segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

MICHIKO QUE MANDOU:

Queridos, gostaria de lhes avisar que  que vou
dar uma palestra sobre a Arte Japonesa no SESC Belenzinho na quarta
a partir das 19:30h. 
Quem tiver interesse e tempo, aqui vai o link:
http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/mostra_detalhe.cfm?programacao_id=212593 
 
Precisa se inscrever pelo: 
cursos@belenzinho.sescsp.org.br

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

MARIE COLVIN
1956-2012

COMPANHIA FLUTUANTE

O projeto da companhia Flutuante traz Letícia Sekito dividindo a cena com Priscila Jorge e Alex Ratton. O espetáculo aborda a sensualidade e o erotismo no corpo e busca nos aproximar da experiência do prazer por meio das sensações de usufruir pequenos (que podem se revelar grandes) deleites no nosso dia a dia. A produção se inspira nas gravuras japonesas do período Edo (1603-1868), chamadas “Ukiyo-ê”, que retratam o universo idílico e fantasioso do “Mundo Flutuante”, e usa como referência filmes que se conectam com o tema, como “Utamaru e suas 5 mulheres”, “Duplo suicídio em Amijima”, “O livro de cabeceira”, “Amor à flor da pele”, “Exótica”, entre outros. A peça coreográfica é composta por quadros-cenas que sugerem situações de relações íntimas de forma sutil e delicada, ampliando a noção do que pode ser sensual e/ou erótico no momento de encontro entre corpos, pessoas e paisagens. Espaço Cênico. SESC Pompeia Dia(s) 29/02, 01/03, 07/03, 08/03, 14/03, 15/03, 21/03, 22/03 Quartas e Quintas, às 21h R$ 12,00 [inteira] R$ 6,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante] R$ 3,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

