Quando se trata dos lugares menos visitados no mundo, restam poucas
opções para sair da trilha batida. Cuba? Não é o que era antes.
Birmânia? Basicamente aberta. Síria? Bem, isso está fora de cogitação
por enquanto.
Mas para viajantes com um faro de Indiana Jones, o único lugar muitas
vezes considerado impossível está se tornando cada vez mais viável: a
Coreia do Norte.
Um número crescente de turistas ocidentais — chamados de “europeus”
no país, apesar de cada vez mais incluírem americanos — está visitando a
Coreia do Norte para ver se este último remanescente da Guerra Fria é
realmente tão estranho quanto ele deveria ser.
— Eu queria uma experiência nova, ver este lugar com meus próprios
olhos e formar minhas próprias opiniões — disse Victor Malychev, um
russo especialista em telecomunicações que viveu em Washington, nos
Estados Unidos, por 13 anos. — E acho que também queria uma marca de
“feito” ao lado dele também — admitiu, enquanto estava em uma excursão
organizada por Jovens Pioneiros, uma das empresas de viagens mais
recentes que operam na Coreia do Norte.
O punhado de operadores turísticos no país formam um leque cada vez
mais diversificado de experiências — incluindo esqui, ciclismo e golfe.
Os turistas devem estar preparados não só para ter inspetores do governo
constantemente ao seu lado, mas para perambular em torno de monumentos
aos Kim e sua dinastia comunista.
Veja o Monte Myohyang, uma bela caminhada de duas horas ao norte de
Pyongyang. A atração principal na Coreia do Norte, uma parada comum na
rota turística, é a Exposição Amizade Internacional — um edifício de
seis andares, com piso de mármore, construído para abrigar os cem mil
presentes dados ao fundador do país, Kim II-sung, que permanece como o
“presidente eterno” mesmo duas décadas depois de sua morte.
É uma galeria de antiguidades: Stalin, Mao, Assad, Kadafi, Fidel e
Tito e o que eles deram a Kim. Todas mostram como o mundo adora o
ex-líder e seus herdeiros, ou pelo menos é isso que o guia turístico
diz. Mais pessoas poderão em breve estar caminhando através desses
longos e imaculados corredores, com os sapatos envoltos em um material
especial para que não entrem em contato com os pisos sagrados.
Sob uma nova política, a Coreia do Norte tem a meta de atrair um
milhão de turistas ao país, embora não tenha definido um prazo para
fazê-lo. Mesmo aqueles que trabalham com a indústria turística nacional
dizem que o número é ambicioso, já que estima-se que o país tenha cem
mil visitantes por ano. A grande maioria vêm da vizinha China, que tem a
vantagem de ser não só geograficamente próxima, mas não muito distante
em termos comunistas.
Além disso, os operadores turísticos relatam que o número de
americanos que visitam o país caiu visivelmente desde que dois turistas
dos Estados Unidos, Jeffrey Fowle e Matthew Miller, foram detidos em
abril. Ambos foram acusados de atos hostis. Ainda assim, mesmo que a
Coreia do Norte não alcance a sua meta de um milhão, ela certamente está
recebendo mais turistas do que estava poucos anos atrás.
Os números oficiais não estão disponíveis, mas “Chosun Sinbo”, um
jornal pró Coreia do Norte no Japão, informou que houve um aumento de
20% no turismo estrangeiro no primeiro semestre de 2014 em comparação
com o ano anterior, embora não dê números exatos.
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