Os diplomatas estão comemorando nos corredores do ministério egípcio
das Relações Exteriores. Depois de Londres ter anunciado, no dia 1 de
abril, uma investigação sobre as atividades da Irmandade Muçulmana em
seu território, Washington decidiu, na quarta-feira (9), inscrever o
grupo Ansar Beit al-Makdis no registro das organizações terroristas
estrangeiras. A célula, que está ativa desde a destituição do presidente
Mohamed Mursi pelo exército em julho de 2013 e estaria baseada no norte
do Sinai, reivindicou os principais atentados que abalaram o Egito nos
últimos meses.
"É um passo à frente na condenação do terrorismo.
Em breve teremos condições de provar as relações existentes entre esse
grupo e a Irmandade Muçulmana", afirmou um porta-voz da diplomacia
egípcia no jornal do governo "Al-Ahram".
Em dezembro de 2013, a
confraria foi classificada como "organização terrorista" pelo governo
egípcio. "No entanto, por ora nada prova que a Irmandade Muçulmana tenha
optado pela violência armada", relativiza Adel Souleimane, general
aposentado, hoje à frente de um think tank especializado em estratégia
militar.
No entanto, o Cairo não poupa esforços para ter a adesão dos países árabes e da comunidade internacional à sua luta contra o terrorismo. As embaixadas ocidentais mencionam que está sendo feito um trabalho em todas as direções, ainda que o pedido não tenha sido formulado explicitamente pelas autoridades egípcias. O Ministério das Relações Exteriores afirma estar cooperando e trocando informações com vários países. "Nós forneceremos todos os documentos necessários para que esses países nos ajudem contra o terrorismo", declarou um de seus porta-vozes.
No entanto, o Cairo não poupa esforços para ter a adesão dos países árabes e da comunidade internacional à sua luta contra o terrorismo. As embaixadas ocidentais mencionam que está sendo feito um trabalho em todas as direções, ainda que o pedido não tenha sido formulado explicitamente pelas autoridades egípcias. O Ministério das Relações Exteriores afirma estar cooperando e trocando informações com vários países. "Nós forneceremos todos os documentos necessários para que esses países nos ajudem contra o terrorismo", declarou um de seus porta-vozes.
Adly Mansour, o presidente interino, viajou para a
cúpula anual da Liga Árabe, no final de março, no Kuait, para levar a
mensagem do Egito. Mansour pleiteou reativação da convenção
antiterrorista, texto não restritivo e jamais aplicado, ratificado em
1998 por 18 Estados dentre os 22 membros da organização pan-arábica.
"Essa iniciativa diplomática não é nova," observa Hicham Mourad,
professor de relações internacionais na Universidade do Cairo. "Nos anos
1990, o Egito de Mubarak, que na época era atingido por uma onda de
terrorismo, esteve na iniciativa dessa convenção."
A Arábia Saudita foi a primeira a classificar a Irmandade Muçulmana como "organização terrorista" em seu território, no início de março. "Para a família real, a Irmandade Muçulmana representa uma ameaça real, pois ela constitui uma alternativa política séria à monarquia", explica Mourad.
A Arábia Saudita foi a primeira a classificar a Irmandade Muçulmana como "organização terrorista" em seu território, no início de março. "Para a família real, a Irmandade Muçulmana representa uma ameaça real, pois ela constitui uma alternativa política séria à monarquia", explica Mourad.
No entanto, com exceção dos Emirados, do Kuait e da
Arábia Saudita, que apoiaram abertamente o golpe de Estado militar
contra a confraria, é pouco provável que outros países árabes respondam
favoravelmente ao apelo egípcio. "Na Tunísia e no Marrocos, a Irmandade
Muçulmana é protagonista na vida política", observa o acadêmico. "No
início de março, a Jordânia se recusou publicamente a incluí-los em uma
lista terrorista."
A questão toda é saber o que a designação "terrorista" inclui. Se do lado de fora o governo egípcio tem praticado um lobby mais ou menos insistente, do lado de dentro de suas fronteiras ele se acelerou, estendendo o campo de aplicação de sua legislação antiterrorista no início de abril. Agora, "atentar contra a unidade nacional", a "ordem pública" e os "sistemas de comunicação" será passível de pena de morte. Essas emendas ao código penal devem ser assinadas em breve pelo presidente interino.
A questão toda é saber o que a designação "terrorista" inclui. Se do lado de fora o governo egípcio tem praticado um lobby mais ou menos insistente, do lado de dentro de suas fronteiras ele se acelerou, estendendo o campo de aplicação de sua legislação antiterrorista no início de abril. Agora, "atentar contra a unidade nacional", a "ordem pública" e os "sistemas de comunicação" será passível de pena de morte. Essas emendas ao código penal devem ser assinadas em breve pelo presidente interino.
Em um comunicado conjunto, 15 organizações
de defesa dos direitos humanos egípcias denunciam a volta de um estado
de emergência velado. "Enquanto o governo recorrer à tortura, ao
assassinato de opositores e a penas de morte em massa, ele não
conseguirá acabar com as ações terroristas", avisam os signatários.
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