ENCONTROS DO CEO


02/03, SALA 4A-07, 13:00

HIDEAKI NITANI
1930-2012








O vietnamita Pham Ngoc Canh conheceu Ri Yong-hui em 1971, quando viajou para a Coreia do Norte para estudar Química. Ele se apaixonou instantaneamente pela mulher, que viu de relance pela porta entreaberta de um laboratório em Hamhung. Canh disse que, ao vê-la, imediatamente pensou: "Gostaria que ela fosse minha esposa". Mas, para realizar este desejo, teve de esperar três décadas. Ele saiu da Coreia do Norte em 1973, mas continuou escrevendo para Yong-hui durante os próximos 30 anos. Por conta da oposição do governo norte-coreano em relação a contatos com estrangeiros, Canh teve de fazer seu próprio lobby pela "unificação". Em uma ocasião, levou 40 cartas de amor escritas durante um período de 20 anos à embaixada norte-coreana para tentar conseguir ajuda. Atuando como tradutor para equipes de esportistas, Canh visitou a Coreia do Norte várias vezes. Em uma dessas viagens, lhe disseram que Yong-hui, que trabalhava em uma fábrica de fertilizantes, havia se casado - ou morrido. Mas ele se recusou a acreditar que tinha perdido o amor da sua vida. A última carta dela havia chegado em 1992. Nela, Yong-hui lembrava Canh de que embora os dois tivessem envelhecido, o amor que sentiam era eternamente jovem. Em 2001, ao ouvir que uma delegação vietnamita iria visitar Pyongyang, Canh decidiu fazer uma última tentativa. Ele escreveu para o presidente do Vietnã e para o Ministério das Relações Exteriores. Meses depois, recebeu das autoridades norte-coreanas algo que esperara por 30 anos: permissão para se casar com Ri Yong-hui. Cerca de 700 pessoas compareceram à cerimônia de casamento, em 2002. Muitos choraram ao saber dos obstáculos que aquele amor havia vencido para poder chegar a um final feliz. Hoje, o casal, com cerca de 60 anos de idade cada um, vive em um apartamento modesto em Hanói, a capital do Vietnã. Eles podem ser vistos passeando pela cidade em sua velha motocicleta, ou andando de mãos dadas. "Meus sentimentos por ela continuam os mesmos. Nada mudou", disse Canh.
A taiwanesa Foxconn, que fabrica produtos da Apple e da Dell, entre outras empresas, vai aumentar o salário de funcionários de suas fábricas chinesas, segundo o jornal "The New York Times". A companhia informou, anteontem, que os salários de alguns funcionários vão subir imediatamente entre 16% e 25%, para cerca de US$ 400 por mês (cerca de R$ 685). A Foxconn, que já foi acusada de violar direitos trabalhistas na China pelo número excessivo de horas extras, também disse que pretende diminuir essa prática. A medida acontece no momento em que crescem as críticas contra a as condições de trabalho de vários fornecedores da Apple na China. A Apple anunciou que a ONG Fair Labor Association iria promover auditorias nas fábricas de seus fornecedores e que divulgaria os resultados.
Microblogueiros chineses estarão proibidos de escrever ou retuitar posts caso não se registrem com seu nome real até o dia 16 de março. O prazo, anunciado anteontem, regulamenta uma controvertida tentativa do governo de controlar melhor a internet do país, com mais de 500 milhões de usuários. A medida foi anunciada anteontem pelo Escritório de Informação da Internet de Pequim e vale para os sites de microblog (weibo, em mandarim) com sede na capital chinesa -três dos quatro maiores do país. O Twitter é bloqueado na China, assim como Facebook e YouTube. Os usuários que não se registrarem até a data-limite não terão a conta cancelada, mas só poderão ler os posts. A decisão de exigir nomes verdadeiros foi tomada em outubro, durante o Congresso do Partido Comunista. A exigência só vem sendo imposta a novos usuários. Cerca de 320 milhões de chineses têm microblogs, que, nos últimos anos, se tornaram a principal plataforma da opinião pública do país. "A necessidade do registro de uma identidade real cria a possibilidade de vigia do governo sobre certos indivíduos. É como a virtualização da prisão domiciliar para dissidentes e críticos", afirma a mestranda gaúcha Fernanda Morena, da Universidade do Povo, onde estuda um dos microblogs, o Sina Weibo. "Mas é preciso também entender que o weibo é pouquíssimo usado como forma de protesto ou organização de ativismo político. Os assuntos mais comentados e retuitados são sobre personalidades, humor ou questões sociais como a recente alta do preço do diesel", afirma. O governo chinês já mantém uma rigorosa vigia nos microblogs. Um dos recursos mais usados é o bloqueio de termos "sensíveis", como o nome do ativista Liu Xiaobo, condenado a 11 de prisão e Nobel da Paz de 2010.
Um dos esportes mais tradicionais do Japão, o sumô passa por uma série crise no país e só em 2011 acumulou dívidas que chegam quase a US$ 50 milhões (R$ 85,56 milhões). A situação piorou com a divulgação de um escândalo de manipulação de resultados que desencadeou o “black-out” da televisão e um alerta do governo. “Nós nos encontramos em uma posição extremamente difícil. Temos que enfrentar o problema e rapidamente restaurar a fé do público no sumô”, afirmou Kitanoumi, presidente da Associação Japonesa de Sumô (ACC). Depois que uma operação policial descobriu por meio de mensagens trocadas por telefones celulares um esquema de manipulação de resultados, a entidade que comanda a modalidade no Japão foi obrigada a suspender o último torneio da primavera. Além desse escândalo, o esporte ainda foi alvo de outra polêmica no final do ano passado, quando o chefe de um ginásio de sumô atacou com os lutadores com um taco de golfe. As polêmicas levaram a demissão em massa dos envolvidos com o sumô, que em conjunto com prisões e condenações abalaram a imagem do esporte perante o público e ainda colocaram em risco os incentivos ficais especiais oferecidos pelo governo que avisou que a modalidade precisa “limpar o nome" para não perder o benefício.

O corredor Bahaa al Farra prepara-se para a Olimpíada de Londres desafiando as forças da natureza e desviando dos buracos deixados nas ruas de Gaza por vários anos de conflito entre palestinos e israelenses. O atleta de 19 anos treina durante três horas diárias no estádio Yarmouk, nas ruas de terra e na praia, usando tênis surrados que foram doados pelo rico Qatar ao Comitê Olímpico Palestino. Os atletas palestinos se queixam da escassez de apoio financeiro interno e da falta de equipamentos e treinadores, que seriam cruciais para lapidar jovens talentos. Mas só competir em Londres já é a realização de um sonho nacional. Ver em tamanho maior

