A israelense SodaStream, maior produtora de máquinas de bebidas gasosas
do mundo, com 24 milhões de consumidores em 45 países, fecha nesta
quarta (16) sua operação em Mishor Adumim, na Cisjordânia (território
palestino), onde estava há três décadas.
Em 2014, a empresa e sua garota propaganda, a atriz Scarlett Johansson,
estiveram no centro de um protesto do movimento BDS (Boicote,
Desinvestimento e Sanções), que prega boicote a empresas israelenses na
Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Há anos, eles protestam em frente a algumas das 70 mil lojas que vendem
as máquinas da SodaStream. Afirmam que a empresa "lucra indevidamente"
ao atuar em terras "roubadas" dos palestinos. Israel afirma que a
Cisjordânia está em disputa e que as fábricas não se apropriam de
recursos naturais.
A empresa, no entanto, diz que o motivo da transferência é deixar uma
fábrica velha por outra novíssima, de 175 mil m², no sul de Israel.
Enquanto ativistas palestinos comemoram a medida, os 500 funcionários
palestinos de Mishor Adumim lamentam. "Queremos só trabalhar, com
palestinos ou israelenses. Fechar fábricas que sustentam famílias é um
desastre para nós", diz o gerente de turno Ali Zayapa, 39, morador da
Cisjordânia e pai de cinco filhos.
Ali se preocupa com o futuro dos colegas de fábrica, ameaçados pelo
desemprego de 30% na Cisjordânia e pela burocracia israelense. O governo
de Israel só deu, até o momento, 130 vistos para que operários possam
ser transferidos para a nova unidade.
Daniel Birnbaum, presidente-executivo da SodaStream, diz que quer manter
na folha de pagamentos todos os 500 funcionários palestinos da antiga
fábrica.
Para substituir quem ainda não tem visto, está contratando beduínos da
vizinha Rahat (a maior cidade beduína de Israel, com 30 mil habitantes).
Birnbaum diz que o boicote à SodaStream, que tem 11 fábricas no mundo, é
uma pedra no sapato. Três revendedores cancelaram os contratos com a
SodaStream, nos últimos anos: John Lewis (Reino Unido), Silvan
(Dinamarca) e Yodobashi Camera (Japão). Em julho de 2014, 17 países
europeus decidiram parar negócios com empresas israelenses com presença
na Cisjordânia. Alguns exigem comprar produtos da SodaStream feitos na
China.
Nenhum comentário:
Postar um comentário