sábado, 31 de janeiro de 2015
http://www.theguardian.com/world/gallery/2012/apr/20/north-korea-pictures
http://runway.blogs.nytimes.com/2015/01/30/the-lessons-of-the-michelle-obama-head-scarf-hoo-ha/?smid=fb-nytimes&smtyp=cur&bicmp=AD&bicmlukp=WT.mc_id&bicmst=1409232722000&bicmet=1419773522000&_r=0
http://globalvoicesonline.org/2015/01/30/iranian-womens-rights-advocate-mahdieh-golroo-released-from-jail/
Como
professor de matemática na Coreia do Norte, Jang Se-yul fazia parte das
classes privilegiadas do país e conseguia assentos especiais em
restaurantes e trens. Então, ele arriscou tudo isso -por uma novela da
Coreia do Sul.
Essa tentação televisiva era "Scent of a Man" [Aroma de Homem], sobre o
amor proibido entre um ex-presidiário e sua meia-irmã. Um de seus alunos
lhe ofereceu uma pilha de CDs proibidos contrabandeados para o país.
Jang e outros cinco professores foram à casa de um deles e ficaram vendo
os capítulos até o amanhecer. Eles tiveram o cuidado de fechar as
cortinas para evitar olhares curiosos, mas foram descobertos e relegados
ao trabalho braçal em uma usina elétrica.
Jang disse que eles escaparam de ir para a prisão porque pagaram
propina, mas ficaram para sempre com um estigma social -e, depois de
conhecer os confortos sul-coreanos em "Scent of a Man", ele resolveu
fugir.
Agora, lidera um grupo de dissidentes que envia novelas e outros
programas de entretenimento para a Coreia do Norte, a fim de inspirar as
pessoas a lutarem pelo fim do regime autoritário.
"Estou certo de que essas novelas têm impacto sobre os norte-coreanos.
Caso se disseminem futuramente, elas podem até fomentar movimentos
contra o governo."
Os dramas notoriamente simplórios -com títulos como "Bad Housewife"
[Dona de Casa Má] e "Red Bean Bread" [Pão de Feijão Azuki]- viraram um
cavalo de Troia que introduz visões do pujante Sul no empobrecido Norte.
A inteligência sul-coreana relatou rumores de que o líder norte-coreano,
Kim Jong-un, ficou tão abalado com a disseminação das novelas que, no
final do ano passado, ordenou a execução de dez dirigentes do Partido
Trabalhista, acusados de sucumbirem ao fascínio exercido por elas.
A infiltração dos dramas até nos círculos da elite é uma indicação dos
desafios que Kim enfrenta em um mundo globalizado. Outro indício dessa
situação complexa é a chegada à Coreia do Norte de cópias piratas de "A
Entrevista", comédia considerada pelo regime uma "ação de guerra".
As novelas da Coreia do Sul têm penetração mundial, inclusive nos
Estados Unidos. Algumas pessoas atribuem tamanho sucesso a suas tramas
de grande carga emocional; outras, às modas que são parte da "Onda
Coreana".
Um estudo realizado pelo Instituto pela Paz e Unificação, da
Universidade Nacional de Seul, com 149 dissidentes recentes mostrou que
mais de oito em cada dez tiveram contato com filmes ou canções
sul-coreanas antes de fugir.
Dissidentes dizem que as novelas tiveram um impacto enorme, menos por
suas tramas frequentemente bizarras, mas sobretudo por mostrar os
confortos cotidianos desfrutados na Coreia do Sul.
Segundo Jeon Hyo-jin, foram essas demonstrações de riqueza que a inspiraram a tomar a decisão arriscada de fugir em 2013.
"As cozinhas com torneiras de água quente e fria, pessoas namorando em
cafés, ruas repletas de carros, mulheres usando roupas diferentes a cada
dia -ao contrário de nós, que usamos diariamente a mesma jaqueta",
exemplificou Jeon. "Por meio das novelas, percebi o quanto meu país é
estranho e regido por mentiras."
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Dalia Youssef nunca sai de casa sem fones de ouvido. E não é só porque a
jovem cantora adora música, mas porque os utiliza como escudos
protetores contra uma das mais graves epidemias do Egito: o assédio
sexual.
"Antes, para mim, era difícil sair à rua. Me angustiava e deprimia
escutar a cada dia os comentários grosseiros que desconhecidos faziam
sobre mim. Com os fones, já não percebo", disse a jovem, num café do
Cairo.
Um estudo recente da ONU indica a magnitude do problema. No Egito, 99%
das mulheres adultas declaram já ter sofrido assédio sexual, e outras
50% o enfrentam diariamente. Assim, não é de estranhar que 82% das
egípcias não se sintam seguras nas ruas e que 43% afirmem que tentam não
sair de casa.
Duas documentaristas e fotógrafas estrangeiras moradoras do Cairo, a
belga Tinne Van Loon e a norte-americana de origem árabe Collette
Ghunim, tentaram reproduzir em imagens o que esses dados refletem.
Inspirado por um popular vídeo sobre assédio em Nova York, o vídeo
chamado "Creepers on the Bridge" [os asquerosos da ponte], gravado com
celular, mostra as reações dos homens que Ghunim encontrava ao cruzar a
ponte de Qasr al-Nil, no centro do Cairo. A maioria faz comentários vis
ou a olha lascivamente.
"Nosso vídeo é mais honesto que o do diretor Rob Bliss, em Nova York,
que condensa em dois minutos as experiências de uma atriz que caminhou
durante dez horas. No nosso caso, o trajeto durou menos de dez minutos",
diz Van Loon. A gravação virou um sucesso nas redes sociais.
Segundo Zeinab Sabet, membro da associação Shuftu Taharrush [sou
testemunha do assédio], a forma mais comum de abordagem são comentários
obscenos de desconhecidos e bolinações em zonas sensíveis. "Não se pode
baixar a guarda em momento algum. Se você está parada dentro do carro,
às vezes eles enfiam a mão pela janela."
Outra forma comum é o assédio telefônico. "Eles ligam ao acaso e, quando
uma mulher atende, voltam a ligar sem parar. É normal receber mais de
30 telefonemas em 60 minutos", diz Sabet.
Surpreendentemente, as situações de maior risco surgem em lugares muito
concorridos e em plena luz do dia, como manifestações, celebrações
públicas ou meios de transporte.
Em junho, uma virada inesperada na habitual inação das autoridades
ocorreu após uma jovem sofrer brutal agressão sexual por uma dezena de
homens na emblemática praça Tahrir, o epicentro da revolução de 2011.
O ataque ocorreu durante a celebração da vitória do general Abdel Fattah al-Sisi nas eleições presidenciais.
Imagens do assédio foram gravadas com um celular e, quando o vídeo
chegou às redes sociais, o presidente foi forçado a reagir, conferindo
prioridade à luta contra o assédio. Depois de alguns dias, ele assinou
um decreto que, pela primeira vez, definia o assédio sexual como delito.
O texto determina pena de seis meses a cinco anos de prisão, a depender
da gravidade do ataque, e estabelece multas entre € 320 (R$ 967) e €
5.500 (R$ 16,6 mil) --valor considerável, quando o salário mínimo do
país árabe é de apenas € 75 (R$ 227).
Os resultados, no entanto, são mínimos até agora. "Creio que haja um
pouco menos de assédio nas ruas. Mas não basta uma lei. É preciso atacar
as raízes profundas do problema", diz Van Loon, que viveu em outros
países do Oriente Médio e acredita que em nenhum deles a situação se
compare à do Cairo.
Entre os fatores que costumam ser apontados para explicar o fenômeno
estão a frustração sexual gerada por uma sociedade cada vez mais
conservadora e o desemprego elevado entre os jovens, que aumenta
substancialmente a média de idade para o casamento, sobretudo entre os
homens.
Sabet, no entanto, ressalta que o verdadeiro motivo é a "falta de
respeito e de consideração com a mulher e os seus direitos". "É
necessária uma mudança cultural desde a escola. O assédio conta com alto
grau de aceitação social e, por isso, de impunidade."
http://www.theguardian.com/world/video/2015/jan/11/muslim-drag-queen-pakistan-performance-video
http://www.dailymail.co.uk/news/article-2624164/North-Korea-Starving-people-child-labourers-dilapidated-homes-appear-harrowing-new-images-taken-inside-rogue-state.html
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/39176/Industria+de+autoajuda+chinesa+aposta+em+plagio+de+autores+ocidentais+para+atrair+leitores.shtml
sábado, 10 de janeiro de 2015
La Goutte d'Or é um dos bairros parisienses com maior população
muçulmana. Fica ao pé da colina de Montmartre, lá onde se produzia um
vinho de gotas douradas que deu nome a esse local e Zola ambientou algum
de seus romances.
Neste dia cheio de más notícias e de chuva pegajosa, Mustafah foi, como
todas as tardes, à oração das 15 horas. Os acontecimentos da véspera
continuam inquietando esse jovem de origem magrebina.
