e a minha filha de 13 anos também me pediu umas peças, mas faltam opções."
O gerente de relações públicas do evento, Hassan Amidi, 33, rebate críticas da ala linha-dura, que acha a feira obscena. "Não há mal na preocupação das mulheres com a aparência. O profeta Maomé disse que a beleza é algo importante."
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