A captura de jovens islamitas no dia 6 de outubro e a ênfase colocada em sua suposta radicalização na prisão precipitaram o anúncio do governo sobre a criação de vagas para capelães muçulmanos: 15 postos para tempo integral foram incluídos no orçamento de 2013, sendo que “um mesmo esforço” foi garantido para 2014, afirmou a ministra da Justiça, no dia 11 de outubro.
Mas estaria certa a ministra quando garante que essas vagas suplementares permitirão cobrir cerca de trinta novos estabelecimentos penitenciários? Provavelmente não. “É uma boa notícia”, reconhece o capelão-geral muçulmano das prisões, Moulay Alaoui Talibi, “mas esse orçamento servirá sobretudo para fidelizar aqueles que já desempenham essa função em caráter voluntário”.
Apresentados, com razão, como fatores de apaziguamento e de monitoramento junto a detentos muçulmanos em busca de práticas religiosas ou àqueles tentados pelo extremismo, os capelães muçulmanos estão em número sabidamente insuficiente. Cerca de 150 pessoas desempenham essa função, sendo que menos da metade deles são remunerados, segundo o capelão-geral.
Organizada há menos de dez anos, a capelania muçulmana não chega nem perto de atender a demanda: em vários estabelecimentos, mais da metade dos detentos são de cultura muçulmana, segundo especialistas do meio. Fazendo uma comparação, os católicos dispõem de aproximadamente 700 capelães, os protestantes de 300 e os judeus de uma centena. “Em Fleury-Mérogis, somos seis capelães muçulmanos, sendo que seriam necessários uns vinte”, conta Abdelhak Eddouk, um deles.
Mas, para eles, o dinheiro não é o único obstáculo. “Um dia de arrecadação por ano nas mesquitas seria o suficiente para financiar a capelania do presídio”, ele garante. “A questão é mais saber como atrair os jovens e treiná-los bem, sabendo que um trabalho em período integral de capelão paga 720 euros líquidos”.
Assim como para a função de imames, faltam candidatos de qualidade. “Precisamos de jovens que falem bem francês e árabe, de mente aberta, com vocação para o mundo carcerário e bons conhecimentos teológicos”, acredita Alaoui Talibi. A formação teológica depende das federações muçulmanas e dos países estrangeiros. “É importante não indicar imames autoproclamados radicais ou capelães que não dão conta”, ele insiste.
Não existem muitos desses perfis. “Os capelães são em parte aposentados e as vagas costumam ser atribuídas em função de redes relacionais, associadas aos países de origem, sobretudo a Argélia”, afirma um especialista do Ministério do Interior. “Alguns deles também se candidatam para regularizar sua situação”, garante uma outra fonte próxima da questão. “Elimino muitas fichas,” confirma o capelão-geral, que olha as nomeações antes que elas sejam validadas pelo governo.
Paralelamente, assim como todos seus antecessores nos últimos dez anos, o ministro do Interior, Manuel Valls, lembrou sua vontade de ter “imames franceses, capelães franceses”. Iniciativas para formar uma “equipe muçulmana” pela legislação e pelo contexto francês são tentadas regularmente. A última, lançada em Lyon em janeiro, está começando a receber os candidatos que precisam... de aulas de francês como língua estrangeira. Mas esses cursos não religiosos dificilmente vingam. O que foi criado no Instituto Católico de Paris em 2008 não será aberto este ano, por falta de financiamento público e de candidatos em número suficiente. Uma realidade que contrasta com os discursos voluntaristas dos diferentes governos.
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