A Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo realizou
ontem audiência para lembrar as torturas e mortes ocorridas contra
imigrantes japoneses no Brasil em meados da década de 1940. Foi o
primeiro evento do grupo que não discutiu episódios da última ditadura
militar (1964-85).
A audiência lembrou a perseguição do Estado brasileiro contra os
japoneses, sobretudo após 1942, quando a ditadura de Getúlio Vargas
entrou na Segunda Guerra Mundial (1939-45) contra o Eixo formado por
Alemanha, Itália e Japão.
Os conflitos no Brasil se acirraram em 1946 com a divisão da comunidade
japonesa: parte acreditava na derrota e rendição do imperador japonês,
parte achava que o país tinha vencido a guerra.
Entre os ouvidos estava Tokuichi Hidaka, 87, que passou 15 anos preso
por participar da morte de um japonês que acreditava na derrota do
Japão. Ele falou dos tempos de prisão na ilha de Anchieta, no litoral
norte de São Paulo: "Entre os 170 japoneses detidos, uns 140 eram
inocentes".
A polícia brasileira, em muitas situações, prendeu japoneses flagrados
ouvindo notícias de rádio do Japão ou mesmo quem se recusava a pisar na
bandeira do país ou na foto do imperador, como forma de reconhecer a
derrota na guerra.
Rosa Cardoso, da Comissão Nacional da Verdade, acompanhou a audiência e pediu perdão pela repressão do Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário