A desaceleração da economia chinesa,
que cresce no menor ritmo desde 2009, derrubou os preços das principais
matérias-primas e alimentou o receio de deflação prolongada no mundo.
A China anunciou na manhã desta segunda (noite de domingo no Brasil)
redução do ritmo de crescimento anual de 7% para 6,9% do segundo para o
terceiro trimestre de 2015.
Um dos dados mais preocupantes foi a desaceleração dos investimentos,
sugerindo menor capacidade de produção. O investimento em infraestrutura
e máquinas cresceu 6,8% no terceiro trimestre; no segundo trimestre,
superava 10% e, em 2014, 15%.
A ameaça de redução generalizada nos preços americanos de combustíveis,
alimentos e insumos aumenta a pressão para que o Fed (BC dos EUA) adie a
alta de juros, prevista pela maioria do mercado entre o fim de 2015 e
início de 2016. Uma das metas do BC é de uma inflação próxima a 2% —ela
ficou zerada no mês passado.
O Fed, que citou temor com a China em setembro para manter os juros
perto de zero, decide sobre a taxa americana na semana que vem.
Comum nas recessões prolongadas, como a do Japão nos anos 90, a deflação
segura o crescimento econômico ao estimular o consumidor a adiar gastos
e a manter o dinheiro no banco, mesmo com juros próximos de zero. Com
os preços em queda, o dinheiro rende mais no futuro.
Diante da fraqueza da segunda maior economia do mundo, os preços do
petróleo recuaram nesta quarta mais de 3% e arrastaram também os metais e
os alimentos.
O impacto foi sentido nas moedas dos países produtores de insumos e
alimentos para China, como o Brasil. Com exceção do dólar de Hong Kong,
as demais 23 moedas emergentes caíram, segundo a Bloomberg (veja quadro
abaixo). As maiores baixas foram as das moedas malaia (-2,3%), russa
(-1,4%) e brasileira (-1,35%).
Maior parceira comercial do Brasil, a China compra 20% das exportações
do país. Os principais itens exportados são soja e minério de ferro,
produzido pela Vale.
As ações preferenciais (sem voto) da Vale caíram 3,09%, para R$ 14,72,
apesar de a companhia ter anunciado recorde na produção de minério de
ferro no terceiro trimestre. O Ibovespa, principal termômetro dos negócios, avançou 0,45%.
No país, as preocupações em relação à China se somaram às dúvidas sobre a permanência do ministro Joaquim Levy no governo.
Pela manhã, a moeda americana chegou a ser negociada acima de R$ 3,90. O
dólar à vista (mercado financeiro) subiu 1,37%, para R$ 3,894. O
comercial teve alta de 0,12%, para R$ 3,878.
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