segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O ARTES DO CORPO EXISTE E RESISTE


NOTA OFICIAL DOS ALUNOS DE ARTES DO CORPO:
É COM GRANDE ALÍVIO QUE INFORMAMOS QUE 5 DAS 11 DISCIPLINAS QUE HAVIAM SIDO FECHADAS FORAM REABERTAS, SENDO ELAS:
- ESTUDOS DO CORPO QUE DANÇA - ESTRATÉGIAS CRIATIVAS (2º ANO);
- LABORATÓRIO DE CRIAÇÃO - ESTRATÉGIAS CRIATIVAS (2º ANO);
- TÓPICOS AVANÇADOS EM DANÇA - DESENVOLVIMENTO DE VOCABULÁRIOS PRÓPRIOS (3º ANO);
- TREINAMENTOS PSICOFISICOS - RITO E PERSONA (3º ANO);
- PERFORMANCE E MANIFESTAÇÕES TRANSCULTURAIS (3º ANO).
É muito importante esclarecer alguns pontos nos quais nortearão, inclusive, nossas próximas ações dentro da UNIVERSIDADE. OBS: ISSO NÃO VAI PARAR POR AQUI!
- Uma vez iniciado o movimento e, após reunião com o núcleo da pró-reitoria da PUC-SP, ficou claro que seis disciplinas não poderiam ter o seu fechamento evitado. Isso acontece, porque no comunicado da universidade para a coordenação do nosso curso, a respeito das disciplinas que cairiam da grade, nenhum argumento formal foi apresentado para que essa situação fosse revertida. Realmente, em alguns casos, não havia argumento suficiente, pois de fato o número de interessados em algumas dessas matérias era irrisório.
- Esse fato NÃO altera/alterou nossa denúncia ao fechamento das 11 disciplinas, mas os esforços passaram a ser canalizados às demais que tinham possibilidade de reabertura.
- Em nova reunião com a Pró-reitora da Universidade, sua secretária, a coordenadora do curso de Artes do Corpo e representantes da SAE, além de nós alunos do curso, reivindicamos e apresentamos nossos argumentos para efetivar a reabertura das disciplinas. Nessa reunião, ficou claro que a PUC-SP exige um número mínimo de alunos em cada sala de aula. Esse número para o curso de Comunicação das Artes do Corpo é de dez alunos por sala. Medida essa TOTALMENTE QUESTIONÁVEL. Pois, estruturalmente o Curso de Artes do Corpo apresenta o diferencial de ser dividido em três linhas de formação. Isto significa que, por período, nove disciplinas eletivas são abertas, sendo três para cada linha de formação (teatro, dança e performance). Se por semestre contássemos com o número máximo de 60 vagas preenchidas pelo vestibular, ainda assim não atingiríamos o número mínimo exigido pela PUC-SP. Além disso, as disciplinas fechadas, apesar de serem chamadas de ELETIVAS, não são dispensáveis à formação do aluno. Primeiro, porque uma matéria de Teatro se difere muito de uma de Dança em termos de conteúdo, ou seja, UMA NÃO SUBSTITUI A OUTRA (como o sugerido para o remanejamento por parte da Universidade). Segundo, porque se não adquirirmos o número mínimo de créditos em nossas linhas de formação específicas, NÃO NOS FORMAMOS. Como podemos adquirir tais créditos se todas as disciplinas de nossa habilitação estão fechadas (isso para os casos de DANÇA no segundo ano e PERFORMANCE no terceiro ano)? O fechamento, retardando ou impedindo a formação dos alunos, significa um descumprimento em relação ao Projeto Pedagógico do Curso (PPC), aprovado pelo MEC.
- Alguns dias após a reunião fomos comunicados de que as cinco disciplinas seriam reabertas!
Vale ressaltar que há um planejamento referente à alteração da estrutura curricular do curso, no intuito de, além de aprimorar o trabalho que já vem sendo realizado ao longo dos seus dezesseis anos de existência, otimizar as questões organizacionais da instituição para que as novas medidas da PUC-SP não prejudiquem as ARTES DO CORPO.
Agradecemos a todos que nos apoiaram nesse percurso, assinando nossos abaixo-assinados e divulgando o movimento! Também a Reitoria, a Pró-Reitoria, a secretaria da Pró-Reitoria e a SAE da PUC-SP que se dispuseram a dialogar. E a coordenadoria das Artes do Corpo que lutou ao nosso lado. AS ARTES DO CORPO CONTINUAM EM ALERTA! A LUTA POR MELHORIAS E CONTRA MEDIDAS QUE PREJUDIQUEM NOSSA EDUCAÇÃO CONTINUA. 




   





domingo, 30 de agosto de 2015

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O dia começou de forma bastante corriqueira para um dirigente de um país às voltas com a desaceleração econômica. Em 24 de julho, Zhou Benshun participou de uma reunião para promover um plano de crescimento econômico do presidente Xi Jinping que consiste em construir uma "supercidade" ao redor de Pequim.
No entanto, às 18h10, a carreira de Zhou havia terminado, e ele se viu na iminência de passar vários anos na prisão. O órgão de combate à corrupção do Partido Comunista havia anunciado uma investigação contra ele por "suspeita de graves violações da disciplina partidária e da lei".
A repentina queda em desgraça de Zhou ilustra a incerteza que permeia a elite comunista num momento em que ela precisa lidar com dois acontecimentos preocupantes: uma desaceleração econômica que parece ser pior do que as autoridades anteviam e uma campanha oficial anticorrupção que continuou por mais tempo e que alcançou escalões mais elevados do que muitos esperavam.
Os mercados ao redor do mundo estão sendo sacudidos pelos temores de que a China não consiga se manter como o poderoso motor do crescimento econômico global.
Após o fechamento dos mercados chineses na terça (25), as autoridades de Pequim tomaram medidas para estabilizá-los, cortando as taxas de juros e reduzindo o volume financeiro que os bancos são obrigados a manter como reserva contra riscos.
O homem no centro desta crise é Xi, que assumiu o comando do partido há quase três anos e vinha implementando uma pauta ambiciosa, mas repleta de desafios políticos. Agora, esses desafios parecem ter crescido, e há sinais de que Xi e seu estilo voluntarioso de liderança enfrentam resistências internas no partido.
Xi se posicionou como o principal arquiteto da política econômica atual, expondo-se a ser responsabilizado se o crescimento continuar claudicante. Ao mesmo tempo, o presidente está ganhando inimigos por causa de uma campanha anticorrupção que já derrubou alguns dos homens mais poderosos do país e deixou no ostracismo mais de 100 mil funcionários públicos de escalões inferiores.
Há rumores de que altos funcionários do partido estariam alarmados com a situação da economia, que no primeiro semestre de 2015 cresceu no ritmo mais lento em um quarto de século e agora parece estar cada vez mais descontrolada. Num sinal da sua ansiedade, a liderança promoveu a maior desvalorização da moeda chinesa em mais de duas décadas, levando os mercados globais a despencar.
A reputação de Xi também foi abalada por causa da forte queda nas Bolsas, antes apresentadas pelo governo como uma boa opção de investimento para os cidadãos chineses.
Veteranos do partido discretamente haviam aconselhado Xi a se focar no fortalecimento da economia, de acordo com um assessor do partido e do governo e com o editor de um órgão público de imprensa -ambos pediram anonimato. O apelo dos dirigentes foi visto como um sinal de insatisfação com a gestão econômica de Xi e como uma crítica à repressão a casos de corrupção nos altos escalões, que mancharam o legado desses dirigentes e atingiram protegidos seus.
Recentemente, dois importantes veículos da mídia estatal publicaram editoriais incomuns, insinuando haver turbulência interna. O primeiro saiu em 10 de agosto no influente "Diário do Povo", alertando claramente os líderes aposentados a se manterem afastados da política. Sem identificar ninguém, o texto acusava "alguns quadros dirigentes" de representarem "um dilema para os novos líderes, deixando-os de mãos atadas para fazerem um trabalho ousado" e "abalando a coesão do partido e sua força de combate".
Em 19 de agosto, um comentário no site da emissora estatal CCTV descreveu a feroz resistência contra as políticas de Xi e convocou seus simpatizantes a intensificarem os esforços para levá-las a cabo.
Xi prometeu amplas reformas pró-mercado para favorecer o crescimento de longo prazo da economia chinesa. Isso incluía planos para enfraquecer os monopólios das estatais, reduzindo a importância econômica dos ineficientes investimentos promovidos pelo Estado, e uma liberalização dos mercados financeiros, para permitir que o yuan possa concorrer em pé de igualdade com o dólar.
No entanto, houve pouco progresso rumo a essas metas, e, quando o crescimento começou a se desacelerar, o governo adotou medidas -incluindo a intervenção agressiva para sustentar o mercado acionário- que contrariam os apelos de Xi para que as forças de mercado desempenhem um "papel decisivo" na economia. Por trás dessa confusão há uma ansiedade enraizada no seio da liderança sobre uma possível instabilidade social caso a fase de supercrescimento chinês termine.
O PIB da China cresceu mais de 26 vezes nos 37 anos desde que o país começou a abrir sua economia, fortalecendo o partido e tirando mais de 600 milhões de pessoas da pobreza.
O assessor político do partido e do governo disse que os temores de que a desaceleração econômica leve a uma agitação social levaram o Politburo, em uma reunião de 30 de julho, a aprovar um conjunto de medidas para reforçar o crescimento.
A campanha de Xi contra a corrupção goza de amplo apoio numa nação onde o fosso cada vez maior entre ricos e pobres é atribuído à capacidade de uma pequena minoria de prosperar por abusar de posições governamentais ou usar conexões políticas. Quando a economia hesita, porém, os riscos para Xi se multiplicam, disse um funcionário aposentado da instituição acadêmica do partido.
"O principal é a economia. Se a economia continuar declinando, as pessoas vão ter cada vez mais acusações a fazer e haverá cada vez mais pressão sobre a liderança", disse essa fonte, que falou sob condição de anonimato. "E, neste momento, a economia de fato está em declínio."

