Medidas de austeridade, aumento do desemprego, incerteza sobre o futuro do país na União Européia: a Grécia tem sido uma constante nas manchetes globais.
A crise teve o efeito inesperado de empurrar alguns gregos do mundo da moda para novos países e recomeços.
Para Christoforos Kotentos, 36, isso aconteceu na forma da Bouclier, uma marca de moda de Los Angeles de tricôs acessíveis, fundada pelo investidor cipriota Adonis Hadjiantonas. Como diretor de criação, Kotentos recentemente supervisionou as primeiras remessas da marca para lojas dos Estados Unidos.
"Ver tudo desmoronar ao meu redor e as pessoas caírem na depressão me fez querer mudar de ambiente", disse o estilista, que deixou Atenas em julho de 2011. "Então me mudei para L.A. Lá senti que podia respirar, começar a sonhar e a ser criativo de novo." Kotentos está procurando investimentos para desenvolver sua própria marca.
Vasso Consola mudou para Berlim em janeiro. O estilista de 47 anos e seu sócio alemão fundaram a firma VDE GBR em Munique no ano passado. A marca se baseia no vestido "ID", inspirado na antiga túnica grega. As roupas estão sendo compradas por clientes da Áustria, da Alemanha, do Japão e dos Estados Unidos.
"Eu amava meu país, mas não reconhecia aquilo em que ele tinha se transformado", disse Consola. "Para mim, tratava-se de começar do zero, mas com experiência, conhecendo minhas forças e fraquezas."
O financiamento sempre foi limitado e difícil de conseguir na Grécia. Mesmo nos anos 1970 e 1980, quando os fabricantes locais produziam grandes encomendas para companhias globais, havia poucos relacionamentos saudáveis entre a produção e os talentos locais.
Hoje, "as marcas de roupas gregas lutam com uma queda muito forte na demanda, assim como margens bastante reduzidas nas vendas que restam", disse Vassilis Masselos, executivo-chefe da marca de lingerie grega Nota e presidente da Associação Helênica da Indústria de Moda. "As compras se limitam ao absolutamente necessário. Até as marcas de preços mais baixos sofrem com isso."
Entre os estilistas que decidiram apostar seu futuro no exterior estão Sophia Kokosalaki e Marios Schwab, que escolheram Londres, assim como Mary Katrantzou.
Gregos talentosos que não quiseram deixar seu país tiveram de se satisfazer com ateliês e uma produção limitada. "A moda foi a primeira coisa que sumiu de Atenas, muito antes que as pessoas começassem a perder os empregos", disse Angelo Bratis, depois de apresentar uma coleção primavera/verão 2013 na Semana de Moda de Milão.
Hoje em Roma, Bratis dá consultoria para grandes marcas e está desenvolvendo a sua própria coleção, que é vendida em lojas elegantes como Amaranto Boutique, em Milão, e Lo Spazio, em Jedá, na Arábia Saudita.
"Eu queria uma segunda chance, um próximo passo na minha carreira", disse Bratis. "A situação difícil me incentivou a ousar."
Nenhum comentário:
Postar um comentário