A Fundação Japão em São Paulo tem seu foco no cinema. Nos dias 26, 27 e 28 de maio de 2010, das 15h às 17h30, a mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e pesquisadora Marcela Silvia Canizo ministra o curso “De Rashomon à A Partida. Um percurso pelo sucesso do cinema japonês no Ocidente”, gratuitamente, no Espaço Cultural da instituição.
Dividido em três módulos distintos, o evento tem como proposta analisar alguns filmes selecionados e revisar seu contexto tanto na produção no Japão quanto na recepção no ocidente, observando as características deste fenômeno no Brasil. O antropólogo e integrante do Grupo de Antropologia Visual (GRAVI) da Universidade de São Paulo, Alexandre Kishimoto, participa do primeiro encontro e fala sobre "Exibição e recepção dos filmes japoneses nos cinemas da Liberdade".
O primeiro encontro é dedicado a produção dos anos 50; o segundo aos anos 60 e 70 e o terceiro, dos anos 80 até os dias atuais.
“Rashomon”, “Os sete samurais”, e “Era uma vez em Tóquio” são alguns dos filmes analisados no evento. Eles foram escolhidos como alguns dos melhores filmes de todos os tempos por diretores e críticos de cinema, a pedido da revista britânica Sight & Sound, em 2002.
Influência mundial
Desde a premiação de Rashomon com o Oscar ao melhor filme estrangeiro, e ao melhor filme no Festival de Veneza, em 1950, a recepção da produção cinematográfica japonesa pelo público ocidental passou por diversos momentos, acompanhando as tendências da teoria e a crítica cinematográfica, assim como os acontecimentos sociais e políticos mundiais. Cada época recebeu os filmes japoneses com entusiasmo, e muitas vezes serviram de inspiração a diversos “remakes”.
No século XXI, após o reconhecimento da produção nipônica, por sua história e sua influência, o animê e o cinema de terror atraem um grande público juvenil, incentivando os pesquisadores e fãs da tradicional “sétima arte”, através da emergência de um campo de estudos sobre o cinema mundial, o “World cinema”.
No Brasil, o cenário tem características interessantes, já que os espectadores tiveram acesso à salas exclusivas, entre 1953 e 1988, como os cinemas Niterói, Tokio, Jóia, e Nippon, na Liberdade, em São Paulo.
Marcela Silvia Canizo é argentina, mas residente no Brasil desde 2002. É Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2004-2006. Realizou projeto de pesquisa “Orientalismos no cinema ocidental” sob orientação da profa. Dra. Christine Greiner. Licenciada em Artes pela Universidade de Buenos Aires (UBA), Buenos Aires, 1985-1990.
Pesquisadora free-lance do Centro de Estudos Orientais – PUC SP e realizou diversas atividades culturais em 2008, ano das Comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, como a “Mostra de Cinema Japonês - 100 Anos de Japão no Brasil”, no CCBB-SP; a palestra “Luzes e sombras no cinema” no Ciclo de Palestras Meu Japão Brasileiro, na Caixa Econômica Federal – SP; palestra “O quimono no cinema” no ACCIJB, no Centro de Exposições Anhembi e curadoria audiovisual da exibição, junto com o Prof. Dr. Almir Almas, no evento “Tokiogaqui”, no SESC Paulista.
Alexandre Kishimoto é antropólogo, integrante do Grupo de Antropologia Visual (GRAVI) da Universidade de São Paulo. Concluiu e defendeu recentemente, junto ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, uma dissertação de mestrado intitulada “A experiência do cinema japonês no bairro da Liberdade".
Programa
Encontro 1
- A década dos 50 na produção cinematográfica japonesa. A época de glória dos estudos cinematográficos. O gênero histórico. O cinema e política de Ocupação. Os filmes estrangeiros voltam ao Japão. O cenário brasileiro. Criação do cinema Niterói no Bairro de Liberdade. Os grandes festivais descobrem o cinema japonês.
Participação especial de Alexandre Kishimoto.
Filmes escolhidos:
“Rashomon”, de Akira Kurosawa (Rashomon; 1950; Festival de Veneza 1951 - Leão de Ouro; indicado ao Oscar 1953 – Direção de Arte; Blue Ribbon 1951 – Melhor Filme; National Board of Review 1951 – Direção)
“O Portal do Inferno”, de Teinosuke Kinugasa (Jigokumon; 1953; Festival de Cannes 1954 – Grande Prêmio; Oscar Honorário e Oscar Figurino 1955)
“Contos da Lua Vaga”, de Kenji Mizoguchi (Ugetsu monogatari; 1953; Festival de Veneza 1953 – Leão de Prata; indicado ao Oscar 1956 – Figurino)
“Os Amantes Crucificados”, de Kenji Mizoguchi (Chikamatsu monogatari; 1954; Blue Ribbon; – Festival de Cannes 1955 - indicado à Palma de Ouro)
Encontro 2
- A década dos 60 e 70 na produção cinematográfica japonesa. A criação do ATG. As produtoras independentes. A crítica do Cahiers do Cinemá. A crítica do “estilo japonês”: Burch e o olhar distante, Schrader e o cinema transcendental. O olhar humanista. O cinema de autor.
Filmes escolhidos:
“Yojimbo – O Guarda Costas”, de Akira Kurosawa (Yojimbo; 1961; Festival de Veneza 1961 - Volpi Cup Ator/Toshiro Mifune ; Kinema Jumpo 1962– Ator/Toshiro Mifune; Blue Ribbon 1962 – Ator/Toshiro Mifune; indicado ao Oscar 1962– Figurino)
“Harakiri”, de Masaki Kobayashi (Seppuku; 1962; Festival de Cannes 1963 - Prêmio Especial do Juri; Blue Ribbon 1963 – Ator/Tatsuya Nakadai; Kinema Jumpo 1963 – Ator/Tatsuya Nakadai; Mainichi Film Concours 1963; Festival de Cannes 1963 - indicado à Palma de Ouro)
“Kwaidan – As Quatro Faces do Medo”, de Masaki Kobayashi (Kaidan; 1964; Festival de Cannes 1965 – Prêmio Especial do Juri; Kinema Jumpo 1965 – Filme; Mainichi Film Concours 1966; Santi Jordi 1968 – Filme Estrangeiro; Festival de Cannes 1965 – indicado à Palma de Ouro; Oscar 1966 – indicado para Melhor Filme Estrangeiro)
“A Mulher de Areia”, de Hiroshi Teshigahara (Suna no onna; 1964; Festival de Cannes 1964 – Prêmio Especial do Juri; Blu Ribbon 1965 – Direção/Filme; Kinema Jumpo 1965– Filme/Direção; Mainichi Film Concours 1965; Festival de Cannes 1964 - indicado à Palma de Ouro ; Oscar 1965 – indicado para Melhor Filme Estrangeiro; indicado ao Oscar 1966 – indicado para Melhor Direção)
“Final de Verão”, de Yazujiro Ozu (Kohayagawake no aki; 1962; Festival de Berlim 1962 – indicado ao Leão de Ouro; Mainichi Film Concours 1962 – atriz coadjuvante/ Michiyo Aratama)
“Eros + Massacre”, de Yoshishige Yoshida (Erosu purasu gyakusatsu; 1969)
“Duplo Suicídio em Amijima”, de Masahiro Shinoda (Shinju ten no amijima; 1969;Kinema Junpo Awards 1970 – atriz/Shima Iwashita, diretor/Masahiro Shinoda, filme; Mainichi Film Concours 1970 – atriz/Shima Iwashita, filme, música/Hideo Nishizaki.
“Dersu Uzala”, de Akira Kurosawa (Dersu Uzala; 1975; Oscar 1976 – melhor filme estrangeiro; Cinema Writers Circle Awards, Spain 1977 – melhor filme experimental e de arte; Moscow International Film Festival 1975 - FIPRESCI Prize, Golden Prize; Italian National Syndicate of Film Journalists 1977 – melhor diretor de filme estrangeiro; French Syndicate of Cinema Critics 1978 – melhor filme estrangeiro; David di Donatello Awards 1977 – melhor diretor de filme estrangeiro)
“O Império dos Sentidos”, de Nagisha Oshima (Ai no corrida; 1976; British Film Institute Awards 1976 - Sutherland Trophy; Hochi Film Awards 1976 – ator/Tatsuya Fuji)
Encontro 3
- Dos anos oitenta até o cenário atual. Retomada da produção. Globalização. Os gêneros revisitados. O cinema mundial no campo de novos estudos. Os prêmios continuam, e as “remakes” de filmes japoneses se multiplicam.
Filmes escolhidos:
“A balada de Narayama”, de Shohei Imamura (Narayama bushiko; 1983; Festival de Cannes 1983 – Palma de Ouro; Academia Japonesa de Cinema 1984 – filme, ator/Ken Ogata, som; Blue Ribbon Awards 1984 – ator/Ken Ogata, Mainichi Film Concours 1984 );
“A Promessa”, de Yoshishige Yoshida (Ningen no yakusoku; 1986, Mainichi Film Concours 1987 – atriz coadjuvante/Sachiko Murase, produção cinematográfica; San Sebastián International Film Festival 1986)
“O Ferrão da Morte”, de Kohei Oguri (Shi no toge; 1990; Festival de Cannes 1990– prêmio FIPRESCI, Grande Prêmio do Júri/ Kohei Oguri; Hochi Film Awards 1990 – atriz/Keiko Matsuzaka; Kinema Junpo Awards 1991 – ator/Ittoku Kishibe, atriz/Keiko Matsuzaka)
“A Enguia”, de Shohei Imamura (Unagi; 1997; Festival de Cannes 1997 – Palma de Ouro; Camerimage 1997 – indicado para Golden Frog; Independent Spirit Awards 1999 – indicado para melhor filme estrangeiro)
“Hana-bi”, de Takeshi Kitano (Hanabi; 1997; Argentinean Film Critics Association Awards 2000 – indicado para melhor filme estrangeiro; Chicago Film Critics Association Awards 1999 – indicado para melhor filme estrangeiro; Cinema Brazil Grand Prize 2000 – indicado para melhor filme estrangeiro; César Awards, France 1998 – indicado para melhor filme estrangeiro; European Film Awards 1997 – prêmio de melhor filme estrangeiro; Festival de Veneza 1997 – Leão de Ouro; Russian Guild of Film Critics 1999 – ator/Takeshi Kitano)
“Maborosi”, de Hirokazu Kore-eda (Maboroshi no hikari; 1995; Festival de 1995 – prêmio Dragons and Tigers; Festival de Veneza 1995 – direção/indicado ao Leão de Ouro; Chicago International Film Festival 1995 – prêmio Gold Hugo)
“A Viagem de Chihiro”, de Hayao Miyazaki (Sen to Chihiro no kamikakushi; 2001; Oscar 2003 - melhor filme de animação; Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, USA 2003 –melhor filme de animação; Festival de Berlim 2002 – Urso de ouro; Amsterdam Fantastic Film Festival 2003 – prêmio Silver Screen; Cambridge Film Festival 2003 – melhor filme; Cinema Writers Circle Awards, Spain 2003 - indicado para melhor filme estrangeiro; San Francisco International Film Festival 2002 – melhor roteiro ; Dallas-Fort Worth Film Critics Association Awards 2003 – prêmio de melhor filme animado)
“Suzaku”, de Naomi Kawase (Moe no suzaku; 1997; Festival de Cannes 1997 – prêmio Golden Camera; Chicago International Film Festival 1997 – indicado para melhor filme; Rotterdam International Film Festival 1997 – prêmio FIPRESCI, indicado para prêmio Tiger; Valladolid International Film Festival 1997 – indicado para o Golden Spike.)
“A Partida”, de Yojiro Takita (Okuribito; 2008; Oscar 2009 - melhor filme estrangeiro; Asian Film Awards 2009 – ator/Masahiro Motoki; Montréal World Film Festival 2008 - Grand Prix des Amériques; Palm Springs International Film Festival 2009 – melhor roteiro; Wisconsin Film Festival 2009 – melhor roteiro)
Serviço:
Curso: De Rashomon à A Partida. Um Percurso pelo sucesso do cinema japonês no Ocidente
Data: 26, 27 e 28 de maio de 2010, das 15h às 17h30
Local: Espaço Cultural Fundação Japão
Av. Paulista, 37 – 1º andar - Paraíso
Entrada Gratuita
É necessário fazer inscrição prévia com envio de nome e telefone de contato para o e-mail info@fjsp.org.br
Vagas: 50 pessoas Informações, fotos e contatos para imprensa:
Erico Marmiroli - (11) 9372 7774 / (11) 3865 0656 - erico.marmiroli@gmail.com
Sandra Keika Fujishiro - (11) 3141 0110 - kei@fjsp.org.br