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Ao pressionar o Congresso pela aprovação de um acordo nuclear com o Irã, o presidente Barack Obama encara um dificuldade: o seu principal argumento a favor do pacto é também sua maior vulnerabilidade.
O acordo nuclear com o Irã impõe limites precisos sobre a quantidade de combustível nuclear que o país pode possuir, quantas centrífugas podem funcionar e qual tipo de tecnologia Teerã pode adquirir. Isso tornará extremamente improvável o desenvolvimento de uma bomba atômica pela República Islâmica nos próximos 15 anos.
No entanto, a maior parte das restrições expira após esse prazo, e então o Irã estará liberado para produzir urânio em escala industrial. "Meu principal senão é o fato de que, em 15 anos, eles terão uma capacidade de enriquecimento altamente moderna e internacionalmente legitimada", disse o deputado Adam Schiff, que apoia o pacto.
Mesmo alguns dos mais entusiasmados partidários do acordo temem que Obama tenha exagerado ao dizer que o pacto "bloqueia" todos os caminhos de Teerã na direção das armas nucleares.
Uma descrição mais precisa é que o acordo deverá retardar o programa iraniano em uma década e meia -assim como as sanções e sabotagens contra o Irã fizeram nos últimos anos.
"Claro que existem riscos, e eles têm que ser reconhecidos", disse Nicholas Burns, que foi subsecretário de Estado no governo de George W. Bush e defendeu o acordo em depoimento ao Congresso. "O argumento mais convincente" de Obama, segundo ele, "é que não há alternativa melhor".
Pelo acordo, as sanções econômicas contra o Irã só começarão a ser suspensas depois que o país reduzir para 300 kg o seu estoque de urânio fracamente enriquecido. Esse volume -uma redução de 98% em relação ao estoque atual, de cerca de 12 toneladas- não seria suficiente para fazer nem uma só arma nuclear.
O acordo também prevê inspeções regulares nas instalações nucleares do Irã e determina a retomada das sanções internacionais se os iranianos forem flagrados trapaceando.
Mas o lado negativo é que, depois de 15 anos, o Irã teria autorização para produzir grandes quantidades de combustível para seus reatores, usando centrífugas mais avançadas. Isso pode significar que a margem de reação se o Irã decidir produzir uma bomba às pressas será reduzido para semanas, segundo uma recente análise do Instituto Brookings.
Críticos dizem que, ao fim do prazo determinado no acordo, a economia do Irã estará mais fortalecida, bem como sua capacidade de suportar sanções econômicas, e suas instalações nucleares provavelmente estarão mais protegidas pelos sistemas de defesa aérea que o Irã deverá adquirir da Rússia.
Sob as restrições previstas, o Irã precisaria de um ano para produzir material nuclear suficiente para uma bomba; atualmente, esse prazo seria de dois ou três meses, segundo agências de inteligência americanas. Mas, em dez anos, esse período voltaria a encolher, já que o Irã poderá colocar mais centrífugas em operação.
Autoridades dos EUA argumentam que previram a possibilidade de o Irã querer produzir combustível adequado para armas no futuro, e por isso os negociadores garantiram uma proibição permanente na metalurgia necessária para transformar o combustível em bombas atômicas.
Os defensores do acordo apostam que o aperfeiçoamento das atividades de inteligência impediria o Irã de preparar uma bomba às pressas. O tratado determina que os inspetores poderão monitorar durante até 20 anos a produção de motores e outros componentes para centrífugas, além de fiscalizar durante 25 anos os estoques iranianos de concentrado de minério de urânio.
Para alguns, os EUA deveriam avisar o Irã de que a produção de urânio altamente enriquecido após o término das principais disposições do acordo seria encarada como uma indicação de que Teerã decidiu buscar armas nucleares -e poderia desencadear uma ação militar americana.
Uma questão que atraiu muita atenção é a regra dos "24 dias" para a resolução de litígios se o Irã se recusar a permitir inspeções em locais sob suspeita -outra regra que expira após 15 anos.
Críticos dizem que isso é muito diferente do acesso "a qualquer lugar e a qualquer hora", expressão que pessoas ligadas ao governo usavam meses atrás, mas da qual depois se arrependeram.
Se o Irã rejeitar uma inspeção, uma comissão -que inclui o próprio Irã- poderá decidir sobre medidas punitivas, incluindo a retomada das sanções econômicas. Para isso, basta a maioria simples, de modo que as sanções poderiam entrar em vigor mesmo com a objeção do Irã, da China e da Rússia.
Essa é a teoria. Na prática, a retomada das sanções poderia ser politicamente difícil. O Irã diz que, se as sanções forem restabelecidas, a República Islâmica deixará de cumprir o acordo.

