terça-feira, 15 de setembro de 2015


https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR8fur9Z669yPiI3JsVN18JKACYZDH6fmEQLNyVthMWJAt_CQ_f

A polícia japonesa está em alerta. Yamaguchi-gumi, a mais poderosa das famílias da yakuza, a máfia japonesa, dividiu-se e ameaça declarar uma guerra interna ao completar seu centenário. Originária da cidade de Kobe, no oeste do Japão, formada por cerca de 55 mil integrantes - na imensa maioria homens - e agrupada em 850 clãs, esta família expulsou 13 facções dissidentes. Os líderes dessas facções decidiram formar um grupo rival, ao qual se somaram cerca de 3 mil membros. O novo bando terá praticamente o mesmo nome - Kobe Yamaguchi-gumi - e os mesmos símbolos, segundo fontes policiais informaram ao jornal "Asahi Shimbun".
A razão que o novo grupo alega para se formar é o "egoísmo exagerado" do atual chefe da Yamaguchi-gumi, Kenichi Shinode, de 73 anos. Também conhecido como Shinobu Tsukasa, ele está à frente dessa família da yakuza desde 2005. Esse chefão, a sexta geração de dirigentes de uma organização que nasceu em 1915 como um sindicato de estivadores, é acusado por seus rivais de querer organizar já sua sucessão para deixar como herdeiros alguns de seus homens mais fiéis, acima da hierarquia do grupo. Também o criticam por se apoderar das receitas da organização.
Receitas que, aparentemente, já não são o que foram. As facções da yakuza, nascidas em sua maioria do mundo do jogo e que ainda baseiam nele muitos de seus ritos, não são por si sós organizações ilegais. Estão muito integradas à cultura popular japonesa, que exalta alguns de seus valores, como a lealdade e seus rígidos códigos de conduta, e parte de suas atividades é legítima. No terremoto de Kobe em 1995, a Yamaguchi-gumi prestou socorro antes inclusive que as próprias equipes de emergência e contribuiu até com um helicóptero.
Outras de suas atividades não são tão louváveis; pelo contrário. Como outras máfias, a yakuza japonesa tem negócios de tráfico de pessoas, extorsão contra grandes empresas ou venda de drogas. Aparentemente, porém, tanto suas atividades legítimas quanto as ilegais se tornaram menos lucrativas nos últimos tempos, afetadas por anos de luta policial e pelo declínio da economia japonesa.
Contudo, a revista "Fortune" calcula as receitas da Yamaguchi-gumi em cerca de US$ 80 bilhões, a maior quantia de uma organização criminosa em todo o mundo e um butim nada desprezível.
Isso provocou os temores de que possa começar uma guerra declarada entre esta organização e a cisão, chefiada, ao que parece, por Junio Inoue, 67 anos, e líder da facção Yamaken-gumi. A perspectiva de um confronto deixa as forças de segurança em estado de alerta. Em 1984, a violência entre bandos da yakuza deixou 30 mortos e dezenas de feridos, muitos dos quais eram alheios ao crime organizado.
Como primeira medida preventiva, nesta semana a polícia japonesa já iniciou uma batida nas instalações da nova organização. O objetivo declarado era investigar acusações de que se haviam apoderado de maneira ilegal de cartões de crédito e de cartões de telefone de idosos. Mas sua intenção também era saber mais sobre a nova Kobe Yamaguchi-gumi.
O ministro porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, manifestou a esperança de que a cisão sirva de oportunidade para enfraquecer ainda mais esses grupos. E Ichiro Kume, o chefe de polícia da prefeitura onde se localiza Kobe, declarou que pretende consegui-lo "com campanhas estratégicas e precisas contra seus recursos humanos e também contra suas fontes de renda".

Nenhum comentário: