Malala
Yousakzai, uma jovem de 14 anos que fazia campanha por direitos humanos, foi
baleada na cabeça por militantes do Talibã na terça-feira (9), enquanto voltava
da escola para casa em uma van na área de Swat, na província de
Khyber-Pakhtunkhwa.
Hoje, toda a
nação está em choque. Todo mundo está condenando o Talibã e rezando por Malala.
Ela se tornou um exemplo para a geração jovem do país. Ela venceu.
Malala é uma
vítima da talibanização, a mentalidade radical gerada por uma interpretação
teocrática e obscurantista do Islã. A talebanização envolve a imposição à força
da agenda teocrática às pessoas. Envolve radicalizá-las. Envolve a criação de
mais e mais esquadrões de homens-bomba suicidas em nome da jihad contra os
liberais e moderados, muçulmanos e não muçulmanos. O ataque contra Malala
libertou muitas mentes agrilhoadas e talebanizadas. Ela venceu.
Malala
defendia a ideologia do amor. Ela era uma jovem embaixadora da paz. Ao
atacá-la, o Taliban tentou alertar todos os jovens a não seguirem a ideologia
dela. Mas, depois do ataque, os seguidores de Malala se multiplicaram por todo
o país. Ela venceu.
O ataque
expôs a face brutal do Taliban. Ele também coloca em dúvida até mesmo a
realização de negociações com um grupo que interfere na vida de cidadãos
inocentes e não poupa ninguém – nem mesmo as crianças.
Não há
apenas uma Malala, mas milhares de Malalas que sucumbiram vítimas dessa
ideologia de ódio. O Talibã, imaginando uma campanha contra pólio como fachada
para espionagem, colocou centenas de milhares de crianças em risco ao proibir a
vacinação em seus redutos no Waziristão do Norte e do Sul.
Em sua
antiga fortaleza em Swat, o Talibã proibiu a educação para meninas, condenou o
sistema judiciário do Estado e manteve um sistema judiciário paralelo até 2009,
quando Islamabad lançou uma operação militar plena para debelar a insurreição
liderada pelo Taleban ali.
Enquanto o
Talibã atacava e destruía as escolas para meninas, Malala postava em seu diário
no site da BBC, expondo as atrocidades do Talebã contra as mulheres, seus
excessos e sua abordagem obscurantista à interpretação das leis islâmicas. No
ano passado, ela foi indicada para o Prêmio Internacional da Criança pela Paz
pelo grupo de defesa Kids Rights Foundation. Ela venceu.
Mas a versão
do Islã do Talibã paquistanês e a agenda que deseja impor à força continuam
sendo uma ameaça. O grupo considera eleições democráticas como sendo parte do
sistema “secular” e anunciou que qualquer líder político que planeja disputar
eleições será atacado caso visite as áreas tribais.
A declaração
do Talebã de que o sistema democrático no Paquistão é anti-islâmico e suas
críticas a Imran Khan, o ex-jogador de críquete paquistanês que virou político,
como infiel liberal expõem o perigo do radicalismo violento que cerca o
Paquistão. Mas Khan, o líder do Tehreek-e-Insaf, ou Movimento pela Justiça, é
amplamente criticado por ser “brando demais” com o Talibã.
Em protesto
contra os ataques por aeronaves não tripuladas, ele liderou recentemente uma
marcha pela paz até a divisa do Waziristão do Sul, onde foi parado pelas Forças
Armadas paquistanesas por razões de segurança. Em vez de apreciar sua ação, o
Talibã condenou sua política “liberal” e ameaçou matá-lo.
O Talibã
paquistanês distribuiu recentemente folhetos nos mercados nas áreas tribais,
ameaçando comerciantes que vendem celulares a desistirem de seus negócios ou
sofrerão as consequências. Os vendedores de celulares foram ordenados a pararem
de carregar canções, filmes e fotos que o Taleban diz promover “atos
anti-islâmicos”.
O plano do
Talibã de moldar nosso país dotado de armas nucleares de acordo com sua visão
de um Estado islâmico gera preocupações internacionais com a proliferação da
violência radical islâmica e sua ameaça à estabilidade regional e mundial. Mas
o ataque a Malala ressuscitou a verdadeira ideologia islâmica de paz por todo o
país. Ela venceu.
Malala
estava lutando pelo direito à educação – o mais alto investimento a longo prazo
para impedir a talebanização. Apenas a educação pode promover uma mudança na
mentalidade radical. Malala se tornou um farol luminoso. Ela venceu.
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