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Quando, três anos atrás, dois empresários de Cingapura propuseram a companhias de teatro locais a ideia de uma ópera contemporânea sobre o fundador da cidade, as reações foram de ceticismo.
"Minha primeira reação foi: 'Sério mesmo, vocês querem que L.K.Y. cante?'", disse Gauray Kripalani, diretor artístico do Teatro de Repertório de Cingapura, aludindo ao estadista Lee Kuan Yew, morto em março aos 91 anos.
Muitos moradores desta ilha-cidade de cerca de 5,6 milhões de habitantes reagiram de modo semelhante à ideia de que um político conhecido por seu pragmatismo extremo -alguém que certa vez insistiu que "a poesia é um luxo ao qual não podemos nos dar"- pudesse ser representado cantando baladas e executando coreografias complicadas sobre um palco.
Mas o espetáculo, que estreou em julho e terminou sua temporada em 16 de agosto, lotou o teatro, vendendo pelo menos 54 mil ingressos para 34 apresentações. Os produtores Tan Choon Hiong e Alvin Tan, que montaram o musical com o Teatro de Repertório de Cingapura, falam em levá-lo em turnê no exterior.
"The LKY Musical" não foi uma ópera, mas uma produção ágil, com duas horas de duração, que conta a história do início da carreira política de Lee, desde a ocupação japonesa de Cingapura -então colônia britânica- nos anos 1940, até a curta fusão do país com a Malásia e sua independência em 1965. "Sim, é propaganda política -não dá para contar a história de Lee e de Cingapura e evitar fazer propaganda", disse Adrian Pang, que representou Lee no espetáculo. "Mas, considerando que é algo que poderia ter sido um desastre total -e havia um exército de pessoas prontas a atirar pedras-, acho que conseguimos fazer a crítica rever suas posições."
Parece ter havido, no entanto, ingerência do governo na produção. Um integrante do elenco escreveu em um blog que os roteiristas foram "muito abertos a sugestões" do Ministério das Comunicações e da Informação.
Lee Kuan Yew, que foi premiê de Cingapura de 1959 a 1990, e seu filho Lee Hsien Loong, premiê atual, foram criticados por não tolerarem oposição política. Os limites rígidos à liberdade de expressão voltaram a ganhar destaque neste ano quando um blogueiro de 16 anos, Amos Yee, foi detido depois de postar um vídeo sobre Lee.
A história do musical começa em 1965. Em seguida, ela retrocede duas décadas para o tempo de faculdade de L.K.Y., quando ele conheceu aquela que se tornaria sua mulher, Kwa Geok Choo (representada por Sharon Au). A tensão dramática principal ocorre entre Lee e Lim Chin Siong (Benjamin Chow), o sindicalista que ajudou Lee a criar seu partido político, o Partido da Ação Popular.
Lim foi encarcerado por Lee depois de fundar seu próprio partido, de viés mais esquerdista. Sua prisão fez parte de uma onda de repressão lançada pelo partido de Lee contra a oposição em 1963.
O musical culmina com o discurso lacrimoso feito por Lee em 1965, depois de Cingapura ser expulsa da federação da Malásia.
Os produtores disseram que tiveram que submeter o roteiro ao aval do governo para obter a licença para encenar o musical. Alguns críticos alegam que o resultado aderiu à versão oficial dos fatos e inflou o peso de L.K.Y., minimizando a importância de outras figuras na história de Cingapura.
A equipe de produção disse que a intenção do musical foi ser uma homenagem, não um relato histórico crítico. "Eu senti que precisávamos tomar grande cuidado com os fatos", comentou a romancista Meira Chand, autora da história sobre a qual o roteiro se baseia. "Ao mesmo tempo, não estávamos escrevendo uma biografia ou um drama. Estávamos escrevendo uma história para um musical."

domingo, 23 de agosto de 2015

O ARTES DO CORPO EXISTE E RESISTE

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: Reabra as disciplinas fechadas do curso de Comunicação das Artes do Corpo.
 
CLIQUE E ASSINE:
 https://secure.avaaz.org/po/petition/Pontificia_Universidade_Catolica_de_Sao_Paulo_Reabram_as_disciplinas_fechadas_do_curso_de_Comunicacao_das_Artes_do_Corpo/?sWHoHjb
O ARTES DO CORPO EXISTE!
No dia 11 de agosto de 2015 os alunos do curso de Comunicação das Artes do Corpo da PUC-SP foram notificados de que 11 disciplinas eletivas (5 da linha de formação Performance, 5 da linha de formação Dança e 1 da linha de formação Teatro) haviam sido fechadas, sob o argumento de não atingirem o número mínimo de alunos. Queremos o diálogo com a reitoria, a apuração dos nossos abaixo-assinados e a reconsideração desses fechamentos arbitrários!
Com as disciplinas de sua linha de formação fechadas o aluno é obrigado a se matricular em disciplinas de outra linha de formação, que, embora sirvam como equivalentes no número de créditos, prejudicam o aproveitamento acadêmico. O que dizer de um aluno matriculado em performance que se forma sem ter tido as matérias que abarcam as discussões de sua linha de formação? A ideia de que os alunos podem transitar entre as habilitações é justamente para permitir o acesso a diferentes conteúdos e conhecimentos e não pode servir como forma de privar o acesso a conteúdo básico em sua formação.
Os fechamentos desconsideram ainda que muitos alunos, por não terem opção de remanejamento (por já terem cursado as disciplinas disponíveis; por necessitarem de créditos específicos em sua linha de formação) serão obrigados a estender sua graduação. Alguns encontram-se na data limite para se formar, não sendo possível a extensão da graduação e, portanto, sendo privados da conclusão do curso.
A atitude da Universidade é incoerente com a realidade numérica do curso. Alguns períodos (o sexto período de Dança, por exemplo) contém poucos alunos. Seguindo a lógica de fechamento da Universidade esses alunos serão sempre obrigados a prolongar sua graduação.
Três das onze disciplinas continham o número mínimo de alunos para funcionar. E o fato de o fechamento ocorrer antes do período de remanejamento impediu o aumento de determinadas turmas.
É de extrema relevância lembrar que grande parte dos alunos do curso em questão são bolsistas, aos quais, ao ingressarem na PUC-SP, é concedido programa de graduação integral, o que significa que a instituição recebe um repasse de verba federal, garantindo em troca a integridade do curso.
Mas os alunos não são os únicos prejudicados. Os professores são obrigados a verem sua atuação reduzida a uma única disciplina, se não a nenhuma. O fechamento de disciplinas além de desrespeitoso vem acentuar a posição da Universidade em relação às artes, criando mais um obstáculo ao trabalho de profissionais e ao desenvolvimento dessa área no país.
O fechamento de onze disciplinas não é aceitável. Faz-se necessário lembrar que não se trata de um ato isolado. Esse ano a PUC-SP contou com inúmeros atos estudantis que se posicionaram frente às medidas de caráter mercadológico tomadas pela Universidade. Alunos, professores e funcionários são vistos como cifras e os cursos menores, que já vinham sendo comidos pelas beiradas, esquecidos de sua importância na construção do conhecimento. Frente a isso, nos posicionamos: NÃO AO FECHAMENTO DE DISCIPLINAS.

sábado, 22 de agosto de 2015


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Na noite antes de partir para a Síria, Khadiza Sultana dançou em seu quarto. Era uma segunda-feira nas férias escolares. Sua sobrinha de 13 anos -apenas três anos mais jovem que Khadiza- tinha vindo para passar a noite em sua casa. As duas meninas riam, girando ao som da música. Khadiza ofereceu seu quarto à sobrinha e dividiu a cama com sua mãe. Era uma filha amorosa, especialmente desde a morte de seu pai.
Salva no celular de sua sobrinha e vista dezenas de vezes desde então por membros da família, a cena no quarto mostra a Khadiza que seus familiares pensavam que conheciam: uma garota alegre, sociável, divertida e gentil.
Porém, como ficaria claro, a cena foi também o adeus cuidadosamente coreografado de uma adolescente que passou meses planejando como deixar sua casa em Bethnal Green, na zona leste de Londres, com duas colegas de classe, para seguir o caminho de outra amiga que tinha viajado para o território controlado pela facção terrorista Estado Islâmico.
Na manhã de terça, Khadiza disse à sua mãe que passaria o dia na biblioteca. Prometeu retornar às 16h30. Quando não tinha voltado às 17h30, sua mãe pediu à irmã mais velha de Khadiza, Halima Khanom, que lhe mandasse uma mensagem. Não houve resposta.
Khanom, 32, foi até a biblioteca, mas a irmã não estava lá. Quando voltou para casa, sua mãe já tinha descoberto que o guarda-roupa de Khadiza estava vazio. Na manhã seguinte, a família informou à polícia do desaparecimento. Três agentes do SO15, o esquadrão de contraterrorismo da Polícia Metropolitana, bateram na porta. Um deles disse à mãe de Khadiza: "Achamos que sua filha viajou à Turquia com duas amigas".
Khanom viu sua irmã depois disso na televisão: imagens granulosas de câmeras de segurança mostravam Khadiza e suas duas amigas de 15 anos, Shamima Begum e Amira Abase, passando calmamente pela segurança no aeroporto de Gatwick para embarcar no voo 1966 da Turkish Airlines para Istambul e, mais tarde, subindo num ônibus rumo à fronteira da Síria.
As imagens converteram as três meninas de Bethnal Green no rosto de um novo fenômeno: jovens que se rendem à atração de algo que especialistas como Sasha Havlicek, do Instituto de Diálogo Estratégico, descreve como uma subcultura de "girl-power" jihadista. De acordo com o instituto, cerca de 4.000 ocidentais já partiram para a Síria e o Iraque para ingressar no EI, sendo mais de 550 meninas e mulheres jovens.
As mulheres ocidentais do EI apoiam os esforços do grupo para construir um Estado, atuando como esposas, mães e divulgadoras on-line. Muitas são solteiras, geralmente adolescentes ou com pouco mais de 20 anos. Para as autoridades, elas representam uma ameaça tão grande ao Ocidente quanto os homens: tendo probabilidade maior de perder o cônjuge em combate, podem voltar para seus países de origem, doutrinadas e cheias de ódio.
As meninas de Bethnal Green eram elogiadas por seus professores e admiradas por seus colegas. Eram garotas inteligentes e populares que viviam em um mundo onde a rebelião adolescente é expressa por uma religiosidade radical que questiona tudo à sua volta.
"Antigamente as meninas queriam homens bonitos; hoje o que elas buscam são muçulmanos praticantes", disse Zahra Qadir, 22, que faz trabalhos de "desradicalização" para a Active Change Foundation (Fundação Transformação Ativa), entidade sem fins lucrativos mantida por seu pai.
O EI se esforça para atrair essas meninas, adaptando seus chamados aos sonhos, vulnerabilidades e frustrações delas. Enquanto as feministas ocidentais enxergam o hijab como símbolo de opressão, essas meninas acham que a moda ocidental sexualiza crianças. Nove dias antes de deixar o Reino Unido com suas amigas, Amina escreveu no Twitter: "Sinto que não pertenço a esta era".
Khanom tinha 17 anos, apenas um ano mais que Khadiza, quando se casou. Tasnime Akunjee, advogado que representa as famílias das três garotas, disse que, no mundo delas, ir à Síria e aderir ao EI é uma maneira de tomar as rédeas de seu próprio destino.
As poucas notícias que emergiram sobre as três amigas desde que partiram revelam um misto de ingenuidade e determinação juvenil. Uma conhecida das garotas disse que Amira "se apaixonou pela ideia de se apaixonar". Já Khadiza disse à sua irmã, depois de chegar à Síria: "Não vim para cá apenas para me casar".
"É um feminismo distorcido", comentou Havlicek. "Para as meninas, aderir ao EI é uma maneira de se emancipar de seus pais e da sociedade ocidental, que elas consideram que as traiu. Para o EI, é ótimo para a moral das tropas, porque os combatentes querem mulheres ocidentais. E, na batalha das ideias, eles podem apontar para essas garotas e dizer: 'Veja, elas estão optando pelo califado'."
Em janeiro de 2014, uma das melhores amigas de Khadiza, Sharmeena Begum (sem parentesco com Shamima), perdeu a mãe para um câncer. Pouco depois, seu pai começou a namorar. Filha única, Sharmeena ficou profundamente abalada. Após a morte da mãe, ela começou a passar mais tempo na mesquita. Quando seu pai se casou novamente, Khadiza a acompanhou ao casamento. Pouco depois disso, em 6 de dezembro, Sharmeena desapareceu. "Ela estava vulnerável, traumatizada", comentou o advogado Akunjee, que não representa a família de Sharmeena, mas conhece o caso dela. "Sharmeena não reagiu fazendo um piercing ou começando a namorar um traficante de drogas -ela aderiu ao EI."
Na época, um policial foi encarregado de entrar em contato com as meninas, mas elas não atenderam seus telefonemas nem responderam às mensagens dele. O policial pediu à escola para marcar encontros com as meninas e quatro outras amigas delas. Duas reuniões chegaram a acontecer. Apesar disso, segundo Khanom, nem a escola nem a polícia informaram às famílias sobre exatamente o que estava acontecendo. Um representante da Polícia Metropolitana disse que não houve qualquer indício de que as garotas "estivessem vulneráveis de qualquer maneira ou tivessem sido radicalizadas". Em 5 de fevereiro, policiais entregaram cartas às meninas que elas deveriam entregar a seus pais, pedindo a autorização para tomar depoimentos formais delas sobre o desaparecimento de Sharmeena. Mas as meninas não entregaram as cartas.
Como a polícia e a escola estavam guardando silêncio sobre a suspeita de que Sharmeena tivesse viajado à Síria, Khadiza e suas amigas começaram a planejar seguir o exemplo dela. Numa página arrancada de um calendário, as meninas redigiram uma lista de coisas que teriam que levar na viagem: sutiãs, celular e agasalhos, entre outros itens. Encontrada no fundo do guarda-roupa de uma delas, a lista parece conter também a letra de uma quarta garota. Desde então, um juiz confiscou os passaportes da quarta garota, de três outras alunas da Bethnal Green Academy e de uma quinta garota do bairro.
Elas formavam o que Shiraz Maher, membro sênior do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização e da Violência Política, descreveu como um núcleo padrão, razão pela qual é ainda mais espantoso que a escola e a polícia tenham deixado o fato passar despercebido em mais de uma ocasião. Segundo Maher, se um membro de um grupinho de amigos foi para a Síria, esse é um indicativo confiável de que os outros amigos farão o mesmo.
Em 15 de fevereiro, dois dias antes de as três meninas partirem, Shamima mandou uma mensagem pelo Twitter a uma conhecida recrutadora do EI residente em Glasgow, Aqsa Mahmood. Shamima é a mais jovem das três amigas e também a mais esquiva. Sabe-se pouco sobre ela, tirando o fato de que gostava de assistir ao programa "Keeping Up With the Kardashians" e que viajou à Turquia com o passaporte de sua irmã de 17 anos, Aklima. Aqsa Mahmood negou ter recrutado as meninas.
Familiares de Khadiza dizem que é pouco provável que as garotas tenham conseguido sozinhas o valor estimado de 3.000 libras esterlinas (cerca de R$ 16.300) para custear as passagens.
"É uma viagem complicada", falou Akunjee. Ele sabe disse em primeira mão. Uma das primeiras coisas que o advogado fez depois de ser contratado pelas famílias das garotas foi viajar com parentes delas à Turquia e lançar um apelo público para que elas entrassem em contato.
Na manhã depois de as famílias retornarem a Londres, uma mensagem apareceu na conta de Instagram de Khanom. Seu pedido de seguir sua irmã, bloqueado desde que Khadiza tinha partido para a Síria, tinha sido aceito. Khanom contou que mandou uma mensagem a Khadiza pedindo que ela lhe dissesse se estava em segurança. Khadiza respondeu e mais tarde mandou outra mensagem, pedindo notícias de sua mãe.
Baseadas nessas conversas, as autoridades concluíram que as três garotas estavam em Raqqa, a capital "de facto" do EI, em um de vários albergues para mulheres solteiras que existem ali.
Desde então, as três se casaram, confirmou o advogado das famílias. Elas puderam optar entre vários homens ocidentais.
Uma delas escolheu um canadense, outra um europeu. Amira se casou com Abdullah Elmir, australiano que já foi visto em vídeos de recrutamento do EI. Elas mantêm contato esporádico com suas famílias. As conversas passam a impressão de que as meninas não lamentam sua decisão, mas também dão a entender que elas enfrentam dificuldades como cortes de eletricidade e escassez de produtos. Um bate-papo recente foi interrompido abruptamente porque um ataque aéreo estava começando.
Está ficando mais difícil saber se são as próprias meninas que estão se comunicando. Cada vez mais, suas conversas são entremeadas por frases padronizadas de propaganda. "Será que elas adotaram essa linguagem? Será que há alguém ao lado delas quando escrevem?", indaga Akunjee. "Não sabemos. Mas elas não são mais as pessoas que suas famílias reconhecem. Não são mais as mesmas. E como poderiam ser?"

