Folha de São Paulo
Domingo, 13 de janeiro de 2013
Japonesa testa loja de R$ 5,99 'meiga'
Daiso, rede oriental de produtos baratos com cara de desenho animado, abre em SP 1ª unidade própria na América Latina
Com faturamento anual de R$ 8 bi; empresa faz inauguração sem alarde para primeiro 'entender' consumidor brasileiro
Com faturamento anual de R$ 8 bi; empresa faz inauguração sem alarde para primeiro 'entender' consumidor brasileiro
OLÍVIA FLORÊNCIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mercado "compre porque está barato, não porque precisa" andou
enfraquecido, mas volta a ter forte competidor. A rede de lojas japonesa
Daiso abriu sua primeira loja própria na América Latina, no centro de
São Paulo.
A versão R$ 1,99 japonesa -na verdade, todos os produtos custam R$ 5,99
no Brasil; no Japão, são 100 ienes, que equivalem a R$ 2,31- vende de
esponjas de banho a máscara de herói japonês e chama a atenção pelas
cores vibrantes e a organização das prateleiras.
A rede tem cerca de 600 lojas no mundo, além das mais de 2.600 no Japão e
faturamento de R$ 8 bilhões por ano. No Brasil, a loja foi inaugurada
no último dia 22 e não teve anúncio nem festa.
O diretor da loja no Brasil, Keisuke Ohno, diz que a unidade é um teste
de consumidor brasileiro, por isso a falta de anúncio e a restrição em
divulgar o investimento inicial no país.
"Por enquanto estamos testando o local, o consumidor. Tentando
entendê-lo melhor. A gente não sabia nada do mercado brasileiro, essa é
um loja que tem principalmente essa função", afirma o diretor da rede
japonesa.
E, aparentemente, o Brasil passou no teste. Ohno diz que as vendas têm
sido ótimas. "[As vendas] estão muito acima do esperado. Tanto que
estamos com dificuldade de repor os estoques", afirma.
O diretor conta ainda que, se tudo der certo, esta será apenas a
primeira de muitas lojas no Brasil. "Vai demorar, mas a intenção é
acelerar o investimento."
O Brasil estava na rota por estar no Brics, diz o diretor, mas, além do
país, somente a China está no grupo e também tem lojas da rede -no
total, são cinco lojas no país.
Segundo os empresários, por mês, no mundo, a rede abre de 20 a 30 lojas,
contando as antigas japonesas que estão sendo reformadas e reabertas.
MADE IN JAPAN
Por ser loja própria, e não franquia, para cuidar de detalhes como a ordem dos produtos, a empresa trouxe funcionários do Japão.
Masahiro Taniguchi é o supervisor de unidade. Não fala uma palavra em
português e poucas em inglês, mas está animado com a chegada à América
Latina -a rede tem loja no México, mas é uma franquia.
Taniguchi diz que a melhor definição da loja foi a dada pelos
americanos: kawaii. A palavra japonesa é usada para definir coisas
"bonitinhas", meigas, com ar de desenho animado japonês.
Mas a loja também oferece utensílios de limpeza, de cozinha, de banho, ferramentas, artigos de jardinagem.
No Japão, a loja também vende cosméticos e produtos eletrônicos, mas
Ohno diz que a burocracia para a venda destes produtos aqui fará que
eles demorem mais para chegar ao Brasil.
Na Ásia, as lojas chegam a ter até 3.000 m². A do Brasil tem 600 m² e
cerca de 15 funcionários -a rede ainda está em fase de contratação.
A falta de divulgação fez com que o sucesso da loja ocorresse
principalmente pelo boca a boca na comunidade japonesa. "Sabemos disso.
Os clientes japoneses estavam com saudades da loja", diz Ohno.
ORIGEM
A rede nasceu no Japão em 1977, fundada por Hirotake Yano. Na Ásia, a loja está presente em 12 países.
Os produtos são feitos em sua maioria (60%) na China. "Mas quem controla
os produtos somos nós", diz o diretor. Os outros 40% de produtos são
divididos entre Japão, Vietnã e Indonésia.
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