"Vai ser maravilhoso representar a Palestina", disse Bahaa que, apesar de manter um sonho quase impossível de medalha olímpica, gostaria pelo menos de ser o porta-bandeira de seu país na cerimônia de abertura dos Jogos. "Eu espero carregar a bandeira e dizer a todo mundo que, apesar das dificuldades, nós existimos". Segundo o técnico de Bahaa, o fundista precisaria de uma verba de US$ 12 mil para financiar seus treinamentos e uma dieta especial visando à Olimpíada, mas não tem esse dinheiro. A Palestina deverá ter quatro atletas na Olimpíada, cada um de uma cidade diferente, entre eles a corredora Worood Maslaha da cidade de Nablus

"No mundo ideal, se nós quisermos melhorar nossos resultados, vamos precisar de uma preparação de dois anos visando à Olimpíada ou qualquer outra grande competição, mas nós não temos a verba para isso, não temos uma pista ou qualquer outra estrutura. Nós estamos tentando alcançar alguma coisa a partir de nada", resignou-se Abu Maraheel. Ainda assim, ele e o pupilo não perdem as esperanças. "Nós queremos usar o esporte como uma linguagem que todos entendam para dizer que mundo que o povo da Palestina existe". A Faixa de Gaza é um território litorâneo governado desde 2007 pelo grupo islamista Hamas, atualmente em processo de reconciliação com a facção Fatah, que domina a Cisjordânia. Em 2007, o Hamas expulsou a Fatah, do presidente palestino apoiado pelo ocidente Mahmoud Abbas, de Gaza após uma breve e sangrenta guerra civil que dividiu a sociedade palestina, mas as duas facções estão atualmente em um processo de reconciliação. Israel trata a Faixa de Gaza como território hostil e, junto com o restrito controle de fronteira feito pelo Egito, as importações são limitadas. Israel proíbe a maioria das viagens através de sua fronteira alegando que o Hamas e outros militantes que defendem o fim do Estado judeu lançam ataques contra cidades israelenses a partir de Gaza. A bandeira palestina esteve presente pela primeira vez numa Olimpíada nos Jogos de Atlanta, em 1996, quando um competidor participou dos Jogos. Em Sydney 2000, foram dois atletas, e três estiveram nos Jogos de Atenas em 2004. Todos foram ovacionados em sua apresentação, simplesmente por estarem lá. Quatro atletas estiveram em Pequim há quatro anos -- dois nadadores e dois no atletismo -- mas, como nos Jogos anteriores, eles não chegaram lá com índices olímpicos, mas sim através de convites. Quatro palestinos também estarão em Londres. Junto com Farra irão o nadador que vive no Cairo Ahmed Jabreel e duas mulheres que vivem na Cisjordânia, a nadadora Sabeen Kharyoon, de Belém, e a corredora Worood Maslaha, de Nablus. Hani al-Halabi, de Jerusalém Oriental e que será o chefe da delegação palestina, disse que a equipe olímpica do país representa todos os palestinos, independentemente de ondem vivam. "Queremos incorporar a questão palestina incluindo participantes da Faixa de Gaza, Cisjordândia, Jerusalém e da diáspora. Cada um de nós representa uma parte de nossa casa", disse Halabi.


A China proibirá a transmissão de séries de TV estrangeiras durante o horário nobre, anunciou anteontem a Administração Estatal de Rádio, Filme e Televisão (Sarft, na sigla em inglês). A medida afetará principalmente produções japonesas, sul-coreanas e de Hong Kong (apesar de ser território que pertence à China). Além do veto das 19h30 até as 22h, as séries importadas não poderão ter mais que 50 episódios e só ocuparão até 25% da grade de programação. Ainda não há data para a medida entrar em vigor. A Sarft decidiu ainda que os canais estão proibidos de transmitir "séries de TV de um certo país ou de uma certa região no mesmo período". O objetivo, diz o jornal estatal "China Daily", é "melhorar a qualidade dos programas de TV importados". As restrições fazem parte de medidas adotadas recentemente para estimular a produção cultural nacional. As primeiras medidas entraram em vigor em janeiro, quando a Sarft determinou que as TVs cortassem dois terços de sua programação de entretenimento com formato ocidental, como "reality shows" e concursos de calouros. À época, o líder máximo do país, Hu Jintao, acusou "forças hostis" de tentar dominar a China por meio da cultura. "Devemos claramente ver que forças hostis internacionais estão intensificando o complô estratégico de ocidentalizar e dividir a China, e os campos ideológicos e culturais são as áreas focais de sua infiltração no longo prazo", escreveu Hu. Mesmo sem as medidas, as produções estrangeiras já sofrem sérias restrições na China. Há uma cota de exibição de apenas 20 filmes importados por ano nas salas comerciais. A Sarft costuma vetar filmes com cenas eróticas, de violência e de cunho político. Em 2011, um festival de cinema brasileiro em Pequim foi proibido de exibir seis produções. Uma delas foi o documentário "Uma Noite em 67", sobre os festivais de música da Record -provavelmente, devido às referências à ditadura militar. Apesar do esforço, é possível comprar títulos estrangeiros nos pontos de venda de DVD pirata. Um dos mais fáceis de achar é "Bruna Surfistinha", cujas cenas de sexo nunca passariam nos telões.