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A temperatura ambiente girava em torno de 38°C quando uma tubulação foi ligada a um gigantesco navio de casco vermelho. Apesar do calor, a umidade do ar se congelou em flocos dentro dos canos, formando uma rajada como se fosse de neve. Essa imagem paradoxal é comum nesse navio qatariano, o Al-Rekayyat, que carrega um combustível gelado chamado gás natural liquefeito.
O gás natural, quando refrigerado a -162°C, transforma-se em um líquido com uma fração do seu volume inicial. Esse processo revolucionou a atividade de extração e venda de gás natural, permitindo que o combustível seja embarcado em navios e distribuído para o mundo todo.
Após investir dezenas de bilhões de dólares, o Qatar está na linha de frente desse setor.
O Al Rekayyat -que pertence à frota do emirado, tem mais de 300 metros de comprimento e é operado pela Royal Dutch Shell- costuma navegar para China, Japão, Índia, Dubai e País de Gales.
O Qatar, país outrora dependente da pesca e da coleta de pérolas por mergulhadores, tornou-se um gigante relativamente novo no mercado energético global.
Na década de 1970, a Shell descobriu nas águas qatarianas a maior jazida mundial de gás natural. No entanto, não havia mercado para esse combustível -os potenciais clientes na Europa estavam distantes demais para serem alcançados por gasodutos, o método usual. A Shell então se afastou.
No entanto, em meados da década de 1990, vendo o exemplo da Malásia e da Indonésia, o Qatar e seu então emir, Hamad bin Khalifa al-Thani, começaram a promover o GNL (gás natural liquefeito). A Exxon Mobil foi um importante investidor inicial; Shell, Total e ConocoPhillips vieram em seguida.
O Qatar e os seus parceiros energéticos levaram essa atividade a um novo patamar, desenvolvendo usinas bem maiores e mais eficientes. No ano passado, o Qatar produziu cerca de um terço de todo o gás natural liquefeito do mundo, embora a Austrália e os EUA também tenham grandes ambições exportadoras.
O Qatar se tornou o país mais rico do planeta em termos de PIB per capita.
Apesar de o setor atualmente ter um crescimento praticamente nulo, nas últimas duas décadas o volume produzido mundialmente quase quadruplicou, chegando a cerca de 240 milhões de toneladas por ano, o que representa cerca de um terço das exportações totais de gás. As vendas anuais são estimadas em US$ 180 bilhões.
Em Ras Laffan, um promontório no deserto a cerca de uma hora de viagem de Doha (capital), tanques de armazenamento, oleodutos e outras instalações se destacam na paisagem.
O gás chega de poços em alto-mar e em seguida passa por uma série de unidades de refrigeração que limpam o combustível e o resfriam até ficar líquido. A Qatargas e a RasGas, duas empresas exportadoras do emirado, possuem 14 instalações desse tipo.
Graças à sua capacidade de produzir e processar enormes quantidades de gás, o Qatar consegue manter os custos baixos.
A empresa IHS, especializada em pesquisas de mercado, estima que o preço de extrair e liquefazer gás no Qatar seja de US$ 2 por milhão de BTUs, a unidade-padrão de medida para o gás natural. Em projetos planejados nos EUA, na África e na Austrália, o valor é de US$ 8 a US$ 12. A estrutura de baixo custo permite que o Qatar ganhe dinheiro mesmo em um momento de resfriamento do mercado, com preços reduzidos, como atualmente.
Os qatarianos originalmente planejavam levar grande parte do seu GNL para os Estados Unidos e a Europa, mas esses planos foram frustrados pelo boom do gás de xisto na América do Norte.
Em vez disso, no ano passado, países asiáticos como China, Índia e Coreia do Sul receberam três quartos do gás qatariano. O Japão foi o maior cliente do Qatar, já que suas empresas elétricas adotaram o gás natural em lugar da matriz nuclear depois do acidente de Fukushima, em 2011.
A guinada do Qatar em direção à Ásia reflete um padrão mais amplo no setor petrolífero. Nos últimos anos, os produtores do golfo Pérsico, como Arábia Saudita, Iraque e Irã, ficaram mais focados na Ásia, onde cresce a demanda por importações energéticas. O Qatar está bem posicionado para atender aos mercados asiáticos, especialmente a Índia, que fica a poucos dias de navegação.
Parte importante do esforço qatariano tem a ver com a sua nova frota de navios-tanques, substancialmente maiores e mais eficientes do que os modelos anteriores.
É o caso do Al Rekayyat, que, após ser abastecido com uma carga de GNL estimada em cerca de US$ 30 milhões a US$ 40 milhões, zarpou para Hazira, na Índia, onde um moderno píer da Shell o esperava.

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No outono boreal de 2011, eu conversava com um amigo sobre o Tibete. "Sabia que os tibetanos estão ateando fogo a si mesmos?", perguntou ele.
Eu havia vivido de 2005 a 2008 em Lhasa, a capital tibetana, mas nunca ouvira falar de atos de autoimolação. Meu amigo me contou detalhes horríveis e depois acrescentou: "Todo mundo para lá da muralha sabe disso. Um escritor que se preocupa com a China, mas que não passa por cima da muralha, sofre de uma deficiência moral. Você não deveria deixar uma muralha decidir o que você sabe".
Quando o meu amigo disse "para lá da muralha", estava se referindo à famosa Grande Muralha Digital da China, um projeto criado pelo governo por volta de 1998 para rastrear e bloquear conteúdos da internet.
Passados 17 anos, esse firewall se tornou uma frustrante peculiaridade cotidiana que divide o mundo chinês em dois.
Um desses mundos defende a livre informação e o intercâmbio de ideias, enquanto o outro é pela censura e pelo monitoramento. Essa muralha digital transforma a China numa prisão informativa, onde a ignorância favorece ideologias de ódio. Se o firewall existir indefinidamente, a China acabará voltando a ser o que já foi: um Estado isolado, bitolado, beligerante e mal visto.
Naquele dia de 2011, meu amigo me ajudou a instalar um software de rede privada virtual -algo que chamamos de "escada", pois permite ao usuário saltar a muralha. Com minha "escada" instalada, pude navegar na internet sem restrições.
Muitos chineses sabem mais sobre a história antiga do país do que sobre fatos das últimas décadas. Eu, antes de acessar a web livre, era parte dessa massa de ignorantes. Debruçar-me sobre a muralha pela primeira vez abriu uma janela para outro mundo.
Encontrei muita coisa perturbadora. Um dos primeiros materiais que procurei foram os relatos e fotos chocantes das autoimolações dos tibetanos. Aí busquei informações sobre a história recente da China: a Campanha Anti-Direitista de 1957-1959, em que centenas de milhares de intelectuais foram perseguidos, a Grande Fome de 1958-1962, a Revolução Cultural de 1966-1976 e os assassinatos da Tiananmen, em junho de 1989.
Muitos chineses sabem que não estão livres on-line, mas aceitam isso. Os jogos e as redes sociais mantêm todos ocupados. Pouca gente sabe do que sente falta.
Minha primeira rede privada virtual, ou VPN, foi fechada pelas autoridades três meses depois. Mas, em 2011 e 2012, ainda era fácil encontrar uma nova "escada". Eu podia pedir ajuda no Weibo, e as pessoas me enviavam diretamente soluções de software antifirewall. Se eu me complicasse muito, amigos me ajudavam a instalar o novo software. Em 2014, eu já havia criado seis "escadas" diferentes.
Pelas minhas contas, dos 30 sites mais visitados do mundo, 16 são inacessíveis na China, incluindo Facebook e Google. Em alguns casos, como o do Google, as empresas de internet não estão dispostas a cooperar com o programa governamental de vigilância. Muitos serviços da web são bloqueados, ao que parece, sem nenhuma razão exceto serem estrangeiros.
Quase todos os sites bloqueados têm homólogos chineses. Em vez de Google, há o Baidu. Se não temos Twitter, podemos usar o Weibo. Há plataformas nacionais para compartilhar fotos e vídeos pessoais. O governo espera fomentar uma sociedade digital que não se preocupe com política ou atualidades. Tem sido muito bem-sucedido, mas o firewall e seus arquitetos ainda enfurecem boa parte da população on-line.
Todo mundo odeia a mensagem de erro "404 Not Found". Quando ela aparece, muitos amaldiçoam o pai da Grande Muralha Digital, Fang Binxing, o ex-diretor da Universidade dos Correios e Telecomunicações de Pequim.
A palavra "muralha" agora está sendo usada de forma criativa. Se a sua conta de internet é cancelada, ela foi "murada". Se você é preso, tem sua liberdade cerceada, as suas mensagens excluídas, também são casos em que você foi "murado".
Atualmente, estão colados por todo o país cartazes com o slogan "Por que a China é forte? Só por causa do partido". A palavra chinesa para "forte" (qiang) é homônima da palavra que designa "muro", o que inspira pessoas subversivas a lerem o slogan como "Por que a China é murada? Só por causa do partido".
A tecnologia de firewall do governo se torna cada vez mais sofisticada, e as fissuras na muralha digital estão menores. Quase todos os dias, um novo provedor de VPN é fechado, ficando cada vez mais difícil encontrar uma opção confiável em longo prazo.
Esse é um aspecto do fato de haver cada vez menos espaço para a dissidência. Nos últimos 18 meses, 12 amigos meus foram presos, incluindo acadêmicos, advogados e jornalistas. A internet era o principal canal de comunicação deles.
No fim das contas, esta é uma guerra entre a tecnologia de vigilância e a tecnologia da internet. Mas é difícil imaginar que um governo que se opõe à criatividade possa sempre levar vantagem.

