segunda-feira, 22 de outubro de 2012


Malala Yousakzai, uma jovem de 14 anos que fazia campanha por direitos humanos, foi baleada na cabeça por militantes do Talibã na terça-feira (9), enquanto voltava da escola para casa em uma van na área de Swat, na província de Khyber-Pakhtunkhwa.
Hoje, toda a nação está em choque. Todo mundo está condenando o Talibã e rezando por Malala. Ela se tornou um exemplo para a geração jovem do país. Ela venceu.
Malala é uma vítima da talibanização, a mentalidade radical gerada por uma interpretação teocrática e obscurantista do Islã. A talebanização envolve a imposição à força da agenda teocrática às pessoas. Envolve radicalizá-las. Envolve a criação de mais e mais esquadrões de homens-bomba suicidas em nome da jihad contra os liberais e moderados, muçulmanos e não muçulmanos. O ataque contra Malala libertou muitas mentes agrilhoadas e talebanizadas. Ela venceu.
Malala defendia a ideologia do amor. Ela era uma jovem embaixadora da paz. Ao atacá-la, o Taliban tentou alertar todos os jovens a não seguirem a ideologia dela. Mas, depois do ataque, os seguidores de Malala se multiplicaram por todo o país. Ela venceu.
O ataque expôs a face brutal do Taliban. Ele também coloca em dúvida até mesmo a realização de negociações com um grupo que interfere na vida de cidadãos inocentes e não poupa ninguém – nem mesmo as crianças.
Não há apenas uma Malala, mas milhares de Malalas que sucumbiram vítimas dessa ideologia de ódio. O Talibã, imaginando uma campanha contra pólio como fachada para espionagem, colocou centenas de milhares de crianças em risco ao proibir a vacinação em seus redutos no Waziristão do Norte e do Sul.
Em sua antiga fortaleza em Swat, o Talibã proibiu a educação para meninas, condenou o sistema judiciário do Estado e manteve um sistema judiciário paralelo até 2009, quando Islamabad lançou uma operação militar plena para debelar a insurreição liderada pelo Taleban ali.
Enquanto o Talibã atacava e destruía as escolas para meninas, Malala postava em seu diário no site da BBC, expondo as atrocidades do Talebã contra as mulheres, seus excessos e sua abordagem obscurantista à interpretação das leis islâmicas. No ano passado, ela foi indicada para o Prêmio Internacional da Criança pela Paz pelo grupo de defesa Kids Rights Foundation. Ela venceu.
Mas a versão do Islã do Talibã paquistanês e a agenda que deseja impor à força continuam sendo uma ameaça. O grupo considera eleições democráticas como sendo parte do sistema “secular” e anunciou que qualquer líder político que planeja disputar eleições será atacado caso visite as áreas tribais.
A declaração do Talebã de que o sistema democrático no Paquistão é anti-islâmico e suas críticas a Imran Khan, o ex-jogador de críquete paquistanês que virou político, como infiel liberal expõem o perigo do radicalismo violento que cerca o Paquistão. Mas Khan, o líder do Tehreek-e-Insaf, ou Movimento pela Justiça, é amplamente criticado por ser “brando demais” com o Talibã.
Em protesto contra os ataques por aeronaves não tripuladas, ele liderou recentemente uma marcha pela paz até a divisa do Waziristão do Sul, onde foi parado pelas Forças Armadas paquistanesas por razões de segurança. Em vez de apreciar sua ação, o Talibã condenou sua política “liberal” e ameaçou matá-lo.
O Talibã paquistanês distribuiu recentemente folhetos nos mercados nas áreas tribais, ameaçando comerciantes que vendem celulares a desistirem de seus negócios ou sofrerão as consequências. Os vendedores de celulares foram ordenados a pararem de carregar canções, filmes e fotos que o Taleban diz promover “atos anti-islâmicos”.
O plano do Talibã de moldar nosso país dotado de armas nucleares de acordo com sua visão de um Estado islâmico gera preocupações internacionais com a proliferação da violência radical islâmica e sua ameaça à estabilidade regional e mundial. Mas o ataque a Malala ressuscitou a verdadeira ideologia islâmica de paz por todo o país. Ela venceu.
Malala estava lutando pelo direito à educação – o mais alto investimento a longo prazo para impedir a talebanização. Apenas a educação pode promover uma mudança na mentalidade radical. Malala se tornou um farol luminoso. Ela venceu.

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