"Não gostamos nada do que aconteceu. Nossa religião não diz isso",
explica, antes de desaparecer nos corredores do Instituto de Culturas do
Islã, centro criado pela prefeitura de Paris que oferece cursos de
árabe, berber e turco, além de um espaço para exposições, casa de
banhos, salão de chá e sala de orações.
Ele se refere a um verso da quinta sura do Corão: "Quem mata uma pessoa
sem que tenha cometido um crime ou semeado a corrupção na Terra, é como
se tivesse matado toda a humanidade".
Virando a esquina, aparece Hassan. Está na França há quatro décadas,
três delas dirigindo um açougue "halal" (que segue o ritual islâmico)
neste bairro multicultural. "É uma matança sem motivo. Neste país as
pessoas podem se expressar livremente. Pode ser que eu não goste da sua
opinião, mas digo isso com palavras, e não com sangue", afirma o
açougueiro, que jura que o bairro continua chocado pelo que aconteceu na
quarta-feira. "O problema é que alguns fazem isso, mas todos nós
pagaremos."
Sua preocupação parece ser amplamente compartilhada. As associações de
muçulmanos franceses temem que o clima de islamofobia reinante - 73% dos
franceses têm uma "imagem negativa" dessa religião, segundo uma
pesquisa de 2013 - seja acentuado pelos assassinatos de 7 de janeiro.
Acabarão sendo suas vítimas colaterais? "Já estamos sendo", responde
Houria Bouteldja, a porta-voz dos Indígenas da República, coletivo
antirracista que incita a França a assumir sua herança colonial,
referindo-se aos três ataques contra mesquitas registrados ontem.
"A islamofobia já existia na França em nível cotidiano e institucional.
Esse atentado só fez dar asas e pretextos para manifestar-se de forma
ainda mais descomplexada."
Uma franco-argelina de 40 anos, Bouteldja entrou na militância depois
do 11 de Setembro, em relação ao qual hoje observa muitas semelhanças.
"Assim como na época, voltamos a ser todos culpados. Que exijam que nos
desvinculemos desse atentado é um insulto à comunidade muçulmana. Para
nos dessolidarizarmos, teríamos que ter sido solidários em algum
momento", denuncia a porta-voz, alertando contra "os que
instrumentalizam a tragédia para beneficiar a agenda política da
extrema-direita".
Elsa Ray tem 28 anos e se converteu ao islamismo já adulta. Em sua
relação com seus concidadãos, observou um antes e um depois. "Já era
delicada a questão, mas quando coloquei o véu vi como mudou o olhar dos
demais", explica Ray, que é porta-voz do Coletivo contra a Islamofobia,
associação antirracista conhecida pela contundência de seus atos e
comunicados.
Desta vez, porém, são partidários de apelar à unidade e ao comedimento.
"As vítimas colaterais do atentado não são os muçulmanos, mas a França
inteira. É preciso evitar as amálgamas e a divisão. Esse será o
principal desafio para os políticos e a mídia", opina.
Na outra margem do Sena, as instituições que representam os muçulmanos
franceses se expressam no mesmo sentido. O moderado Dalil Boubakeur,
reitor da Grande Mesquita de Paris, qualificou o atentado como "um ato
de barbárie".
"É uma declaração de guerra estrondosa. Os tempos mudaram. Entramos em
um novo período desse confronto", afirma Boubakeur, que também preside o
Conselho Francês do Culto Muçulmano, criado em 2003 como interlocutor
da população islâmica junto às autoridades e o encarregado de coordenar a
construção de mesquitas e a formação dos religiosos franceses.
"Mais que nunca, os valores da República, isto é, liberdade - incluindo
a de expressão -, igualdade e fraternidade, devem ser nosso bem comum",
completou a Reunião de Muçulmanos da França, cujo presidente, Anouar
Kbibech, assumirá em junho a frente desse Conselho.
Para todos eles, seria o caso de impedir a queda na "armadilha política
preparada pelos terroristas", como afirma Robert Badinter, ministro da
Justiça no tempo de François Mitterrand, que em 1981 prescreveu a pena
de morte que hoje alguns radicais pretendem desenterrar. "Esperam que a
ira e a indignação se traduzam na expressão de rejeição e hostilidade
contra todos os muçulmanos da França", declarou.
O escritor marroquino Tahar Ben Jelloun, por sua vez, publicou ontem
sua análise nas colunas de uma edição especial do jornal "Le Monde"
intitulada "O 11 de Setembro francês". "Não é um desvario de alguns
valentões, mas uma vontade radical e feroz de impedir que os muçulmanos
pratiquem sua religião em terra laica (...) para transformá-los em
inimigos da França", declarou o escritor marroquino.