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Kim Ryen-hi, 45, costureira, diz que sua deserção para a Coreia do Sul há quatro anos foi um terrível engano. Segundo ela, desde que chegou aqui, ela tenta voltar para o Norte para ficar com seu marido, sua filha e seus pais. Mas seus esforços só lhe causaram mais problemas, incluindo a prisão, condenada por espionagem.
"A liberdade e as atrações materiais de todo tipo não são tão importantes para mim quanto minha família e meu lar", disse Kim em Seul. "Quero voltar para minha maravilhosa família, mesmo que eu morra de fome."
Agora, é o governo sul-coreano que não a deixa partir. As autoridades, embora manifestem simpatia por sua dificuldade, dizem que, como uma condenada em liberdade condicional, ela não tem direito a um passaporte. Além disso, Kim tornou-se cidadã sul-coreana quando chegou, e é ilegal ajudar um cidadão a fugir para o Norte inimigo.
A história improvável de Kim começou em 2011, quando ela viajou à China para visitar parentes e se tratar de um problema no fígado. Lá, segundo ela, conheceu um intermediário que disse que sabia como levá-la à Coreia do Sul, onde poderia ganhar muito dinheiro em poucos meses e retornar à China.
Apesar de ser casada com um médico em Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, e ter um bom padrão de vida pelos critérios locais, Kim disse que acreditou no traficante, pensando que assim poderia pagar suas contas médicas. Antes de chegar ao Sul, percebeu que foi uma má ideia. Mas os traficantes já haviam confiscado seu passaporte.
"Eu também temi que, se fosse apanhada sem passaporte e deportada de volta para o Norte, eu seria descoberta e tratada como uma traidora por tentar fugir para o Sul", disse ela. "Pensei que minha melhor chance era chegar ao Sul, onde esperava que os coreanos me compreendessem e me ajudassem a voltar para casa."
Quando ela chegou à Coreia do Sul, começou a pedir permissão para retornar ao Norte. Mas o Sul não tem procedimentos para enviar desertores de volta. Ela pôde deixar o centro de interrogatório somente depois de assinar um documento renegando o comunismo e concordando em se tornar uma cidadã do Sul.
Temendo que sua ausência de casa já tivesse causado dificuldades a sua família, ela recorreu a medidas desesperadas.
Encontrou-se com um contrabandista que queria enviá-la como passageira clandestina. Telefonou para um consulado norte-coreano na China e pediu ajuda. Quando lhe negaram o passaporte sul-coreano, ela tentou forjar um. Kim disse que então começou a coletar dados pessoais de outros desertores no Sul. "Eu pensei tolamente que, se eles acreditassem que eu estava espionando, me deportariam como traidora", disse.
Em julho do ano passado, Kim foi presa e acusada de espionagem e falsificação de passaporte.
No julgamento, disse ao tribunal que o consulado da Coreia do Norte a havia instruído a espionar e que ela havia transmitido dados para um agente comunista durante uma partida de futebol entre as duas Coreias em 2013.
Ela foi condenada a dois anos de prisão. Em abril, depois de servir nove meses, um tribunal de apelação suspendeu sua sentença. Ela foi libertada condicionalmente e mantida sob vigilância. "Há motivos para se acreditar que ela não era uma espiã típica", disse o tribunal em sua decisão.
O caso de Kim não chamou muito a atenção na Coreia do Sul, onde sua história é apenas mais uma, triste e estranha, numa terra onde milhares de famílias estão divididas desde a Guerra da Coreia nos anos 1950. Kim, que hoje trabalha em uma usina de reciclagem em Yeongcheon, ainda declara seu amor pelo Norte, o que não a torna simpática no Sul, mas que talvez seja um artifício para proteger sua família em Pyongyang.
A única esperança de Kim voltar para casa é um acordo entre os dois governos. A Coreia do Sul tem uma política contra repatriar espiões condenados, o que só fez duas vezes, em 1993 e 2000, como parte de negociações bilaterais.
"Eu nunca havia imaginado que confiar no intermediário causaria tantos problemas", disse Kim. "Uma coisa que aprendi é como os norte-coreanos são ignorantes sobre como as coisas funcionam no Sul, assim como os do Sul não entendem o Norte."

