A mídia estatal da Coreia do Norte confirmou o
afastamento de um general linha-dura do comando das forças armadas, o
mais recente sinal de uma reforma nas forças armadas na qual o líder
supremo do país, Kim Jong Un, substituiu quase metade dos altos oficiais
do país nos últimos dois anos, segundo autoridades sul-coreanas.
O afastamento do general Kim Kyok Sik e a ascensão do general Ri Yong
Gil para substituí-lo como chefe do Exército Popular norte-coreano foi a
mais recente de uma série de mudanças importantes promovidas por Kim
Jong Un para consolidar seu controle da elite norte-coreana.
Desde que chegou ao poder após a morte de seu pai, Kim Jong Il, no
final de 2011, Kim Jong Un substituiu 44% dos 218 principais postos
militares, do partido e do governo da Coreia do Norte, disse o
Ministério da Unificação sul-coreano em um relatório. Ele promoveu essas
e outras mudanças para aposentar ou marginalizar velhos generais dos
tempos de seu pai e promover um novo conjunto de assessores, que lhe
deverão diretamente lealdade.
O remanejamento de altos cargos acelerou desde julho do ano passado,
quando o vice-marechal Ri Yong Ho, um dos homens mais poderosos sob o
pai de Kim, foi repentinamente demitido como chefe das forças armadas
norte-coreanas. Ele foi substituído pelo vice-marechal Hyon Yong Chol.
Hyon não durou muito e logo foi rebaixado e substituído por Kim Kyok
Sik, em maio.
Kim Kyok Sik, 74 anos, é um dos mais antigos assessores de Kim Jong Il a
ainda manter um alto cargo, mesmo após Kim Jong Un ter promovido
generais mais jovens. As autoridades sul-coreanas acreditam que Kim Kyok
Sik comandou as unidades responsáveis pelo afundamento de um navio de
guerra sul-coreano e pelo bombardeio a uma ilha fronteiriça sul-coreana
em 2010, ataques que mataram 50 sul-coreanos.
Mas o nome dele desapareceu da mídia estatal norte-coreana após a
Comissão Militar Central do Partido dos Trabalhadores do governo ter se
reunido em agosto para discutir assuntos envolvendo pessoal.
Pouco se sabe sobre Ri Yong Gil, que está encarregado pelas operações
de campo das forças armadas norte-coreanas na condição de seu chefe. Ele
chamou a atenção de analistas externos quando a mídia norte-coreana
noticiou que ele foi um dos generais que orientaram Kim Jong Un há
alguns meses, quando a Coreia do Norte ameaçou um ataque nuclear contra
os Estados Unidos e a Coreia do Sul.
As autoridades sul-coreanas acreditam que Ri foi nomeado chefe das
forças armadas durante a reunião de agosto da Comissão Militar Central.
Mas a mídia norte-coreana mencionou seu novo título pela primeira vez
na quinta-feira, em despachos listando aqueles que acompanharam Kim Jong
Un durante uma visita ao mausoléu em Pyongyang onde jazem seu pai e seu
avô, o presidente fundador Kim Il Sung. Na quinta-feira foi o 68º
aniversário do Partido dos Trabalhadores.
Ri se junta ao general Jang Jong Nam, que se tornou ministro das forças
armadas em maio, e o vice-marechal Choe Ryong Hae, o mais alto oficial
político das forças armadas, como os três principais assessores
militares de Kim Jong Un.
Dentre os três, Choe, diretor do politburo do Exército Popular
norte-coreano, é considerado o mais poderoso. Ele apareceu com Kim Jong
Un na mídia norte-coreana com mais frequência que qualquer outro membro
da elite norte-coreana.
Choe, um ex-secretário do partido, nunca serviu nas forças armadas.
Analistas sul-coreanos veem sua ascensão repentina nas fileiras
militares sob Kim Jong Un como um sinal de que Kim está deixando o
partido reafirmar sua influência sobre os militares, à medida que
promete canalizar mais recursos nacionais para a reconstrução da
economia.
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