Raif Badawi foi condenado a receber 1 mil chibatadas, a 10 anos de prisão e a pagar uma multa do equivalente a US$ 266 mil.
Segundo
informações da organização de defesa de direitos humanos Anistia
Internacional, Badawi foi preso em 2012 por ter criado o site Árabes
Sauditas Liberais, que promovia um fórum de debate público.
Badawi recebeu as primeiras 50 chibatadas nesta sexta-feira e, segundo ativistas, será açoitado semanalmente.
Grupos de defesa de direitos humanos criticaram a condenação e os Estados Unidos fizeram um apelo por clemência.
A
porta-voz do departamento de Estado americano Jen Psaki instou as
autoridades sauditas a rever o caso e cancelar a "punição brutal".
Segundo testemunhas, o açoitamento foi realizado em frente a uma mesquita na cidade de Jidá após as orações de sexta-feira.
Testemunhas ouvidas pela agência de notícias France Press disseram que Badawi foi levado à mesquita em um carro de polícia.
Depois de ouvir as acusações, ficou de costas em frente a uma multidão e recebeu as chibatas - em silêncio, segundo testemunhas.
"O
açoitamento de Rauf Badawi é um ato de crueldade probido por leis
internacionais", disse Said Boumedouha da Anistia Internacional.
"Ao
ignorar os pedidos internacionais (pelo cancelamento da punição), a
Arábia Saudita demonstrou o seu desprezo pelos princípios mais básicos
de direitos humanaos", disse ele.
Na Arábia Saudita, a oposição
política não é tolerada e o país segue uma visão rigorosa das leis
islâmicas. O país também tem um dos mais altos índices de utilização de
redes sociais da região - e reprime com duras penas críticas veiculadas
na internet.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
domingo, 4 de janeiro de 2015
Rumi Yoshida acaba de manobrar para estacionar seu caminhão de dez
toneladas e relaxa na cabine após nove horas entregando alimentos e
bebidas em Tóquio.
"Eu gosto da liberdade desse trabalho", diz Yoshida, uma das 180
motoristas da companhia Shimizu Unyu. "Não acho que seja inapropriado
para mulher. Meus colegas homens não me tratam de forma diferente."
A decrescente força de trabalho, consequência de uma força de trabalho
que está entre que as envelhecem mais rápido no mundo, está ajudando a
mudar a cultura em indústrias antes dominadas por homens, como
construção e transporte de produtos.
"Sempre havia candidatas, mas nós não as contratávamos", disse Eiji
Shimizu, presidente-executivo da Shimizu Unyu. "Havia muitos
interessados nas vagas e tínhamos o temor de que mulheres não
conseguiriam trabalhar por períodos longos, devido à natureza da função,
que envolve carregar pacotes."
Porém, à medida que o número de interessados foi caindo, a Shimizu Unyu
abriu as portas para as mulheres, que agora representam 1 de cada 10
motoristas da empresa.
Isso reflete uma tendência nacional. Entre janeiro de 2007 e outubro de
2014, a população japonesa em idade para trabalhar caiu 7%, e o número
de vagas superou o de interessados em 10%.
Nesse ambiente de disputa cada vez maior por empregados, a fatia das
mulheres na força de trabalhou bateu recorde em outubro: 67%.
"Os empregadores não têm mais escolha", afirmou Atsushi Seike, professor
especializado em mercado de trabalho da Universidade Keio. "É realmente
uma ótima notícia. Já perdemos mulheres talentosas no passado."
A mudança é especialmente bem-vinda para mulheres que desejam entrar em áreas que antes eram consideradas inadequadas para elas.
Michiko Iwaza, 25, trabalha como supervisora de construção, apesar dos
conselhos de seus professores de arquitetura na Universidade de Tóquio,
que diziam que era uma tarefa "suja, perigosa e difícil".
Essa imagem, no entanto, está defasada, diz Iwaza, que trabalha na
Kajima, um dos principais grupos de construção do país. "Os locais são
mais limpos e menos perigosos do que antes, os funcionários não gritam
mais o tempo todo como costumavam."
Iwaza não é a única. Está cada vez mais comum encontrar mulheres nos
locais de construção no Japão, resultado dos preparativos para a
Olimpíada de Tóquio, em 2020, edo aumento dos gastos com infraestrutura
como parte do pacote de estímulo lançado pelo governo.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
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