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À medida que conquistou mais territórios no Afeganistão neste ano, o Taleban juntou sua ofensiva militar a uma ofensiva publicitária. Seu argumento é mais ou menos o seguinte: aprendemos as lições de quando estivemos no poder e estamos preparados para ser mais moderados.
Nas conferências internacionais, delegados do Taleban -famoso por proibir as meninas de irem à escola durante o seu regime, que durou de 1994 a 2001- salientaram sua disposição em se reunir com autoridades do sexo feminino. As posições linha-dura foram se suavizando.
No entanto, para entender como o Taleban governaria, é preciso considerar o caso do distrito de Baghran, na província de Helmand. Lá, onde os talebans nunca deixaram o poder, as velhas políticas rigorosas dos anos 1990 ainda estão em pleno vigor.
Homens são presos se rasparem a barba, e há controles policiais para verificar se algum corte de cabelo extravagante se esconde sob turbantes. As mulheres não têm liberdade para viajar.
"Em Baghran, você se sente como se estivesse em um miniemirado do Taleban", disse o comerciante Esmatullah Baghrani, 45.
O celular não funciona em Baghran, refletindo os desejos do Taleban. Em vez disso, as pessoas se comunicam com o resto do mundo em alguns "escritórios de chamadas públicas" -telefones em lojas perto do bazar.
Em mais de uma dúzia de entrevistas com os homens que atenderam a esses telefones e também com homens que estavam por perto, um raro esboço da vida no reduto mais protegido do Taleban começou a surgir. O "The New York Times" também entrevistou pessoalmente moradores de Baghran em Lashkar Gah, a capital provincial.
Provavelmente não há nenhum outro lugar no Afeganistão mais submetido ao regime do Taleban do que Baghran. "Você tem que obedecer às regras", disse o comerciante Omar Khan, 35. "Você precisa viver da maneira que o Taleban quer que você viva: precisa vestir a roupa adequada e um turbante, deixar crescer a barba, fazer suas preces numa mesquita cinco vezes por dia, evitar ouvir música e evitar conversas desnecessárias com as pessoas."
Ainda assim, o governo taleban tem se mostrado atraente, ou pelo menos tolerável, para muitos camponeses afegãos que vivenciaram décadas de guerra. Moradores de outras partes de Helmand têm procurado a relativa segurança de Baghran, migrando para lá.
As execuções públicas foram interrompidas em Baghran em 2007, após um ataque aéreo americano que matou um grande número de talebans e moradores que se reuniam para assistir a uma delas, conforme lembraram alguns entrevistados. Mas, na maioria dos aspectos, as restrições sociais que fizeram o Taleban se tornar um pária internacional durante o seu regime foram ressuscitadas na íntegra em Baghran.
As mulheres só saem de casa com seus maridos ou familiares do sexo masculino, e mesmo assim só para irem ao médico ou a alguns outros destinos autorizados. Não há escolas para meninas -a educação se limita ao sexo masculino. O Taleban transformou escolas em madrassas (escolas corânicas), que os meninos geralmente frequentam por três anos antes de voltarem às lavouras das suas famílias.
O Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, outrora famoso por espancar mulheres que saíam de casa e homens que tocavam música, retomou as patrulhas em Baghran. Agentes de prevenção do vício costumam andar com tesouras para eliminar cortes de cabelo considerados excessivamente vaidosos.
Apesar das regras, muitos moradores de Baghran assumem os riscos e continuam a se reunir para jogar baralho. Os rádios são onipresentes e tolerados, apesar das novas emissoras, como a BBC Pashto, a rádio Mashal e até a Voz da América. "Não deveríamos ouvir música, mas, às vezes, quando os talebans estão todos recolhidos, nós escutamos", disse um homem. Ainda assim, a principal prisão de Baghran costuma ter entre 100 e 200 detidos por infrações desse tipo, como é o caso de Nazir Ahmad, 19, que passou três dias preso por causa dos seus cabelos cacheados.
O Taleban, que tem um robusto braço de propaganda, raramente fala sobre Baghran. Isso pode ser em parte por causa da importância da região no lucrativo negócio de narcóticos da insurgência.
Algumas autoridades do Taleban sugerem que o movimento se tornou mais moderado. Por exemplo, o grupo não se empenha tanto em combater a televisão e a música, agora que os celulares estão por toda parte. Ringtones com temas alusivos ao Taleban se tornaram comuns. O próprio departamento de propaganda do Taleban, que fornece vídeos e fotos de comandantes insurgentes e de militantes suicidas no campo de batalha, zomba da antiga proibição da fotografia.
"Os talebans perceberam que impor leis islâmicas pela força não vai fazer as pessoas nos admirarem", disse um comandante do Taleban chamado Fazlullah, que opera no extremo noroeste do Afeganistão. "É o bom governo que irá conquistar os corações e as mentes das pessoas."
Apesar de as formas mais severas terem prevalecido em Baghran, as queixas dos moradores muitas vezes têm a ver com privações presentes em todo o país: a falta de bons médicos e a necessidade de viajar a outros distritos para comprar alimentos básicos.
Alguns se disseram tristes pela falta de oportunidades para seus filhos, muitos dos quais trabalham nas plantações de ópio. Muitos moradores disseram que em geral estão satisfeitos com o governo do Taleban. "Eu acho que eu gosto do jeito do Taleban", disse Baghrani. "Você vive de forma simples, do jeito que foi criado."
Nem todos, no entanto, conseguem viver com tamanha simplicidade. Nos últimos anos, a minoria étnica hazara pôde passar por Baghran com relativa segurança. Mas, há um mês, isso mudou: anciões hazaras e outros disseram que o comandante distrital do Taleban, o mulá Ghulam Hazrat Shahidmal, advertiu que os hazaras já não poderão mais passar.
O único elo que resta entre o governo de Cabul e Baghran é simbólico: o governo ainda nomeia autoridades para o distrito de Baghran. Todos eles servem no exílio. "Eu nunca fui até lá", disse o governador do distrito de Baghran, Salim Rodi, que vive em Lashkar Gah. "Este trabalho é uma piada."

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

ENCONTROS DO CEO

24/08, 13:00, SALA 4A-06

 http://www.paulgravett.com/articles/article/sung_hee_kim
 


China provoca a maior desvalorização da sua moeda em duas décadas 

 http://images-cdn.impresa.pt/expresso/2015-08-11-yuan/original/mw-860



http://img.ibxk.com.br//2014/04/29/29121343554121.jpg




http://www.theguardian.com/world/2015/aug/13/japan-revisits-its-darkest-moments-where-american-pows-became-human-experiments



 http://orig00.deviantart.net/ef0c/f/2010/334/8/0/con_le_parole_giuste_by_monochromefluor-d33x9eo.jpg


"O Japão não pode permitir que as futuras gerações, que não têm nada a ver com a guerra, sejam predestinadas a pedir desculpasNo 70º aniversário do fim da guerra, expresso meu sentimento de condolência eternaShinzo Abeprimeiro-ministro do Japão
O premiê do Japão, Shinzo Abe, expressou nesta sexta (14) "condolências eternas" às vítimas da Segunda Guerra em seu país e no exterior, mas disse que futuras gerações "não devem ser predestinadas" a pedir desculpas pelo passado militar do país.
Abe falou durante ato que lembrou o 70º aniversário da rendição japonesa.
"O Japão reiterou muitas vezes seu sentimento de remorso profundo e suas desculpas sinceras por seus atos na guerra", afirmou. "As posturas expressadas pelos governos precedentes permanecerão inabaláveis no futuro."
Ressaltando que 80% dos habitantes do país nasceram após a guerra, Abe disse que "o Japão não pode permitir que as futuras gerações, que não têm nada a ver com a guerra, sejam predestinadas a pedir desculpas", disse Abe.
Aliado da Alemanha nazista na guerra, o Japão rendeu-se em 15 de agosto de 1945 após os EUA lançarem duas bombas atômicas sobre o país, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki.
VIZINHOS
O discurso desta sexta era muito aguardado pelos vizinhos do Japão, especialmente a China e a Coreia do Sul, que sofreram com o militarismo e a expansão imperial do país entre 1910 e 1945.
"Nós gravamos em nossos corações as histórias de sofrimento dos povos da Ásia, (...) como Indonésia, Filipinas, Taiwan, República da Coreia e China, entre outros", disse o premiê. "No 70º aniversário do fim da guerra (...), expresso meu sentimento de pena profunda e minha condolência eterna e sincera."
Desde o fim da guerra, a Constituição japonesa tem um caráter pacifista. Mas o governo de Abe tem apresentado medidas no sentido de remilitarizar o país e buscar uma posição mais ativa na área de Defesa nacional, o que tem provocado protestos.
No discurso, Abe afirmou que o Japão permanecerá pacífico, mas fez críticas veladas às atividades da China em águas disputadas na região.
Os dois países asiáticos reivindicam soberania sobre o território marítimo em torno de ilhas desabitadas chamadas de Diaoyu pelos chineses e Senkaku pelos japoneses.
Abe disse, por fim, que o Japão jamais poderá repetir a devastação da guerra, dizendo que aquelas mortes deixam-no em luto.
"A história é dura. O que foi feito não pode ser desfeito", afirmou.