Ele levantou seu copo de chá. "Eles enchem o copo, depois o deixam cair e quebrar", disse. As seguintes crianças morreram de frio em janeiro, em campos de refugiados de Cabul onde viviam com suas famílias: Mirwais, filho de Hayatullah Haideri. Tinha um ano e meio e havia acabado de aprender a andar, amparando-se nas estacas da barraca familiar. Naghma e Nazia, filhas gêmeas de Musa Jan. Tinham apenas 3 meses de idade. Ismail, filho de Juma Gul. "Ele nunca ficou aquecido em toda a sua vida", disse Gul. "Nem uma só vez."Foi uma vida curta, durou apenas 30 dias. Essas crianças estão entre as 22 que morreram no mês passado, período de nevascas e frio excepcionais. As autoridades dizem duvidar do frio como causa, mas as mortes geraram questionamentos entre trabalhadores humanitários em Cabul. Após dez anos de uma grande presença internacional, o que inclui 2.000 ONGs, pelo menos US$ 3,5 bilhões de dólares em ajuda humanitária e US$ 58 bilhões em assistência ao desenvolvimento, como é possível que haja crianças morrendo de algo tão contornável quanto o frio? "O fato de todo ano haver inverno não deveria ser uma surpresa", afirmou Federico Motka, da ONG alemã Welthungerhilfe, uma das poucas a atuarem nesses acampamentos. As mortes ocorreram em dois campos: Charahi Qambar (oito mortes atribuídas ao frio) e Nasaji Bagrami (14 mortes). Algumas pessoas vivem lá há sete anos. "Há 35 mil pessoas nesses acampamentos no meio de Cabul, sem calefação nem eletricidade no meio do inverno; isso é uma crise humanitária", disse Michael Keating, coordenador humanitário da ONU no Afeganistão. Os acampamentos não têm direito a receber a ajuda ao desenvolvimento porque são considerados instalações temporárias - e muitas autoridades afegãs se opõem à sua existência. Por outro lado, como eles estão numa situação de "emergência crônica", a maioria dos doadores considera que não representam mais uma crise humanitária.

A taxa de mortalidade entre crianças menores de cinco anos nos acampamentos é de 144 por 1.000, disse Julie Bara, da ONG francesa Solidarités International, que mantém um programa de saneamento e ajuda alimentar emergencial nesses lugares. Moradores disseram que as distribuições feitas pelo Programa Mundial de Alimentos pararam no ano passado. Uma porta-voz disse que o programa fornece alimentos apenas para grupos vulneráveis, como viúvas e deficientes físicos. Nos acampamentos mais atingidos, os homens, mesmo quando arrumam trabalho como vendedores ambulantes, têm renda tão limitada que precisam escolher entre comprar comida ou lenha. "A gente não morre de fome, mas morre de frio", afirmou um pai. Mas crianças subnutridas ficam muito mais propensas a sucumbirem à hipotermia. Em 15 e 22 de janeiro, Cabul sofreu duas fortes nevascas. A combinação de frio e umidade foi letal. O pai de Mirwais, Haideri, foi acordado às 5h do dia 15 pelo chamado à oração no campo de Charahi Qambar, e encontrou seu filho duro como uma tábua. "A cor dele estava escura, como uma folha congelada", contou. No campo de Nasaji Bagrami, as gêmeas univitelinas Naghma e Nazia morreram naquela mesma noite de 15 para 16 de janeiro. Essas crianças estavam sob cobertores, dormindo com parentes. Mas moradores do acampamento explicaram que crianças muito pequenas geralmente não têm condições físicas de manter os cobertores bem presos junto ao corpo, nem de pedir ajuda. Mohammad Ismail também perdeu um casal de filhos -Fawzia, 3, na primeira nevasca, e Janan, 5, na segunda. Sobraram dois: um bebê e Tila, 7. "Eles choram a noite toda por causa do frio", disse Ismail. Os dois irmãos dela estão enterrados sem lápides num terreno baldio que se tornou o cemitério do campo de Nasaji Bagrami. Tila conhece o lugar. "Ela vai lá todo dia para visitar seu irmão", contou o pai.

A retirada da maioria das forças internacionais ainda está dois anos distante, mas os afegãos que dependeram da presença estrangeira para viver durante uma década já acumulam receios, enquanto as primeiras tropas deixam o país e o dinheiro da ajuda diminui. A retirada de dezenas de milhares de soldados e de trabalhadores humanitários -e os bilhões de dólares que eles trouxeram para o país- tem o potencial de desfazer o frágil progresso realizado pelos afegãos, e alguns temem que provoque uma nova fase de insegurança e de inquietação civil. Em 2010, a assistência internacional representou aproximadamente 97% do PIB do país, segundo uma estimativa do Banco Mundial. Esse dinheiro e o fim do regime Taleban atraíram de volta refugiados afegãos e empresários ricos, e incentivaram setores importantes da economia. Porém, os preços dos imóveis, os salários, as vendas e os pedidos em fábricas já estão encolhendo. Na Milli Factory, 150 trabalhadores que ganham cerca de US$ 240 por mês (um bom salário aqui) produziam 3 mil botas por dia para as forças afegãs. No entanto, essas encomendas, pagas pela coalizão, pararam. Farhad Safi, o presidente, disse que o governo está comprando botas chinesas e paquistanesas, que custam 15% menos e não são tão boas. Cerca de US$ 54 bilhões em ajuda e gastos militares geraram milhares de empregos para os afegãos e produziram uma nova elite. Uma casa comum custa de US$ 30 mil a US$ 230 mil, dependendo do tamanho e da localização, mas os negócios secaram, e os preços caíram para faixa de US$ 10 mil a US$ 50 mil, no ano passado.
Miraj Din, 48, que costumava entregar comida e lenha em uma carroça, hoje vende carros importados para a elite do país. No ano passado, ele vendia cerca de uma dúzia de carros por mês, mas este ano está vendendo apenas um por mês. "Agora, as pessoas pensam que a crise dos anos 1980 e 1990 vai começar de novo e as pessoas vão lutar", disse. A produção total da economia afegã, ajustada pela inflação, dobrou nos últimos nove anos. Mas em 2018, 90% de toda a ajuda externa poderá ter desaparecido, segundo prevê o Banco Mundial. Os otimistas esperam que o progresso de uma década no Afeganistão ajude o país a suportar esse declínio -e que os investimentos em infraestrutura sejam catalisadores para o setor privado. No entanto, esse país rural de 30 milhões de habitantes, onde a expectativa de vida é de 45 anos, terá de se adaptar. Com o pequeno crescimento das exportações e das grandes manufaturas, algumas autoridades esperam um renascimento da agricultura e do comércio regional.
O Banco Mundial prevê que o crescimento possa cair para 6 % nos próximos anos. Porém, a desaceleração poderá ser mais severa se a insegurança aumentar ou se o governo não conseguir obter contratos sobre a riqueza mineral do país, que inclui grandes jazidas de cobre, ferro e outros minérios. Um barômetro da confiança econômica pode ser a loja de Mohammad Atta no que os ocidentais chamam de "Rua dos Banheiros" no centro de Cabul, onde são vendidas torneiras, pias e vasos sanitários no estilo ocidental. No boom da construção civil, Atta vendia 50 vasos de porcelana por dia, enquanto se erguiam os hotéis modernos, mas hoje ele vende dez por dia. Ele se queixou de que a coalizão está partindo antes de ter garantido a paz e de ter consertado ou unificado o Afeganistão.