O Iraque
suspendeu ontem as licenças de dez redes de televisão via satélite, inclusive
da Al Jazeera, por "incitação à violência e ao sectarismo".
O diretor
encarregado dos meios de comunicação, Muyahed Abulheil, disse que após várias
advertências foi preciso tomar a decisão.
"Significa
a suspensão de seu trabalho e de suas atividades". Ele ainda ressaltou que
os canais não podem mais "cobrir os acontecimentos ou circular" no
país.
O decreto diz
que as redes que tentarem trabalhar no Iraque enfrentarão ações das forças de
segurança. Ontem, o sinal continuou disponível para a população.
O governo acusa
as redes de serem "enganosas e exageradas" por levar ao ar
"chamadas claras para desordem e ataques de retaliação contra as forças de
segurança".
Entre os outros
nove canais que tiveram as licenças suspensas estão as redes iraquianas
Alsharqiya e al-Sharqiya News, que frequentemente criticam o governo, além de
pequenos canais locais, como Baghdad e al-Gharbiya.
A decisão foi
tomada no momento em que Bagdá vive uma crescente onda de violência. Há temores
de que se intensifique o conflito sectário que se seguiu à invasão liderada
pelos Estados Unidos em 2003.
Pelo menos 215
pessoas morreram e 300 ficaram feridas em confrontos desde terça, segundo as
autoridades.
Policiais
atacaram um acampamento de manifestantes sunitas perto de Huweijah, no norte.
Eles protestavam contra o primeiro-ministro xiita, Nuri Al-Maliki. Em resposta,
foram lançados ataques contra o Exército.
A rede Al
Jazeera, que tem sede no Qatar, disse estar "surpresa" com a medida.
"Nós
cobrimos todos os lados das histórias no Iraque e fizemos isso por muitos anos.
O fato de muitos canais terem sido derrubados de uma vez sugere que a decisão é
indiscriminada", disse em nota.
O canal cobriu
os levantes da "Primavera Árabe" e tem transmitido amplamente a
guerra civil na Síria.
"Insistimos
que as autoridades defendam a liberdade dos meios de comunicação para contar as
histórias importantes que ocorrem no Iraque."
O Qatar é
crítico ao regime sírio e patrocina rebeldes. O país é acusado por defensores
do governo iraquiano de apoiar protestos.
Essa não é a
primeira vez que redes de televisão têm as licenças suspensas no Oriente Médio.
Iraque e outros governos já fecharam escritórios da Al Jazeera por discordar de
sua cobertura.
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