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Ao meio-dia, a luz que reflete do concreto parece lavar tudo, como uma fotografia com excesso de exposição.
Ficar parado por mais de um minuto no sol produz suor no corpo inteiro.
Mesmo depois que anoitece, quando a temperatura diminui dos 50°C para talvez 42°C, o calor em Bagdá parece uma coisa viva. Ele se prende a cada contorno do corpo, apertando-o.
O Iraque tem estado quente mesmo pelos seus próprios critérios. Levando em conta todas as condições, o Weather Channel calculou que no dia mais quente deste verão em Bagdá a sensação térmica era de 70,5°C.
A situação levou iraquianos às ruas de todo o país, em protestos que culpavam a corrupção no governo pela falta crônica de eletricidade, que desliga os climatizadores de ar e os ventiladores durante a maior parte do dia.
Talvez lembrando que os iraquianos derrubaram dois governos em pleno verão, em 1958 e 1968, o primeiro-ministro Haider al-Abadi advertiu que sem soluções rápidas o governo enfrentará "sentimentos revolucionários".
No entanto, qualquer impulso de rebelião deve superar o instinto concorrente de se entregar ao calor.
Os iraquianos se referem a este mês como "agosto incandescente" -em árabe "ab al-lahab"- e o passam fazendo o mínimo possível.
Ao redor da rua Rasheed, no centro de Bagdá, em uma tarde recente, os poucos que se aventuraram a sair a pé mantinham-se nas calçadas, à sombra das arcadas com colunas.
As pessoas corriam pela rua esbranquiçada pelo sol evitando obstáculos como uma carroça puxada por burro, pessoas que esperavam para comprar barras de gelo ou um homem completamente vestido embaixo de um chuveiro.
O chuveiro, espirrando água morna que parecia gelada na sombra tórrida, foi instalado diante de uma loja de celulares pertencente a Ziad Abdelhalim.
"Os clientes passam por aqui só para usá-lo", disse o proprietário, de 42 anos, molhado depois de meter a própria cabeça embaixo do jato.
Ele disse que o chuveiro foi especialmente concorrido durante o Ramadã, que neste ano ocorreu em junho e julho. O jejum no mês sagrado proíbe que os praticantes bebam água durante o dia, mas não que se molhem.
"Temos dois rios -muita água", disse Abdelhalim, indicando com um gesto o Tigre, a poucos quarteirões de distância, e o Eufrates mais a oeste.
Na verdade, os rios que fizeram da Mesopotâmia o berço da civilização também estão ameaçados pela seca e por disputas pela água rio acima.
No entanto, as contas de água são tão baixas que o custo é desprezível para os iraquianos, que em épocas como esta costumam tomar de três a quatro chuveiradas por dia. Isto é, se tiverem sorte. Se seus canos e caixas d'água estiverem sob o sol, a água sairá da torneira "uma mistura de quente e fervente", como disse um iraquiano.
Não longe do chuveiro de Abdelhalim, uma menina com uma blusa cor-de-rosa despejava água de uma xícara em seu peito. Depois encostou-se preguiçosa em seu pai, Haytham Qahtan.
Qahtan, 36, ganha a vida dirigindo um riquixá motorizado. Ele contou que recentemente ficou parado em um congestionamento de trânsito, fervendo ao sol, até que seu veículo quebrou.
Acabou tendo de pagar uma multa maior do que seu ganho de um dia.
O dinheiro é crítico. Ele paga US$ 100 por mês pela energia de um gerador. Nem todos os iraquianos podem se permitir um gerador, e a maioria, como Qahtan, consegue pagar eletricidade suficiente para manter apenas um ventilador ou climatizador, que resfria o ar por meio de evaporação da água. Um verdadeiro ar-condicionado está fora de questão.
Como Qahtan tem um apartamento, sua família não pode recorrer ao hábito secular dos iraquianos de dormir sobre a laje do teto. Depois de semanas de calor, ele disse que está no limite.
O calor não é novidade para os iraquianos, é claro. O que é relativamente novo é a modernização e a guerra que em algumas gerações transformaram a cidade de casas baixas e jardins murados com tijolos em uma extensão de prédios de apartamentos e muralhas de concreto, que exigem resfriamento artificial de uma rede elétrica inconfiável.
Acima da rua Rasheed, uma teia de aranha de cabos é testemunha de décadas de improvisação. Há muito tempo fragilizada por anos de sanções e má administração, a rede de energia foi destruída depois que os Estados Unidos invadiram o país em 2003 e não impediram o saque da infraestrutura.
Ataques de rebeldes, que não pararam desde então, continuam a danificá-la.
"A invasão fez o Iraque regredir 20 ou 30 anos", disse Abdelhalim, acrescentando que o atual governo é pouco melhor que a ocupação americana.
"Este governo não será tirado por protestos. Só pela força."


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Saindo de trás de uma cortina azul vagabunda na garagem da sua casa de três andares, nesta que é a segunda maior cidade de Mianmar, U Lu Maw, 66, subiu a um palco improvisado para praticar aquilo que faz de melhor: contar piadas.
"Não confio no governo", gritou ao microfone, em inglês, para uma plateia de estrangeiros, em junho. "Os cupinchas gostam de levar as coisas de graça, tipo Jesse James [fora da lei do faroeste americano]. Um pessoal de dedos leves."
Em seus trajes modestos -uma espécie de saia usada tradicionalmente pelos birmaneses, chamada "longyi", e uma camiseta estampada com o nome da sua trupe de comediantes, "The Moustache Brothers" (os irmãos bigode),- Lu Maw conta piadas que lembram de forma sombria e incisiva como era a vida durante as décadas do repressivo regime militar em Mianmar (antiga Birmânia).
O grupo, ativo há mais de três décadas, é conhecido no país por fazer sátira política, atividade que ainda pode acarretar penas de prisão se for feito em idioma birmanês e em um local público. Desde 2001, os membros da trupe se apresentam nesta garagem, sete noites por semana, para plateias de até 40 estrangeiros, que pagam o equivalente a US$ 10 cada um.
Foram piadas como a dos "dedos leves" que levaram dois dos três artistas fundadores, U Par Par Lay e seu primo U Lu Zaw, a passarem cinco anos em um campo de trabalho forçado, no final da década de 1990. A trupe continuou ativa mesmo após a morte de Par Par Lay, que era irmão de Lu Maw e líder do grupo.
Só em 2011 o regime militar foi substituído por um governo semicivil, determinado a abrir o país.
Par Par Lay era um ativista pró-democracia e ávido defensor de Daw Aung San Suu Kyi, hoje a líder da oposição em Mianmar.
Ele morreu em agosto de 2013, aos 67 anos. A causa da morte não foi verificada, mas Lu Maw a atribui a uma infecção renal causada por anos de consumo de água contaminada em dois campos de prisioneiros.
"Meu irmão foi assassinado pelo governo, mas não só meu irmão -mais de 2.000 pessoas morreram", disse ele, referindo-se a prisioneiros encarcerados pelo regime por quaisquer crimes.
Durante um evento do Dia da Independência na casa de Aung San Suu Kyi, em 1996, Lu Zaw e Par Par Lay apresentaram um arriscado tipo de sátira aos mais de mil apoiadores dela presentes no local, zombando da junta militar.
No show de junho, Lu Maw repetiu esse mesmo estilo de humor.
"Não temos remédios nem educação aqui", disse ele à plateia. "Todo mundo morre de fome, menos o governo. Eles gostam de pegar as coisas. Então, quando você estiver na Birmânia, por favor, não roube -o governo não gosta de concorrência."
Lu Zaw, 64, contou que ele e Par Par Lay foram presos por policiais militares na mesma noite da apresentação de 1996.
Quando Lu Zaw e Par Par Lay foram presos, os Moustache Brothers já eram tão conhecidos como ativistas da liberdade de expressão que a sua detenção provocou clamor internacional por parte de grupos de direitos humanos e de artistas americanos como Bill Maher e Rob Reiner, além de um abaixo-assinado organizado pela rede de cosméticos The Body Shop, que reuniu 3 milhões de assinaturas.
Em parte por causa desses esforços, a sentença foi reduzida de sete anos para cinco anos e sete meses. Em julho de 2001, os dois se juntaram novamente a Lu Maw e começaram a fazer shows todas as noites na casa deles.
Sem uma mudança no comando do governo, os riscos eram elevados. Ainda assim, eles se recusaram a recuar. Apesar de sempre haver policiais diante da casa, "os turistas e jornalistas continuaram chegando", disse Lu Zaw, explicando que a presença de público estrangeiro provavelmente dissuadiu as autoridades de reprimir novamente os artistas. A polícia não está mais presente por lá.
Atualmente, a trupe é composta pelos dois membros sobreviventes, por suas mulheres e por cinco outros parentes.
Shows como esse já foram comuns em Mianmar, misturando pastelão apolítico e dança tradicional, uma junção conhecida como "a-nyeint pwe". No entanto, a maioria das outras trupes se dissolveu há muito tempo.
"Os turistas exigem nossa presença, por isso não podemos parar", afirmou Lu Maw. "Minha vida depende deles, e é por isso que eu não posso deixá-los."

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Prédio em Macau coloca roda-gigante. O equipamento – formado por uma circunferência sobre a outra - estará no alto do complexo Studio City, um edifício “Art Déco encontra Gotham City”, segundo a descrição do próprio site do empreendimento, dedicado ao cinema com zonas de entretenimento, lojas, restaurantes, hotéis e clubes noturnos. No total, 17 cabines com desenhos de ficção científica percorrerão as duas circunferências da roda-gigante, segundo representantes do Studio City. A atração, que também lembra “rolos de filme”, se situará no centro da enorme fachada, com cerca de 130 metros de altura. O território, devolvido por Portugal à China em 1999 após 450 anos de domínio luso, superou nos últimos anos Las Vegas como destino dos turistas que procuram jogos de azar. No entanto, nos últimos anos o setor está vivendo um lento declive, que coincide com as campanhas anticorrupção e a favor da austeridade dos altos cargos do governo chinês.